sexta-feira, 31 de agosto de 2018

A TV Globo e o chororô geral das turmas de Ciro Gomes, Bolsonaro, Alckmin e Marina

Ficou quente a falação sobre o motivo da TV Globo para imprimir rigor nas entrevistas com candidatos a presidente no Jornal Nacional. O aperto foi geral. E como a ordem do programa colocou Ciro Gomes e Jair Bolsonaro antes de Geraldo Alckmin, foi possível quebrar a famosa teoria da conspiração que aponta sempre a emissora como aliada dos tucanos. A lorota vem desde a primeira eleição perdida por Lula, que afinou na frente de Fernando Collor e depois juntou a militância para culpar a Globo pelo resultado de sua covardia pessoal. Desde então isso virou até jargão de esquerda, como justificativa para sua própria incompetência e depois para desviar do assunto da roubalheira feita pelos petistas no Governo Federal. O que ocorre atualmente é que tem muita gente que acaba sendo envolvida neste engodo mascarado pela satanização de uma grande rede de televisão.

No entanto, a regra alucinatória de que a Globo tem contrato exclusivo com o PSDB quebrou-se com a entrevista do candidato Geraldo Alckmin. Primeiro em apoio a Ciro e depois em solidariedade a Bolsonaro, durante dois dias foi um fuzuê contra a Globo nas redes sociais. Mas na vez de Alckmin voou pena na conversa de William Bonner com o tucano. E Marina Silva também não foi poupada, mesmo tendo comparecido sustentando seu ar de santa e as promessas de unir o país sem ter conseguido antes sequer a unidade de seu partido. É a mesma figura impoluta que na urgência criada pela falta de um partido para ser candidata a presidente teve que se aliar ao político tradicional Eduardo Campos como vice para depois ser a titular da chapa, agora aparecendo de novo ainda com um partido nanico de apenas dois deputados. A única novidade em Marina é que agora ela é “negra”, conforme sua própria definição, mas existem controvérsias, como na minha opinião de que ela é no máximo morena.

Mas voltemos ao rigor das entrevistas, que resultou em lágrimas fingidas. Até os brutos da direita espalham seu mimimi pelas redes sociais. Ora, para contemplar militâncias tão variadas, o único recurso seria o de programar entrevistas com as próprias assessorias dos candidatos elaborando as perguntas. E parece que até a aguerrida direita deseja algo parecido. Faço questão de repetir: só falta a direita sair pelas ruas gritando “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo” para selar a parceria com a esquerda em cretinices. Mas já estão juntos para repetir teoria da conspiração que estabelece a Rede Globo como centro gerador dos males do Brasil.

O problema maior é que o chororô acaba influenciando o debate, o que pode desviar a atenção dos fatos realmente determinantes num programa como este. Mesmo depois de cacetadas certeiras nos quatro candidatos, ficaram de fora da discussão razões muito simples do rigor nas entrevistas no Jornal Nacional. Atualmente as televisões abertas brigam desesperadamente por audiência, que vaza para o sistema de TV paga, além das perdas para a internet. No jornalismo não é diferente. Para dar um exemplo, entrevistas sem rigor não teriam feito o Jornal Nacional ser o assunto mais quente nos últimos dias. Outra questão é que já deu tempo para grandes empresas como a Globo terem desenvolvido uma discussão interna e chegado a um resultado também muito simples: se for mantido no Brasil o ritmo imprimido por esta classe política, o país estará irremediavelmente acabado em poucos anos.
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POR José Pires

Ciro Gomes e as complicações de seu plano do SPC

Desde que virou pré-candidato, Ciro Gomes vem falando que vai tirar o nome de milhões de brasileiros do SPC. É uma quantidade enorme de pessoas — 63 milhões — que serve como retrato da condição miserável em que o PT deixou o país. O problema desses devedores é grave, no entanto até quem entende de economia menos que o Jair Bolsonaro sabe que a solução mais confiável é ativar a economia brasileira e deixar por conta de cada um suas dívidas pessoais. A interferência de um presidente nesta questão deve ser por via indireta, na melhor gestão da economia brasileira e não colocando o Estado para administrar um problema a mais, que vai certamente exigir energias que podem muito bem ser aplicadas de forma mais ampla e com mais lógica.

