sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Tudo dominado

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Apressadinhos

Nem bem o carnaval se foi e o PT já escolheu o vice da chapa de Dilma Roussef. O partido quer que seja o presidente da Câmara, Michel Temer, do PMDB de São Paulo.

O pessoal está com pressa. Nessa levada, acho que até setembro deste ano a Dilma já assume a presidência da República.
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POR José Pires

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Olha o pé-frio aí, gente!

O Salgueiro é o campeão do Carnaval 2009 do Rio de Janeiro. A Vila Isabel acabou em segundo lugar, ficando atrás por apenas um ponto.

Yo no creo en las brujas pero... o presidente Lula estava lá. E torcendo pela Beija-Flor. E o intéprete oficial da escola ainda cometeu a imprudência de juntar as energias da escola com as de Lula, quando passou no camarote onde estava o petista e trocou o tradicional grito de guerra da escola por "Olha o presidente Lula aí, gente!" Só o Coríntians fez algo semelhante e sofreu barbaridade depois. O time foi ao Palácio do Planalto fazer graça com o Lula e ainda deixaram ele pegar na taça de campeão de 2005. Pra que! Logo o time entrou em uma das piores crises de sua história e ainda caiu para a segunda divisão.

A pontuação das duas escolas — 399 para o Salgueiro, 398 para a Beija-Flor — mostra que havia completo equilíbrio na capacidade técnica das duas. O que pesou contra a Beija-Flor só pode ter sido mesmo algum fator extra-carnavalesco. Azar, talvez.

Bem, segundo lugar no carnaval é quase nada. A escola campeão é que vale. Alguém aí se lembra do segundo lugar do Carnaval do Rio no ano passado? Pois é, ninguém sabe. Mas o nome da campeã não sai da memória: foi a Beija-Flor. Aliás, foi bicampeã naquele ano. Pode até ser apenas coincidência, mas o fato é que Lula não estava lá.
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POR José Pires

Uma notícia boa, outra ruim

Primeiro a ruim: a crise econômica não é marolinha e, como o Lula disse, nós vamos sífu. Agora a boa: o Lula já está distribuindo camisinhas.
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POR José Pires

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Antes sem calcinha, agora com camisinha

Agenda do presidente Lula para hoje. É oficial: "O presidente Luiz Inácio Lula da Silva passa a terça-feira (24 de fevereiro) em Brasília/DF, sem compromissos oficiais".

Lula passou o carnaval no Rio de Janeiro em um camarote na Sapucaí. De domingo para segunda-feira ficou oito horas na maior animação: às quatro da manhã estava atirando camisinhas para o público. Isso mesmo, distribuia preservativos. O Brasil é mesmo incoerente em tudo. Por muito menos e numa situação sobre a qual ele não tinha responsabilidade direta, o presidente Itamar Franco aguenta até hoje a imprensa pegando em seu pé por causa da moça sem calcinha que posou a seu lado no carnaval de 1994. Como vocês podem ver ao lado, na época a revista Veja até deu capa.

Não sei o que pretendem com um presidente da República atirando camisinhas para o povo em plena Sapucaí, no meio da festa nacional que mais chama a atenção do mundo. Será alguma campanha para estimular o turismo sexual? Parece. Mas é certo que o efeito para a imagem do Brasil no exterior pode até ser bem pior.

E em um momento grave como esse, de crise mundial, um pouco de resguardo com certeza poderia ser bem melhor para estimular o brasileiro a enfrentar o que vem por aí, porque o previsão é de tempos que não estão para folia. E, tirando o Berlusconi, da Itália, tem algum outro chefe de governo festando por aí?

Mas Lula agüenta ficar quieto em um canto trabalhando? É claro que ele não podia perder o primeiro carnaval da crise. O carnaval da marolinha. Não foi permitida a entrada da imprensa no camarote, mas dá para ver pelas fotos que o presidente inzoneiro estava animado. Mais do que o Itamar Franco na capa da revista. Lula trazia até aquele inchaço na cara que já levou um compungido Brizola a lhe dar conselhos.

Lula pode tudo? Parece que sim. Até jogar camisinha para o povo. Ou se congraçar com a contravenção. O presidente é Beija-Flor roxo e amigo do peito de Neguinho, intérprete do samba-enredo da escola. Em frente ao camarote onde estava Lula o sambista trocou o tradicional grito de guerra "Olha a Beija-Flor aí, gente!" pela frase "Olha o presidente Lula aí, gente!" Bem, sem comentários. Nem sobre a responsabilidade de Neguinho grudando sua escola desse modo às energias de Lula que, bem, toda torcida corintiana sabe que, toc toc toc...

Quem deve ter gostado da parceria foi o Aniz Abraão David, contraventor e patrono da escola. Ele já foi preso quatro vezes pela Polícia Federal por suspeita de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilítico.

Quando não custaria para Aniz Abraão David agregar sua imagem a de um presidente da República? Lula recebeu só o kit completo da Beija-Flor, com um jogo de camisas e brindes com a marca da escola, enviado pelo deputado federal Simão Sessim, primo de Anísio.

E hoje o presidente está sem "compromissos oficiais". A crise fica para amanhã. Ou para a próxima segunda-feira já que se foi metade da semana e ninguém é de ferro. E é oficial: hoje a ressaca em Brasília é braba.
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POR José Pires

Blogs d'além mar

Seria mesmo de muito bom proveito para os brasileiros uma real integração com os demais países de língua portuguesa. É claro que isso não será obtido por uma reforma ortográfica chinfrim. Isso nada vale, a não ser para criar terreno para a demagogia e o tilintar da caixa registradora de editoras. E para torrar a paciência de quem não passa o dia fazendo política, mas de fato usa a língua portuguesa.

Essa integração também nada tem a ver com almas e nem destino. Menos, menos... e menos romantismo também. Entre nações, relações baseadas em mútuo interesse já está muito bom.

Ah, puxa vida, nada daquela besteira que escreveram para o presidente Lula ler em discurso feito quando ele botou o jamegão no acordo ortográfico. Vamos ler de novo? Lá vai: “Quero destacar o imprescindível resgate dos nossos laços substantivos com a África, em particular com a África de língua portuguesa, que para nós representa mais, muito mais do que uma prioridade geopolítica. Diz respeito à nossa alma, à nossa identidade como nação multiétnica e multicultural, ao próprio destino da civilização brasileira”.

Deve ter sido um espanto para o Lula essas palavras saindo da sua boca. E depois, nossa, quanta emoção. Fico imaginando o Supremo Apedeuta de vez em quando virando-se para um assessor e comentando embevecido: “Como é mesmo aquele negócio bonito que eu falei quando mexemos na língua?”

Claro que a relação com os países de língua portuguesa é importante, mas não falemos em destino, não precisa, pois aí teríamos primeiro que ensinar inglês para a molecada. Claro, depois, de ensinar o nosso português.

Isso sem querer dizer que Portugal não tenha nada a oferecer para a gente. Tem e muito. Já pegamos bastante deles, ainda há muito para aproveitar. Mas se existe algum problema de entendimento, não é devido a uma consoante muda ou um trema. A não ser, claro, que a pessoa tenha azia com a leitura ou prefira encarar uma esteira de ginástica a abrir um livro.

Na internet, por exemplo, que permite uma comunicação eficiente e de longe — sem esse negócio de alma, ó pá! —, Portugal tem hoje um material de altíssima qualidade, principalmente em blogs pessoais, produção que evidentemente nasce de uma sólida formação cultural daquela gente. N'além mar estão fazendo ótimos blogs. No aspecto do estilo, da boa escrita e da escolha de assuntos realmente pertinentes eles por enquanto estão à frente dos brasileiros. E não sei a explicação, mas os sites jornalísticos deles não são lá essa coisa. Já os blogs, talvez porque não se fechem no em compromissos coemrciais e corporativos, são de ótima qualidade.

Mas um dia nós chegamos lá. Mas nada de romantismo de discurso, por favor. Do jeito que estamos, é bom encarar sem pudor nossos defeitos e consertar um por um. E estamos bem atrasados. Neste aspecto, o português José Almada Negreiros foi bem rigoroso como seus patrícios na primeira metade do século passado. Ele disse: “O povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem portugueses, só vos faltam as qualidades.” É um conselho duro. Mas não deixa de ser um bom começo.
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POR José Pires

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Agora vai

No domingo o jornal O Globo publicou uma reportagem revelando que pelo menos 300 oficiais e praças da Polícia Militar fazem a segurança privada do carnaval do Rio contratados pela Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) por meio de uma empresa terceirizada. 60 desses PMs são oficiais com patentes que vão de tenente a coronel. O coordenador de segurança da Liesa é um coronel da reserva da PM.

Com a publicação da matéria de O Globo a Subsecretaria de Inteligência e o Serviço Reservado da PM decidiram abrir investigação conjunta para apurar o caso. O secretário de Segurança, José Mariano Beltrano, ficou até indignado ao ser informado pelo jornal de que os PM estão fazendo esse tipo de coisa.

Bem, isso não deixa de ser um bom sinal. Pelo menos ficamos sabendo que na Secretária de Segurança do Rio de Janeiro o pessoal lê os jornais.
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POR José Pires

Antes tarde...

Para certas coisas na vida o lugar comum basta como síntese do material analisado. Para entender um tucano, por exemplo. Com este ser político, o jargão “antes tarde do que nunca”, é sempre adequado, apesar de que a experiência também demonstra que assim como pode chegar à uma conclusão óbvia bastante tarde, o tucano também tem o hábito de manter a descoberta no terreno da teoria, com a sua aplicação prática impedida pelos compromissos e tratos corriqueiros do cotidiano da política e os interesses circunstanciais mantidos até com adversários. Então, além de chegar tarde o esclarecedor insight fica também paralisado no nunca.

