sexta-feira, 30 de maio de 2008

Agora vai

Vejam só essa: "É difícil explicar para o pessoal lá. Não, vem cá. É para falar com o Paulinho? Eu mesmo falo com ele e levo pra ele". Aí, o João [Pedro de Moura] ficou preocupado. O Paulinho ia saber da verdade total, né? O Paulinho ia saber que é R$2.600.000. Você acha que ele ia se contentar com... sei lá quanto é que eles iam dar pra ele?

Essa é uma parte da conversa entre o empreiteiro Manuel Fernandes de Bastos Filho, o Maneco, e Bóris Timoner, prestador de serviços para as Lojas Marisa, dois dos integrantes do esquema que intermediava a liberação de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Eles foram flagrados em escuta telefônica feita pela Polícia Federal enquanto conversavam sobre a divisão da propina.

O João Pedro de Moura citado na conversa é o ex-conselheiro do BNDES (caiu quando a trama foi descoberta) e consultor da Força Sindical, presidida pelo deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, citado também na conversa.

Mas algo que me chamou muito a atenção na conversa é o estilo da oratória. Não parece discurso do presidente Lula? É claro que não estou falando do conteúdo da peça, notadamente desonesto, me refiro à retórica do espertalhão. O espertalhão flagrado pela PF, naturalmente.

O texto dos dois tem uma proximidade estiística que daria até uma tese. Até a intimidade no tratamento com um deputado federal e presidente de uma importante central sindical, para eles apenas o Paulinho, lembra bastante o Lula. Aliás, antes do escândalo, quando o deputado era peça importante de sua base político, tenho certeza de que o presidente chamava-o apenas de Paulinho.

Dessa unidade estilística impressionante podem sair estudos sociológicos ou até mesmo de linguagem muito elucidativos. O modo de expressão é o mesmo do Lula, sem tirar nem por, excetuando, é claro, o conteúdo criminoso. Vou destacar mais um trecho e tenho certeza que vocês me darão razão: “Eu falei pro João largar de ser besta e pegar o do Paulinho e levar lá, né?”. Aqui a informalidade até um pouco rude revela uma inteligência intuitiva capaz de criar uma concisão de linguagem bastante expressiva, própria de quem até pode não ter diploma, mas com certeza tem o diploma da vida, da experiência.

E esta outra parte aqui, ó: “É. Porque ele (João Pedro) tá: "ah, o Mantovani..." E eu falei: Larga a mão de ser besta, meu, quem está se valorizando é o Mantovani, assim. E o [Ricardo] Tosto, né?”, me lembrou a presença de espírito do Lula na posse do novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Lembram da tirada dele? Foi quando ele disse: “O Minc já falou em uma semana mais do que a Marina falou em cinco anos e meio”. Informal, intuitivo, Lula nem se preocupou com a gravidade da situação − não estava nem aí, pra ficar mais próximo de seu estilo. Mandou ver uma fala bacana, espirituosa, pra desanuviar o ambiente e dar um chega pra lá na péssima repercussão internacional causada pela demissão de Marina Silva.

Mas voltemos à escuta da PF. Noutra parte da gravação, eles até fazem um humor involuntário: “Não dá para trabalhar sem contrato. Você viu quanto esse cara (o prefeito Mourão) malhou da gente, né?” O prefeito citado é um dos integrantes da quadrilha. O problema é que depois de por a mão no dinheiro, ele diminuiu a porcentagem da propina. Essa graça involuntária, ao falar em “contrato” numa transação totalmente ilegal, lembra também algumas das piadas que Lula comete sem querer.

Vejo aí uma unidade social que merece ser melhor estudada. Tem algo novo nisso, e talvez, como Lula diz sempre, algo que nunca aconteceu na história deste país. Reforço, no entanto, o que já falei acima: refiro-me apenas à interessante unidade estilística entre o criminoso e o presidente da República, sem nenhum juízo de valor em relação ao Lula.

Isto pode ser um sinal de que, ao menos no aspecto da linguagem, a separação de classes no País começa a desaparecer. Não se distribuiu a renda, mas ao menos falamos a mesma língua. O criminoso e o presidente revelam isso. Esta universalização da linguagem deve também eliminar sérios preconceitos. É uma uniformização por baixo, é claro, mas é o que temos. O Brasil está encontrando um caminho, de quatro, mas está encontrando um caminho.
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POR José Pires

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Assunto: e-mail das FARC

Ê computadorzinho cheio de informação esse que era de Raul Reys, o líder das FARC morto em março por forças do governo colombiano no Equador. Tem e-mail novo na parada. Agora é uma troca de mensagens de membros da guerrilha colombiana que revela que eles contavam com a proteção da cúpula do governo Lula.

O problema era a proteção jurídica ao padre Olivério Medina, representante das FARC no Brasil. Havia um pedido da Interpol pela captura dele e a solução para evitar a prisão seria o governo brasileiro conceder-lhe a condição de refugiado político.

No e-mail em posse do governo colombiano Olivério Medina diz o seguinte: “Os amigos daqui [do Brasil] me advertiram que deveria ficar atento, pois há uma comissão da Procuradoria que tem uma ordem de captura". Mas, conforme a mensagem, os mesmos “amigos” garantiram que ele não deveria se preocupar, pois "a cúpula do governo com apoio de Celso Amorim estavam a par. Eles não apoiariam uma captura por crimes políticos".

É claro que a chancelaria brasileira já desmentiu a participação do ministro Amorim no caso, mas o fato é que a suspeita já está colocada. Uma conspiração da imprensa não pode ser aventada, já que essa foi última a saber. E uma trama do governo Uribe contra o PT também está descartada, pois os documentos do computador de Reys foram autenticados pela Interpol.
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POR José Pires

Correio eletrônico

O jornal El País já informou que são mais de dez mil documentos no computador. Não sei se as FARC fizeram backup, mas tem gente que com certeza já fez. Os arquivos estão com o governo colombiano e adivinhe com quem mais? Ah, vou falar: com o governo dos Estados Unidos. Ele é sócio, e não minoritário, nesta bem sucedida empreitada.

O que virá por aí? Vamos esperar e não sem alguma preocupação, mesmo que nós, o povo, não tenhamos uma participação efetiva no equívoco que é a política do governo Lula para a América do Sul e a relação de sua base política de esquerda com as FARC. O que vier atinge a todos nós, infelizmente.

Uma coisa é certa: com o governo norte-americano com tantos papéis nas mãos, se antes já era impossível acordar invocado e dar um pito nos ianques, agora até pedindo com educação já fica uma coisa complicada.
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POR José Pires

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Vereadores são ruins? Pois vem mais por aí

Discretamente a Câmara dos Deputados aprovou ontem emenda constitucional que aumenta em cerca de 7.500 o número de vereadores no Brasil. A manobra é parte daquele jogo histórico que emperra o país: um poder corta, o outro aumenta, e vice-versa e sempre. É interminável.

Em 2004, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cortou mais de 8 mil vagas de vereadores. Agora os parlamentares, agindo por pressão dos vereadores, tentam repor as vagas. A emenda ainda será votada em segundo turno e terá que depois ser aprovada pelo Senado. E eles têm pressa. A emenda precisa ser votada até 30 de junho para valer já para as eleições municipais deste ano.

O argumento dos deputados é bem malandro. Como o TSE reduziu o número de vereadores, cortando mais de 8 mil vagas, mas não mexeu no repasse de recursos às Câmaras a verba estaria sendo usada para outros fins como reforma de prédios e troca de frota de carros.

Bem, pela lógica, então a solução seria fazer o corte no repasse, que hoje está entre 5% a 8% da receita total do município. Mas o Brasil é um país onde a lógica é algo que se ajeita. Então como solução os deputados estão propondo o aumento do número de vereadores.
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POR José Pires

Cana amarga

O Relatório Anual da Anistia Internacional , divulgado ontem, condena abusos contra os direitos humanos no setor canavieiro. Trabalho forçado e condições de trabalho exploradoras foram detectados no setor de cana-de-açucar no Brasil. Os usineiros são o xodó de Lula, sempre embasbacado com o etanol.

No setor canavieiros, trabalhadores já foram resgatados em situações próximas à escravidão.

Lula podia um dia desses acordar invocado e resolver isso ligando para os usineiros. Afinal, os “heróis nacionais e mundiais” do presidente da República estão mais para vilões de histórias medievais.
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POR José Pires

Na informalidade

“O Minc já falou em uma semana mais do que a Marina falou em cinco anos e meio.” Papo de boteco, conversa de esquina, fofoca na sauna do clube? Não, é o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva na posse do novo ministro do Meio Ambiente. “O Minc” de que ele fala é o novo ministro, Carlos Minc.

O Brasil já era um país informal, um defeito que infelizmente a maioria acredita que é qualidade. Com Lula, virou deboche. Só falta o brasileiro começar a achar isso bacana também.
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POR José Pires

Miau

E Paulinho Pereira subiu mesmo no telhado. A Mesa Diretora da Câmara endossou por unanimidade a representação do corregedor Inocêncio Oliveira (PR-PE) contra o deputado o Paulo Pereira da Silva, o Paulinho Pereira, ou Paulinho da Força. O caso do deputado já está no Conselho de Ética, para onde foi enviado com uma rapidez incomum. A Mesa está célere, o que nada indica de bom para o serelepe deputado.

Sobre a situação do deputado Paulinho, Inocêncio Oliveira, que é normalmente comedido quando atua em casos onde existe algum acordo de bastidores, foi bem firme: “A situação dele é gravíssima. Não tenho a menor dúvida de que ele é culpado. É caso para perda de mandato, sim”.

O Conselho de Ética tem até 90 dias, prorrogáveis por mais 90, para se manifestar, mas o próprio Paulinho Pereira disse que quer ser julgado logo. Bravata dele, é claro. O homem está apavorado. Pelo jeito, não virá nenhuma escada.
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POR José Pires

A última das FARC

Continuam sendo revelados novos documentos das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia , as FARC, do arquivo encontrado no computador de Raúl Reyes, o número dois da guerrilha colombiana.

Agora apareceu um e-mail do líder da guerrilha, Pedro Antonio Marín, conhecido como "Tirofijo", morto também recentemente em circunstâncias ainda não esclarecidas. Em sua última mensagem, dirigida a seis membros do comando da guerrilha, “Tirofijo” teria se referido a uma oferta de dinheiro do governo da Venezuela.

Segundo o jornal colombiano El Tiempo, no e-mail o chefe máximo da guerrilha colombiana diz ter a impressão de que Chávez, a quem se refere como "o homem", "está interessado em financiar a causa bolivariana das FARC para fortalecer seu projeto geopolítico em vários países".


O computador de Raul Reyes é uma mina de ouro para o governo de Alvaro Uribe. O jornal espanhol El País informou que os arquivos contêm cerca de dez mil documentos. Será que as FARC fizeram backup de tudo? Sim, porque isso é o que pode se chamar na verdade de "dar pau no computador".