Um defeito central da ideia de Ciro Gomes está no conceito, que é o de pagar as contas do povo. Imaginem onde isso vai parar. É claro que ele diz que não é bem assim, traz exemplos de subsídios e perdão de dívidas de empresários. Mas se é desse jeito, tão em conformidade com técnicas da macroeconomia, então a apresentação deveria ter sido de outra forma. Ele trouxe o assunto com o apelo de uma bolsa família do SPC. Pensem quantos votos isso não pode dar. O tema permite também uma consideração inevitável do ponto de vista eleitoral. Se o candidato não tem vergonha alguma de prometer um negócio desses numa eleição nacional, dá para suspeitar o que ele e sua família fazem para ganhar votos no Ceará.

Mas fui conferir se o candidato já apresentou explicações mais detalhadas sobre a proposta. No seu site tem o que chamam de “cartilha”, que nada mais é que um folheto de propaganda eleitoral. Mas está lá num dos itens o que pode ser uma complicação da grande sacada econômica. Na tal cartilha, a justificativa do programa já não é boa, meio naquele conceito de luta de classes bem próprio do PT, partido do qual Ciro foi aliado nos quatro mandatos no Governo Federal, quando os brasileiros mais se apertaram para ficar com o nome sujo no SPC. O texto de apresentação joga devedores contra empresários, que conforme diz o candidato, também recebem ajuda do governo e ninguém reclama.

No item 6 o candidato diz que vai organizar os devedores em grupos de 5 ou 10 pessoas que se responsabilizam umas pelas outras. Ele chama isso de Aval Solidário. Se uma pessoa do grupo deixar de pagar a prestação, a conta fica para os outros membros. A conclusão óbvia é que o devedor torna-se avalista de alguém que ele não conhece e terá de pagar a conta dessa pessoa se por qualquer razão não houver a quitação. Com esse formato, não é difícil que ocorra um efeito-dominó em vários grupos, contagiando o processo e milhões de pessoas parando de pagar. O candidato garante que sua proposta não vai fazer o governo perder dinheiro. Só se a iniciativa privada aceitar pegar de volta o calote. Eu tenho a impressão de que nessa conversa de tirar o nome dos brasileiros do SPC vem embutido o enorme risco de uma pirâmide, que por justiça ao gênio criador pode muito bem ser chamada de Pirâmide Ciro Gomes. Ele merece a homenagem.
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POR José Pires

Gilberto Gil livre

No espetáculo militante em torno da prisão de Lula, o impagável Gilberto Gil que uma das melhores frases. "Sou Lula Livre, mas não necessariamente para votar nele", disse o cantor baiano e ministro de Lula exatamente no período em que o chefão petista armava a roubalheira que arrasou com o país e levou à sua prisão.

Para fugir de suas responsabilidades políticas Gilberto Gil está sempre abusando da licença poética.
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POR José Pires

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Justiça de bolso cheio

O Brasil sempre perde de países mais avançados quando se trata de índices de qualidade. E acaba sendo superior exatamente naquilo que devia ficar atrás. O site da BBC traz nesta quinta-feira uma matéria com a informação de que nossos juízes ganham mais que colegas europeus. E os togados do STF ainda terão reajuste salarial de 16,3%, a partir do próximo ano, aumento autorizado por eles próprios.

O chamado efeito cascata do reajuste atingirá outras categorias, com um resultado desastroso no aumento dos gastos públicos. A BBC informa que o Brasil tem hoje cerca de 18 mil magistrados (juízes, desembargadores, ministros). Cada um custa em média R$ 47,7 mil por mês, com a inclusão de salários, benefícios e auxílios.

O salário-base de um juiz do STF é de $ 33,7 mil. Era de R$ 29,4 em 2014 e foi para o valor atual com a mudança do teto constitucional. Com o novo aumento — que tem que ser aprovado pelo Congresso — o salário irá para R$ 39,3 mil. E os juízes europeus bancados pelos países mais ricos do mundo? O site da BBC informa que em 2014 um magistrado da Suprema Corte de um país da União Europeia recebia, em média, 65,7 mil euros por ano. É um valor que ao câmbio de hoje equivaleria a cerca de R$ 287 mil, o que dá R$ 23,9 mil mensais.