A compreensão repentina que bateu na cachola do senador Sérgio Guerra, presidente do PSDB, é um desses casos. “O que nós precisamos é aprender a fazer oposição. Temos sido um fracasso neste quesito”, ele disse aos jornais nesta semana de carnaval. Mas que ninguém se anime, o senador e seus correligionários podem esquecer tudo na quarta-feira. Coisas do carnaval.

É já é bem tarde para a descoberta. O governo do PT já avança no terceiro ano do segundo mandato. E o fracasso do PSDB como oposição só é comparável ao sucesso que Lula teve em se apossar de quase tudo que o Fernando Henrique Cardoso deixou praticamente pronto ao deixar o governo. E era tão simples. Bastava fazer a troca, se apropriando da habilidade petista de fazer oposição.

Mas esperemos. Já é louvável que os tucanos parecem estejam acordando para mais esse fracasso. Já aprenderam que mesmo quando ferido o inimigo não sangra por conta própria. Antes tarde do que nunca. Mas agora tem que tirar as penas do rabo e usar nas flechas.

O problema é que o tempo é curto . E a situação atual não é estimula nenhum otimismo, levando em conta que a menos de dois anos da eleição o partido tem dois candidatos à presidente da República e ao mesmo tempo nenhum, enquanto a candidata do governo já faz campanha com um palanque solidamente estruturado em verbas federais e uma bolsa família na qual tem até o batom.

Ou os tucanos tem que correr — ou voar, o que é até melhor — e começar logo a fazer oposição. Se é que sabem. Mas, de qualquer modo, caso o tempo seja curto, depois das eleições do ano que vem eles terão bastante tempo para aprender.
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POR José Pires

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

E de novo o Brasil passa vergonha

E o caso Paula Oliveira terminou de um modo muito ruim para o Brasil. A advogada confessou à polícia que mentiu sobre a agressão que disse ter sofrido de três skinheads neonazistas próximo de Zurique, na Suiça, quando eles teriam feito cortes em seu corpo, marcando em sua pele a sigla do partido suíço de direita, o SVP, atualmente no governo.

O que vimos é que o problema estava bem encaminhado pela polícia suíça até a imprensa brasileira e governo Lula entrarem no meio. Poderia ter acabado de forma razoável também para a moça, que não estaria agora no centro de um imbróglio internacional e com a vida bem complicada. Na Suiça ela não pode ficar mais. Aqui no Brasil terá bastante complicações no cotidiano.

Já historiei o caso aqui no blog, desde o momento em que o jornalista Ricardo Noblat deu a notícia em primeira mão. A publicação da notícia no blog do Noblat resultou no efeito manada que costuma acometer nossa imprensa, especialmente em casos passionais. Blogs, sites e jornais se meteram em estranhas teorias sobre a perseguição a brasileiros no exterior e na dicussão de uma suposta xenofobia suíça, quando o que havia era evidentemente um caso obscuro que exigia o maior cuidado.

Para notar que havia algo pelo menos suspeito na versão contada pela moça, bastava prestar um pouco mais de atenção à foto que mostra as marcas no corpo dela — foto distribuída pela própria vítima, é bom lembrar. Teve gente, como o jornalista Reinaldo Azevedo, que desde o início apontou a superficialidade e também a regularidade dos cortes na pele, algo difícil de acontecer em uma agressão como a relatada.

Mas a imprensa preferiu compor uma manada. E manada costuma chegar é no abismo.
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POR José Pires

Até Lula tirou casquinha

E o governo Lula também entrou na história da mesma forma atabalhoada de sempre. Tudo é política para essa gente. Pois se tudo tem que ser tocado como se fosse um palanque eleitoral, por que não colocar o Itamaraty nesse ritmo? Apenas algumas horas depois do problema ser noticiado, Lula já dava sua opinião e fazia discurso sobre xenofobia. Antes, o ministério das Relações Exteriores, havia ameaçado levar o caso à ONU.

Qual caso? Não havia caso algum. Até então o que existia era só a nota dada pelo Noblat e a enxurrada de notícias em blogs e sites jornalísticos que vieram no embalo, todos apresentando informações muito superficiais.

O Brasil já tem problemas suficientes com sua imagem na Europa devido ao caso Battisti. Mesmo que não fosse por algo simples como o bom senso que deve reger a atividade diplomática, pelo menos esta situação deveria ter levado o governo brasileiro a buscar melhores informações antes de emitir qualquer opinião, ainda mais com tanta agressividade. Mas alguma lógica ainda funciona com este governo?
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POR José Pires

De olho atento

Agora a imprensa está catando os cacos da sua credibilidade. O próprio Noblat, que deu o primeiro grito que atiçou a manada, até agora tenta justificar o que fez, dando destaque a comentários de leitores e até trazendo artigos, como o do jornalista Zuenir Ventura, publicado ontem, em que ele tenta consertar o “desconcerto” geral entre os jornalistas. “Já pecamos muito, mas acho que desta vez não”, ele diz, para perguntar em seguida: “o que fazer com aquelas fotos e com as declarações desesperadas da vítima?” Bem, observar melhor a foto seria um bom caminho. Outra atitude seria ficar atento aos fatos, que desde o primeiro dia eram no mínimo nebulosos.

O jornalista diz que quase cometeu a “maior barriga" da sua vida profissional. Ele já tinha pronto para a publicação um artigo “contundente falando mal da polícia e da imprensa suiças". Bem, sem comentários. Zuenir Ventura tem 50 anos de jornalismo. É bastante chão. Talvez não precise de conselhos.

Mas no dia 16, às duas da tarde, o próprio blog do Noblat publicava, desta vez em um raro texto próprio, que Paula havia confidenciado a um amigo que era possível ela ter perdido os bebês antes da agressão. Zuenir Ventura não viu o gato no telhado? No mesmo dia, neste blog, eu já colocava em dúvida a história toda e até perguntava se o governo brasileiro já estava preparado para pedir desculpas aos suiços. E não me gabo de esperteza alguma: é que o gato miava bem alto.
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POR José Pires

História mal contada desde o começo

Não sei onde Zuenir Ventura estava no início desta história, mas não teve nenhuma ”declaração desesperada” da vítima. Paula falou bem pouco nesta história. Noblat escreveu que ela lhe disse apenas que “estava mal”. Quem passou toda a história para Noblat foi o pai de Paula, Paulo Oliveira, que é assessor do deputado Roberto Magalhães, portanto alguém supostamente bastante experiente no trato com a imprensa.

Na primeira nota publicada sobre o caso, “em primeira mão”, como destacava uma chamadinha cima do texto, Noblat cometeu a incorreção de ser extremamente afirmativo, sem deixar claro para o leitor que sua fonte era o pai da suposta vítima.

O texto de Noblat, já disse aqui, também é afirmativo demais. Pelo título do post já dá para se perceber o tom do texto : "Brasileira torturada na Suiça aborta gêmeos". Sim, foi assim que ele chamou a matéria feita com uma única fonte: o pai da suposta vítima.

Ele faz uma descrição detalhada da suposta agressão, sem colocar nenhuma dúvida sobre o fato. Só assume um tom crítico quando cita o policial suíço que teria alertado Paula com a seguinte frase: “Se a senhora estiver mentindo será processada”. Noblat não informa como soube desse diálogo. Ele escreve como se estivesse presente no acontecimento.

Hoje já se vê que era apenas um policial experiente fazendo bem seu serviço e que, suspeitando de algo, alertou a moça. Foi tratado como um prepotente. Eu até acharia engraçado, caso não estivesse dentro da piada, ver tanta indignação em um país como o nosso, onde a polícia chega ao local do crime já batendo na vítima.

Pois se a moça tivesse escutado o alerta do policial suiço, talvez nem tivessemos tomado conhecimento dessa história. Nada do assunto vazou da polícia suiça antes que a imprensa brasileira se metesse no assunto. Parece que lá, ao contrário daqui, a primeira coisa que a polícia faz não é chamar a imprensa e expor a vítima.
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POR José Pires

Toma que o filho é teu

No texto de Noblat que deu início à exploração do caso tem até bobagens como dizer que os agressores “entalharam” a sigla SVP no corpo da moça. Ah, não, por favor, entalhe é em madeira. Até se tatua na carne, mas entalhe no corpo é difícil. Mas deixemos isso pra lá, senão a gente não termina.

Depois que fizeram a besteira de tratar um caso tão sério com afobação, o passo seguinte foi o de tentar matar qualquer mensageiro com más notícias. Ontem Noblat publicava a matéria da Folha de S. Paulo que informava (ou, pelo tom, acusava) a revista suiça Die Weltwoche de ter, vou aspar as palavras do jornal, “claros laços ideológicos com o partido ultranacionalista SVP (Partido do Povo Suiço)”. Mas o problema mesmo foi a revista foi ela ter trazido uma má mensagem: a de que a brasileira teria confessado ter mentido sobre a agressão, notícia agora confirmada.

Os brasileiros ficaram o tempo todo tentando desqualificar a imprensa suíça. Até escreveram que a revista Die Weltwoche é de propriedade de um milionário. Claro, deve ser porque os donos da Folha de S. Paulo e a TV Globo são bem pobres.

Noblat publicou a matéria sem nenhum comentário pessoal. Seu blog, na verdade, está mais para clipping, com pouca participação autoral dele. Mas é bastante cômodo posicionar-se em torno dos assuntos apenas republicando notícias de jornais. Isso facilita bastante a vida do blogueiro. Além de economizar o ato de pensar, caso o tempo comprove algum erro de visão, a responsabilidade é sempre de outro.

