quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Qual é a graça


O presidente Lula gosta de reclamar da imprensa. Pois ele devia saber o que seu colega de negócios com aviões, o presidente Nicolas Sarkozy, tem que aguentar na França.

A história francesa não tem sido escrita com meias palavras. Os papéis são muito bem definidos e isso vem de longe. Não esqueçamos que na Revolução Francesa por pouca coisa as cabeças rolavam de ambos os lados.

Neste rigor a imprensa tem um papel destacado, com os humoristas, seja no texto ou no desenho, pegando pesado com o poder dominante, seja de que partido for. Da década de 60 para cá a França teve publicações humorísticas tão agressivas que, na comparação, tornam quase infantil uma publicação como o nosso O Pasquim, publicado na década de 70.

Naqueles anos, desenhistas franceses como Reiser, Wolinski, Siné ou Cabu faziam o diabo com autoridades francesas, enquanto nós, aqui no Brasil, tínhamos que ficar apenas na inveja, pois além da censura sempre havia o risco de ir para a cadeia. Mas a triste verdade é que havia muito mais combatividade em nossos humoristas durante a Ditadura Militar, quando satirizar era um perigo, do que hoje, quando o risco é praticamente nulo.

Comparar o que os franceses fazem na atualidade até piora a situação dos nossos humoristas. A maioria dos brasileiros faz um humor bem comportado. Nos chargistas até o traço parece infantil. E muitos temas de corrupção, miséria e até de violência física são objeto de piadinhas tolas, sem nenhum sentido crítico. A maioria das piadas deve estimular um riso satisfeito até nos próprios políticos retratados.

Nem criaturas absurdamente grotescas como José Sarney, Renan Calheiros, Fernando Collor, José Dirceu e tantos outros, como o próprio Lula, recebem o que merecem em nossas charges. Aqui temos até uma situação impensável para um francês, que são os cartunistas agregados em sindicatos e ONGs que fazem um humorismo chapa-branca, a condição mais vergonhosa em que um humorista pode estar.

Os gaúchos são pródigos nisso. Lá, se formou uma sincronizada infantaria  do traço para o ataque à governadora tucana Yeda Crusius. Ela bem merece ser atacada, é claro, mas o problema é que, abrigados em sindicatos cutistas e organizações grudadas no poder federal ou em políticos do estado, estes cartunistas calam quando um petista alcança o poder local. No governo do petista Olívio Dutra e enquanto o PT manteve o poder na prefeitura da capital a maioria deles fazia humor à favor.

O humor que fazem é também evidentemente instrumentalizado, um trabalho de ataque baseado em interesses partidários ou de grupos. Em humor, isso sempre é difícil de esconder, dificuldade que se torna ainda maior quando o chargista precisa deixar claro para os idiotas que o mantém de que está fazendo direito o serviço.

É claro que este humor chapa-branca também existe em outros estados brasileiros, afinal o PT, a CUT e ONGs governistas estão em todo o canto. Basta ter uma estrutura sindical ou de ONGs que amaciem jornalistas e chargistas quanto às trapaças e trapalhadas lulo-petistas e direcionem apenas contra a oposição seu furor. Vocês verão o que esta gente irá fazer caso a oposição conquiste a presidência da República. Então haverá um renascimento do humor "combativo" no país. Bem, eu já vi chargista em salão de humor desfilar com broche do Lula.

Qual é a graça de fazer humor à favor? Tirando a melhoria do humor financeiro do humorista, graça nenhuma. Para mim é mais uma questão moral, de ética profissional. Assim como é inaceitável que um motorista profissional beba antes de pegar a direção também não dá para aceitar um humorista governista.

Mas voltemos à França, onde essa sem-vergonhice não prospera. Eu dizia que Lula deveria buscar conhecer o que seu parceiro de negócios, Sarkozy, suporta de seus patrícios.

Aqui temos uma mostra. Nesta imagem o chargista Cabu ensina a fazer a caricatura do presidente francês Nicolas Sarkozy. Cabu é um dos mestres do vigoroso humor francês. Foi um dos fundadores da revista Hara-Kiri e de Charlie Hebdo, duas publicações históricas da imprensa francesa, ambas de humor. Charlie Hebdo existe até hoje.

O desenho de Sarkozy é da série “La méthode à Cabu pour apprendre à dessiner”, de Cabu, que nem precisa traduzir. Ele ensina a desenhar coisas como esta aqui. Será que o lulo-petismo teria capacidade democrática para aguentar algo assim?

Duvido. Ainda mais que este método para caricaturar Sarkozy funciona muito bem, como dá para ver. E com Lula funcionaria até melhor. Afinal, não esqueçamos que o nosso presidente usa barba.

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POR José Pires

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Agora vai


"Dilma será a próxima presidente do Brasil. Sei que vão me acusar de ingerência, meu coraçãozinho é quem está falando. Minha candidata é a Dilma.”

Hugo Chávez, presidente da Venezuela

Neologismo

Qual é a situação de Manuel Zelaya na embaixada brasileira em Honduras? Asilado? Exilado? Abrigado? O mundo espera do governo brasileiro uma definição. E o governo de Honduras quer que isso se faça em no máximo dez dias.

E como o Brasil pratica uma diplomacia revolucionária que extrapolou os parâmetros usuais do direito internacional ─ uma impressionante novidade do lulo-petismo, o acolhimento de alguém entrando e não fugindo de um país ─ vertamente deve-se cunhar um nome novo para coisa.

Por enquanto Zelaya é hóspede. E do pior tipo. Aquele que não tira o chapelão dentro de casa, põe as botas na cadeira e dá ordens até para o anfitrião. E vai ficando.
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POR José Pires

sábado, 26 de setembro de 2009

Explicando a grossura

Que a ministra Dilma Roussef é grossa já é algo que se espalhou bem além das ofensas praticadas à portas fechadas em Brasília. Dizem que os ambientes comandados pela ministra são um mar de lágrimas. A popular Dilma Rossetti, como diz seu eleitor Zezé Di Camargo, pega pesado. Agora, ela achou uma explicação para sua fama. Vamos à frase: "Estou num país em que nenhum homem assume suas posições. Quando eu assumo, sou tachada de durona e mal-humorada".

Sem trocadilhos, é uma justificativa curta e grossa. Se não estivesse disputando um cargo público, a ministra até poderia dizer que o mal raramente se apóia no rigor. Nada disso, que quer se aproveitar do próximo sempre se cerca de delicadezas. Estelionatários e políticos são os seres mais simpáticos do mundo.