Para uma força militar clandestina, tem documento demais arquivado em computador, não acham? São obscuras as atuais bases teóricas das FARC, mas esse negócio de juntar tanto documento comprometedor em um computador dá a impressão de que ultimamente os guerrilheiros colombianos andam se guiando por algum manual de guerrilha do valoroso PCP. E o que é PCP? Ora, é o Partido Comunista Português, o pá.
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POR José Pires

terça-feira, 27 de maio de 2008

De galochas

Lula disse que nada mudará na política ambiental. Ah, mas aí é que vai pegar mal para a ex-ministra Marina Silva. Os brasileiros vão pensar que ela saiu só porque ela é chata.
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POR José Pires

Octavio Frias de Oliveira? Não, não sei onde fica

O bom das homenagens que os políticos criam para puxar o saco de maiorais neste país é que as próprias obras se incumbem de colocar as coisas em seu devido lugar. E, quando isso não ocorre, o povo se encarrega disso.

Pode ser um apelido, que até apaga o nome original da obra. Paulo Maluf, quando era sabujo da ditadura militar, prefeito nomeado de São Paulo, pôs o nome de um dos ditadores de 64 em um viaduto que corta toda a cidade, o Minhocão. E alguém lembra do nome do milico homenageado? Nunca. Nem nós vamos citar aqui.

Mais recentemente, Roberto Marinho virou nome de avenida em São Paulo, mas para a bajulação os petistas usaram a antiga Águas Espraiadas, símbolo da corrupção malufista. Então o falecido dono da Rede Globo será lembrado para sempre como uma avenida onde rolou a corrupção.

Agora foi a vez de Octavio Frias de Oliveira, dono da Folha de S. Paulo, morto há pouco mais de um ano, virar nome de obra. Coisa do prefeito Kassab para amaciar o coração dos Frias. É uma “ponte estaiada”, o que parece muita coisa, mas é apenas uma ponte sustentada por cabos. É feia de doer.

Não faz nem um mês que a ponte foi inaugurada e já tem um apelido: Estilingão. Pronto, o dono da Folha virou Estilingão.
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POR José Pires

A carreira de Paulinho Pereira está periclitando

O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) − ou Paulinho Pereira, ou Paulinho da Força, diachos, o homem tem vários codninomes, ou melhor, apelidos − subiu no telhado. Ele vai responder processo por falta de decoro no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados.

O corregedor da Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE) entregou agora há pouco à Mesa Diretora da Câmara o pedido de abertura de processo. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse que se quatro dos seis integrantes da Mesa votarem favoravelmente, encaminha ainda hoje o pedido de cassação ao Conselho de Ética.

Mas, vocês podem até se perguntar por que eu já botei o homem em cima do telhado, o anúncio do final, se esse Congresso esta mais para pizzaria que casa legisladora. É que tudo indica que governo e possíveis aliados do deputado já lavaram as mãos sobre o caso. Há menos de seis meses de uma eleição não dá para carregar Paulinho Pereira. Com o perdão do inevitável trocadilho, haja força para isso.

Inocêncio Oliveira, todo mundo conhece. É p..., ou melhor, político velho. Suas ligações com o poder − qualquer um − são antigas. Ali não há improviso, com ele as coisas só funcionam no combinado. Se houvesse o interesse em resguardar Paulinho Pereira e seus casos com o BNDES, Inocêncio Oliveira poderia até encaminhar o pedido, mas maneiraria sua posição no caso.

Pois bem, falando à imprensa na entrega do documento, ele disse o seguinte: “Não tenho a menor dúvida da culpa do deputado Paulinho. Fazer comissão de sindicância na Corregedoria seria perda de tempo. O melhor é encaminhar direto ao Conselho de Ética. A situação é gravíssima. Tem algum termo mais forte que gravíssimo? Se tivesse, seria o termo.”

É ou não um indicativo de que o presidente da Força Sindical, uma liderança que parecia ter um grande futuro, subiu no telhado? E em ano eleitoral duvido que alguém arranje uma escada para ele descer.
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POR José Pires

Abraço de urso

Mas e as fotos e filmagens com o deputado Paulinho Pereira? E aquela festa toda, manifestações da Força Sindical, foguetório, sorteios, tudo aquilo que parecia que ia dar tanta vantagem nas próximas eleições? Céus, o que faremos com isso?

Quem andou abraçado com o deputado Paulinho Pereira não se preocupe. Relaxem, os adversários saberão muito bem o que fazer com o belo material produzido.
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POR José Pires

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Sem votos voltam a crescer

Com a morte do senador Jefferson Péres (PDT-AM), entra outro Jefferson, Jefferson Praia. É mais um senador sem voto, que somam agora 16.

A bancada dos sem voto tinha sofrido uma rápida encolhida com a saída do suplente de Marina Silva, o acreano Sibá Machado, representante de peso da classe dos sem voto, mas agora volta a ter a influência de antes. É a segunda maior bancada do Senado, tendo a frente apenas o PMDB, com 19 senadores.
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POR José Pires

Dinossauros em extinção, mais um se vai

Jefferson Péres ia abandonar a política assim que acabasse seu mandato, dentro de dois anos. Após mais de dez anos como senador ele não agüentava mais. “Não me acostumo com a classe política”, ele dizia em 26 de maio de 2007 ao site Congresso em Foco. Na ótima entrevista, Péres antecipa a absolvição do senador Renan Calheiros, na época respondendo a processo de cassação por falta de decoro.

Não era profecia dos céus, evidentemente. A revelação vinha da observação sensata das safadezas políticas de Brasília e do comportamento de seus colegas do Senado, onde, segundo ele, tudo se resolve “na base do conchavo”. Daí ele tirava a conclusão de que empurrariam a coisa com a barriga para no final absolver o senador alagoano, o que aconteceu de fato em setembro daquele mesmo ano.

Péres era um dinossauro político, desses que acreditam em ética. Seu partido, o PDT, que tem o ministério do Trabalho no governo Lula, indicou um nome para a Delegacia Regional do Trabalho e ele recusou. O senador era da opinião de que “o partido deveria ir [para o governo] para executar uma política pública predefinida, sem se preocupar com preenchimento de cargos”.

Na entrevista, ele faz uma análise perfeita sobre a deterioração moral da classe política, gente, para ele, “na média, muito ruim”. Numa parte em que o entrevistador faz uma pergunta que faria qualquer político desconversar, ele encara firme e sintetiza a razão dos parlamentares terem tanta sede por cargos. Uns apenas para acomodar os filhos, ele diz, outros com fins de corrupção. "São basicamente esses dois motivos. Um mais grave, outro menor, mas todos contrários ao interesse público".

E para agravar o problema, essa má qualidade dos políticos não teria da parte da população nenhuma contraposição mais firme. “O povo brasileiro, em geral, é muito ambíguo. Ele condena todos esses desmandos políticos, mas talvez fizesse o mesmo se estivesse lá”, ele disse, para em seguida narrar uma história que servia de exemplo para sua afirmação.

Veja, conforme suas próprias palavras, no site Congresso em Foco: “Recebo muitas pessoas que não conheço que chegam para dizer que admiram minha atuação, afirmam que sou honesto, mas aí me pedem um pequeno favor: “Olha, minha filha passou num concurso, ela ficou em 100º lugar. Será que o senhor não podia dar um jeito de ela ser chamada?”. Eu digo: olha, não posso ajudá-la, porque não posso fazer o que a senhora condena nos outros. Não é interessante isso?”

Para ler a entrevista na íntegra, clique aqui. É um interessante depoimento de uma espécie em extinção: o político honesto.
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POR José Pires

Dize-me com quem andas...

Ah, se eu pudesse apagar aquela foto. É isso que deve estar passando pela cabeça de muita gente com os resultados da Operação Santa Tereza, em que investigando prostituição a Polícia Federal Polícia Federal deu de encontro com uma quadrilha que desviava dinheiro do BNDES. A PF acabou chegando também no deputado federal Paulinho Pereira da Silva, também presidente da Força Sindical.

A história política no Brasil é uma coisa rápida. Paulinho Pereira era uma das figuras mais influentes da República e, de um momento para outro, bem ligeiro, tornou-se um peso político. Quem andava ao seu lado quando ele estava bem na foto, de olho em sua influência política e no peso da sua central sindical, hoje está com um problemão para resolver, mais ainda se for candidato nas eleições deste ano.

Esse é um dos problemas da política feita de modo oportunista, coisa comum no Brasil. Grudar em gente poderosa pode ser muito lucrativo, tanto no aspecto político quanto no financeiro. Porém, todo o cuidado é pouco com a política brasileira. De uma hora pra outra, o que era boa companhia torna-se um péssimo enrosco. Existe sempre o risco de acordar abraçado com o aliado no meio da lama.

Paulinho Pereira tinha prestígio. O deputado e líder sindical foi articulador e beneficiário de um dos acordos políticos mais importantes do governo Lula, que juntou as duas maiores centrais sindicais do país e ainda tinha no meio um partido de peso, o PDT, que, como parte do acordo, ganhou de Lula o ministério do Trabalho. Com uma importante central sindical na mão e à testa de uma aliança que lhe dava acesso direto até ao presidente da República, Paulinho Pereira virou um aliado importante para tudo quanto é político que almeja algum cargo pelo Brasil afora.

E como o PDT jamais teve coerência alguma na busca de aliados, foi sopa no mel para Paulinho Pereira. Usando a Força Sindical e o partido como suportes, ele foi à luta para tornar-se um nome nacional. A central sindical presidida pelo deputado fez muitas de suas manifestações de cunho falsamente sindical pelo interior do Brasil. Essas reuniões, que juntam multidões atraídas pelo sorteio de carros e casas, eram o sonho de consumo dos políticos.

É claro que muita gente fez questão aparecer sendo filmado ou em fotos com Paulinho Pereira. E agora, o que fazer com as imagens depois que ele encalacrou-se em um dos piores escândalos dos últimos tempos? Bem, os adversários saberão o que fazer com elas.

E nem será preciso muito esforço. O escândalo em que Paulinho Pereira se meteu fala por si e aos berros. E com os piores ingredientes para um ano eleitoral. Até prostituição tem no caso. Bem, se uma imagem fala por mil palavras, imagem com Paulinho Pereira virou palavrão.

Na foto acima, Chico Buarque e o falecido humorista Bussunda, quando o companheiro da Casseta era jovem e de esquerda. Se arrependimento matasse, o idoso, problemático e esquerdista compositor teria sido enterrado ainda no meio do primeiro mandato.
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POR José Pires

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Por um triz

Barack Obama é a prova viva de como o destino pode ser determinante na existência humana. Nesta semana 11 pessoas foram queimadas vivas no Quênia na aldeia de Nyakeo, a cerca de 300 quilômetros de Nairobi, a capital. As pessoas foram acusadas de bruxaria e mortas por populares que incendiaram suas casas.