Todo mundo agora quer se safar. Uma Escola de Base internacional é duro de segurar. Alguns tentam também dar uma força para que o governo se livre de responsabilidades. Luís Nassif, que acaba de ser contratado pela TV Lula, ou TV Brasil, do governo federal, quer até culpar a imprensa pela tremenda gafe internacional do governo Lula. Nassif está fazendo seu serviço, mas não é por aí. Se quer defender bem o governo, aliás, ele deveria fazer direito. Desse jeito, está acusando a diplomacia petista de se deixar conduzir pelos atropelos da mídia.

Mas a verdade é que a imprensa brasileira fez feio nessa história. Não seria melhor então encarar uma autocrítica e tentar melhorar? E para que isso se conduza nos melhores termos, primeiro é preciso deixar que os suíços cuidem da sua imprensa e de seu país e passar a olhar melhor para os erros cometidos aqui.

Rudyard Kipling dizia que as palavras são as drogas mais poderosas que a humanidade conhece. Sempre concordei com ele. O governo Lula não tem mais jeito. Mas nossa imprensa tem que aprender a evitar a overdose.
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POR José Pires

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Momento de reflexão: os rumos da Nação


Não, meus senhores e senhoras, não é o blog Brasil Limpeza, desesperado pela falta de leitores, aderindo à sacanagem tão presente na rede de internet. É só uma foto da atriz Carolina Dieckmann em um intervalo de gravação fazendo ioga. Foi publicada por um grande portal da internet.

Que isso é ioga é o que diz o portal para justificar a publicação das fotos dela esticando o corpinho numa praia pública no Rio.

Se é ioga ou não, isso é conversa para especialista. Mas é uma ocasião bem original para um exercício que exige concentração até espiritual. Ou o flash dos inúmeros fotógrafos que sempre estão por perto das gravações externas de novelas da Globo ilumina a entrada para o Nirvana ou o instrutor de ioga é também assessor de imagem da moça.

Mas não é sobre isso que eu quero falar. Enxuguemos o suor da testa e vamos lá: não estou aqui para escrever sobre a Carolina Dieckmann, mas é que me chamou a atenção a marolinha lá atrás da moça. Vocês não tinham reparado, certo? Olhem agora com mais atenção. A marolinha, a marolinha.

Pois bem. Em plena época de crise econômica, apelidada carinhosamente de marolinha aqui no Brasil, mas sempre brava, inclemente, os portais da internet ficam fazendo essas coisas.

Já imaginaram o quanto o país perde em produtividade com uma foto dessas? Só para ler este texto, por exemplo, mesmo com rapidez e concentração (se é que isso é possível depois de ver a, vá, lá, ioga da Carolina Dieckmann) a pessoa leva pelo menos um minuto e meio.

Multiplique isso pelos milhões (lá no grande portal, claro, sou realista, mesmo sabendo tanto quanto eles que citação de nome de atriz da Globo sempre faz o detector de entradas disparar para cima) que param para ver esse tipo de imagem e você terá um número assustador em perda de produtividade.

Se o sujeito parar para ver as 27 fotos ((contei as fotinhas) de todo o ritual em slideshow, então, aí é que a produtividade vai lá embaixo.

Não, não tem clique. O endereço não dou, que não estou aqui para essas coisas. Vão trabalhar, gente. Não vamos piorar a situação da blindagem econômica do nosso querido Brasil.
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POR José Pires

Inauguração histórica

O presidente Lula é realmente um prodígio em desfaçatez. Pois ele inaugurou uma escola construída por Juscelino Kubitschek em 1958. Isso mesmo, você não leu errado. Inaugurou nesta semana uma escola construída antes de boa parte de nós brasileiros termos nascido.

Está aí uma situação onde cabe o “nunca neste país”. Nunca neste país um presidente da República inaugurou uma escola construída por Juscelino Kubistcheck em 1958. A não ser o companheiro JK, é claro.

A escola já completou 50 anos e Lula esteve lá, não para a comemoração do aniversário, mas para cortar a fita de inauguração. Teve até discurso. O presidente (ó, céus!) da República disse que estava “inaugurando” a primeira escola técnica de uma série de 100 que pretende entregar em 2009.

É claro que não faltou publicidade para o ato. O Palácio do Planalto e o ministério da Educação divulgaram material frisando que a escola foi “inaugurada”.

A oposição que se cuide. Pode ser tática. Lula deve ter uma vista danada de boa daqueles prédios magníficos de Brasília através da janela da sala onde trabalha, ou melhor, onde joga paciência no computador. A idéia só pode ter vindo dele. Não duvido que em 2010 saiam inaugurando os prédios de Brasília.
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POR José Pires

Coerência a classe política tem até pra vender

O Senado brasileiro não decepciona a gente, pelo menos no aspecto da coerência. O senador José Maranhão, do PMDB, deixou o cargo para assumir o governo da Paraíba em substituição a Cássio Cunha Lima (PSDB), cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral. Pois seu suplente, o empresário Roberto Cavalcanti Ribeiro, do PRB, assume a cadeira no Senado com processos na Justiça Federal por suspeita de crimes como corrupção ativa e estelionato. O PRB é o partido ligado a Igreja Universal, sob a liderança do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ).

O novo senador sem voto, Cavalcanti Ribeiro, é empresário do ramo de comunicação. É dono do Sistema Correio de Comunicação, na Paraíba, filiado à Rede Record, televisão ligada também à Igreja Universal. Aí a gente entende porque Maranhão o escolheu para suplente.

Pobre Brasil. Pobre Paraíba. Cássio Cunha Lima foi cassado por abuso de poder político e econômico durante a campanha eleitoral de 2006. Distribuía cheques de R$ 150 e R$ 200 para eleitores. Os cheques eram de um programa assistencial Ciranda de Serviços.

Bem, mude o nome Ciranda de Serviços para Bolsa Família e você tem praticamente a mesma coisa. Com a diferença de que Lula tem muito mais eleitores em seu programa e é bem mais ativo na autopromoção com seu Bolsa Família. Outra diferença é que com Lula a Justiça não age.

Mas voltemos à pobre Paraíba e aos políticos, categoria das mais coerentes, pois sim. José Maranhão, o novo governador que entra no lugar do que saiu, tem também bons motivos para ser cassado. Ele é acusado de abuso de poder político e econômico e de compra de votos, também na eleição de 2006. Vê-se que a Paraíba teve um pleito bastante disputado.

Existem contra ele oito processos, sendo que dois podem levar à cassação. Num, ele é acusado de participação em um esquema de troca de votos por cargos, e em outro ele é acusado de ter se beneficiado de um esquema de distribuição de 50 mil camisetas para obter votos.
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POR José Pires

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Chávez, por que te callas?

Onde está Hugo Chávez que até agora não rompeu relações da Venezuela com a Suiça? O chanceler Celso Amorim tem feito a parte, até defendendo a sede de poder do venezulenao, que quer se reeleger para todo o sempre (um parêntese para mostrar a pressa dele: terminado o plebiscito ele disse que é candidato nas próximas eleições; só que a eleição é ainda daqui a três anos).

Pois o chanceler brasileiro defende a reeleição de Chávez para todo o mundo e ele nada de tomar uma posição contra a Suiça. Ara! Muito unilateral essa solidariedade.
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POR José Pires

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Diplomacia do crioulo doido

Se alguém ainda tem alguma dúvida de que a política externa do Brasil é pirada, o chanceler Celso Amorim sempre aparece na mídia para tirar a dúvida confirmar que o samba do crioulo doido é o ritmo diplomático brasileiro. Agora parece que ele entrou para o governo de Hugo Chávez.

O presidente venezuelano Hugo Chávez venceu o plebiscito que concede (a ele, claro) a reeleição indefinida a presidente da República. Chávez é hoje um líder político isolado. Suas reuniões públicas com Evo Morales, Rafael Correa e Lula são o retrato deste isolamento. Quem mais poderíamos colocar ao lado dele? Bem, tem o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, o que aumenta o isolamento do venezuelano. Ah, sim, de vez em quando, ele se reúne no pé da cama com o moribundo Fidel Castro.

A verdade é que o governo venezuelano não é bem visto internacionalmente. E é bobagem achar que isso é coisa de governantes como Bush. Até Barack Obama quer ver Chávez de longe, bem distante. E com razão. Nem vamos falar do controle da informação que seu governo impõe sobre os venezuelanos ou das mílicias chavista que controlam amplas áreas da capital e do interior. Pois ele venceu o plebiscito e quem saiu em sua defesa, numa fala que evidentemente deve ecoar internacionalmente? Foi o chanceler brasileiro Celso Amorim.

Então estamos desse jeito no plano internacional: litígio com a Itália por causa de um criminoso que o governo brasileiro quer dar status de refugiado comum, problemas com a Suiça por causa do modo precipitado que o governo brasileiro agiu em um caso que até o momento é difícil de entender, e agora com um chanceler que age como porta-voz do governo de Hugo Chávez.

Amorim é aquele que acusa de nazistas interlocutores que são descendentes de vítimas do holocausto. Bem, para uma loja de cristais é melhor levar um elefante.

E logo com quem eles querem ver o Brasil abraçado... Com alguém que não quer de modo algum sair do poder. A luta pela reeleição indefinida já mostra bem o caráter de Chávez. É óbvio que ele quer se perpetuar no poder, algo bem ruim em qualquer parte do mundo e sempre bem mais na América Latina, continente com uma longa cadeia de autocracias e ditaduras. Chávez tenta vender seu bolivarianismo como uma iedologia libertária e anti-imperialista, mas tenho a impressão que nem Bolívar iria gostar do discípulo que a história lhe concedeu.

O referendo em si é cercado de suspeitas. A própria pergunta feita ao eleitor é capciosa, ou melhor, enganadora mesmo. É a seguinte, com o destaque feito por mim no trecho ardiloso:

"Você aprova a emenda dos artigos 160, 162, 174, 192 e 230 da Constituição da República, tramitada pela Assembléia Nacional, que amplia os direitos políticos do povo, com o fim de permitir que qualquer cidadão ou cidadã em exercício de um cargo de eleição popular possa ser sujeito à postulação como candidato ou candidata para o mesmo cargo pelo tempo estabelecido constitucionalmente, dependendo sua possível eleição exclusivamente do voto popular?"