Mas ela explicou de forma diferente. E sobrou para os homens brasileiros, uns frouxos na sua concepção. E ainda ofendeu os companheiros do lulo-petismo. Sobre homem que não assume suas posições, ela só pode estar falando do presidente Lula e da companheirada que a cerca. Aloprados, mensalão, dólar na cueca, em cada episódio (desses e muitos outros) a debandada dos homens do PT foi geral. Nenhum assumiu posição alguma. Todos seguiram a linha de Lula, sobre quem ela deve estar falando, alegando que nada viram ou de que todo mundo faz.
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POR José Pires

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Besteirol atômico

E como se não bastassem as bobagens do presidente Lula temos também as do homem que fica em seu lugar. O presidente em exercício, José Alencar, defendeu ontem que o Brasil desenvolva armas atômicas. O homem de um assunto só, a cantilena dos juros, agora defende a bomba atômica.

Nem falemos do absurdo geopolítico, da dificuldade, para não dizer impossibilidade absoluta, que seria levar adiante o que fala Alencar. Na verdade, o presidente em exercício apenas está elevando o besteirol costumeiro do governo ao nível atômico. Da marolinha saltamos para o besteirol atômico.

Mas não deixa de ser uma intenção política, e, levando em conta que Alencar no momento está sentado na cadeira de presidente de um país de relativa importância internacional, devia ao menos evitar um tema dessa ordem, especialmente quando o mundo procura conter as ambições de países como o Irã e a Coréia do Norte de terem sua bomba atômica.

O próprio uso da energia atômica é discutível em um país com os recursos que tem o Brasil para a obtenção de outros tipos de energia. Ninguém sabe ainda o que fazer com o lixo atômico. E é provável que nunca se saberá. Num país com o histórico de despreparo como o nosso, onde não se encontra solução nem para o lixo doméstico, dá para prever o problema que pode ser o controle de lixo nuclear.

Sempre que alguém fala um absurdo desses, como vem agora fazer o presidente em exercício, penso no meu filho pequeno e na criançada da sua idade, que podem sofrer as consequências disso.

Na situação em que está, com a saúde comprometida por sua doença, o vice-presidente José Alencar tem pouco a perder. Ele deveria procurar não comprometer o futuro dos que ficarão bem mais tempo que ele por aqui.
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POR José Pires

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Azar nos ares

É bem forte a fama de pé frio de Lula com o futebol, mas com avião ainda não tinha acontecido nada. Pois hoje à tarde caíram dois aviões Rafale no mar Mediterrâneo, no sudoeste da França.

Pois é o mesmo avião da Dassault que deixou Lula tão animado que até o fez se antecipar anunciando de imediato sua compra pelo Brasil.

Tudo indica que o pé frio do futebol passou a azarar até avião de combate. A Dassault deveria banhar seus aviões com sal grosso. São muitas as histórias de Lula passando seu azar aos outros. Já falei sobre o assunto aqui e aqui, além daqui, onde publico uma relação de acontecimentos. É uma lista longa, com alguns que ficaram famosos.

Lembram daquele azar do Roberto Carlos em 2006 quando o Brasil foi eliminado pela França com um gol que nasceu de uma falha absolutamente idiota dele? Roberto Carlos se abaixou para arrumar a meia e deu a chance para o jogador francês marcar. Pois um pouco antes ele havia sido recebido por Lula, que até ganhou uma camisa autografada pelo jogador.

Houve também o desastre acontecido com Diego Hipólito, que era a grande esperança do Brasil ganhar medalha em Pequim, em 2008. Até o atleta encontrar com Lula, que inclusive passou a mão em sua cabeça. O ginasta acabou em sexto lugar e até sofreu uma queda. E tem a queda do Corinthians para a Segunda Divisão, em 2007. Lula recebeu a diretoria do Corinthians poucos meses antes e posou para fotos com a bandeira do time. Pra quê, o clube foi rebaixado pela primeira vez em sua história.

Agora, pelo visto, o seca-pimenteira está passando azar também na aviação. E já começou em grande estilo, abatendo dois caças franceses.
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POR José Pires

Lançamento

Tem candidatura nova a presidente da República na praça. Quem anunciou o novo nome foi o cantor Zezé Di Camargo, que forma dupla com o irmão Luciano. Di Camargo disse em entrevista à colunista Monica Bergamo que nas próximas eleições vai apoiar a candidatura de Dilma Rossetti.
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POR José Pires

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Nossa imagem no exterior


O governo Lula tanto pelejou que acabou conseguindo a imagem perfeita da política externa criada pelo lulo-petismo. Foi publicada pelo diário hondurenho El Heraldo. E até o fato de ter sido colhida e publicada em um jornal da sempre conturbada América Central torna a foto ainda mais simbólica do papel do Brasil no plano internacional.

Manuel Zelaya como hóspede da embaixada brasileira em Honduras é um símbolo digno das relações externas deste governo. O chapelão e colete, a pose folgada que aparenta total irresponsabilidade em um momento sério, as botas sobre o fino tecido da cadeira da embaixada, tudo é bem demonstrativo da encrenca em que se meteu o nosso país.

Você confiaria em um hóspede que coloca as botas na cadeira forrada com tecido da sala de seu anfitrião? Eu não.

Nem vamos falar se o que ele sofreu foi ou não um golpe. Sua tranquilidade, aliás, desmente que o outro lado seja violento. Mas com o pouco que conhecemos de Zelaya, figura que teríamos notícia de longe se não fosse petista o nosso governo, já sabemos que o pior que pode acontecer é exatamente o que pretende o governo Lula: que ele retome o cargo de presidente.

Mas, por outro lado, aí é que a política externa de Lula vai ficar perfeita para uma foto.

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POR José Pires

Decoro

Finalmente a política brasileira mostra civilidade, após o grau insuportável de grosseria a que chegou o Senado nos recentes bate-bocas em que era só "dedo sujo" pra cá e "coronel de merda pra lá".

O exemplo veio do governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, do PMDB da base de Lula. Ontem, ele disse que não pretendia ofender o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, ao chamá-lo de “viado fumador de maconha”. Ah, bom...
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POR José Pires

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Photoshop na mira da lei


A foto do parceiro de negócios do presidente Lula, o francês Nicolas Sarkozy, é do tipo “antes e depois”. A revista Paris Match, cujo dono é amigo do presidente francês, retocou os pneus do dirigente. O fato aconteceu há poucos meses e esquentou o debate na Europa sobre o uso do Photoshop na mídia. Para quem pensa que isso é coisa que só acontece com político de fora, recentemente um blog de apoio à candidatura de Dilma Rousseff retocou a pança do Lula numa foto em que ele aparece apenas de calção numa praia.