O horror aconteceu em uma aldeia a oeste da capital, na mesma direção da localidade onde vivem os parentes africanos do senador democrata. Obama foi criado pelos avós maternos, nos Estados Unidos evidentemente. Já pensou se o menino fosse criado com os avós paternos. Pois é, o destino tem mesmo uma importância enorme na vida da gente.
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POR José Pires

O coração das trevas

O horror, o horror. A trágica ficção de Joseph Conrad ainda é realidade na África. Esse tipo de coisa não é novidade por lá. A crença em poderes mágicos e feitiçarias já foi motivo de muitos assassinatos em massa na África. No Quênia também não é a primeira vez que matam pessoas desse modo, com acusações absurdas de bruxaria.

Quando Conrad escreveu O Coração das Trevas a África ainda era um continente misterioso, pouquíssimas informações vinham de lá. Agora sabemos de tudo bem rápido: no mesmo dia em que as pessoas foram queimadas vivas a notícia já caía nos correios eletrônicos de todo mundo. Um mundo medieval por meio da tecnologia moderna.

No romance, Conrad narra a queda moral de um europeu, Kurtz e seu enlouquecido poder sobre nativos do então Congo Belga. Kurtz implanta o terror em seus domínios. O livro é maravilhoso, uma queda no pior dos abismos humanos; e aqui vale o clichê. A grande obra de Conrad inspirou T. S. Eliot a escrever “A Terra Devastada”, poema que ficará para sempre como um dos mais grandiosos da história da literatura − ou pelo menos enquanto o espírito de Kurtz, imanente na espécie humana, permanecer em relativo controle.
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POR José Pires

Surfando no horror

Francis Ford Coppola filmou o livro e fez de Kurtz um enlouquecido coronel do exército norte-americano, um renegado que exerce uma insana ditadura pessoal em uma região do Camboja. O cineasta transportou a história para a sordidez da guerra que envolveu norte-americanos e vietcongs entre 1964 e 1975. Funciona bem. Mas a geografia do centro da África me parece melhor para caracterizar nossos medos internos.

No filme de Coppola, Marlow torna-se o capitão Willard, na interpretação de um Martin Sheen ainda jovem. No trajeto que faz até a região dominada por Kurz, em missão oficial do exército dos Estados Unidos para matá-lo, Willard vai se encontrando com os traços da sua civilização sobre a região. Não falta nem Rolling Stones. É a mão do cineasta sobre o original de Conrad e também a parte mais forte do filme.

É nessa parte que Coppola cria uma das personagens mais fascinantes do cinema, numa interpretação absolutamente fascinante de Robert Duvall. De chapéu texano e cercado de um aparato mortífero, Duvall faz o comandante de um corpo de cavalaria que destrói com potentes helicópteros uma aldeia vietnamita para poder surfar em uma praia. Duvall está soberbo no papel.
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POR José Pires

Uma vida aventurosa

Mas o livro de Conrad evidentemente não tem nada disso. Aproveite a tecnologia, busque um mapa do Congo e dê uma olhada e me dará razão de que a África é mais apropriada para espelhar os terrores humanos. A viagem de Marlow é feita pelo rio Congo. O próprio Conrad navegou pelo rio, veja só, em 1890. O livro é de 1902. O escritor tinha coragem. Em 1890 devia ser uma aventura até navegar no rio Tietê, que hoje corta a capital paulista. A vida do escritor, aliás, foi mesmo uma aventura. Chegou a sobreviver a um naufrágio, em uma viagem que o levaria de Londres a Cingapura. Dessa experiência nasceu outro livro grandioso: Lord Jim.

Martin Sheen também está muito bem fazendo Marlow, ou melhor, Willard, que acaba matando Kurtz − pronto, contei o final do filme, ainda bem que aqui todo mundo já o viu. A qualidade da sua atuação é de altíssima qualidade, ainda mais levando em conta que contracena com Marlon Brando, na pele de Kurz. E quando digo na pele, é quase literalmente. É um grande momento do ator. E ele em um de seus melhores momentos é... bem, não precisa dizer mais nada, é Marlon Brando. "O horror, o horror" é a conhecida frase, tornada ainda mais famosa como o sussurro que sai da boca de Brando.

Marlow (ou Willard) é a civilização ou parte do tormento de Kurtz? Talvez seja os dois. Mas voltemos a Barack Obama. Ele não é Marlow, não chega a tanto. Mas é interessante notar em variados textos de jornalistas que foram buscar depoimentos da sua família no Quênia que a África, ou parte dela, vá lá, ainda espera por alguém que mate, ou pelo menos regaste Kurz.
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POR José Pires

Sem saída

Caso seja eleito, os parentes de Obama têm esperança de que ele ajude o Quênia a sair de seu atual estado de horror. A morte de pessoas queimadas vivas é só parte de um grande problema. Desde as eleições de 27 de dezembro o clima de violência já matou centenas de pessoas por lá.

Mas o que Obama poderia fazer como presidente? Mandar o louco comandante texano surfar nas praias africanas? O Quênia quase faz fronteira com o Congo. Entre os dois está a pequena Uganda, outro lugar com uma história de horrores. As outras fronteiras são com a Tanzânia, a Somália e o Sudão. Desse jeito, fugir pra onde? Dá pra entender as esperanças dos parentes africanos de Obama.
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POR José Pires

Buscando raízes

Obama nasceu em 1961 e mal viu seu pai depois dos dois de idade. O pai, Barack Hussein Obama, era um negro queniano e morreu em 1982. A mãe, Stanley Ann Soetoro, branca e do Kansas, morreu em 1995. O que se escreve dela revela que era uma grande mulher. Bem, ela casou-se com um negro do Quênia nos anos 60, em plena era da segregação nos Estados Unidos. Acho que não é preciso acrescentar mais nada sobre o grande caráter de uma mulher como essa.

Obama viu o pai só uma vez, aos dez anos. A grande referência de sua vida é mãe, mas é sobre o pai que ele mais fala em suas memórias. No prefácio que escreveu para uma das últimas edições revela arrependimento por ter escrito pouco sobre a mãe, mas agora é tarde. Obama deve tudo o que é aos dois avós maternos, que são brancos evidentemente. Foi criado por eles. E o provável candidato do Partido Democrata fala muito em raízes africanas. Será uma raiz literária?
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POR José Pires

Esperança e medo

Supondo que seja eleito presidente e tirando de lado as esperanças dos quenianos, Obama tomaria posse como o presidente norte-americano que mais expectativas criou no eleitor dos Estados Unidos. É uma responsabilidade sem precedentes e sem que nada comprove que ele estaria preparado para isso.

Boa parte do que Obama fala, me parece pura demagogia. Parece literatura, má-literaura, é claro, e isso raramente dá boa coisa em política. Parece mais um caso de um eleitorado desesperado para preencher o vácuo moral criado pelos políticos. Sempre existe o perigo de colocar algo pior que este vazio. Já tivemos isso aqui no Brasil. E sabemos onde vai dar.

O ator Sean Penn, um dos artistas mais representativos da esquerda norte-americana, foi quem até agora resumiu com mais clareza o papel histórico que Obama pode ter para os Estados Unidos. Ele disse estar animado “pela esperança que Obama inspira”, mas não esqueceu de alertar sobre o risco de uma grande frustração: “Espero que, se eleito, ele esteja ciente do grau de desilusão que causará se não corresponder à expectativa”.
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POR José Pires

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Palavra de índio

Branco ser mais malvado que pica-pau. Veio pelo mar, trouxe pau-de-fogo, doença, maldade. Matou índio, tomou terra de índio. Esse tempo todo.

Mas branco também ser mais boboca que cachorro de aldeia. Branco faz tudo isso, tudo maldade, tudo pra prejudicar índio. E depois ainda vem dar aula sobre recursos energéticos pra índio, tudo com facão na mão.
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POR José Pires

terça-feira, 20 de maio de 2008

A vida como ficção

Luiz Fernando Emediato era pra ser um famoso contista brasileiro. Era isso que ele era, quando o quente no Brasil era escrever contos. Ali por 1970 isso era uma epidemia, quase como a dengue hoje. Todo mundo era contista, até o Chico Buarque. Contista parecia então uma profissão que dava futuro. Mas hoje a gente lembra apenas do João Antonio e do... como é mesmo o nome daquele? Ah, sim o Emediato. Onde anda ele?

Em São Paulo era assim: no bar Redondo, na esquina da avenida Paulista, pois ainda não existia bar da moda na Vila Madalena, nove entre dez contas dependuradas eram assinadas por contistas. Este outro era um jornalista que só escrevia em jornais. Havia poucos romancistas, quase nenhum, mas todo escritor escrevia contos, o que dava certeza de livro na praça, em obra única ou coletiva.

Obra coletiva tinha uma vantagem. Era só juntar uma meia dúzia de contistas para ter um livro inteiro. Um romance pode levar décadas, um conto pode ser escrito numa tarde em Ubatuba. E então era uma brochura a mais na estante, o que dava um status danado. Valia até entrevista em cadernos culturais, suplementos que naquela época cuidavam menos de baladas, desfile de moda, cantor porcaria e programas de TV. Parece coisa antiga, mas os cadernos culturais se dedicavam à cultura.

Um dos problemas da obra coletiva era que os contos obviamente se misturavam, o joio com o trigo, mais joio do que trigo, o que dava em livro ruim. Imaginem então a situação do Emediato, que, concedo, até escrevia bem. Ficava chato a mistura.

Falando nisso, e o Emediato, aonde anda? Continua se dedicando à ficção, agora em área mais lucrativa. Eis que o ex-contista volta às páginas dos jornais, não de cadernos culturais, coisa que, aliás, nem existe mais. Volta nas páginas políticas e tem que agradecer aos céus que seja assim, pois se não fosse a característica amena e até leniente da nossa Justiça, sua aparição bem que podia ser nas páginas policiais.

Emediato também está encrencado na Operação Santa Teresa, da Polícia Federal, que detectou sujeira nos negócios da Força Sindical. As denúncias envolvem também seu presidente, o deputado Paulinho Pereira da Silva. O enrosco do ex-escritor de contos com a Força Sindical é antigo. Depois de abandonar a literatura, Emediato virou assessor e mentor intelectual da central sindical, primeiro com seu criador, o ex-deputado Luiz Antonio de Medeiros, depois com Paulinho Pereira da Silva. Representando a central sindical, Emediato é o atual presidente do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), cargo bom, com verbas e influência.

Agora foi descoberto que um repasse de R$ 1,32 milhão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a ONG Centro de Atendimento Biopsicossocial Meu Guri, presidida pela mulher do deputado Paulinho Pereira da Silva, Elza Pereira, tem a assinatura de Emediato como testemunha. Acontece que o repasse está entre as denúncias da PF de desvio de verbas do NDES.