Quem pode ser contrário à "ampliação dos direitos do povo"? O povo é que não. E aprovou a reeleição. Todo o conteúdo da pergunta é bem pouco claro, mas a tentativa de enganar o eleitor fica comprovada pelo trecho em destaque.

O ex-prefeito Cesar Maia, do Rio de Janeiro, que volta agora em março com o seu Ex-Blog, aponta uma questão muito importante no plebiscito venezuelano. "Sempre é bom lembrar", escreve ele no correio eletrônico distribuído pela internet, "que nos plebiscitos normalmente se exige maioria absoluta sobre o total de eleitores inscritos".

Maia costuma trazer bons esclarecimentos sobre variados assuntos, tomando como base, muitas vezes, os números. E em muitos casos, principalmente quando não envolve estatística, não há como discordar de números.

No plebiscito na Venezuela, ele diz, a abstenção foi de 32,9% e 1,3% de nulos sobre o total de eleitores inscritos, num total de 34,2%. Ou seja, os 54% a favor da reeleição ilimitada corresponderam a 35,5% dos eleitores inscritos.

Mas atentem para o número de abstenção e de nulos. É a prova de que Chávez, ao contrário inclusive do que alguns esquerdistas afirmam com alegria, não tem um controle tão firme da Venezuela.

As coisas não vão bem para Chávez no plano econômico. Nenhum país está livre da crise, a Venezuela muito menos porque depende das vendas de seu petróleo, produto que desde julho teve queda de preço de 72%. A grana do petróleo, aliás, é o que garante parte do prestígio do presidente venezuelano, que usa os rendimentos públicos para seduzir aliados. A inflação venezuelana também está alta: foi de 32% ano passado, a maior do continente. E o país já tem muito desabastecimento, até de gêneros de primeira necessidade, e sofre os efeitos da falta de investimento em infra-estrutura nestes dez anos de governo chavista.

Em uma eleição para presidente, a oposição teria grandes chances de vitória agindo com sensatez e tendo um bom candidato. Bem, mas existe no mundo alguma oposição pior que a Venezuelana? Talvez só a brasileira.
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POR José Pires

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

PMDB é corrupto. E ninguém vai fazer nada

A entrevista do senador Jarbas Vasconcelos à revista Veja desta semana, mostra bem como vai a política brasileira. Vasconcelos é um dos fundadores do atual PMDB. É da safra antiga, antes de agregar o P ao MDB, quando o partido fazia oposição à ditadura militar. É fundador do MDB e do PMDB.

Jarbas Vasconcelos afirma na entrevista que a maioria — vejam bem, escrevi a maioria —, bem, que a maioria em seu partido “se especializou nessas coisas pelas quais os governos são denunciados: manipulação de licitações, contratações dirigidas, corrupção em geral”.

Então o maior partido brasileiro é uma agremiação de peritos em afanar o dinheiro público, é isso? Foi o que o senador disse. O depoimento é bombástico, ou melhor, seria bombástico em outra época, menos amorfa que esta. Neste momento histórico sombrio e petista, com certeza vai dar chabu. Numa coisa o governo Lula foi bem competente: como ele e seu partido além de faltarem com a ética ainda trabalharam bastante o conceito de que na política são todos iguais, acabaram dando anestesia geral no país.

O brasileiro virou um ser desconsolado e que sabe que em relação à corrupção só existe a certeza de que não vai dar em nada, ninguém será preso e muito menos terá que devolver o que roubou. É tanta impunidade que até não parece justo que alguns crimes não sejam descobertos, pois seus autores não podem gozar deste privilégio.

O país sofre de letargia cívica ou coisa pior que isso. O gigante pode até já ter morrido sem que ninguém saiba.
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POR José Pires

Veja errou

Um dos senadores mais conhecidos do país, ex-governador, liderança nacional de destaque, diz em entrevista à mais antiga revista brasileira de informação e a de maior tiragem que seu partido se especializou em corrupção. Então o que vai acontecer?

Já aconteceu: nada. A Veja até tentou fazer um paralelo entre esta entrevista e a de Pedro Collor, irmão do presidente Collor. Dezenove semanas depois da entrevista do irmão, conforme a soma da própria revista, Collor caiu.

O editor faz a relação entre Jarbas Vasconcelos e Pedro Collor como uma referência ao peso, ou suposto peso, dos dois depoimentos, cada um em sua época. No final, ele ainda aconselha o Brasil a “acompanhar de muito perto o desenrolar do depoimento do senador a Veja”. O final chega a ser constrangedor. Lá vai, na íntegra: “Ele [o depoimento] tem tudo para ser o motor de um profundo e histórico processo de limpeza da vida pública brasileira”.

Não porque o editora da revista deseja, claro, mas porque é nossa obrigação, acompanhamos o desenrolar e já estamos vendo no que vai dar. Em nada.

Será que os profissionais da Veja pensam que a queda de Fernando Collor foi causada pelo desabrochar da alma cívica do brasileiro? Espero que não. Seria melhor para a credibilidade da revista que figuras de linguagem como esse “motor profundo e histórico processo da vida pública brasileira” fossem consideradas um resultado da necessidade premente de encher páginas e páginas toda semana.

Quem é profissional sabe que isso pode fazer qualquer um, por cansaço ou enfado, escrever uma besteira ou outra. Mas, de qualquer forma, soa como imaturidade a revista acreditar que pode haver alguma movimentação pela ética só porque uma das figuras mais significativas do PMDB diz que seu partido está tomado pela corrupção.
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POR José Pires

Entre companheiros tudo pode

De Collor para cá a desfaçatez tomou conta do país. Isso mesmo, do país e não apenas da classe política. O PT, partido historicamente preparado para atuar no campo da ética ou pelo menos para não roubar, rendeu-se à corrupção, tomado que foi pelos profissionais da política, os ávidos pelo poder, aqueles para quem os fins estacionam na fase dos meios escusos.

Na entrevista, aliás, Vasconcelos conta que sofreu na pele o mal que o exemplo de Lula e seu PT vem fazendo ao país. O pensamento típico do servidor desonesto, diz o senador, é "Se o PT, que é o PT, mete a mão, por que eu não vou roubar?".

O PT, com Lula à frente fez o serviço de nivelar a classe política pela mais baixa estatura ética. Além disso, a classe política desenvolveu com habilidade a tática de matar o assunto pelo silêncio. É fugir do tema até que ele desapareça da cabeça das pessoas. Para isso eles recebem uma boa ajuda, claro, da crescente subalternidade do brasileiro.

Entre os políticos existe até um acordo tácito que faz todos que são pegos em falta pela opinião pública saírem de imediato da cena política. Pode ser pela demissão, mudando de cidade ou estado e até com a renúncia ao mandato.

Existe sempre a garantia do grupo, que é imenso e pluripartidário, do acolhimento fraterno em cargos longe do conhecimento da mídia para, após o esquecimento, terem o apoio para eleição futura ou para cargos mais altos, até mesmo em ministérios destacados.

Foi assim com muitos, de Antonio Carlos Magalhães a este deputado mineiro, o do castelo, este que renunciou ao cargo de corregedor da Câmara, passando por tantos outros: Renan Calheiros, José Genoíno, José Mentor, Professor Luizinho, José Janene, Gim Argello, José Dirceu e tantos mais.

Ninguém fica ao relento na planície de que fala muito o próprio Dirceu. Além do manto da impunidade, cada um tem o cobertor quente do poder (opa, desse jeito vou acabar escrevendo na Veja). Algumas vezes, como aconteceu com o ex-deputado Severino Cavalcanti, recebem até palavras elogiosas do compar..., ou melhor, do companheiro Lula.
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POR José Pires

Mais um que se vai

Ademais, o mais marcante na entrevista do senador Jarbas Vasconcelos é seu desalento quanto ao resultado das denúncias. Ele mesmo diz que não deve dar em nada. Seu tino político ainda o faz dizer que é possível mudar a situação. Mas não é coisa pra agora, ressalva, não para esta geração. Entendeu? Pois é: para nós, nada feito, mesmo que você tenha aí seus trinta anos.

Também na entrevista o senador diz que pretende abandonar a política exatamente porque não agüenta mais o que está aí. É a mesma coisa de que falava o senador Jefferson Péres, morto em maio do ano passado. Era um dos poucos que prestavam no Senado e já havia avisado que abandonaria a política ao final de seu mandato. Para a sorte de seus colegas ccanalhas, o que no Senado também é maioria, ele morreu antes.

Repete-se a situação de cansaço em mais um dos senadores que não é ladrão. E não se trata de um neófito em política. É alguém com bastante chão. De estômago forte, certamente. Mas mesmo para os experientes parece que a podridão já é demais.
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POR José Pires

Diplomacia metida a besta

Lula tem a mania de se fazer de importante. É um problema pessoal, muito ajudado por acadêmicos e políticos, com os primeiros ajudando-o bastante desde que ele se lançou na política, acobertando seus graves defeitos pessoais — entre eles, o de aproveitar esse encanto para se aproveitar dos encantados.

Se a pessoa for confiar em certos acadêmicos ou políticos, é capaz de achar que a abertura democrática no Brasil e a posterior democracia foi obra de Lula quando era lider sindical. E não foi assim. A conquista da democracia no Brasil teve atores bem mais importantes. E inicialmente, Lula com seu PT até atrapalhou.