Agora está sendo proposto na França uma lei que obriga a colocação de avisos em imagens publicadas que tenham recebido retoques. A nova legislação é de autoria de Valerie Boyer, do mesmo partido de Sarkozy. Ela é autora de um relatório sobre distúrbios na alimentação, um problema que pode ser consequência da tentativa de ficar com um corpo igual ao de personalidades femininas que aparecem na mídia impressa, a maioria com retoques que escondem imperfeições.

Claro que um dos pontos da proposta é combater a falsa idéia de que todas as mulheres famosas estão com tudo em cima. Faz sentido, porque as fotos das nossas atrizes cinquentonas deve fazer muita mulher da mesma idade, ou até gente mais nova, passar mal em frente ao espelho. E podem ser grandes os prejuízos para a saúde de quem tenta alcançar uma forma que na maioria dos casos é só truque de retocador de foto.

A lei prevê multa pesada, na casa US$ 16 mil. Se a proposta virar mesmo lei na França não é difícil que seja logo copiada aqui no Brasil, mas para nossas revistas vai ser bem fácil. Basta publicar um alerta na capa avisando de que todas as fotos da edição sofreram retoques.
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POR José Pires

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

E viva a marolinha

Com as contas apertadas por uma crise que é bem anterior à crise econômica mundial, a imprensa brasileira vem tentando animar o mercado interno com notícias favoráveis sobre a nossa economia. É claro que nas redações todos sabem que não bateu por aqui nenhuma marolinha. Muitos também sabem que o percurso é longo não só para encontrar a solução para o que vem ocorrendo, mas até para entender que tipo de procedimentos serão exigidos para conter uma crise como esta e encaminhar políticas renovadoras.

A crise até poderia ser a mesma de sempre, a dos manuais dos economistas. Mas, se já ocorreu alguma crise como esta, nenhuma outra teve como cenário um planeta com os recursos naturais próximo do esgotamento. Crise de 29? Bem, naquele tempo ainda havia muito planeta para queimar. O resultado, inclusive, é um crescimento de lá para cá feito às custas da destruição.

A fornalha manteve-se ativa como combustível do crescimento do mundo ocidental, ou pelo menos de alguns países sortudos. E lá se foi parte da África, da América Latina, e tantos continentes em que recursos naturais viraram cinza para fortalecer a economia. E a devastação para fazer caixa não se restringiu ao capitalismo. Foi um processo livre de afunilamentos ideológicos. A antiga União Soviética destruiu imensas porçoes de territórios anexados com a revolução comunista. Água, minérios, florestas, tudo virou combustível econômico. Até gente foi para a fornalha. Só na Ucrãnia morreram 10 milhões de pessoas em planos econômicos sem nenhuma sustentação.

Aqui também tivemos nossa parte nesta conta a fundo perdido. A Amazônia está sentindo de forma mais forte agora, mas a Mata Atlântica se foi quase toda. Regiões brasileiras, como o Nordeste, consumiram esta mata até o último toco. E hoje falta-lhes até água. A última notícia que tivemos é sobre o cerrado brasileiro, que teve consumida a metade de sua mata original.

Tenho falado bastante disso aqui. O mundo não sai da crise sem um modelo novo. Este usado até agora se esgotou e não é a ideologia que pesou no passamento do modelo. Pode-se se dizer que a morte foi natural. Morte natural do planeta, é claro.

Nesta inviabilidade não há o peso simbólico de um Muro de Berlim desmoronando. O esbororamento é bem mais grave e, por isso mesmo, não admite subterfúgios. É a própria forma natural do planeta que exige.

O lulo-petismo, é claro, não está nem aí para a sustentabilidade, a não ser a deles no poder. O único futuro que lhes interessa é o do ano que vem, dos palanques e das urnas. Então seguem a velha fórmula de promover gastança para esquentar a economia e dar uma impressão de que o trabalho está sendo feito.

A base do projeto econômico futuro do petismo é até assustadora. É a do pré-sal. O petróleo virtual. Mas suponhamos que seja mesmo possível colocar as mãos no óleo estocado abaixo do oceano, na profundezas do solo. Quer dizer então que o Brasil vai dar a volta por cima vendendo petróleo daqui a vinte anos para todo o planeta? Bem, causas naturais e geopolíticas levam à previsões nada otimistas neste campo. Dentro de duas décadas, o petróleo pode não ser mais um produto comercializável do mesmo modo que é agora. É possível que necessidades extremas até de sobrevivência leve alguns países a substituir o atual modelo de compra e venda pelo processo do me-dá-cá-que-é-meu. E os aviões comprados do Sarkozy ou de qualquer outro não bastarão para defender o modelo de agora.

Que superação econômica doida é esta de que a mídia fala? Voltar a um ponto anterior da nossa economia, qualquer um deles, sempre é regressar ao atraso e à exploração mais vil, em alguns casos abaixo até do ponto mais baixo de exploração capitalista. Exploração de seres humanos e do meio ambiente.

Numa economia como a nossa, onde até o moderno etanol é extraído por mãos submetidas a um regime próximo da escravidão, quem fala em recuperação do que tínhamos merece levar vaia, para dizer o menos. É triste ver nossa mídia nesta tolice de aplaudir a retirada do bode na sala. Mesmo a gente sabendo que é só para garantir que anunciantes não fujam berrando de pânico.

Mas, pelo menos temos uma compensação com o discurso da "marolinha", uma das grandes besteiras de Lula, tido sempre como grande articulador e tido em política como homem muito inspirado.

Esta bobagem, saída evidentemente de um improviso seu e depois alimentada por marqueteiros desatentos, impede até que os governistas aproveitem todo o potencial da mentira propagandística armada pelo lulo-petismo em torno desta crise. Será que querem que eu me junte à claque? Dá vontade.

Com a conversa de que tivemos uma "marolinha" no Brasil, o que pode se fixar na compreensão da população é que o problema econômico não foi tão grave. Parece que isso já vem ocorrendo. Ora, este entendimento forçado pela máquina governista diminui bastante o espaço de manobras para o lucro político do lulo-petismo.

Se o que vem pela frente não fosse tão grave, até eu sairia por aí dizendo que foi mesmo uma marolinha. Mas quem tem responsabilidade é obrigado a pensar o mundo bem além dos palanques de 2010.
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POR José Pires

Reticências...