Emediato quer saltar logo fora dessa frigideira e evidentemente não para o fogo. E arranjou uma desculpa prosaica para ter assinado como testemunha da, digamos assim, alocação de verba do BNDES pelos sindicalistas. “Porque pediram e eu estava por perto. Testemunha é isso”, explicou ao ser questionado sobre por que assinou como testemunha.

Que coisa, a história se repete. É do mesmo jeito que saiam os livros de contos na década de 70. Alguém fazia um e você, estando por perto, entrava também. Então, pimba: lá estava seu conto no meio de um monte de porcarias que, juntas, elevavam uma brochura à categoria de livro de contos. É coisa do acaso, como ser testemunha em um repasse de mais de um milhão de reais que depois acaba como caso de polícia.

Emediato até pode se safar dessa. E aposto que se safa, no Brasil é assim. Mas tudo é muito parecido com aquela época quando ele colocava sua assinatura em livros de contos quase sem pensar, imagino, porque alguém pediu e ele estava por perto. Emediato já devia ter aprendido essa, tem que ter mais cuidado com o que assina: o livro ruim fica para trás, mas a fama fica.
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POR José Pires

Salve-se quem puder nas FARC

A guerrilheira (ou terrorista, tanto faz, hoje dia os termos se tornaram sinônimos) colombiana das FARC Nelly Ávida Moreno, a companheira Karina, se entregou no domingo às autoridades colombianas. É mais uma importante deserção das FARC, organização armada que faz uma dobradinha interessante de marxismo com narcotráfico.

A ex-companheira Karina é uma deserção de peso. Ela era líder guerrilheira e lendária na história do grupo armado. O processo de demolição das FARC é acelerado. No final, perde a esquerda latino-americana, principalmente do Brasil, que não desgruda das FARC. A derrota do grupo armado também é um golpe duro para as análises estratégicas da mesma esquerda, que afirmava com decisão que a estratégia repressiva do governo colombiano não daria resultado.
O sucesso da política de Uribe, que conta com assessoria e apoio dos Estados Unidos, fortalece imensamente a idéia política de que repressão é um remédio eficaz contra o narcotráfico e o terror.

Ontem a ex-guerrilheira pediu aos companheiros rebeldes que se rendam, aderindo ao programa de "reinserção" do governo colombiano. E as rendições, além das derrotas, são muitas.

O Brasil não pode ficar parado. A atual situação da guerrilha colombiana exige uma mudança rápida na política que o governo petista tem tido para com esse grupo. E é preciso usar de toda a agilidade política e diplomática, correr contra o tempo. Senão o nosso país pode ficar no final da fila do abandono das FARC.
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POR José Pires

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Voando alto

E Lula ameaça criar uma companhia aérea estatal. Invocado com a eterna crise da aviação civil, ele culpou o setor privado pela bagunça e soltou o brado estatizante. Saquem só a sua frase, naquele estilo tão peculiar: “Tudo o que eu não quero é que eles sejam tão inoperantes nessa área que comecem a fomentar na minha cabeça a idéia de que o Estado vai ter de criar uma nova empresa. Eu não quero fazer. Mas se os empresários não tiverem ousadia, a gente terá que ter ousadia" .

Taí, gostei dessa idéia. Acho até que não deve ser uma estatal apenas do Brasil, não. Talvez uma estatal latino-americana, que tal? Mas tem que buscar um aliado com capital. Nada de ligar para o boliviano Evo Morales, que esse não tem verba nem para teco-teco. O presidente podia convidar o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que além de ser estatizante de primeira hora é da Opep, o que é melhor. Esse é um bom sócio.

Já tenho até o nome: Aerobrazuela. Não é um nomão?
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POR José Pires

Verde que te quero...

A demissão da ministra Marina Silva serviu pelo menos para uma coisa. Voltou a discussão sobre a necessidade da preservação da Amazônia, tarefa na qual historicamente os brasileiros têm falhado. O mundo faz uma pergunta para a qual os líderes das grandes nações já têm uma resposta há muito tempo: De quem é a Amazônia?

Do Brasil é que não é. O país não soube cuidar e nada indica que conseguirá um dia proteger esse importante patrimônio da humanidade, patrimônio, aliás, que fica ainda mais precioso com a acelerada deterioração ambiental do mundo.

Logo mais será questão de vida ou morte a resolução de graves problemas ambientais que o governo petista empurra com a barriga − e que barriga, companheiro presidente! O combustível que faz falta à humanidade não é o etanol do companheiro Lula. É oxigênio, água e alimento.

A proposta de internacionalização da Amazônia, que sempre esteve em pauta, agora está acelerando. E quem pode ser contra? Quem não cuida, perde.
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POR José Pires

O leitor joga pedras

Os leitores desse blog não são de falar muito. Gostam do que escrevo, ou odeiam também, sei lá, bem calados. Recebo poucos comentários. Mesmo os que me odeiam − e são em bom número pelo que vejo aqui do pessoal de Brasília que aparece no controlador de entradas do blog − preferem mandar e-mails malcriados. A claque petista usa bastante o correio eletrônico quando sou um pouco mais rigoroso com o beócio que a precária democracia brasileira levou ao poder.

Mas dos poucos (e bons) comentários que os leitores postam neste blog, destaco um escrito agora há pouco. Coisa de uma hora atrás. É sobre o texto meu, nove posts abaixo, em que lembro que Caetano Veloso administra com mão-de-ferro a rígida pauta sobre os assuntos que busca editar para os jornais. E muitas vezes dá certo.
O comentário do leitor, apesar de curto, é uma boa opinião, o que é ponto para o Caetano Veloso. Afinal, o estímulo para o comentário foi a menção ao seu nome. Talvez eu esteja dando atenção para a caravana errada. Acho que vou latir mais para o Caetano.
Mas vamos ao comentário. Depois entro eu respondendo.

Anônimo disse

Que bobagem... Caetano ter ou não ter tido um caso com Torquato, como se isso fosse motivo para pôr fim à tropicália, é algo tão desimportante. Tomar isso como maledicência é que é uma tristeza e uma baixeza (por achar que isso é algo deplorável). Por outro lado, achei que o que Caetano falou sobre o caso Ronaldinho demonstra sua coerência ao tratar de assuntos que envolvem a sexualidade.
Enfim, os cães ladram e blablabla
19 de Maio de 2008 12:07


Não sou eu que digo, anônimo (por que não assinar uma consideração feita com tanta qualidade e que até anima o debate?). Foi Nana Caymmi quem disse. E o interessante é que Caetano Veloso fugiu da questão e até ficou bravo com a colega.

E a revelação da grande cantora é sim, muito importante, mesmo que ela aparentemente, pouco afeita a teorias no campo da arte, não tenha se apercebido da preciosa pérola que sua conhecida desinibição desencavou para a história da Tropicália.

Bem, e minha intenção com a nota, bem menos que discutir o Tropicalismo, era deixar claro que Caetano Veloso transita organizadamente em meio ao suposto clima de controvérsias criado em torno de suas declarações. Acho muito chato o Tropicalismo e muita coisa que veio dele. Além do que, é bastante superestimado. E nisso Caetano Veloso foi eficiente. O Tropicalismo tem mais papo que obra.

Mas cá entre nós, alguém pode discordar que muito mais importante que o escândalo de um jogador de futebol com travestis é o fato de que o fim do Tropicalismo se deve ao final de um caso sexual entre dois líderes do movimento? É isso que Nana Caymmi garante ter acontecido. Então por que o compositor não fala sobre isso também?

O fato de Caetano Veloso sequer aceitar discutir a revelação de Nana Caymmi, tem, sim senhor, ou sim senhora, sei lá, bastante importância. Primeiro, além de mostrar sua hipocrisia e incoerência, tira o véu do oportunismo que ele usa em entrevistas e em abordagens que julgo como auto-propaganda e nada mais.
Pelo menos em um acontecimento como a Tropicália. Um caso sexual entre dois homens pode até não ter influência decisiva ou interesse histórico algum se acontecer, por exemplo, na bancada parlamentar de algum partido. Já imaginou dois deputados do baixo clero entre os lençóis? Além do mau gosto, o que há para comentar? Nada, pois no estudo dos partidos políticos há muito tempo que a relação cultural ou de costumes deixou de ter alguma importância. O negócio deles é só grana. E ponto. E é na Polícia Federal e não na Delegacia de Costumes que se examina a política hoje.

Mas sexo, e ainda mais entre dois homens, é muito importante em um movimento cultural que pretendia demolir as estruturas política e sociais − ou ao menos menos abalar um pouco e mexer com o comportamento das pessoas em país como o Brasil que, na época, era bem travadinho. Ora, se o fim de caso entre dois machos calientes e líderes do Tropicalismo não é importante para a análise do movimento, o que é importante? Os Mutantes?
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POR José Pires

sábado, 17 de maio de 2008

A força da corrupção

Chamada de capa genial da Veja dessa semana: “O lado escuro da Força”. A revista examina os negócios obscuros da central sindical presidida pelo deputado pedetista Paulinho Pereira da Silva, a Força Sindical.

As denúncias contra Paulinho Pereira e sua central despontam na imprensa porque a Polícia Federal os pegou com a boca na botija − ou na cumbuca; em se tratando de corrupção a avidez pelo dinheiro faz até macaco velho enfiar a mão na cumbuca.

A Operação Santa Tereza da PF flagrou negócios escusos que envolvem gente da central sindical, assessores do deputado e até mesmo o próprio, denunciado como chefe da coisa. E tudo começou com uma investigação sobre prostituição e tráfico de mulheres. Entre os lençóis sujos, a polícia acabou encontrando uma gangue de engravatados que roubava dinheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES. Coisas do Brasil. Criado para estimular o desenvolvimento, o banco estatal acaba servindo para engordar as fortunas de ladrões de colarinho branco.
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POR José Pires

Os pelegos sujos

A denúncia é nova. Os negócios suspeitos da Força Sindical, porém, são bem antigos. As denúncias idem. A central sindical nasceu no ninho do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, dominado historicamente pelos pelegos sindicais. Tudo começou na década de 70 com Joaquim dos Santos Andrade, o Joaquinzão, símbolo-mor do peleguismo brasileiro.

Depois o sindicato passou para Luiz Antonio de Medeiros, criador da Força Sindical, ex-deputado federal e hoje secretário de Relações de Trabalho do Ministério do Trabalho. Vejam que depois do sindicato para a fábrica ninguém volta. Agora a presidência está com Paulinho Pereira da Silva, o deputado encalacrado nas denúncias da PF.

Pelegos como Joaquinzão tinham uma relação estreita com os patrões − usavam a condição de representantes dos trabalhadores para subir na vida, conseguir privilégios para os dirigentes. E a classe operária, é claro ficava, ou fica, na mão. Atuavam para amenizar contradições e acomodar conflitos. Resumindo: colocava freios nos trabalhadores.

O apelido é bem bolado. Para quem não sabe, pelego é um apetrecho de montaria. É aquela manta que serve para amaciar o atrito entre a sela e o cavalo. No movimento trabalhista para o patrão “montar” sem atrito no trabalhador usava-se o pelego sindical.

