Toda vez que a Folha de S. Paulo dá uma levantada de bola para o ex-presidente Lula, como acontece agora com essa pesquisa do Datafolha, eu me lembro da famosa chamada de capa deste jornal, em maio de 2010, que dizia que saindo do governo Lula podia escolher entre a ONU e o banco Mundial, para dar continuidade à sua vitoriosa carreira. Vale lembrar que Lula havia escapado por pouco de ser pego pessoalmente na falcatrua do mensalão, mas isso para a Folha era um detalhe. É o que acontece também agora, com esta pesquisa, que vem no momento certo para o petistas se contrapor aos inquéritos da Lava jato que podem levá-lo à cadeia. Sua candidatura à presidência da República é a fachada usada por ele para se vitimizar. Como Lula só quer criar confusão política, cabe suspeitar e muito de um jornal que vem com uma pesquisa dessas exatamente neste momento.
A candidatura de Lula é simples fachada. É totalmente inviável depois de tudo que a Lava Jato levantou contra ele e seu partido. E o chefão petista sabe disso. O PT sempre ganhou eleições presidenciais com muito dinheiro, desde a primeira vitória de Lula, em 2002. Nesta primeira eleição, ele comprou inclusive o apoio do partido do vice José Alencar e fez uma aliança ampla, fechando com outros partidos também comprados. Já é fato comprovado e julgado, com a condenação da cúpula do partido e aliados. Foi ali o início do mensalão, do qual o próprio Lula escapou por pouco de ser condenado. O preço estamos pagando até agora, com uma destruição política e econômica que desestruturou o país de tal jeito que tornou imprevisível o destino do chamado “país do futuro”.
Já foram quatro eleições com vitórias arrancadas com muito dinheiro, que serviu inclusive para armar quadros eleitorais favoráveis aos petistas. Na eleição de 2014, conforme soube-se agora por depoimento do dono da JBS, houve inclusive uma disputa entre Aécio e Dilma na compra de um partido, ganha pela petista que ofereceu mais. As campanhas do PT foram sempre milionárias, com fartas verbas também para candidaturas à Câmara e ao Senado, além de muita propaganda e estrutura para candidatos a deputado estadual e governadores. Tinham marqueteiros caros e forte estrutura técnica de publicidade política, com custos arcados por empresas amigas e pagos até por fora.
Alavancado dessa forma para ganhar eleições, Lula ainda conseguiu emplacar o mito de que atraía votos exclusivamente com o carisma. Esse mito foi facilitado pela impressionante desfaçatez e irresponsabilidade de grande parte da imprensa, que preferiu explorar a imagem do líder populista amado pelo povo do que ir a fundo na investigação jornalística sobre a verdadeira fonte da força eleitoral petista. Por isso, a estrutura imoral e criminosa de suas campanhas só foi desvendada agora, a partir da atuação rigorosa da Polícia Federal, do Ministério Público e de juízes que trabalham com decência.
Mas vamos lá, num raciocínio com Lula de fato na disputa no ano que vem. Deixemos a montoeira de complicações políticas, sobre as quais inevitavelmente ele teria de responder. Vamos ficar apenas nas questões práticas. De onde ele tiraria sustentação financeira para ir às compras e montar uma grande aliança de partidos? Tem também o pagamento de marketing milionário. Não pode ser com Duda Mendonça nem tampouco com João Santana, que atendiam inclusive senadores e governadores da aliança petistas e eram pagos por fora. Mas o serviço terá de ser feito e isso custa muito dinheiro. Enfim, estão fora do alcance de Lula as habituais estruturas milionárias. Aliás, cabe lembrar que mesmo com tal suporte ele sempre foi obrigado a resolver tudo só segundo turno. Candidatura de Lula em 2018 é balela. A jogada na verdade é criar um clima político que evite sua prisão. E para isso a Folha de S. Paulo vem ajudando bastante.
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POR José Pires