Presidente Lula defende reformas...

...no sistema financeiro mundial.

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POR José Pires

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Maravilhas da internet

Ah, como sapear pela internet ilustra. São carradas de informação nesta revolucionária tecnologia. Passo por um site e vejo que o presidente Barack Obama disse que Kayne West é idiota. Não sei quem é o idiota, mas se é o Obama quem diz a gente sempre se obriga a ler a matéria, mesmo que seja apenas para não passar por idiota numa roda amigos.

Bem, se os que me lêem também não sabem quem é Kayne West, vão perceber logo que a internet ilustra mesmo.

West é o cara desta semana e eu só soube agora. É um cantor de rap que invadiu o palco na premiação do Video Music Awards 2009 da MTV, no último domingo, tirou o microfone das mãos da cantora Taylor Swift e disse que o prêmio que ela tinha acabado de receber deveria ter sido concedido à Beyoncé.

Foi por isso que Obama disse numa conversa informal que o cantor é idiota. E com toda a razão. E nem o Bush haverá de contestá-lo nisso, ainda mais que Taylor Swift é cantora de música country e West é negro. Ê lasqueira!

Viram como é? Agora, se o assunto surge numa roda, logo pegamos o mote e inserimos nossas observações inteligentes. Por idiota a gente já não passa. É como o caso do Fábio de Melo... Como assim, quem é Fábio de Melo?

São as vantagens de sapear por aí na WEB. E a vantagem de vocês estarem por aqui. Fábio de Melo é padre-cantor da Canção Nova, esta coisa estranha gerada no virgem seio da Igreja Católica. É também amigo do Gabriel Chalita, outro líder da Canção Nova, que está se bandeando para o lado do presidente Lula para ser candidato ao Senado pelo PSB em São Paulo.

A internet ilustra tanto que fui saber do Fabio de Melo no blog do Reinaldo Azevedo, talvez um dos lugares mais inusitados para adquirir este tipo de conhecimento. E corri para o site do cantor porque fiquei curioso com uma foto dele descrita pelo Reinaldo Azevedo, uma foto em que ele, o Melo e não o Azevedo, está segurando uma hóstia “gi-gan-tes-ca”, conforme escreve o Azevedo, querendo, é claro, dizer mais que isso.

Esses rapazes da Canção Nova são mesmo esquisitões. Outro dia sapeando pelos canais de TV vi o Gabriel Chalita e me veio de imediato à memória a imagem do Clodovil apresentando o programa que ele tinha na TV. Era para lembrar a Ana Maria Braga, pois o Chalita comia um prato preparado por um cozinheiro que ele entrevistava, mas não: lembrei mesmo do falecido Clodovil.

Nem esperei o Chalita dar três garfadas e segui para o próximo canal para ver como seguia o leilão dos melhores bois zebus do Mato Grosso que já apareceram em nossa televisão, como dizia o leiloeiro. É que TV a cabo também ilustra.

Hoje em dia tudo ilustra. Vejam só: em menos de dois minutos soubemos quem é Kayne West, Taylor Swift, Fábio de Melo e até soubemos que o Gabriel Chalita tem um programa na TV que é um cover (palavra, aliás, dicionarizada) do que fazia o Clodovil.
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POR José Pires

Falou bonito

O presidente Lula frustrou minhas expectativas na posse ontem, em Curitiba, do primeiro juiz cego do país. Eu disse aqui que era uma ocasião certa para Lula falar besteira e não é que ele veio com uma afirmação correta?

Lula disse que sofre de "deficiência intelectual". Ainda bem que eu não estava lá, senão teria que me juntar à claque petista.
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POR José Pires

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Expectativa

É imensa a possibilidade de asneiras em discursos hoje em Curitba. O presidente Lula participa na capital paranaense da posse do primeiro juiz cego do Brasil.
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POR José Pires

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O PIB da jogatina

Ainda sobre o significado do Produto Interno Bruto, o danado do PIB, temos mais uma notícia que mostra que nem sempre dinheiro em caixa traz um bom saldo social. Mais que isso, certo tipo de desenvolvimento acaba sempre em dívidas para o futuro, um custo sempre mais pesado que o lucro imediato.

Vamos aumentar o PIB? O Congresso Nacional está aprontando um novo incremento. Alguns deputados resolveram desengavetar o projeto que libera máquinas caça-níqueis, videopôquer, videobingo e cassinos. O projeto já está na Comissão de Justiça e ali deve passar fácil.

É claro que um projeto desses nada mais é que facilitar os negócios do crime organizado. Mas para facilitar o trâmite do monstrengo, o relator do projeto, deputado Régis Oliveira (PSC-SP), deu um boa incrementada no texto, usando até dados cedidos pela Força Sindical, do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, por sinal um deputado que está sempre encrencado com suspeitas de participação em negócios ilícitos.

Baseado em números da Força Sindical, o relator anda falando à imprensa que a proibição do funcionamento das casas de jogos resultou no fechamento de 320 mil postos de trabalho.

Bem, a prisão de Al Capone também deve ter tirado o emprego de muita gente em Chicago. Mas vamos ajudar o deputado-relator da liberação geral da jogatina. Então, com a liberação, de pronto já teremos 320 mil posto de trabalho.

Mas serão muito mais empregos e também bastante atividade industrial, pois alguém terá que construir as máquinas para os jogos e todo o mobiliário desses cassinos e casas de jogos. E haverá com certeza uma boa animação no mercado imobiliário. Também a atividade publicitária deve ser incluída, até com com uma estimulada na mídia, que anda implorando anúncios. E é claro que, por extensão, haverá um estímulo financeiro geral no comércio e na indústria, pois quem trabalha com jogo compra carros, roupas, televisão e até computador.

E nem vou falar de toda atividade ilícita em torno da indústria do jogo, um trabalho sempre encoberto, mas que no final não deixa de ser também atividade econômica que vai bater no PIB. Afinal, dinheiro sujo se lava em casa.

Conforme já avalizou a Força Sindical, o jogo é um incremento na economia. De início será uma euforia. O custo final, porém, evidentemente será muito mais alto que os ganhos imediatos. Pode colocar o dobro, ou até mais, do custo social dessa liberação.

O lucro do jogo para o Brasil é mais ou menos como o da bebida alcoólica, não à tôa dois vícios terríveis e que costumam andar juntos. E ambos também com bons lobbies na política.