Outros comparativos reforçam a sensação de abuso da lambança do Judiciário brasileiro. Enquanto um juiz brasileiro recebe 16 vezes a renda média de um trabalhador do país (R$ 2.154 no fim de 2017), na Europa um juiz ganha apenas 4,5 vezes mais que a renda média de um trabalhador europeu.
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POR José Pires

Pressão em Alckmin mostra imparcialidade nas entrevistas do Jornal Nacional

Sei que alucinados de direita e de esquerda não vão sossegar, mas com a entrevista do candidato Geraldo Alckmin a TV Globo mostrou que não tem lado nesta eleição, ao menos nas entrevistas que vem sendo feitas no Jornal Nacional. Os fanáticos por Jair Bolsonaro ficaram indignados com o aperto que William Bonner e Renata Vasconcellos deram no encapetado capitão e saíram pelas redes sociais atirando pedra na TV Globo. Volto a perguntar quando é que direita e esquerda vão sair pelas ruas gritando juntos “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”. Só falta isso para selarem a parceria em cretinices.

O mimimi do pessoal do Bolsonaro é o mesmo da militância do PT. Adotam até teorias conspiratórias que reúnem toda a imprensa brasileira contra seu candidato. E agora partem para o ataque pessoal, criando confusão entre a vida particular de jornalistas e sua tarefa profissional. O surpreendente é ver pessoas melhor informadas participando da mentirada abusiva e demolindo a credibilidade pessoal para servir a um político que conduz sua candidatura a presidente da República no mesmo nível de suas campanhas anteriores de deputado do baixo clero.

O que se viu nesta terça-feira na entrevista do Jornal Nacional com Alckmin foi um rigor ainda maior do que com Bolsonaro. Na verdade, a única vantagem para Alckmin foi que finalmente desligaram a máquina que girava a bancada. O embate foi também muito mais rigoroso do que na conversa com Ciro Gomes. A dificuldade para Alckmin é que foram tratadas questões mais objetivas, já que o tucano vem de dois mandatos no governo de São Paulo.

O jornalista Josias de Souza fez as contas da pressão sobre o ex-governador. Nos 27 minutos da entrevista teve lama como assunto durante 62% do tempo, com as mais importantes encrencas do governo paulista repassadas pelos jornalistas. O tucano teve que dar explicações até sobre sua relação e a conivência política com os colegas de partido Aécio Neves e Eduardo Azeredo, o primeiro já preso e o segundo merecendo.

E mesmo assim, a meu ver Geraldo Alckmin saiu-se bem, é claro que numa avaliação relativa a quem tem que dar respostas sobre tanta complicação. A diferença entre Alckmin, Ciro Gomes e Bolsonaro é que o ex-governador de São Paulo enfrenta os questionamentos com educação, respeitando até as interferências necessárias dos jornalistas. Outra diferença está no eleitorado que pode optar pelo voto em Alckmin, que vejo como um bloco determinante nas eleições brasileiras, com uma quantidade boa de brasileiros de maior equilíbrio e que não caem nos incitamentos a batalhas vazias. Podem notar que depois da entrevista não tinha nenhum "alckmista" sentando o cacete na imprensa e procurando defeito nos óculos da Renata Vasconcellos ou especulando sobre a diferença entre o salário dela e de Bonner, editor-chefe do programa.

Este é o ponto qualitativo da política brasileira, de uma boa parcela de eleitores brasileiros que pelo menos até aqui vem evitando que o debate nacional se restrinja ao conteúdo lamentável trazido pela esquerda e agora pela direita, no qual até a separação conjugal de um jornalista ou a diferença salarial numa bancada de telejornal ocupam o lugar de fatos que realmente interessam ao Brasil.
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POR José Pires

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Bolsonaro e o mito da propaganda oficial

A menção agressiva do candidato Jair Bolsonaro sobre a propaganda oficial na TV Globo pelo menos serviu para acabar com um mito quanto ao peso da publicidade do Governo Federal na emissora, que vem sendo superestimado desde o governo do PT. Bolsonaro vem ameaçando cortar verbas de empresas jornalistas que o desagradam, caso seja eleito. Já fez isso com o jornal Folha de S. Paulo, por causa de publicação de matéria sobre sua funcionária fantasma Wal do Açaí, e repetiu a ameaça na entrevista ao Jornal Nacional nesta terça-feira, quando falou em “bilhões de reais” de propaganda governamental na emissora.