E a esquerda sempre esteve presente nesses amaciamentos da política sindical. O peleguismo tinha uma ajuda substancial do antigo Partido Comunista Brasileiro, o lendário Pecezão. Os comunistas fortaleciam os pelegos de forma teórica e prática, com apoio político e administrativo.

Era uma vida fácil. Além da mãozinha à esquerda, a pelegada tinha também a ajuda da ditadura militar, que combatia o sindicalismo autêntico prendendo e até matando seus líderes. A repressão política caía também sobre a base de trabalhadores desses sindicatos, aterrorizando e reprimindo a oposição interna. O sindicalismo do ABC, onde Lula deu os primeiros passos na vida política, nasceu para se contrapor aos pelegos.
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POR José Pires

Caindo na vida

Mas a história dá umas voltas que estonteiam qualquer analista. Joaquinzão morreu na miséria. No final da vida estava abandonado em um asilo. Lula está rico, milionário até, e isso levando em conta apenas sua declaração oficial de renda. Hoje como presidente da República, o ex-sindicalista nada de braçada no peleguismo, reinventado e aperfeiçoado pelo seu notório caráter ladino.

O neopeleguismo criado por Lula e seus companheiros deu tão certo que até juntou as duas centrais sindicais mais fortes, opostas pelo berço e unidas agora na divisão de privilégios concedidos pelo Estado. A CUT, nascida no ABC agora é irmã da Força Sindical, parida pelo peleguismo histórico. A Força Sindical cresceu fazendo sorteios de carros nas assembléias. Depois de passar anos condenando, a CUT copiou o método. A Força Sindical cresceu contendo os trabalhadores e se aliando ao governo, o que a CUT criticava. Hoje a CUT faz o mesmo.

A decadência moral do sindicalismo acabou sendo forçada pela ascenção ao poder do líder que teria nascido para fazer o contrário. E a queda veio embalada pelo partido mais moralista, o PT. A vestal caiu na vida. É tudo muito diferente do que dizia Lula, quando era o Lula do ABC, antes de mudar-se de sua “casinha” para morar de graça quase dez anos na casa cedida pelo empresário e compadre Roberto Teixeira. “O pelego é a omissão do movimento sindical brasileiro. O cara consegue se moldar a qualquer tipo de governo”, disse ele em março de 1978.

É sintomático que a Polícia Federal dê de encontro com as roubalheiras em investigações sobre prostituição e tráfico de mulheres − em regime de escravidão, é bom lembrar. Por ter gente de alto poder político e até econômico no meio, a corrupção no país ainda goza de uma imagem superior ao crime comum. O corrupto parece estar uma categoria acima do ladrão comum ou do traficante.

Mas isso é só aparência. São todos da mesma laia e acabam fazendo negócios juntos. Não há como isso não acontecer, pois a base da atuação de corruptos e criminosos comuns é a mesma: a busca de dinheiro fácil por meio do engodo, do suborno e da extorsão. Em último caso, apelam também para a violência. Tinham que acabar mesmo todos na prostituição.
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POR José Pires

A decomposição nacional

A relação com crime começa com a necessidade da legalização do dinheiro roubado, a chamada lavagem, e vai até a aliança com o narcotráfico e o paramilitarismo. Aliado a caciques políticos o paramilitarismo, como sabemos, já faz estragos em áreas um pouco afastadas dos grandes centros.

A corrupção contamina tudo em volta: o país apodrece de um modo tão acelerado que logo mais será até difícil encontrar uma maçã boa no engradado. Se a decomposição criada pela corrupção não for barrada logo, aqueles países que fuzilam corruptos ainda podem ser um modelo jurídico a ser copiado.

Mas do que eu falava mesmo? Ah, da capa da Veja sobre a Força Sindical. A simplicidade neste caso é uma sacada: “O lado escuro da Força”. Temos que amaldiçoar bastante essa gente, para que se acendam velas contra a escuridão.
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POR José Pires

O criador de serpentes

Paulinho Pereira da Silva, o deputado Paulinho da Força, é presidente da Força Sindical e também presidente estadual do PDT paulista. Aí está novamente a mão de Leonel Brizola.

Brizola é um resultado exemplar da política brasileira, onde nada cresce de forma coerente. Lula, com seu partido, é outra, bem pior, mas fiquemos em Brizola e no PDT. O ex-governador do Rio tem um papel na história brasileira no período anterior ao golpe militar que chega a ser heróico. Já é fato histórico que sem ele e sua luta pela legalidade em 1961, a ditadura militar seria não de 64 mas de 61.

Mesmo após sua volta ao país com a anistia política em 1979, Brizola teve papéis importantes. A luta contra a tentativa de fraude na sua eleição para o governo do Rio de Janeiro, em 1982, o famoso caso Proconsult no qual havia o envolvimento até da TV Globo, foi fundamental para a nascente democracia brasileira.

Mas depois tudo descambou. O partido de Brizola é um dos maiores criadores de porcarias políticas que já houve no Brasil. Talvez já esteja sendo ultrapassado pelo PT nisso, mas ainda exerce uma soberba influência no lamaçal. A quantidade de escândalos nos quais o partido está envolvido é muito grande. Enorme.

O que era para tornar-se um dos maiores partidos brasileiros, minguou e se corrompeu. E Brizola, que morreu em junho de 2004, pagou caro por isso ainda em vida. Sua imagem histórica se desgastou demais à frente de um partido sem nenhum programa e ainda desmoralizado pelo clientelismo. O PDT acabou sendo retalhado politicamente pelo país afora. Cedido por Brizola para caciques locais, chafurdou em lamas municipais e estaduais e, claro, também em lamas federais.

Dois anos antes de ir para o túmulo, Brizola ainda levou uma bofetada eleitoral. Perdeu vergonhosamente a eleição para o Senado pelo Rio: ficou em sexto lugar. Já seu candidato ao governo estadual terminou a eleição em terceiro lugar, com 1.141.060 votos. O eleito, com 4.101.423 votos, foi uma criação sua que depois o traiu e que ainda pode promete trazer muitos problemas para o país: Anthony Garotinho.

E o partido continua rolando pela pirambeira. Em 2006, também para o governo do Rio, o atual presidente do seu partido, o ministro do Trabalho, Antonio Carlos Luppi, ficou em sexto lugar com 125.735 votos. E o governo ficou para a mulher de Garotinho, Rosinha Mateus. Herança maldita é pouco.
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POR José Pires

Um último olhar em Brizola

Graças à uma situação casual, fui testemunha ocular de uma cena culminante da decomposição política de Brizola e seu partido. Cerca de um ano antes de sua morte eu viajava para Porto Alegre quando o avião desceu para pegar passageiros em Curitiba, no Paraná. Eu estava sentado numa poltrona na frente e fui observando as pessoas que entravam.

De repente aparece Brizola e uma comitiva. Poucos o reconheceram. O carisma fantástico do político não existia mais. Estava alquebrado não pela idade, mas talvez pela carga de maus políticos, parasitas como os que que o acompanhavam naquela viagem. Ele me pareceu cansado. Logo atrás, fazendo parte da comitiva, entrava Paulinho Pereira da Silva todo sorridente.
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POR José Pires

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Conselheiro matrimonial


Na Índia, maridos que chegam de madrugada em casa têm uma boa explicação para dar à esposa que espera irritada e com o rolo de macarrão na mão:
− Querida, eu me atrasei porque um amigo me deu carona e o elefante dele quebrou.
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POR José Pires

Tino administrativo

Não sei porque há tanto espanto com a decisão do presidente Lula em colocar o ministro de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, na coordenação do Plano Amazônia Sustentável, PAS.

Lula nada quer que aconteça em defesa do meio ambiente. A ecologia do ex-metalúrgico é a ecologia das portentosas hidrelétricas para servir aos grandes grupos do neocolonialismo exportador e do desmatamento que abre o terreno do lucro para os grandes fazendeiros. E também das grandes montadoras de automóveis e sua produção de mortes, poluição e atravancamento das cidades.

E Lula é ladino. Ora, Mangabeira Unger foi quem assessorou as duas tentativas de Leonel Brizola se eleger presidente, em 1989 e 1994. Foi ele também o mentor intelectual de Ciro Gomes em duas eleições presidenciais, em 1998 e 2002. Todas as tentativas não deram certo. Graças a Deus, como disse o próprio Ciro Gomes.

Pois então Lula está usando a esperteza. Se ele quer que algo dê errado, Mangabeira Unger é o homem certo para tocar.
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POR José Pires

Revelação verde

Era sabido que o governo Lula é um celeiro de talentos, mas a ex-ministra Marina Silva, surpreende. Sua carta de demissão, onde fala das realizações dela e do governo no meio ambiente, é uma peça de ficção. Peca pelo estilo, bastante ginasiano, mas o conteúdo é muito criativo. E quanto ao estilo, não há nada que um bom ghost writer não possa fazer.

Olha aí. Essa peça de ficção ecológica ainda pode dar um Jabuti. O prêmio, é claro.
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POR José Pires

Confusão de travestis com Ronaldo piora. Agora tem Caetano Veloso

E Caetano Veloso, o notório caronista da MPB, especialista em colar na celebridade do momento e que, sempre que tem algo pra vender na praça sai criando factóides, pegou carona na enrascada de Ronaldo, o jogador de futebol que acabou na delegacia com travestis numa história que só não é engraçada para ele.

Caetano é gênio... da publicidade. Fez de uma técnica comercial um estilo de vida. Com produto novo na praça, busca sempre um adereço para encaixar na falta de sentido das pautas jornalísticas do cardernos ditos culturais. E acaba fazendo sentido, pois acabam falando dele.

O cantor estreou um show no Rio de Janeiro, nesta quarta-feira e cantou a música “Três Travestis”, de 1977. A seguir fez um discurso defendendo Ronaldo. "Ronaldo não tem que pedir desculpa, não tem que pedir perdão. Qual é o problema? A vida é bonita e complexa, não tem que dar explicação para nós. O que aconteceu lá dentro, a parte íntima, não interessa a ninguém. Só a ele e à namorada, que eu espero que o perdoe. O futebol de Ronaldo é poesia e a poesia tem que se impor", ele disse.

Hmmm, que cara pra frente. No entanto, diante dos próprios casos Caetano não mostra tamanha desinibição. Recentemente, no rescaldo editorial que se fez sobre o Tropicalismo, a cantora Nana Caymmi afirmou que um motivo importante para o fim do movimento foi o rompimento de um caso sexual entre Caetano e Torquato Neto. Torquato se matou depois, mas não exatamente por isso.

Verdade ou mentira? O fato é que Nana Caymmi mantém a história. É que, além de ser a grande cantora que é, ela não coloca freio naquela língua criadora de tantos sons maravilhosos. Ela garante que o caso e o rompimento entre os dois "tropicalistas" aconteceu mesmo. E na época a cantora estava bem posicionada para ver o que acontecia. Apesar de não participar do Tropicalismo, ela era casada com o cantor Gilberto Gil, da liderança do movimento.