Vamos à saideira. Tenho aqui dados de 2003, mas a situação deve ter piorado, pois bebe-se cada vez mais no Brasil. Estimava-se então que a indústria do álcool movimentava 3,5% do PIB. Mas o pais gastava 7,3% para tratar dos problemas resultantes da bebida. Sem contar a ressaca.

Mas de imediato o que conta é a lorota do PIB. Para isso, até a indústria criminosa do jogo é bem vinda. Pode colocar junto com a soja, o gado, os minérios que estão se esgotando. Depois de 2010 a gente pensa na conta.
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POR José Pires

Em vão

Sobre o vereador do Paraná acusado de embolsar parte do salário dos assessores e que, pego com a mão na cumbuca, disse "Prefiro que Deus tire minha vida se alguma vez agi desonestamente em meu gabinete ou na Câmara", o leitor Newton Morato suspeita que ele está sendo malandro até com Deus.

Vejam sua opinião:

"No 'gabinete ou na Câmara' disse o Arildo. Ocorre que os ilícitos foram praticados em outro lugar; a divisão dos salários com os assessores era no banco."

Pela teoria do Moratto, ainda não será desta vez que teremos a felicidade de ver um raio caindo na cabeça de um vereador. Mas tem o lado bom: pelo menos não terei de rezar o Pai Nosso todos os dias.
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POR José Pires

Castigo divino

Em Londrina, no Paraná, depois de ser afastado do cargo pela Justiça o vereador Paulo Arildo (PSDB), que é acusado de se apossar de parte dos salários de seus assessores, afirmou o seguinte: "Prefiro que Deus tire minha vida se alguma vez agi desonestamente em meu gabinete ou na Câmara".

Para você verem o risco que é acompanhar a política brasileira. Se um homem desses sofre um acidente fatal amanhã é capaz até de eu me converter.
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POR José Pires

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Um bom aniversário para a crise

Se alguém ainda tivesse dúvida sobre como a imprensa brasileira é imensamente mansa com o lulo-petismo quando se trata da economia, a cobertura do primeiro aniversário da crise mundial deixa bem claro que neste caso os interesses convergem. Imprensa e PT parecem não ter medo de ser felizes.

É interessante, pois a crise não pode ser discutida com rigor exatamente porque ela afetou o caixa da mídia também com rigor. E exatamente no momento em que esta mídia já estava envolvida com outra crise mais grave, provocada em boa parte pelas novas tecnologias. Vivendo uma crise financeira e de identidade que atinge os próprios conceitos de comunicação e ainda levando uma paulada da crise, nossos jornais tentam criar um clima otimista para pelo menos salvar os anúncios.

Noutro dia até o Estadão, que tem feito um jornalismo bastante crítico na área política veio com a história de que O Brasil sai maior da crise. Só falta falar então que a crise foi boa. Seria até boa a piada, se não estivéssemos nela. O Brasil sempre se recupera, sempre se sai bem. Só esquecessem de dizer que nem ao patamar anterior nós voltamos. E também não dirão jamais que este patamar já não era bom.

É uma afinidade estranha com um governo que peca em praticamente tudo quando se pensa numa economia sustentável e com algum fôlego para enfrentarmos os tempos difíceis que vem por aí. Sem falar que também é um governo que, como disse um ministro de Lula, é o mais corrupto da nossa história. Mas o fato é que, mesmo praticando toda espécie de maracutaia, se atender a certos interesses, na economia dá para perdoar até ministro da Fazenda envolvido em invasão e divulgação do sigilo bancário do contribuinte.

Lula só reclama da imprensa porque precisa apontar demônios para que a população não perceba que o diabo é ele mesmo. A cobertura do primeiro aniversário da crise faz do Brasil um paraíso blindado em meio à crise. A palmas abafam o senso crítico. Para a crise nada? Tudo! Bem, tomara que com isso a imprensa consiga ao menos segurar os anunciantes.

Chega a ser apavorante que nesta situação que o planeta atravessa, nossos jornalistas ainda analisem a economia completamente dissociada do meio ambiente, uma questão estrutural sempre relegada a segundo plano e que, até por isso, hoje adquire um valor vital. O desenvolvimento brasileiro é baseado na queima dos nossos recursos naturais. E já não sobra muito para fazer caixa.

Só olhos treinados podem ver a verdade nas análises do aniversário da crise. Está nas entrelinhas, em pequenas notas ou numa ou outra coluna de analistas mais sérios. Daí pode-se ver a falsa musculatura da economia anabolizada para as eleições de 2010.
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POR José Pires

Negócios sem futuro

Já se começa a perceber que o PIB não é a medida certa para analisar o futuro de país algum. Muito menos um PIB como o nosso, feito à base de exportação de produtos primários. O grande responsável por este falso equilíbrio da economia brasileira são as exportações para a China. Vinicius Torres Freire, jornalista da Folha de S. Paulo, que costuma informar com qualidade seus leitores, diz que enquanto as exportações para os EUA e para a Argentina caíram, respectivamente, 45% e 41%, as vendas para a China cresceram 22%.

O problema é que 80% dessas vendas brasileiras foi de produtos primários. E, pior ainda, mandamos para lá soja e ferro. Bem, isso ajuda a equilibrar o caixa e anima bastante o falatório de Lula. Mas temos que ver quanto custa de fato essas exportações, quando sabemos que retirar esta soja e o minério do nosso solo vai ficar bem caro para o futuro.

O Brasil ainda parece um país colonizado. Vende solo, água, minérios, muita coisa já no caminho do esgotamento. Até agora nossa natureza resistiu, mas já não agüenta a próxima década neste ritmo. O Ministério do meio ambiente veio na semana passada com a notícia de que o cerrado brasileiro já teve destruída metade da sua mata nativa.E este é apenas um dos rombos em nossos recursos naturais. Vão cortando em fatias e fazendo caixa. Do cerrado, já foi metade. Dá para comemorar um PIB feito desse modo?

Isso sem falar no comprador, a China, um país que só pode ser bem visto por que tem visão apenas de curto prazo. Os chineses tocam um projeto de desenvolvimento que está para trombar com o desastre ecológico que vai-se construindo conjuntamente com o impressionante crescimento de sua economia.

O arquiteto francês Christian de Portzamparc, que lidera um plano de reurbanização de Paris conta que a cidade de Pequim não investe nada em transporte público porque todas as indústrias automobilísticas estão investindo na China. De olho neste capital, os chineses encheram a cidade de autoestradas periféricas. Isso lembra nosso modelo.