Mas ele gosta de se dar ares da maior importância. É uma forte característica pessoal sua, marcada repetidamente pelo bordão “nucanestipaiz”. A vaidade do chefe, no entanto, contaminou todo o governo. Por aqui, nenhum problema. Com a oposição incompetente que tem, Lula pode arrotar com tranqüilidade o peru enquanto palita a mortadela nos dentes. O país pode estar sendo tomado por mílicias terroristas, como acontece no Rio, por exemplo, e ele deitar falação sobre as obras de seu governo na área da segurança. A classe política não vai mesmo chiar. Parece que todos estão muito bem contemplados.

Então ele pode ser metido a besta. Mas o problema é quando acontece o contágio em áreas muito delicadas, onde um mal entendido não dá para ser resolvido com benesses às custas do Estado. Como nas relações exteriores, por exemplo. O problema não é novo, mas o afobamento do Ministério das Relações Exteriores com o caso de Paula Oliveira, na Suiça, mostra que a falta de equilíbrio está afetando até uma área onde as palavras tem um peso bem diferente do que acontece com a nossa política interna.

O presidente até poder ser metido a besta. Chega a ser engraçado. já que o pitoresco é que domina a nossa política. Mas uma diplomacia assim não tem absolutamente graça nenhuma.
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POR José Pires

Dando pitaco no país dos outros

Na segunda-feira passada Paula Oliveira disse que foi atacada em uma estação de trem próxima de Zurique. Os agressores teriam marcado com estiletes em seu corpo as letras SVP, a sigla do Partido do Povo Suiço, partido de direita e atualmente no poder na Suiça. Paula afirmou ainda que teria sofrido um aborto causado pela agressão.

A história ainda estava no começo, quando o governo Lula resolveu declarar guerra à Suiça. Pelo jeito a coisa é com a Europa, pois já arrumaram complicação com a Itália no caso Battisti e agora passaram a encarar a Suiça. Poucas horas depois de saber da notícia o ministro das Relações Exteriores já via “fortes indícios” de xenofobia no caso. Pior ainda, o governo resolveu transformar o problema em um litígio com as autoridades suíças. Amorim disse que havia no caso "uma aparência evidente de xenofobia".

É curioso como um governo com tanto desarranjos internos se esforça em dar pitacos em assuntos internos de outros países. O ministro da Justiça, Tarso Genro, fez críticas ao sistema judiciário italiano (ainda não propôs reformas, mas ele ainda chega lá) para defender o asilo brasileiro a Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua por assassinato na Itália. Lula também vive falando sobre assuntos de responsabilidade de outros governantes. Pois ele até andou dizendo como Obama deve conduzir a solução da crise nos Estados Unidos.

Pode até ser que não venha a reeleição de Lula. Mas ele pode querer ser secretário-geral da ONU. Está aí um cargo para um governante que gosta tanto de se meter com as questões de outros países.
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POR José Pires

Arrumando encrenca de graça

Foi pelo blog de Ricardo Noblat que a história de Paula Oliveira chegou primeiro ao Brasil. O pai de Paula é conhecido do jornalista e passou-lhe a notícia em primeira mão. A agressão aconteceu na noite de domingo, dia 8, e na quarta-feira seguinte, dia 11, às 15h52m, Noblat dava a notícia, publicando inclusive as fotos com as marcas feitas no corpo de Paula.

Pois à noite já era noticiado na internet o anúncio do governo brasileiro de que poderia levar o caso ao Alto Comissariado de Direitos Humanos das Nações Unidas. Lula e sua equipe transformavam então um caso obscuro numa discussão internacional sobre a política imigratória da Suiça, praticamente acusando os suíços de intolerância.

Nesta mesma noite, claro, o presidente da República também falava sobre o assunto. “Eu acho que nós não podemos aceitar e não podemos ficar calados diante de tamanha violência contra uma brasileira no exterior”, disse Lula, que, como sempre estava viajando, fazendo política. Desta vez estava em Recife. Falou outras coisas também, sempre em um tom acusativo.

É notório que a leitura dá até azia em Lula, mas custava buscar se informar melhor antes de se pronunciar — se é que isso seja assunto para o presidente da República — sobre algo de tamanha importância? Se tivesse o interesse, Lula poderia saber que no mesmo dia da alegada agressão os suíços haviam votado em um plebiscito para decidir sobre o acordo livre de trabalhadores na União Européia. Por 59,6% dos votos, o acordo foi confirmado.
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POR José Pires

De volta pra casa?

A informação que faltou a Lula, ou uma delas, pois ele parece saber pouco sobre o assunto, estava no mesmo post em que Noblat revelou o caso em primeira mão. Noblat fez o que deve ser feito. Um blog exige a rapidez que usou para dar a notícia. Um único reparo à sua primeira nota é o tom afirmativo do texto. Nele também não fica clara a identidade da fonte, que foi revelada pelo jornalista dois dias depois, quando o caso já começava a ficar bastante complicado para a agora suposta vítima.

A polícia suíça já havia divulgado a suspeita de que a agressão teria sido forjada. E exames de legistas e ginecologistas do Instituto de Medicina Forense da Universidade de Zurique negavam a afirmação de que Paula teria abortado de gêmeos após a agressão. Segundo os resultados dos exames, no momento da agressão ela não estava grávida.

Só então Noblat informou que recebera a notícia do pai de Paula, Paulo Oliveira, cum conhecido seu que trabalha no gabinete do deputado Roberto Magalhães (DEM-PE). As fotos com a marca da agressão publicadas junto com a notícia foram feitas e enviandar por e-mail pelo economista suiço Marcos Trepp, namorado de Paula.

É evidente que até a notícia chegar ao blog de Ricardo Noblat e dali para toda a imprensa brasileira a polícia suíça estava investigando o caso com a máxima discrição. É de se perguntar a razão da família de Paula ter se interessado em divulgar a suposta agressão,sem esperar um resultado oficial. Mas essa é apenas uma pergunta de um caso com muitos mistérios. O mais intrigante é o sumiço do namorado de Paula, Marco Trepp. Ele desapareceu depois que o caso veio a público.

Em quatro dias o caso mudou totalmente de foco. E com certeza a ONU não terá de abrir um espaço para as acusações do governo brasileiro contra a Suiça. O Itamaraty já trabalha com a idéia de Paula Oliveira deixar a Suiça antes de um provável processo por fraude. Os jornais dizem que o pai de Paula já estaria disposto a voltar ao Brasil. Ontem a consulesa do Brasil em Zurique, Vitória Clever, recebeu uma orientação do gabinete do chanceler Celso Amorim para solucionar rapidamente a crise e reduzir as conseqüências para o Brasil.

Caso se comprove uma fraude, a menor conseqüência deve ser um pedido de desculpas. do governo brasileiro. Mas desastrosa diplomacia brasileira já causou mais um estrago na imagem do país na Europa. O governo Lula deve ter achado que o caso Battisti era pouco.
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POR José Pires

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Pinto no lixo

Eis aqui uma fala muito interessante. Em minha opinião é um preceito filosófico da maioria da nossa classe política. Evidentemente poucos são tolos a ponto de sair por aí expressando isso em voz alta. Mas sempre tem um digno representante da classe para falar o que está na mente — e também no coração, porque não? — de muito político. Vai com aspas.

“O Edmar tem que enfrentar a vida. Veja meu caso. Renunciei e fui embora para minha terra e dei a volta por cima. O eleitor nem se lembra disso e hoje estou aqui, vitorioso, feliz da vida.”

Quem falou foi Severino Cavalcanti, o ex-presidente da Câmara dos Deputados que renunciou ao mandato para evitar a cassação que poderia ocorrer depois que ele foi flagrado com propina extorquida de um empresário.

O Edmar citado na fala é o deputado do castelo de conto de fadas em Minas Gerais que renunciou ao cargo de Corregedor da Câmara.

Hoje Severino Cavalcanti é prefeito da cidade pernambucana de João Alfredo, onde se elegeu com 8.632 votos. Ele conta até com o apreço pessoal do presidente Lula que o defendeu na campanha eleitoral dizendo que o deputado acusado de corrupção foi vítima da oposição.

Severino Cavalcanti está feliz da vida, ele mesmo é quem diz. E não era pra estar?
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POR José Pires

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

O pé-frio do Planalto


Quem não se lembra do presidente Lula passando a mão no topete do ginasta Diego Hipólito em agosto de 2008? O sapo barbudo estava como sempre passeando, desta vez em Pequim, onde acompanhava a cerimônia de abertura dos Jogos e foi visitar os atletas na Vila Olímpica. Esteve com os atletas e fez as brincadeiras sem graça de sempre. E é claro que disse que era o primeiro presidente a visitar uma delegação na Vila Olímpica.

Bem, espera-se que seja também o último. Pois o seca-pimenteira visitou a delegação e deu no que deu. O resultado foi desastroso. Diego Hypólito, coitado, ficou perto demais do pé frio — agora sem hífen, mas ainda pé-frio. Talvez seja apenas coincidência, mas ele sofreu uma queda e ficou em sexto lugar. Era o grande favorito e teve a pior atuação da carreira.

Coincidências não existem, já dizia o suiço Carl Jung, o que qualquer benzedeira brasileira também sabe. Neste caso sou como o espanhol, yo no creo em las brujas, pero... com Lula por perto parece que a coisa pega. O caso do técnico Luiz Felipe Scolari, o Felipão, demitido ontem do Chelsea, traz novamente essa suspeita, mais uma, sobre o presidente da República. Felipão visitou Lula no Palácio do Planalto há menos de três meses.

Na ocasião ele ainda deu ao petista uma camisa com o nome de Frank Lampard, meio campista do Chelsea. Sinta o clima na foto acima. Hmmm... é de bater na madeira. E a imprudência de Felipão em expor ao azar o nome do maior craque do time? É pior, muito pior, que meter a canela na frente do Serginho Chulapa. Eu, se fosse esse cara, o Lampard, fazia logo um baita seguro de vida. E ficava em casa. Parava de jogar futebol. Não atravessava rua de jeito nenhum.