Pois é. Nana Caymmi contou o que sabe e Caetano Veloso? Ficou muito contrariado e calou sobre o assunto. Claro, ele só comenta a vida alheia.
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POR José Pires

Prestando contas

Pra não dizerem que só dou notícia ruim, lá vai. Ex-chefes paramilitares colombianos extraditados se declaram inocentes nos Estados Unidos. Oito dos catorze ex-chefes paramilitares, entre eles um maioral do terrorismo, o último chefe das Auto Defesas Unidas da Colômbia, compareceram perante um juiz e se declararam inocentes.

E algum deles deve ter dito que não viu nada, é claro.
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POR José Pires

De laranja e amarelando

Agências internacionais informaram que os paramilitares chegaram vestidos com o conhecido macacão laranja, o vestuário característico de preso norte-americano. Lá não o papel do “laranja” é esse.

Tem um detalhe na notícia que nos interessa bastante. Ver ex-líderes de organizações militares terroristas e traficantes de cocaína, gente perversa responsável por crimes que chegaram a desestabilizar politicamente a Colômbia, com roupa de preso já é bom, mas tem mais. Eles prestaram depoimento ao juiz federal Alan Kay, da Corte Federal do Distrito de Columbia, e ficarão presos até uma nova audiência. Segundo a notícia, os paramilitares chegaram à audiência “visivelmente nervosos”.

Podem falar o que quiserem dos Estados Unidos, mas um sistema jurídico que faz chefes paramilitares chegarem nervosos em um tribunal é de deixar qualquer país, principalmente um que conhecemos bem, com muita, mas muita inveja.
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POR José Pires

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Tudo nos planos

O governo já tem o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), o Plano Amazônia Sustentável (PAS) e o plano Politica de Desenvolvimento Produtivo (PDP).

Agora tem que lançar o Plano Para Fazer Andar os Planos de Governo (PPFAPG).
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POR José Pires

Ministro estadual

O novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, nomeado pelo presidente Lula para o lugar da demissionária Marina Silva, deu uma entrevista para o Bom Dia Brasil, da Globo. "O Rio de Janeiro eu conheço muito bem. O Brasil eu conheço muito mal”, disse o novo ministro do Meio Ambiente.

Para o governo Lula, começou bem.
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POR José Pires

Desvio midiático

Lula tem bons motivos para invejar a Áustria. Em Viena um homem matou os cinco membros da sua família com um machado.

Um crime como esse aqui faria a imprensa esquecer por semanas fatos menores como dossiês, desmatamento, demissão de ministra, volta da inflação, crise de alimentos, demarcação de reserva indígena, assassinato de freira, cartão corporativo, cpi, pac empacado e outros desses probleminhas menores.
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POR José Pires

O ecologista do Lula

Lula fala. Mas também ouve. Vejam o que o presidente da República ouviu do latifundiário e governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, alguns dias atrás: "Você está preocupado com a inflação de alimentos? Pois vai ver o que acontecerá se não forem suspensas as medidas tomadas pela ministra Marina".

Está aí. Descobrimos quem é o conselheiro para o meio ambiente da presidência da República.
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POR José Pires

Ô psit! Ei, você da poltrona presidencial

Uma coisa interessante na frase do especialista em meio ambiente, Blairo Maggi (especialista mesmo; onde ele chega sobra apenas meio ambiente, isso quando sobra alguma coisa), mas, voltando ao assunto, o que tem de muito interessante na frase de Maggi é o fazendeiro tratando o presidente da República por "você".

Fico aqui me perguntado se quando deu o conselho para o presidente da República (ei meu chapa! Isso, você mesmo, companheiro presidente) cutucou-lhe a barriga. Ou a intimidade talvez lhe permita, de brincadeira, passar a mão na bunda presidencial. Tapão nas costas? Croque? Vá saber...

Para um dia o Brasil chegar a ser alguma coisa que preste, tem que sair da informalidade.
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POR José Pires

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Sai Marina Silva, a meia ministra

A demissão da ministra Marina Silva é o último pontapé na bunda do ministério que entrou com Lula no governo. Sobrou alguém? Nada. Escândalos e clientelismo foram tirando um a um. Marina Silva surpreendeu: tem um aspecto frágil mas mostrou uma resistência impressionante para as humilhações que Lula inflinge aos que o cercam. Lula, para usar um jargão, digamos assim, ecológico, é mau como um picapau. E extremamente grosso na intimidade, é o que dizem. Marina Silva agüentou bem.

A saída da ministra nada significa. O ministério do Meio Ambiente, na verdade, é um meio ministério, assim como são os ministérios da Cultura e o da Tecnologia. E a posição da ministra nos meios ecológicos é péssima. É mal falada até no que seria sua base política, no Acre, entre seringalistas contemporâneos de seu aliado Chico Mendes, o líder assassinado. Sua viúva, Ilzamar Mendes, já disse que a memória do marido foi traída.

Temos um presidente beócio no assunto meio ambiente. Conhecimentos que tocam em questões essenciais até para a sobrevivência humana não interessam a Lula. Também pudera, todo mundo sabe que o presidente da República detesta questões rotineiras de administração como o estudo de documentos e a concentração na resolução dos problemas de governo.
Com tal personalidade tem mesmo que desviar desse assunto. Para se ocupar seriamente do meio ambiente, teria que se aprofundar, estudar muito, pois trata-se de um assunto complexo, principalmente na esfera do governo de um território tão estratégico do ponto de vista ecológico como o Brasil.

Para se ocupar do meio ambiente Lula teria que ler muito. Usar até os finais de semana para isso. E o que Lula quer da vida? É fácil: caipirinha logo na manhã de sábado, feijoada, o churrascão com música brega, a soneca no sofá embalado pelas bobagens do Faustão. Como é que o homem vai abandonar tudo isso para analisar o Protocolo de Kioto ou estudar as implicações sociais e ecológicas das barragens numa tarde de sábado? Nunquinha. E dá-lhe Bruno e Marroni. Ou talvez Marrone, preciso estudar melhor isso.

O governo Lula está na contramão da grandes preocupações globais. É omisso às vezes e noutras cúmplice das tragédias ecológicas criadas por aqui.

São Paulo sofre barbaridade com congestionamentos e poluição. Isso além do número enorme de mortos e causados pelo trânsito. São Paulo tem um prejuízo de R$ 33,5 bilhões por ano só por causa de congestionamentos. E o que Lula faz? Vive nas montadoras comemorando o aumento do número de carros fabricados.

Marina Silva já vai tarde. Até o “verniz” que dava ao ministério, a credibilidade a um governo fajuto na área do meio ambiente, até esse papel ela já não cumpria mais pois é uma figura desmoralizada internacionalmente.
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POR José Pires

Trombando com o meio ambiente

O governo Lula ainda vai ser bastante lembrado, no futuro, pelo estrago que faz ao meio ambiente. Cada um admira o herói que quer; e Lula tem os seus. No ano passado ele dizia que os usineiros brasileiros era heróis nacionais e mundiais.

E um governo que tem respeito e estima por usineiros só pode, na surdina, ir demolindo até a precária legislação ambiental que temos. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, por exemplo, defende fazendeiro que desmata sem licença ambiental. O que não estará fazendo nos bastidores, ele que é um especialista em desmonte dos direitos do cidadão, apesar de ser incompetente na área de exportação de carne? Talvez até instituam uma medalha (Ordem do Toco Queimado é um bom nome) para os que mais desmatam. Está aí, Lula vai gostar. É mais uma cerimônia para ele deitar falatório.

Com hoje estamos ecológicos, devo lembrar o velho ditado gaúcho: os gambás se cheiram. Uma frase dessas, a de Lula elogiando usineiros, é de quem tem espírito de capitão-do-mato. Mas nessa ele se deu mal. O elogio era para falar bem do etanol. Ele foi avisado de que a produção em massa de combustíveis alternativos à base de cana-de-açúcar fatalmente fariam o plantio tomar o lugar dos alimentos, mas lógico que não quis ouvir.

Por aqui, até fez piada com o assunto. E o resultado aí está: o etanol é o grande vilão da crise internacional de alimentos. Governantes sérios sabem que é preciso frear o comércio de veículos particulares, pois eles causam estrago não apenas no meio ambiente como também na economia. Lula quer outra receita: mais carros e mais combustível.

Nisso não deixou de ser metalúrgico. Traiu seus companheiros, se aliou aos poderosos, mas ainda bate forte a mentalidade do metalúrgico: acha que progresso é um carro novo saindo da linha de montagem. Vai ser atropelado pela história.
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POR José Pires

terça-feira, 13 de maio de 2008

Solucionática




Lula disse que vai instituir diárias no governo para “acabar com as sacanagens”.

Não seria melhor instituir a ética?
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POR José Pires

Poupança caseira

Os políticos brasileiros ainda não se acostumaram aos progressos da tecnologia. Isso a gente já sabia. Vê-se que boa parte deles só usa o cartão de crédito quando é o corporativo, ou seja, só debitam na conta do povo. E mesmo com o cartão corporativo, eles têm a estranha mania de sacar uma dinheirama na boca do caixa.

Político também gosta de guardar dinheiro em casa. Quando acontece alguma coisa, um roubo ou mesmo uma batida da Polícia Federal, sabe-se sempre que foram levados ou encontrados muito dinheiro em espécie. Até me lembro da filha do ex-presidente José Sarney, a Roseana, quando ela pensava em ser presidente da República em 2002. Na época a Polícia Federal encontrou R$ 1,5 milhão em dinheiro vivo nas gavetas do escritório dela e do marido Jorge Murad.

Podia ser embaixo do colchão também. Mas foi em gavetas. Esse tradicionalismo financeiro acabou custando caro para Roseana Sarney. Foi-se a chance da presidência da República.

Mas agora estamos vendo que essa mania, ou talvez apreço, de ter nas mãos dinheiro vivo, está tomando conta também do sindicalismo. A mulher do deputado e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, comprou uma casa de praia em Bertioga, litoral de São Paulo, por R$ 220 mil. Pagou à vista.

Até aí, tudo bem. Qualquer metalúrgico compra um imóvel de 220 mil reais. Lula é um bom exemplo: tem um apartamento de cobertura em um edifício onde cada apartamento em 2006 não custava menos de 250 mil reais. E ele deve ter comprado a cobertura, a única do prédio, ecpnomizando do seu salário de metalúrgico aposentado.

Mas acontece que a mulher de Paulinho da Força, o deputado que está sendo acusado de participar da quadrilha que desviava recursos do BNDES, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, pagou uma parte substancial em dinheiro. 160 reais foi em cheque e 60 mil em dinheiro.