O arquiteto fala em “décadas de crescimento no mercado automobilístico na China”, mas aí acho, que apesar de ter detectado tão bem o problema urbano, ele se distraiu em relação ao panorama geral. Só é possível a China ter “décadas” de crescimento de qualquer tipo caso seus dirigentes encontrem um jeito de dar a seus milhões de habitantes a água que já começa a faltar até para os usos básicos.

Fazer PIB desse jeito e com parceiros desse tipo pode até dar resultado eleitoral para 2010. Mas e depois?
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POR José Pires

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Marqueteiro em queda

A queda da ministra Dilma Rousseff na pesquisa eleitoral do CNT/Sensus é algo muito grave. Sempre é ruim sair mal em pesquisas, é claro, mas a diminuição dos números é ainda mais inquietante pelo período em que isso ocorreu.

É esperar o que vem pela frente. Mas se for confirmada a tendência de queda, a candidata de Lula deve perder um de seus profissionais de campanha mais gabaritados, o assessor especial para assuntos internacionais da presidência da República, Marco Aurélio (Top! Top!) Garcia, que sem que lhe fosse pedido, em abril passado exibiu insólitos predicados de marqueteiro.

Naquele mês a imprensa havia descoberto que Dilma tinha câncer. Dizendo-se um “dilmista de primeira hora” (também de forma espontânea; ninguém perguntou nada sobre isso), Garcia disse sobre a doença o seguinte: “do ponto de vista político isso vai reforçar a candidatura dela”.

Não é o que vem ocorrendo, de modo que Dilma Rousseff talvez não deva contar com este marqueteiro.
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POR José Pires

O agora lido Lula

Ainda não há sinal de que tenha passado a azia que Lula confessou recentemente que o hábito da leitura lhe causa. Leitura é um costume que exige um certo tempo para ser adquirido e, como ele não fez nenhum esforço para isso nos últimos trinta anos, não há de ser agora que irá achar suportável passar a tarde com um bom livro. O estudo e a leitura de estudos e documentos, então, nem pensar.

Mas parece que perceberam que a confissão do Supremo Apedeuta pegou mal. Nesta semana, na coluna semanal “O Presidente Responde”, publicada em vários jornais brasileiros, Lula afirma não é verdade que esteja pouco interessado em se manter informado.

Bem, disso não dá para culpar a oposição, pois foi ele que disse que não gosta de ler jornais. Além disso, ele também espalha de forma incansável o desprezo pelo mérito que pode ser alcançado por meio do estudo e da aplicação pessoal.

Na coluna tem lá um palavrório sobre o tema, evidentemente escrito por algum profissional. Se Lula tem azia para ler, o enfrentamento do teclado de um computador pode exigir depois um transplante de estômago. Então é bom evitar.

Mas tem algo bem interessante nesta coluna da semana. Lá pelas tantas, Lula, ou melhor, alguém escreve no texto assinado por ele: "Inclusive, concedo entrevistas praticamente todos os dias e não poderia dar informações se não contasse com informações".

Lula dando informações? Eis aí outra novidade, ou mais que isso, outro mistério petista insondável.Ora, todas as vezes em que o país precisou de informações do Lula ele disse que não viu nada.
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POR José Pires

terça-feira, 8 de setembro de 2009

De olho no doutor

Na pesquisa CNT/Sensus, em seu quesito escolaridade, a ministra Dilma Rousseff tem sua melhor marca entre os eleitores que possuem curso superior: 20,5%. Curso superior? Espera aí, se algum desses se apresentar como doutor é bom verificar bem se o título confere.
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POR José Pires

Noblat e a opinião da mulher dos outros

As encrencas que a internet pode criar. Junte-se uma certa irresponsabilidade do blogueiro e a vida de uma pessoa pode ser bastante prejudicada com apenas um pequeno texto.

Como faz todo mundo hoje em dia, Gisele Sayeg Nunes Ferreira tem sua página no Facebook. Deve possuir uma também no Orkut, talvez até no Flickr, hoje em dia as pessoas tem páginas de uso próprio em vários endereços.

Pois ela teve um problema em um vôo da Gol hoje, talvez em função do mau tempo que está fazendo em várias regiões do país ou até por deficiências da empresa aérea. Acontece que ela escreveu um desabafo em sua página do Facebook, onde disse que a Gol tem “tem todo jeito de uma arapuca” e que, desse jeito é difícil o país pensar em ter Copa ou Olímpiada, pois “basta o mau tempo fechar alguns aeroportos no sudeste para que o Galeão naufrague no caos”.

Não peguei estas opiniões na página da Gisele. Elas foram publicadas agora há pouco no Blog do Noblat, de responsabilidade do jornalista Ricardo Noblat, que transcreveu dois textos inteiros da Gisele e a identificou como "mulher de Aloysio Nunes Ferreira, chefe da Casa Civil do governo de São Paulo". Bem, digo com o maior respeito pela Gisele, que não conheço nem de dar uma passadinha em sua página do Facebook, que é óbvio que o cargo político de seu marido é única razão do Noblat ter destacado um pequeno recado no Facebook de uma pessoa que, ao que eu saiba, não está em nenhum cargo público.

E é claro que, dependendo do uso que alguém pode fazer desta informação, este tipo de opinião pode até ser prejudicial para seu marido, Aloysio Nunes Ferreira, que também é identificado por Noblat como “aspirante à vaga de José Serra”. Também é óbvio que pode atingir Serra.

As ligações, vejam bem, quem faz é o Noblat. É a opinião da mulher de um dos homens mais próximos do governador Serra. De outro modo obviamente isso não seria assunto de divulgação ampla, como ele está pretendendo. O Facebook de Gisele não interessaria como informação para um público amplo a não ser no contexto da opinião da “mulher do Aloysio Nunes Ferreira, chefe da Casa Civil do governo de São Paulo e aspirante à vaga de José Serra”, como escreve o Noblat.

Ele está inventando assunto e, com isso pode complicar a vida pessoal de alguém. É correto ficar sapeando páginas pessoais na internet e pinçar opiniões dando a elas um peso totalmente fora do contexto em que foram emitidas? É uma pergunta retórica, é claro, pois eu penso que não.

Fico imaginando se a moda pega. Com tanta informação inútil tomando o nosso tempo, não precisamos de mais esse jeito de fabricar notícia, uma técnica bem parecida com aquela outra muito citada, a de encher lingüiça.