O técnico demitido, que evidentemente sofreu os efeitos do seca-pimenteira do Planalto, devia ligar imediatamente para avisar o Lamparf para ele não dormir de touca, ou qualquer outra expressão em inglês que explique bem a urucaba em que ele está metido.
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POR José Pires

Azarando as visitas

Mas para atestar que não é apenas coincidência o azar de atletas que estiveram com Lula, não devemos ficar apenas nos casos de Diego Hipólito ou Felipão. O assunto é esotérico, mas não vamos perder o ponto focal do blog, sempre científico, muito equilibrado. Aos fatos. No esporte a azaração de Lula sobre quem chega perto dele já está virando uma lenda. Até corre na internet uma lista de casos. Vou mostrar pra vocês.

É só visitar Lula que a coisa pega. Caso ele se anime (e ele sempre se anima!) e faça um gesto mais efusivo, umas palavras a mais, aí então é batata. Deixar ele abraçar, fazer gracinha, contar caso, pegar em camisas, troféus ou qualquer outro objeto simbólico não é coisa aconselhável. Passar a mão na cabeça, pegar no topete,nem se deve pensar nisso: é fria na certa.

Uma história impressionante é a do time do Coríntians que foi visitar Lula depois da conquista do título de Campeão Brasileiro de 2005. Evidentemente foi um descuido do departamento de urucubaca do clube. Deixaram até que ele pegasse a taça nas mãos. O deslize aconteceu em dezembro de 2005. A partir disso o Corintians entrou em uma maré de azar, nada de marolinha não, maremoto astral mesmo. Até a Polícia Federal entrou no meio, com a investigação da parceria Coríntians/MSI, a Media Sports Investment. O time perdeu os investidores e entrou numa crise financeira braba. Vários craques saíram. Até que o time caiu para a segunda divisão.

Não sou um grande conhecedor de futebol, mas nem precisa disso. Da fama de pé-frio de Lula, como se diz por aí, só a torcida inteira do Corintians sabe. Eu poderia falar sobre pessoas de outras áreas que também viveram dissabores por ficarem próximas de Lula, mas fugiria um pouco do assunto, além de que disso a torcida do Coríntians também sabe.

A fama de azarento é preocupante, pois o que o Brasil mais precisa no momento é de competência e sorte. E se Lula não tiver o segundo quesito, bem, aí estamos mesmo todos fritos.

É um azar danado. Vejam o que acontece com os que subiram ao poder com ele. José Dirceu, Gushiken, Duda Mendonça, Luiz Genoíno, e tantos outros, um número notável de gente acabou com a imagem destruída. Até simbolicamente a coisa é pesada, e aí vou dar uma de Lula e esticar o assunto. São muitos elementos ligados ao azar. Pois o número do PT não é, toc-toc-toc, 13? Tenho até medo do que pode acontecer com a língua portuguesa depois que ele assinou a reforma ortográfica. Com a energia negativa do homem, sem falar no que ele faz na Educação, logo ninguém mais usa essa joça pra nada.

Mas voltemos ao campo. Vamos à lista. Vou transcrevê-la na íntegra, exatamente do jeito que está correndo pela internet, para manter o fator documental. Até porque a noção de que Lula transmite azar é um fenômeno da cultura do esporte e não opinião do blog. A fama está pegando. E, como vocês podem conferir abaixo, motivo para isso a torcida brasileira tem de sobra.
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POR José Pires

A lista que prova que Lula dá azar

Aí está a lista que consagra Lula como o presidente da República mais pé-frio deste país. Não é pouco para uma terra na situação do Brasil. Neste caso, Lula ganha até de José Sarney. Já vi o texto publicado em diversos blogs e trechos dele em comentários de leitores e notícias referentes ao tema. Com diziam os antigos, está ipsis literis.



Lula sai pro abraço com Ronaldo e Roberto Carlos: os dois jamais se recuperaram da energia
negativa do pé-frio


1 – Guga presenteou o presidente com uma raquete e abandonou a carreira vitoriosa.

2 – Popó presenteou o presidente com um par de luvas e não ganhou de mais ninguém.

3 – O mega-star Lenny Kravitz presenteou o presidente Lula com uma guitarra e os shows começaram a rarear.

4 – Bebeto de Freitas, presidente do Botafogo, presenteou Lula com uma camisa do clube e foi eliminado - pelo Figueirense - da Copa do Brasil.

5 – Lula recebeu uma bandeira do Corinthians e o time foi para a segundona.

6 – Roberto Carlos - antes de viajar para a Alemanha com a Seleção - presenteou Lula com a camisa número seis da seleção. O Brasil foi um fiasco e Roberto Carlos também.

7 – Antes de decidir a Libertadores de 2008, o presidente do Fluminense ofereceu a camisa tricolor ao presidente Lula. Deu LDU.

8 – A poderosa Seleção Masculina de Vôlei visitou o presidente e perdeu o título da Liga Mundial.

9 – Diego Hypólito - atleta favorito nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008 - recebeu a bênção de Lula e deu no que deu: o brasileiro fazia uma apresentação quase perfeita no solo até perder o equilíbrio após o seu último salto e cair no chão.


Diego Hypólito cai com cara de espanto durante salto em Pequim:
dias antes ele havia feito uma visita ao pé-frio Lula, que até (olha o perigo!) passou a mão no topete do atleta até então favorito das Olímpiadas de 2008


10 - Paulo Odone levou a camisa do Grêmio para Lula e foi ultrapassado pelo São Paulo, que estava onze pontos atrás.

11- Fernando Carvalho entregou para Lula a camisa de campeão Mundial Fifa e só agora tenta outro título.

12 - O presidente Lula recebeu de presente em Brasília uma camisa do Coritiba, levada ao Palácio do Alvorada em 19 de junho de 2009 por uma comitiva liderada pelo ingênuo e desprevenido presidente do clube da capital paranaense. Foi na comemoração do centenário do clube. Menos de seis meses depois, no mesmo ano, o Coritiba foi rebaixado à segunda divisão do futebol brasileiro.

13 - Lula visitou a sede do Corinthians em São Paulo poucos dias antes do time disputar com o Flamengo as quartas de final das Libertadores, em 5 de maio de 2010. Esteve com os jogadores e abraçou Ronaldo, a estrela corintiana. Além da imprevidência desse contato, Lula ainda disse: "Estarei com vocês. Confiem na vitória". O Flamengo eliminou o Corinthians. Com a eliminação, o prejuízo do Corinthians foi calculado em cerca de R$ 12 milhões. A carreira de Ronaldo ficou abaladíssima com esta derrota.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Se entregando pelo telefone

Na semana passada caiu um pouco mais a máscara do senador José Sarney e, por coincidência, o que se revelou foi também um pouco mais de um lado que Sarney tem escondido com eficiência: seu caráter autoritário e violento. Uma violência dissimulada que oprime as vozes críticas em seu estado, o Maranhão, e no Amapá, um novo estado que surgiu quando ele foi presidente da República e que ele pretendia ter como um novo feudo político.

O senador Antonio Carlos Magalhães, da Bahia, era conhecido por Toninho Malvadeza porque além de fazer suas maldades ainda se expressava em público e com agressividade contra seus adversários. Sarney não. Pode até ser chamado de Sarney Malvadeza, mas não expressa sua perversidade. Suas maldades são cometidas na surdina.

Na conversa com o filho, Sarney se entrega, mostra realmente o que é. Aliás, além do peso negativo que há no tipo de conversa, na trama manipuladora que está organizando, tem também o fato de ele estar conversando com o próprio filho. Não que nos surpreenda, mas não deixar de ser terrível ver alguém exercendo esse tipo de influência paterna.

Etá provado que ele não poupa os próprios filhos, mas para a opinião pública Sarney sempre posou de democrata, buscando compor uma imagem de político conciliador e equilibrado. Não é fácil revelar o que há escondido por detrás daquele ar de velhote pacato. E mesmo com o esforço da oposição nos dois estados onde faz política e de uma parcela de profissionais decentes na mídia, Sarney ainda detém grande poder, ou "pudê", como diz.

É um político que sabe como poucos usar tanto o Legislativo quanto o Executivo para aliciar e manter apoiadores explícitos ou não, com preferência para aqueles que trabalhem para ele com discrição. Inclusive escribas de aluguel que aparentam independência. Aliás, esse é o tipo de serviço no qual um ar de independência traz até mais eficiência.

É verdade que movimentos espontâneos como o “Xô Sarney”, no Maranhão, arranharam bastante esta casca superficial de democrata, mas ainda não surgiu a estaca que Paulo Francis dizia ser o remédio para um político como ele.

A dissimulação é uma ferramenta comum na política brasileira. E Sarney tem uma habilidade ímpar no uso deste instrumento, posando às vezes até como Estadista. Já disse alguns posts abaixo que, ao contrário do deputado corregedor de Minas Gerais, Sarney tem os feudos, mas sempre tomando o cuidado de não construir nenhum castelo.

Essas gravações que surgiram mostram um pouco do castelo de Sarney. Sei que aparecem por causa da disputa pela presidência do Senado e também acho preocupante o uso que se faz de vazamentos oportunos de dados sob a guarda do Estado, mas como aqui não se faz blog com a pretensão de ditar decretos de regulação da democracia, temos que seguir os fatos.

E dentro da desordem jurídica, institucional e tantas outras bagunças brasileiras, não somos nós que vamos lamentar um vazamento que atinge alguém como Sarney. Que ele prove então um pouco do seu próprio remédio. 
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POR José Pires

Sarney pego no flagra

Mas o macaco velho foi pego com a mão na cumbuca. Foram dois vazamentos de conversas telefônicas entre Sarney e um de seus filhos gravados em escuta da Polícia Federal. Um mostra que ele conseguiu informações sigilosas sobre uma investigação sigilosa sobre negócios suspeitos de sua família. A informação teria sido passada pela Agência Brasileira de Inteligência, a notória Abin.