Independente do que se pense da TV Globo, da Folha de S. Paulo ou de qualquer outra publicação, quando um candidato ameaça empresas de comunicação desse jeito, na verdade está querendo calar vozes que o incomodam. Em campanha, Bolsonaro repete o que já foi feito durante anos pela esquerda e não tenho dúvida nenhuma de que ganhando a eleição ele terá atitude tão desonesta quanto a do PT, talvez criando até blogs sujos e um sistema paralelo de informação e propaganda, nos moldes do que foi feito pelo partido do Lula no poder.

No Jornal Nacional dessa quarta-feira foi lida uma nota oficial da TV Globo dizendo que Bolsonaro fez uma “afirmação absolutamente falsa” quando falou em bilhões de recursos da propaganda oficial do governo. Segundo a nota “a propaganda oficial do governo federal e de suas empresas estatais corresponde a menos de 4% das receitas publicitárias e nem remotamente chega à casa do bilhão”.

Eu já estava colhendo uns dados sobre propaganda oficial antes de Bolsonaro tocar no assunto e já havia arquivado alguns dados. Em 2014 a emissora teve R$ 602,8 milhões em publicidade oficial do Governo Federal, quantia que caiu para R$ 396,5 milhões em 2015, após um corte de 34% feito pela então presidente Dilma Rousseff. Os dados foram obtidos pela equipe do site Poder360 usando a Lei de Acesso à Informação.

Segundo informações do site Meio e mensagem, considerando todos os negócios de mídia, em 2017 o faturamento com publicidade do Grupo Globo totalizou R$ 14,8 bilhões. Houve uma queda de 3,5% em relação a 2016. O grupo teve resultado operacional líquido deficitário de R$ 83,3 milhões em 2017, mas compensou as perdas com aplicações financeiras e receitas da operação de TV paga, com as quais obteve lucro de R$ 1,8 bilhão.

Esses dados dos sites Poder360 e Meio e mensagem servem como referência de que é verdadeira a nota da TV Globo. O mentiroso é o encapetado capitão. Mentiu de novo, diga-se.
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POR José Pires

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Siga Ciro Gomes que ele mesmo já disse pra onde vai

Se alguém precisava de uma boa justificativa para esquecer o candidato Ciro Gomes como opção de voto nesta eleição, ele mesmo deu um argumento irrefutável na entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, nesta semana. O candidato disse que “confia cegamente” em Carlos Lupi, ex-ministro de Dilma Rousseff e presidente do partido de Ciro, o PDT.

Lupi é manjado em política, de antigas tretas e mutretas, sempre usando seu partido da forma mais clientelista. A sujeira é tão encardida que em novembro de 2011 até a Comissão de Ética Pública do governo Dilma recomendou por unanimidade sua exoneração, quando ele teve que pedir demissão bem rápido.

E aí vem o Ciro Gomes e diz que confia cegamente nesta figuraça. É como se fosse um aviso, na forma daquela parábola bíblica: o eleitor que for atrás do Ciro já fica sabendo que estará sendo guiado por um cego.
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POR José Pires


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Imagem- A pintura é do grande Pieter Bruegel

Bolsonaro e seus fanáticos dissimulados

A única novidade que apareceu até agora dos lados de Jair Bolsonaro nesta campanha eleitoral foi a insólita figura do isentão de direita. Já estávamos acostumados com os isentões esquerdistas, aqueles tipos que chegavam dizendo “não sou petista nem simpatizante do PT, mas...” e mandavam ver um discurso favorável ao Lula, elogiavam o governo Dilma e sentavam o cacete nos adversários dos petistas.

E agora temos os isentões de direita, que aparecem com a mesma conversa mole, começando com a cantilena de “não sou simpatizante do Bolsonaro, mas...”. E mandam ver um lero a favor dele. Pior ainda, os isentões de direita usam o mimimi para alegar que podem acabar votando em Bolsonaro por causa de criticas que para eles são injustas. É quase uma ameaça, além da constrangedora contradição com o discurso do candidato do PSL. O mimimi não combina nada com a imagem eleitoral do encapetado capitão.