Talvez eu seja muito antiquado nessas coisas, mas não acho ético esse procedimento. Mas também pode ser um preciocismo da minha parte e o Noblat só estivesse querendo estragar o jantar do casal Nunes Ferreira. Talvez ele tenha conseguido.
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POR José Pires

Os números falam e alguns até babam

Saiu mais uma pesquisa CNT/Sensus no início dessa tarde. O governador José Serra lidera em todos os cenários de primeiro turno. Para a candidata de Lula, Dilma Rousseff, é um desastre. Ela teve índices menores que na última pesquisa divulgada em maio, numa queda abaixo da margem de erro. Sua rejeição também é muito alta. 37,6% dos entrevistados não votariam nela. O diretor do instituto Sensus, Ricardo Guedes, disse que nenhum candidato é eleito quando sua rejeição chega à casa dos 40%.

Bem, não sou de confiar em institutos de pesquisa, muito menos tão longe assim da eleição e muito menos ainda no CNT/Sensus, por motivos que já expliquei aqui.

Mas, de qualquer forma, depois de divulgados, os números não deixam de ter sua influência eleitoral. E os que estão aí colocam Dilma Rousseff numa situação bem difícil. O que ele deve fazer, primeiro, para atrair a atenção do eleitor, e, depois, ganhar seu voto? A ministra está em campanha permanente. A verdade é que até o câncer está sendo usada desde a revelação de sua doença.

E a candidatura não vai. O poste não decolou. E os brasileiros até acham que ela é mentirosa. O CNT/Sensus perguntou sobre a reunião informal que a ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, afirma ter tido com a ministra-chefe da Casa Civil, quando Dilma teria pedido intercedido pelo senador José Sarney. Pois 35,9% dos entrevistados acreditam em Lina Vieira. E 23,6% acreditam em Dilma Roussef. Sorte dela que a mentira em seu currículo é uma questão distante da população. É bom para a ministra que o doutorado que ela nunca fez, mas que ostentou, esteja mesmo fora do universo popular, pois se fosse objeto de pesquisa é provável que este índice de mentirosa fosse bater nos 50% ou mais.

Outro problema é que seu adversário mais visado, o governador José Serra, não está em campanha pelo Brasil, ocupando todos os palanques possíveis, como vem fazendo Dilma, com seu PAC de araque. Serra ainda sofre, como sempre, com o bombardeio dos próprios colegas tucanos. E não sai da primeira colocação.

Mas tudo isso não é surpresa para mim. Nunca achei que a candidatura de Dilma Roussef fosse dar certo. O que me parece mesmo inusitado é a situação de Heloisa Helena, hoje vereadora em... onde mesmo?, ah, em Maceió. A chefona do PSOL está brilhando em todos cenários, com números de 10 a 18%.

Numa improvável simulação em que saem os nomes de Dilma Roussef, Ciro Gomes e Serra e entram Aécio Neves, Marina Silva, Antônio Palloci e ela, a ex-senadora fica com 18%, empatando com Aécio Neves na primeira colocação.

O que isso significa? É um resultado constrangedor. Este monte de voto cravado em Heloísa Helena prova que cerca de 10% dos brasileiros não tem jeito, não. Só internando.
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POR José Pires

Claque lulo-petista

As viagens do presidente Lula à África não foram em vão. Ele aprendeu muito por lá. O petista não trouxe o segredo para ficar mais de 20 anos no poder, como ficou curioso em saber de um dos ditadores a quem fez gracejos e trocou amabilidades, mas já está colocando em prática o modo deles forjarem popularidade para ficarem bem com os visitantes estrangeiros.

No desfile de Sete de Setembro em Brasília, o governo fez ocupar com uma claque de simpatizantes as arquibancadas mais próximas do palanque principal, onde estava Lula e as demais autoridades.

Na arquibancada chapa-branca só entrou gente disposta a aplaudir, inclusive com camisas promocionais distribuídas pelo governo da candidatura do Brasil a sede das Olimpíadas de 2016. Para entrar, era preciso apresentar um convite oficial distribuído pela Presidência da República.

Quando desceu do palanque para receber o presidente Nicolas Sarkozy, Lula fez questão de levar o francês até sua claque particular. É claro que os dois foram aplaudidos. Sarkozy não deve ter estranhado. Eles já tiveram tratamento semelhante ao longo da história colonial da França.

Aquele amigo do Lula, o Chico Buarque, dizia que o Brasil um dia ainda haveria de tornar-se “um imenso Portugal”. Pois é, nem chegamos a tanto. Com os hábitos do lulo-petismo, estamos virando apenas uma África um pouco menor.
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POR José Pires

sábado, 5 de setembro de 2009

O blog do Planalto que não é blog, seu clone e outros blogs

O chamado Blog do Planalto ganhou um clone. Este, vamos começar a aspar, "blog" oficial é feito pelo setor de comunicação do Palácio do Planalto. É coisa do ministro Franklin Martins. Na época da Ditadura Militar, quando alguma coisa ia bem na resistência democrática ao regime eles se infiltravam para atrapalhar ou faziam alguma porra-louquice que criava justificativa para um endurecimento político do regime. Era um jeito de ocupar espaço, como eles diziam. Agora eles fazem blog.

O material é produzido por uma equipe profissional. Ou seja, é mais gente da blogosfera petista sendo paga por você, contribuinte. O "Blog", que de blog nada tem, sendo mais um mero repositório de informações do interesse do governo Lula, estreou há alguns dias sob críticas: as mais contundentes, por incrível que pareça, é a de que o dito “blog” não tem espaço para comentários. Os descontentes embasaram suas críticas inclusive neste argumento, como se o fato de ter ou não comentários é que defina tecnicamente um blog.

E não é. O blog do Janer Cristaldo, por exemplo, é fechado para comentários. E nem por isso deixar de ser um blog e, melhor ainda, um dos mais bem escritos de toda a internet. Cristaldo não aceita comentários. Porém, seus leitores enviam mensagens eletrônicas que ele costuma publicar no meio das notas.

Em muitos casos, aliás, a seção de comentários de muitos blogs é um terreno onde aparece apenas a turma da casa. Gente de fora mas que é do ramo, como eu, de vez em quando dá uma sapeada, mas aí é uma questão de dever. E sem receber adicional pela tarefa insalubre. Vocês não sabem o que é passar alguns minutos no blog do Luís Nassif ou do Ricardo Kotscho para investigar qual é a linha política ditada por chefões lá de cima para tigrada governista da internet. E tem outros também que exigem esta visita. A labuta é árdua.