Pensem bem: 60 mil reais guardadinhos em casa, talvez até debaixo do colchão, pois a reportagem não informa onde o casal depositava a bufunfa. E pode estar aí a explicação para o talento financeiro dos ex-sindicalistas brasileiros, uma nova classe que exala prosperidade em suas coberturas e casas de praia. O negócio é esquecer isso de cheque e cartão de crédito. O salário rende mesmo é debaixo de um colchão.
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POR José Pires

Rango top secret

A presidência comprou 595 marmitas e o mesmo número de refrigerante durante uma viagem do presidente Lula ao Pará em fevereiro de 2004. A descoberta foi da Folha de S. Paulo. A compra foi classificada como “sigilosa” e faz sentido. Basta dar uma analisada nos números da viagem. Mostram que deve existir uma boa razão para a existência dessas marmitas secretas.

Lula tinha 40 auxiliares de apoio e todos chegaram ao Pará depois do almoço. Poderia até mesmo estar na comitiva algum companheiro esfomeado, um ex-peão talvez, que tenha matado duas marmitas. Mas, mesmo supondo a presença de uma dúzia de comilões e que todos tenham traçado ao menos uma marmita vai ter muita marmita sobrando.

A gente sabia que Lula não desce do palanque nunca. Ele faz comícios o tempo todo. Mas será que andam distribuindo marmitas também?
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POR José Pires

segunda-feira, 12 de maio de 2008

O presidente Hugo Chávez está fulo da vida de novo com o presidente colombiano Álvaro Uribe. Ontem ele voltou a xingar Uribe em seu programa de televisão. Embusteiro, caluniador, mentiroso, assassino, esses foram alguns dos adjetivos que Chávez usou. Ele também chamou Uribe de “narcoparamilitar”.

Chávez está bravo por causa da divulgação de novos documentos que teriam sido encontrados no computador do líder guerrilheiro Raúl Reyes, morto por um ataque colombiano em território equatoriano no início de março. Os documentos comprovariam que Chávez armou e financiou a guerrilha das FARC.

Voltam à cena, portanto, os famosos papel de Raúl Reyes, o líder guerrilheiro que arquivava segredos em seu laptop. Desta vez surge a revelação de que Chávez aprovou pessoalmente uma ajuda de 300 milhões para a guerrilha comunista. Além disso deu ajuda para que a guerrilha recebesse armamento comprado de traficantes australianos. Para isso, Chávez teria criado uma coordenação entre a guerrilha e o exército venezuelano.

Essas novas denúncias foram publicadas em primeira mão pelo jornal espanhol El País na semana passada. Hoje o jornal traz também uma boa matéria sobre as relações da guerrilha com o narcotráfico, no que eles chamam, apropriadamente, da mudança de práxis de um movimento armado que sob a bandeira do marxismo-leninismo na verdade atua como um cartel do narcotráfico.

O esperneio televisivo de Chávez ontem mostra que ele já espera por mais más-notícias esta semana. A Interpol promete para esta quinta-feira a divulgação de sua avaliação sobre a autenticidade dos documentos publicados por El País. Por isso, além de xingar Uribe, o presidente venezuelano disse que a Interpol “prepara um show”.

O clima de conspiração que Chávez tenta criar é para tentar amenizar os efeitos de algo que talvez ele já saiba: que os documentos são autênticos. Portanto, agora é só esperar até quinta-feira, nós e o Chávez. Vai haver mesmo um belo show neste dia e não será da Interpol. Se os documentos forem validados pela polícia internacional é Hugo Chávez quem será a estrela do dia. E por falta de palco é que ele não pode se queixar. No dia seguinte começa a cúpula América Latina-Europa.
Para ver vários vídeos em que Chávez xinga Uribe, clique aqui. E para ler a matéria de hoje do El País sobre a transformação das FARC em uma máfia, clique aqui.
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POR José Pires

Fazendo o serviço certo

José Aparecido Nunes Pires, o funcionário da Casa Civil que vazou o dossiê com os gastos de FHC é um dos 19 integrantes do Conselho da Transparência Pública e Combate à Corrupção da CGU (Controladoria Geral da União).

Foi nomeado pelo presidente Lula em 18 de outubro de 2004. Nunes Pires até participou de reuniões do conselho que discutiram anteprojeto de lei sobre acesso a informações.

Bem, pelo menos ele tem uma boa justificativa para ter vazado o dossiê. Não é pra ser transparente? Então toma o dossiê, meu povo.
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POR José Pires

Fazendo o povo de bobo

E Lula continua falando. Vejam o que ele disse a um amigo que, depois, repassou para a imprensa: “Dossiê? Dossiê? Dossiê é um nome bonito. Mas o povo não sabe o que é dossiê”.

Isso mesmo. Esse é o operário esperto que alcançou a presidência da República com um discurso público escorado na ética, mas que, nos bastidores, antes mesmo de assumir a presidência, correu para a embaixada americana para garantir sua submissão aos interesses norte-americanos e ainda disse para a embaixadora que iria dar uma maneirada em seus aliados da América do Sul.

Trabalhar a ignorância das classes mais baixas é uma coisa velha, não foi o Lula quem inventou. Mas dessa herança maldita ele gosta muito.
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POR José Pires

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Números à sangue frio

Com a absolvição de Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado como mandante do assassinato da missionária Dorothy Stang no Pará, surgem estatísticas que revelam bem o Brasil real, aquele que nunca está sob o nariz empinado do presidente Lula.

O chato para a mídia é que se o fazendeiro não fosse absolvido ninguém iria atrás desses dados. É muito sensacinalismo e pouco aprofundamento na realidade brasileira.

Acho que seria preciso que Dorothy Stang tivesse sido atirada de uma janela pelo pai para o Brasil prestar atenção neste caso escabroso e com implicações sociais gravíssimas. Aliás, também fez falta no julgamento uma multidão para exigir justiça, mas isso dá para entender: incitada pela mídia, a turba estava ocupada em acuar um casal suspeito de um crime banal.

Mas vamos às estatísticas do Brasil que Lula só vê de cima, de aerolula. São números levantados pela Comissão pastoral da Terra, a CPT, no Pará, onde a missionária foi morta.

De 1971 a 2007 houve 819 mortes em razão de disputas por terra no
estado. Apenas 92 casos resultaram em processos.

Houve 22 julgamentos pelo Tribunal do Júri, com apenas seis mandantes condenados. Mas, nenhum deles está preso.

Dos seis condenados, um está foragido, um morreu por causas naturais, um foi perdoado pela Justiça e dois aguardam novo julgamento em liberdade.
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POR José Pires

Cadê o mulherio?

É estranho a placidez da bancada feminina petista no Congresso Nacional. Foi uma gritaria danada quando o senador Mão Santa (PI), disse que a ministra-chefe do Gabinete Civil, Dilma Rousseff, é uma "galinha cacarejante". Era só uma figura de linguagem pois o senador, figura fina, é dado à essas brincadeiras com a língua. A portuguesa, é claro.
E durante todo este processo que envolve a morte da missionária as senhoras sequer ensairam algum protesto coletivo. No Congresso Nacional, a indignação não é um sentimento genuíno. É apenas moeda de troca.
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POR José Pires

Lá vem ele de novo

Lula fala, a gente tem que ouvir. Fazer o quê: o cara é presidente. Mas dessa vez a gente responde.

Lula falou em tom de pergunta. "Quem, um dia, ousou dizer que os nossos índios faziam o país correr o risco de perder a sua soberania, porque eles estão em lugares, muitos deles, fronteiriços com o Brasil?"

Ora, foi o general Augusto Heleno, comandante militar da Amazônia. Ele afirmou que a demarcação contínua de terras indígenas na fronteira é uma ameaça à soberania e ainda disse que a defesa disso é coisa da “esquerda escocesa”. Lula defende a demarcação. O presidente já garantiu , inclusive para o governo norte-americano em conversas às escondidas, que não é de esquerda, mas “escocês” eu duvido que ele não seja.

Pois o general Heleno cometeu um gesto de clara insubordinação e não voltou atrás. Continua no cargo, pensando e dizendo a mesma coisa.
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POR José Pires

Dormindo (de novo!) com o inimigo

A deputada Luiza Erundina (PSB) disse que aceita ser vice na chapa da candidata do PT, Marta Suplicy. Isso prova algo muito importante, independente do que venha a acontecer − e penso que Erundina sairá apenas queimada, pois sua presença na chapa do PT não deve acontecer e, caso isso ocorra, como vice ela nada acrescenta em números eleitorais na disputa pela prefeitura de São Paulo.

Mas o que prova o gesto de Luiz Erundina? Bem, com tudo de mal que o PT e principalmente os asseclas de Marta Suplicy fez para ela nesses anos todos, Erundina vem provar que a política é uma arte.

A arte de ser sem-vergonha.
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POR José Pires

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Em causa própria

Maluf faz. Ontem o deputado federal teve aprovado projeto de lei que pune promotores e procuradores que entrarem com ações na Justiça por má-fé, manifesta intenção de promoção pessoal ou visando perseguição política.

A pena prevista é de seis a dez meses de detenção, além de pagamento de indenização à pessoa que for alvo do processo. Outra punição prevista é o pagamento de multa em valor dez vezes superior às custas processuais.

Maluf, até as ratazanas dos esgotos de São Paulo sabem, responde a dezenas de ações na Justiça.

Mas, para entrar em vigor, o projeto precisa passar pelo Senado. Então é torcer para que haja bom senso por lá. Se emplacar uma lei dessas, o próximo projeto de Maluf pode ser o de abolir a Justiça.
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POR José Pires

É o homem

Colhi informações de cocheira − ou de pocilga, para que fique mais exato − junto a fontes petistas e fiquei sabendo que o PT fechou questão: quando alguma autoridade do governo Lula que esteja encalacrada em algum escândalo for prestar depoimento no Senado a primeira pergunta fica para o senador José Agripino, do DEM.
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POR José Pires

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Lambendo a sola dos gringos

Fico pensando como é que os petistas se sentem com os documentos revelados pelo jornal Valor Econômico sobre as relações especiais do governo Lula com o governo dos Estados Unidos. Ainda existe petista militante honesto, daquele que respeita a história do partido, aquela antes de ganhar o poder? Honestamente, deve ser uma vida difícil, hein?

O Valor publicou reportagens sobre o assunto ontem e hoje. Também na edição de hoje a Folha de S. Paulo escreve sobre o assunto buscando a opinião de fontes do governo sobre os documentos. O Valor, que fez este belo furo de reportagem, hoje também ouve algumas pessoas envolvidas. E nos próximos dias vamos ver muito papudo lutando para encontrar justificativas para bravatas ditas para autoridades norte-americanas em conversas que pareciam reservadas.

Os documentos foram liberados a pedido do jornal, que apresentou ao Departamento de Estado requerimentos amparados na Lei de Liberdade de Informação. E é enojador o retrato do governo Lula que emerge dos papéis. O governo petista chegou a discutir com integrantes do governo George W. Bush o papel do Brasil na “contenção” de governos locais como Bolívia e Venezuela.