A outra escuta vazada reforça algo já bem conhecido: os meios de comunicação em mãos de políticos, especialmente o rádio e a televisão, são nada mais que instrumentos para a perpetuação de oligarquias locais. É assim em muitas cidades e isso só vai ser resolvido quando a solução sair das mãos dos políticos.

Mas é o caso de engolirmos uns salgadinhos chips às avessas. Em um país com funcionamento mínimo das instituições as duas gravações levariam a um processo de cassação de Sarney e a instalação de um processo de mudança total na concessão de rádio e televisão, mas acontece que num país assim Sarney não existiria e tampouco sua família teria a concessão da TV Globo no estado do Maranhão, além de rádios e o jornal diário da capital.

Então nada vai acontecer? Também não podemos pensar assim, senão só nos restaria tentar convencer a ministra Dilma Roussef (ou aquele outro revolucionário, o José Dirceu) a largar esse negócio de candidatura à presidência para montarmos uma célula revolucionária armada. As denúncias sobre Sarney acabam, no mínimo, armando um cenário menos tranquilo para essa gente. E também vai colocando sua vitória no Senado em seu devido nível, o da sarjeta mais suja, ao lado de aliados como Renan Calheiros.

A coisa anda, aos poucos como é usual no Brasil, mas pelo menos não estamos indo para trás. Não levou nem uma semana para o senador do Maranhão eleito pelo Amapá ser reconduzido à sua verdadeira condição de cacique político provinciano. Não pode mais falar como estadista, como já vinha tentando fazer na condição de presidente do Senado.

É chato para Sarney, homem de enormes pretensões, inclusive no plano literário — tão tolo em sua vaidade que até está fazendo um memorial sobre ele mesmo em São Luís —, saber que o objeto mais marcante da família ainda é a escrivaninha onde a filha Roseana e o marido Murad guardavam R$ 1,5 milhão em dinheiro vivo. Será que vão exibir a gaveta no memorial dele?
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POR José Pires

Manipulando sempre

É bem representativo da política brasileira o diálogo entre José Sarney e o filho Fernando Sarney com os dois tramando o uso de duas empresas do grupo da família — a TV Mirante, afiliada da rede Globo, e o jornal O Estado do Maranhão — contra o grupo do senador Jackson Lago (PDT). É assim que se faz política principalmente nos estados mais afastados do foco da opinião pública nacional.

Não que não seja bem parecido em São Paulo ou no Rio de Janeiro, ou mesmo em Brasília, mas é que nos grandes centros a diversidade de interesses não permite a instalação de oligarquias, como acontece no Maranhão. O poder da família Sarney vem desde a instalação da ditadura. Então imaginem sobre quanta violência se instalou o império de comunicação que domina hoje o estado.

É evidente que o grupo de Jackson Lago deve fazer cosas parecida. Devem ter também suas emissoras de rádio e televisão, seus jornais. São todos muito parecidos, mas nem por isso devemos virar as costas para esse tipo de coisa com o argumento de que “é tudo igual”.

O que aparece na conversa de Sarney com o filho é um dos pontos fundamentais do poderio dessa gente e um empecilho básico que impede qualquer transformação: o domínio da informação.

Para o azar deles, novas tecnologias vem quebrando o monopólio da informação. Não é à toa que deputados e senadores tentam todo o tempo encaixar no Congresso Nacional alguma lei mascarada como defesa da privacidade e que verdade visa o controle dessa liberdade.
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POR José Pires

Informação em proveito próprio

É bem representativo da política brasileira o diálogo entre José Sarney e o filho Fernando Sarney com os dois tramando o uso de duas empresas do grupo da família — a TV Mirante, afiliada da Rede Globo, e o jornal O Estado do Maranhão — contra o grupo do governador Jackson Lago (PDT). É assim que se faz política principalmente nos estados mais afastados do foco da opinião pública nacional.

Não que não seja muito parecido em São Paulo ou no Rio de Janeiro, ou mesmo em Brasília, mas é que nos grandes centros a diversidade de interesses não permite a instalação de oligarquias, como acontece no Maranhão. O poder da família Sarney vem desde a instalação da ditadura. Então imaginem sobre quanta violência se instalou o império de comunicação que domina hoje o estado.

É possível que o grupo de Jackson Lago faça coisas parecidas. Devem ter também suas emissoras de rádio e televisão, seus jornais, e duvido que nas redações sob seu poder seja possível fazer jornalismo com ética. No Brasil todo os políticos são muito parecidos. Mas, de qualquer modo a derrota de um grupo que esteve tanto tempo no poder sempre abre a possibilidade de transformações de qualidade, mesmo que os avanços sejam menores do que o desejado. Neste meio tempo, enquanto eles brigam e as novas forças se acomodam, sempre surgem espaços para que a sociedade civil conquiste direitos negados pela antiga oligarquia.

E o que aparece na conversa de Sarney com o filho é exatamente um dos pontos fundamentais do poderio dessa gente e um empecilho básico que impede qualquer transformação: o domínio da informação.

Mas para o azar deles, novas tecnologias vem quebrando o monopólio da informação. Não é à toa que deputados e senadores, tentam todo o tempo encaixar no Congresso Nacional alguma lei mascarada como defesa da privacidade e que verdade visa o controle dessa liberdade de expressão e de informação .
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POR José Pires

"Xô Sarney!", uma marca que pegou

O movimento “Xô Sarney!” mostrou bem a força internet para a mudança dos maus costumes na política. Tudo começou com um desenho feito pelo cartunista e publicitário Ronaldo Rony no muro de sua casa em Macapá, capital do Amapá. Mesmo em um estado de pouca expressão no uso da internet, a divulgação dessa caricatura, que de outro modo dificilmente extrapolaria os limites do muro da casa, virou primeiro um importante fato local e depois notícia nacional.

Do muro, a campanha se espalhou por toda a capital até chegar na internet por meio dos blogs. Daí, o que era local virou um tema de ampla discussão na mídia nacional. O “Xô, Sarney!” tornou-se um grande acontecimento na campanha de 2006 e uma marca na biografia do senador.

Sarney pleiteava a reeleição ao Senado e quase perdeu. Passou apertado. Mesmo usando de todos os recursos (inclusive os financeiros, claro) ficou com 152.486, contra 123.378 da adversária mais próxima, Maria Cristina do Rosário Almeida, candidata de poucos recursos financeiros e do pequeno PSB.

Para tentar calar a campanha “Xô Sarney!”, o presidente do Senado até tentou tirar do ar um blog, o que desencadeou uma campanha na internet pela liberdade de expressão. A prepotência levou também a coligação que apoiava Sarney a processar o Google para que este tirasse do ar todas as matérias supostamente contrárias à sua imagem.

É provável que a repercussão do “Xô Sarney!” tenha chegado até o Maranhão, como um estímulo na derrota de Sarney na sua terra natal. Mesmo com o apoio pessoal de Lula, que até subiu em palanques, Sarney perdeu feio.

O governador Jackson Lago, que figura como vítima de Sarney na combinação de Sarney com o filho flagrada na escuta feita pela PF, na época liderava uma coligação de partidos com um nome que parece saído de lutas anticoloniais: Frente de Libertação do Maranhão. E pelo menos de Sarney a Frente libertou o Maranhão. Com a vitória de |Lago sobre Roseana Sarney, então no PFL e hoje, pelo menso até onde se sabe, no PMDB, encerrava-se quarenta anos de dominação total dos Sarney no Maranhão.
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POR José Pires

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Conto de fadas no Congresso

A classe política já fez do Brasil uma piada. Mas sempre tem alguém que dá um jeito de aperfeiçoar. Essa do recém-eleito corregedor da Câmara dos Deputados, Edmar Moreira (DEM-MG), ter um castelo valiosíssimo escapa a qualquer regra de ficção, mesmo que publicado em livro de humor. Pareceria forçado, até inverossímil.

Mas é a pura verdade. O castelo é imenso e fica entre as montanhas do interior de Minas Gerais. Tem oito torres, 36 suítes com hidromassagem, salões para festas, sauna, piscina, lagos para pescaria e estrutura para golfe. Veja a preciosidade ao lado. É coisa que impressiona, mesmo vindo de um deputado.

Não é como o sujeito deixar de pagar os funcionários de suas empresas ou praticar falências fraudulentas, atitudes normais entre os políticos.  Se apossar de contribuições previdenciárias ao INSS descontadas dos empregados? Ah, natural também. Declarar bens irrisórios à Justiça Eleitoral, como ele fez, dizendo que tinha R$ 17,5 mil em propriedades, quando é um notório ricaço, isso também não é nenhum problema. Não dá pra se espantar com esse tipo de mixaria numa instituição onde tem gente acusada até de usar trabalho escravo. Quantos não são assim na Câmara? Conta-se nos dedos das mãos. Claro que com sobra.

Dá pra aceitar como normal até mesmo essa outra revelação sobre o deputado corregedor, de que ele foi um aferrado defensor dos deputados mensaleiros e que, mesmo na época fazendo parte do Conselho de Ética da Câmara, votou sistematicamente contra a cassação de cada um dos mensaleiros.

Normal, normal, tão corriqueiro quanto o fato de ele ter gasto no ano passado 80% da verba indenizatória para contratar segurança, sendo ele próprio dono de três empresas que oferecem serviços de segurança privada. É natural. Quem na Câmara não faz uso indevido de tudo quanto é recurso que é direito de cada parlamentar? De novo usaríamos apenas os dedos das mãos para dar os nomes.