Mas vocês merecem. Alguém tem que ver como as coisas estão na blogosfera petista. E estão mal. Blogs com cerca de 100 comentários, por exemplo, são de 20 ou 30 autores, chapinhas da casa, que comentam sempre como o blogueiro está do lado certo. Alguns comentários parecem até ter sido escritos pelo próprio blogueiro. E em muitos casos eles conversam entre si na área dos comentários. Até sobre assuntos que nada tem a ver com a nota.

Tirando o atrapalho dessa puxação militante, mesmo que os comentários fossem inteligentes e providos de importantes informações, dá para encarar mais de cem comentários apenas em uma nota? Bem, só se você arrumar um sócio que faça tudo, inclusive depositar seu pagamento no final do mês, e uma governanta ou mordomo que cuide da sua vida profissional e familiar e ainda saia para comprar os livros do seu gosto. Ah, sim, a governanta, ou o mordomo, teria também que sair periodicamente para jantar fora e pegar um cineminha com sua mulher (ou marido, namorada, namorado, e sei lá mais o quê, porque hoje tem de tudo). Ir pra cama depois é coisa que fica para eles resolverem.

Ou então, e aí é mais fácil, para fazer isso você pode ter caindo na sua conta mensalmente uma grana pública, oficial ou não, como paga deste tempo perdido. Este é um mercado em crescimento nos últimos seis anos. Tem gente que só faz isso. É a claque militante. E, pelo jeito, ganham bem.

Mas, voltando à falta de espaço para comentários no, vá lá, Blog do Planalto... Não é esta questão que o desqualifica. Existem muitos outros espaços na internet que são tidos como blog e, na verdade, deveriam ser encaixados em outra definição. Alguns são até bem populares, como o Blog do Noblat, por exemplo, que de blog só tem o nome. É aberto para comentários, mas não é blog.

Ora, a característica essencial de um blog é o aspecto autoral. Fazer clipping e inserir uma nota ou outra entre as notícias de outros veículos não faz de um espaço na internet um blog. A página pode ser até boa, com credibilidade, mas é quase um site. E blog não é de maneira alguma.

Claro que comentários são importantes. Bem sei eu disso, com tão poucos por aqui — comentários de qualidade, é claro, porque os anônimos que chegam com aquele veneno com jeito petista, ah, estes temos que eliminar. O comentário pode ser uma interação proveitosa entre o leitor e o blogueiro e, como o formato permite, um comentário ou outro pode até ser transformado numa nota, como faço de vez em quando aqui.

Isso quando o blog não é tomado por comentaristas militantes, que escrevem mais como uma ação militante pelo partido ou pelo governo. Infelizmente tomaram a blogosfera. Aqui costuma aparecer uns desses. Não dá pra publicar. Não pelas críticas, mas é que insulto anônimo tem que entrar por um ouvido e sair pelo outro

Mas o clone do “blog” inventado pelo Franklin Martins está no ar. Claro que foi uma boa idéia. É uma excelente metalinguagem política. Os autores da clonagem aplicaram na prática e de forma inteligente a independência própria da internet. Até a pretensão de Lula ter um blog acabou sendo escrachada de vez. É evidente que publica-se o mesmo material que sai no “blog” feito no Palácio do Planalto. A diferença qualitativa é a abertura para os comentários.

O problema é que o “blog” produzido pelo Planalto é malfeito. Traz um texto bem oficialesco, parecendo recortado diretamente da agência de notícias do governo Lula. Claro que isso deve prejudicar o clone, caso seus autores fiquem só nisso. Mas, como é novidade, vale a pena conferir. Corra pra lá, clicando aqui.
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POR José Pires

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Escrito nas estrelas

Parece aquela antiga série do “Acredite se quiser”, mas é notícia verdadeira. A nova primeira-dama do Japão, Miyuki Hatoyama, de 66 anos, diz ter tido experiências de contato com extraterrestres. No livro "Coisas Muito Estranhas que eu Encontrei", ela relata que há 20 anos esteve com eles e até achou bem bacana.

A primeira-dama tem uma conversa muito doidona. "Enquanto meu corpo estava adormecido, eu acho que minha alma subiu em uma nave espacial de forma triangular e foi para Vênus", ela escreveu no livro em que narra suas experiências estelares.

Nós também tivemos uma primeira-dama aqui no Brasil com um estranho relacionamento com as estrelas, mas felizmente passou logo. Bem, o "Acredite se quiser" é fichinha para nós neste país inacreditável.

Foi no início do primeiro mandato de Lula, me lembro agora, quando sua mulher — Marisa, é isso? — começou a plantar flores vermelhas nos jardins do Palácio do Alvorada criando o formato de estrelas.

Isso foi antes dos dólares na cueca e do mensalão, entre outros escândalos petistas, fatos que criaram um clima bem pesado e tornaram menor este negócio de encher de estrelas vermelhas um jardim que nunca foi propriedade do PT. O fato é que até hoje o país está vendo estrelas. E bem além dos jardins.

Era bom alguém avisar a senhora Hatoyama do risco que o Japão está correndo. Essa mistura entre política e estrelas acaba sempre muito mal.
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POR José Pires

Beletrista muito grosso

Falei ontem aqui que Fernando Collor é o mais novo beletrista alagoano, mas evidentemente esta ousadia só é permissível de ser feita bem longe do ex-presidente que saiu corrido do Palácio do Planalto.

Que ninguém seja besta de chamar o ágrafo senador Collor frente a frente de "beletrista". É capaz de ele se ofender e mandar o incauto digerir a palavra.
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POR José Pires

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Beletrista alagoano

Fernando Collor foi eleito agora à tarde em Maceió o mais novo imortal da Academia Alagoana de Letras. Não dá para levar a sério, é claro. Para sentir o nível da beletrista instituição alagoana, basta dar uma sapeada na página deles na internet. Não, não vou dar o link. Ao contrário deste blogueiro que vos serve, vocês não têm a obigação de espiar esse tipo de coisa.

Parece página de clube de truco ou algo parecido. Clube de truco do interior de Alagoas, bem entendido. É melhor nem ver.

Mas leio aqui nas notícias que Collor apresentou sete livros de sua autoria para se candidatar. Isso é novidade. Era desconhecido esse lado livresco do ex-presidente que saiu correndo do Palácio do Planalto para não ser cassado.

Sete livros, hein? Mesmo sendo óbvio que a academia onde ele entrou não tem seriedade alguma, seria bom dar uma boa olhada nestes livros para conferir se ele já coloriu todos.
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POR José Pires