A desfaçatez de Lula e de todos em seu partido e no governo é tanta que mesmo a vassalagem comprovada pelos documentos não é uma surpresa. Seria tolice esperar atitudes altruísticas de gente sem-vergonha. E ademais, desde que foi eleito Lula nada mais faz que aplicar a velha cartilha de submissão aos interesses norte-americanos que todo governo antes dele usou.

O que estes documento trazem de novidade é a oficialização da sabujice de Lula, comportamento que era encoberto pela retórica e a propaganda. Lula, inclusive, foi lamber a sola dos gringos antes de chegar ao poder. Ainda durante a campanha eleitoral ele já levava para a então embaixadora dos Estados Unidos, Donna Hrinak, as garantias da sua submissão futura. Numa conversa , das quatro que teve com ela, Lula ainda teve a indignidade de confessar para um representante estrangeiro que mentia para os brasileiros. A embaixadora Hrinak ouviu dele que o Banco Central teria mais autonomia em seu governo do que ele admitia em público. Em relato ao Departamento de Estado norte-americano, a embaixadora informa também que em conversa com ela "Lula salientou repetidamente que queria trabalhar com os Estados Unidos, em geral e na Alca".

Mas o presidente-capacho não ficou só nisso. Foi levar também sua submissão ao chefe da embaixadora. Três semanas antes de sua posse, Lula foi recebido pelo presidente George W. Bush. Este gostou tanto da conversa com o presidente eleito que fez até piada: disse em tom de brincadeira que o plano de Lula para a economia era tão sensato que parecia uma “boa política republicana".

Os documentos mostram ainda o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, fazendo o papel de moleque-de-recados do governo norte-americano. Em 2005 ele falou com o presidente venezuelano Hugo Chávez em Caracas e voltou correndo ao Brasil para contar para a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, o que ouvira.

Dirceu também disse para Condoleezza que havia aconselhado o líder venezuelano a se moderar. E sobre Evo Morales, que lançava sua candidatura presidencial, o então ministro − o “capitão” do governo, como gostava de dizer Lula − garantiu à secretária que o Brasil tinha a situação “sob controle”. A prova da sabujice de Dirceu está em informes oficiais que fazem parte do conjunto de documentos aos quais o jornal teve acesso. O encontro com a secretária foi em março. Três meses após Dirceu caía do ministério, para logo ser cassado por falta de decoro parlamentar.

Os documentos mostram que o governo brasileiro buscou uma relação privilegiada com os norte-americanos oferecendo em troca a promessa de atuar como um parceiro confiável na América Latina, servindo até como amaciador de governos daqui. Talvez também como quintas-colunas, traidores que buscam informações para o inimigo sem que os parceiros saibam? É o que parece pelos documentos revelados pelo jornal. Mas levando em conta que deve ter havido muita conversa sem a devida documentação, a traição pode ser muito maior.

O que se vê é que a diplomacia de Lula baseia-se em se fazer de independente mas, nos bastidores, oferecer os préstimos para o país mais poderoso do mundo. Segundo o Valor, papéis examinados pelo jornal comprovam que o próprio Lula deixou claro que seu governo seria um parceiro confiável e ajudaria os Estados Unidos a manter a “estabilidade” na América Latina. Foi o que ele disse em conversa que teve em junho de 2004 com o então secretário do Tesouro dos EUA John Snow, em Nova York. Na conversa com o secretário, Lula até pediu uma ajuda para o Equador que estaria, segundo ele, com o governo “acossado” pela oposição. O auxílio seria na forma de “tratamento especial” do FMI.

A revelação oficial do comportamento submisso do governo Lula derruba uma das mentiras mais trabalhadas pela propaganda oficial: a de que Lula desenvolve uma diplomacia independente para o País. É uma paulada terrível na imagem de quem tenta se colocar no plano internacional como governante ousado e defensor de uma pauta de maior igualdade nas relações entre os países. A notícia com certeza já correu o mundo, especialmente na área da diplomacia. O que é certeza também é que a confiabilidade do governo caiu na sarjeta, especialmente para os parceiros da América Latina. O que se fala em confiança com o governo brasileiro pode acabar em ouvidos poderosos.

Mas tem muito mais para saber. Para ler as reportagens do Valor vá aos nossos arquivos. Clique aqui para ler a reportagem de hoje e aqui para ler a de ontem. A da Folha de S. Paulo está aqui. Mas aconselho muito cuidado para aqueles aqueles que ainda guardam um resquício de confiança neste governo. Não vá cortar os pulsos em meu blog...
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POR José Pires

terça-feira, 6 de maio de 2008

Porque o PAC está empacado

Finalmente a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff deu uma explicação para o fato do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, estar travado. O programa não anda, disse a ministra, por causa dos governos anteriores ao de Lula. Pensam que é brincadeira? Vejam o que ela falou: “O que é que trava o PAC? É a qualidade dos projetos que nós herdamos. Nós não herdamos (projetos) nem na área de energia, nem de logística, isso vale para rodovia, ferrovia, aeroportos. Tivemos que fazer projetos e com alguns que tentamos recuperar tivemos problemas no TCU (tribunal de Contas da União)".

Isso foi dito em uma sabatina feita por empresários e jornalistas do grupo de comunicação RBS. É o de sempre: os fracassos do governo Lula são sempre culpa de quem veio antes. Os sucessos não. Esses são de lavra exclusiva.

Então governos anteriores não colaboraram para o PAC de Lula. Mas será que ninguém deu uma forcinha antes? Alguém devia ter perguntado à ministra se ao menos a abertura dos portos por D. João VI em 1808 não ajudou em alguma coisa.
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POR José Pires

Reescrevendo a história nacional

Mas a ministra Dilma Roussef tem algo parecido com Lula. Fala o que convém para fortalecer sua tese de momento. Ela que se cuide para não se ver um dia desses elogiando o ex-deputado Severino Cavalcanti.

Na mesma sabatina a ministra criticou o uso de força contra os movimentos sociais. Até aí tudo bem, mas o problema é a justificativa que usou. Ela disse que isso seria “incompatível com a tradição democrática do País”.

Por aí vocês vêem que a ministra não tem muito apreço pela coerência. Se é para falar em tradição, ela está tinindo na tradição petista de reescrever a história nacional em proveito próprio.

Se é para justificar os problemas do PAC o passado é condenável, mas para alisar o MST ela até inventa para o Brasil uma inacreditável “tradição democrática”.

Para um país que nos cinqüenta anos esteve muito tempo sob a ameaça de golpes militares, viveu quase trinta anos sob ditaduras e até hoje não enquadrou de vez seus militares nas normas da democracia, acredito que a ministra ajudaria muito mais os movimentos sociais avisando-os para não contar muito com a democracia como um valor tradicional.
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POR José Pires

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Atendimento ao consumidor

Lula fala, a gente ouve. Fazer o quê? Afinal, o cara é presidente da República. Em seu programa de rádio ele disse que a gasolina não pode subir de preço. E pediu à população que denuncie os postos que aumentarem os preços da gasolina.

Ele não explicou onde os cidadãos devem fazer as denúncias, mas nem precisa, a gente já sabe. Caso o consumidor fique invocado com algum posto de gasolina, é só pegar o telefone e ligar para o Bush. E diga que foi o Lula que mandou denunciar.

Caso o Bush não possa atender, ligue para a ONU. Mas não esqueça de anotar o endereço do posto para onde eles devem mandar as tropas.
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POR José Pires

Esporte espetacular

Pena que até a polícia esteja querendo avançar nas investigações do caso do jogador Ronaldo e os travestis. A reconstituição do crime seria um sucesso de audiência.
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POR José Pires

Errando a bola

E com tanta grana rolando no futebol não dá para contratar um assessor para ajudar a diferenciar uma mulher de um travesti? Não é uma tarefa fácil, mas o mundo desportivo há de se arranjar para auxiliar seus atletas em tarefa tão complexa. É fundamental que haja um esforço conjunto para evitar que heróis nacionais sejam colocados em situações em que, cá pra nós, qualquer um amarelaria.
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POR José Pires

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Caramujo africano já é afrobrasileiro


Há pelo menos uma década ouço falar do caramujo africano. Agora dizem os jornais que eles estão atacando todo o interior paulista. Na verdade já tomaram conta do sudeste do Brasil. Isso dá para ver. E a espécie já está presente em 23 dos 26 estados brasileiros, além de ter sido detectada também no Distrito Federal. De africano, o bicho passou a afrobrasileiro.

É um dos muitos problemas nacionais que nasceram da esperteza do brasileiro. Foram trazidos sem nenhum controle ao Brasil para servir como alimento e não deu certo. Então os espertos jogaram os bichinhos fora e eles agora são um grave problema ecológico, atacando plantações e reservas ambientais.

E eles comem bastante, um motivo, aliás, para que os criadores abandonassem a idéia de fazer fortuna fácil com eles. Pesquisadores dizem que a espécie foi introduzida no Brasil em uma feira agropecuária que aconteceu na década de 80, no Paraná. É um molusco enorme e com uma concha bonita, já vi muitos deles do tamanho de um mouse desse que você tem ao seu lado, mas isso se o seu mouse for um daqueles antigos, bem grandes. Isso deve ter levado muita gente a pensar em ficar rico como um fazendeiro apenas criando em casa um caramujo que dá quase um bife.

O bicho não tem predador natural e não existe veneno que o mate sem prejudicar seres humanos ou as plantas. Além disso, sua capacidade de reprodução é fantástica: pesquisadores registraram em junho de 2002 a presença do caramujo em oito municípios do Rio de Janeiro; cinco meses mais tarde já eram 16 municípios. Em junho de 2006, havia registros em 57 dos 92 municípios do Rio.

Outro problema é que o caramujo também pode transmitir doenças. Ele se contamina pela urina do rato e pode transmitir doenças do intestino. Segundo o que li, já foi descoberto neles um parasita que pode provocar a meningite.

E essa ameaça está aí se reproduzindo e tomando conta do Brasil. E o brasileiro só vai prestar atenção quando os prejuízos forem muito altos ou quando começar a morrer gente contaminada.

E por que não se faz nada antes que aconteça algo pior? Ora, a resposta é simples: a administração pública brasileira é mais lenta do que o caramujo.
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POR José Pires

Estatísticas

Deu no jornal O Globo: um em cinco pobres chega ao ensino médio.

E um em milhões de pobres chega à presidência da República. E fica se gabando de não ter estudado.
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POR José Pires

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Moeda fortíssima

Lula falou, a gente ouve. Afinal, o companheiro é presidente da República. Vejam o que ele disse: “Apesar da crise da economia mundial, é importante destacar que não é o dólar que está fraco, é o real que está forte, que está se valorizando frente a todas as moedas do mundo”.

É verdade. E parece também que falharam os prognósticos de que o euro tomaria o lugar do dólar como referência da economia mundial. A referência deve ser o real.
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POR José Pires