Até aí, tudo bem. Mas ter um castelo também já é abusar da situação ficcional do Congresso Nacional. É demais mesmo entre pessoas que vivem em algo parecido com um conto de fadas. O deputado corregedor é um fenômeno: ultrapassou os limites da falta de decoro até de uma classe que todos sabem não ter limite algum.
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POR José Pires

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Amigos, amigos; negócios incluídos


José Sarney já começou com a demagogia. Alguém pode dizer “mas algum dia ele parou?”, mas digo na função de presidente do Senado. Ontem mesmo espalhou pela mídia que fará um corte de 10% nos gastos do Senado.

Bem, se o governo Sarney não tivesse inflacionado inclusive a corrupção, eu diria que isso é a comissão. Mas comissão de dez por cento no Brasil não existe nem nas câmaras de vereadores.

Dez por cento? Esses números redondos são um mistério. Por que não doze por cento? Ou catorze? Bem, vinte por cento ainda seria pouco. Um senador brasileiro custa hoje para o contribuinte três vezes mais que um parlamentar dos Estados Unidos. Então, o corte teria de ser de um terço só para igualar com a maior economia mundial.

A desfaçatez de Sarney é ainda maior, quando sabemos que ele é um dos responsáveis históricos pela gastança. As mordomias internas no Senado são a garantia de poder para essa gente. Sua eleição, que teve por detrás tipos como o senador Renan Calheiros, só para citar um elemento da malta, tem como moeda de pagamento também os privilégios internos. Um gabinete melhor, agilidade no atendimento de pedidos e, claro, as verbas infindáveis para tudo quanto é coisa, inclusive para ir direto ao bolso dos senadores. Esta é a negociação "política" dos senadores para os cargos. Na verdade, fazem lá dentro o mesmo que aqui fora.

O corte de dez por cento, ou melhor, suposto corte, é factóide. Primeiro que é pouca economia. Numa casa dissipadora do dinheiro público como o Senado, administrar com eficiência exigiria bem mais que pequenos cortes. Tem que mexer na estrutura. Além disso, resultado desta mixaria de corte, se tiver, só daria resultado e poderia ser cobrado dentro de um ano. E até lá, brasileiros e brasileiras, isso já terá entrado no rol dos assuntos engavetados na memória da mídia.

Passado o primeiro semestre deste ano, entra a eleição de 2010 na pauta. Então a classe política, e por extensão os demais brasileiros, cai no ciclo eleitoral e deixa os assuntos urgentes da Nação para uma outra ocasião.

E o Sarney, o nosso Batatinha sem a inocência do gato vadio dos desenhos animados—, está com o “pudê” para uma eleição de importância extrema, numa situação em que os problemas mundiais estão no limite; na economia, no meio ambiente e até na segurança militar do planeta.

E o Manda-Chuva do Palácio do Planalto? Depois da derrota do PT, ele já deve estar se acertando com o Batatinha. Coisa boa é que não vem por aí. Preparem os bolsos: a conta vai ser bem alta.
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POR José Pires

Sobre o "Xô Sarney!"

Me pedem que eu fale mais sobre o movimento "Xô Sarney!", que começou em um muro de Macapá e se espalhou pela internet. Foi um dos elementos que quase fez Sarney perder a eleição para senador em 2006. Mas infelzmente não foi a "estaca no coração", que o finado Paulo Francis dizia ser a solução para o caso do senador maranhense eleito pelo Amapá — uma das tantas bizarrices próprias do oportunismo sarneyzista.

Logo mais toco no assunto. Estou atolado em corrupção no momento, quando sossegar um pouco falo do "Xô Sarney!" calma, não me vendi; só estou escrevendo sobre o assunto).
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POR José Pires

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Xô azar!

José Sarney acaba de se eleger presidente do Senado. Eu, se fosse o Lula, me cuidava. O cargo é o terceiro na linha da sucessão e, bem, com o vice José de Alencar mal de saúde como está, Sarney logo pode ser o segundo. Nem pensemos nisso (bate na madeira).

Mas aí mora o perigo. Sarney dá azar. Nos estertores da ditadura militar, tudo vinha bem até ele aparecer. Deu no que deu: a construção da democracia entrou em agonia, veio a morte de Tancredo Neves, e o político esquisito que sempre servira aos milicos e que por um capricho pessoal se bandeara para a candidatura de Tancredo acabou virando presidente da República.

Foi o pior governo depois da ditadura militar. Sarney foi um desses acontecimentos que, de tempos em tempos, ocorrem para impedir que o país ande. Então, quando era a época do cultivo da ética e do planejamento, para que o país pudesse enfim colher algo de bom, cevou-se a corrupção e o desleixo administrativo. No governo, usou a administração da economia para as politicagens mais baixas. Criou planos econômicos embalados na demagogia e na manipulação da opinião pública.

O que veio depois, da roubalheira de Collor de Mello aos mensalões petistas, tudo tem sua origem nos malfeitos sarneyzistas. Para que tivéssemos algo melhor agora, era indispensável que no pós-ditadura se desse início a uma estruturação político e social de qualidade para o país, mas Sarney foi um estímulo ao que de pior existe na política.

Fala-se bastante em “década perdida”. Pois da ditadura pra cá Sarney tem se empenhado a fundo para se perca cada década. Se for para algo não ir bem, Sarney é o homem. É um desconstrutor nato.

Na presidência, ele fez as mais vergonhosas barganhas para aumentar o mandato para cinco anos. Conseguiu e foi até 1990, quando saiu do governo com a nossa economia com a maior inflação da história: 2.751%. Isso mesmo, vou repetir: 2.751%.

Depois, virou um senador esquisito, masi até que a estranha normalidade do Senado. É do Maranhão, mas foi eleito pelo Amapá. Sua família domina o Maranhão há décadas desde que, em 1965, virou governador do estado com o apoio da Ditadura Militar. O Maranhão é o segundo estado mais miserável do país, uma façanha, cá entre nós, já que no conjunto Brasil não vai nada bem.

Porém, desgastado em seu estado natal, ele teve que fazer outro para se eleger. Foi em seu governo que o Amapá saiu da condição de território para estado.

Mas mesmo no Amapá, na última eleição entrou raspando no Senado. Por pouco não perdeu a eleição. A imagem acima é de uma campanha contra sua eleição para senador que surgiu nos muros da capital, Macapá, e se espalhou pela internet. Foi a ocasião também para Sarney revelar seu perfil autoritário: processou gente, mandou fechar blogs na internet.
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POR José Pires

Estadista da boquinha

Sarney tem um poder danado junto a Lula. Forçou a nomeação do conterrâneo e apaniguado Edison Lobão (PMDB-MA) mesmo com as denúncias contra seu filho, acusado de usar laranjas em uma empresa para driblar dívidas fiscais. O filho, no caso, é do ministro Lobão. Não que Sarney não tenha problemas com os seus. Quem não se lembra dos milhões de reais que a Roseana guardava na gaveta da escrivaninha?

Para pegar uma boquinha, joga dos dois lados, três, quantos tiver que ser. Não é o serviço que importa, mas o uso do cargo. No governo de Fernando Henrique Cardoso colocou o filho Zequinha, isso mesmo, Zequinha Sarney, no ministério do Meio Ambiente. Quando foi presidente, Sarney construiu em seu estado a ferrovia Carajás-São Luís. Fez do seu jeito, sem planejamento algum, muito menos ambiental. Em ambos os lados da ferrovia, numa faixa de pelo menos vinte quilômetros, destruiu-se tudo.

Em política ele vai pra onde sopra o vento do poder. Afaga sempre a mão forte. Apoiava João Goulart, o presidente quie os militares derrubaram. E de um modo tão marcante que antes de 1964 sua mulher, Marli Sarney, chegou a assinar um manifesto de mulheres de congressistas em apoio ao presidente. Com o golpe, claro que ficou do lado dos milicos. No final, acabou indo parar no lado de Tancredo Neves e veio o azar de que falamos. Enterrou o presidente eleito e ficou com a faixa.

Ele gosta de posar de "Estadista". Agora mesmo, na campanha pela presidência do Senado, veio com a conversa de que faz isso pelo Brasil. Bem, Estadista só se for da boquinha. É só farejar um naco proveitoso de poder que ele aparece com sua "faccia" de gato vadio — não é ofensa: já repararam como Sarney é a cara do Batatinha, um dos gatos vagabundos da turma do beco do Manda-Chuva? Veja lá em cima se não tenho razão.

Agora é presidente do Senado, o que, de certo modo, é um demonstrativo do nível da Casa. Lula é bastante responsável pelo que acontece, pois com sua costumeira política de reinar sobre a divisão dos que o cercam, estimulou Sarney. E claro que também jogou dos dois lados nesta eleição. E vai ficar caro politicamente, pois agora tem que contentar os vitoriosos e conter os derrotados.

O cargo é bom, “é o pudê”, como ele costuma falar. O Senado tem um orçamento de R$ 6,2 bilhões e cerca de 20 mil funcionários. Só não é coisa de primeiro mundo porque é bem mais caro. Nossos senadores pesam no bolso do contribuinte. Em 2007, cada um de seus 81 integrantes custou cerca R$ 33 milhões, mais que o dobro da média norte-americana. É algo equivalente a 6.699 salários mínimos, ou cinco vezes mais que o gasto anual de cada deputado, de R$ 6,6 milhões.

Além disso, o presidente do Senado domina a pauta legislativa, com o poder de impugnar projetos, desempatar votações e de impedir CPIs. Mais ainda, é um cargo de visibilidade nacional e de grande influência junto à opinião pública.

É muito para um Sarney. E ainda mais agora que a crise econômica não é mais marolinha nem na cabeça do Lula. O Brasil não merece. Além de incapaz o cara ainda é azarado.

Mas agora só nos resta esperar. O Brasil entrou em mais esta furada. Não é novidade, mas  é sempre chato. Já está avisado: o cara dá azar.
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POR José Pires