É até engraçado o chororô, já que a solidariedade tem como vítima o político de discurso mais violento da nossa história recente, um cabra que, conforme ele diz, não foge de briga e até propõe que os brasileiros se defendam com armas nas mãos e que já foi protagonista de lamentáveis bate-bocas nos quais insulta e procura humilhar mulheres e profissionais da imprensa que apenas fizeram perguntas que ele não gosta.
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POR José Pires

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Paulo Maluf enfim cassado

O deputado Paulo Maluf teve o mandato cassado nesta quarta-feira. A decisão foi tomada pela Mesa Diretora da Câmara e não pelos deputados em Plenário. A carreira de Maluf é longa em malfeitorias, com a impunidade favorecida até então pelos incontáveis recursos e medidas permitidas pela Justiça no Brasil. A condenação que leva agora à sua cassação, por exemplo, demorou mais de 20 anos para acontecer. E esta é apenas uma das denúncias contra este político tão marcado pela má-fama que seu sobrenome acabou virando verbo ligado à corrupção.

Em agosto de 2016 os bancos UBS, da Suíça, e Citibank, dos Estados Unidos devolveram US$ 25 milhões à prefeitura de São Paulo, dinheiro de movimentação financeira desviado da prefeitura paulistana na década de 1990. Maluf e seu filho Flávio são réus nos Estados Unidos, onde estiveram presos. O ex-deputado também já foi condenado na França a três anos de prisão por lavagem de dinheiro em grupo organizado. Ele ficou durante anos na lista de procurados da Interpol e por isso não podia sair do país.

Em maio de 2017, Maluf foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por lavagem de dinheiro durante a gestão como prefeito de São Paulo, entre os anos de 1998 e 2006. Finalmente em dezembro do ano passado ele começou a cumprir a pena em regime fechado, até que em março deste ano o ministro Dias Toffoli autorizou que ele cumprisse prisão domiciliar, alegadamente por problemas de saúde. Coisas de um país como o Brasil, inclusive com absurdos como o de ter um tipo como Dias Toffoli como ministro do STF.

O engraçado é que a saída de Maluf acontece sem que a Câmara Federal tenha demonstrado nenhuma dignidade política na cassação. Ele foi preso em dezembro e só foi afastado das funções legislativas em fevereiro, medida determinada pelo STF e não pela Câmara. Os líderes da Câmara também vinham adiando a cassação, evidentemente dando tempo para a renúncia do deputado ao mandato. Ao longo de agosto, a decisão pela cassação foi adiada por três vezes. Sem piada, os crápulas estavam permitindo uma “saída honrosa” para o colega Paulo Maluf. Isso no conceito de honra de grupos similares aos dos nossos políticos, a exemplo do que acontece na máfia.
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POR José Pires

Paulo Coelho, o hippie ricaço

O escritor Paulo Coelho deu uma entrevista ao suplemento XL Semanal, encarte cultural do jornal espanhol El Periódico. É uma de suas entrevistas mais engraçadas, mas não porque ele tenha sido espirituoso. O efeito qualitativo veio da irritação do escritor, que já no início ficou incomodado com questionamentos da jornalista Virginia Drake. Entrevistas do antigo parceiro do roqueiro Raul Seixas costumam ter um toque de humor involuntário, já que ele está sempre repassando filosofias em compota e sua visão metafísica de papo de maconheiro em volta da fogueira. Nenhuma delas, porém, pelo menos das que eu li, à altura dessa do XL Semanal, publicada no domingo. O mago que já fez chover em um deserto (sic) se superou.

>O escritor está lançando um livro novo, “Hippie”, que certamente traz as mesmas filosofices pretensamente literárias que lhe deram fama. Na chamada da entrevista, extraída do diálogo com a jornalista, fica claro o tom pretensioso que ele pretendia desenvolver no jornal espanhol, com aquele jeitão songamonga de quem traz o espírito repleto de verdades que se completam nas atitudes mais simples da existência. “Eu sou um homem muito seguro. As pessoas seguras não impõem, dão exemplo”, ele praticamente decreta. Sorte dele que a jornalista provavelmente não tinha a informação sobre os exemplos dele na política no Brasil, onde nos últimos anos se alinhou ao governo do agora presidiário Lula, frequentando inclusive festa de aniversário do ex-ministro mensaleiro José Dirceu, antes desse político petista ser condenado pela segunda vez por corrupção das brabas.

A jornalista pode não saber dessas coisas, mas teve uma conversa firme com Paulo Coelho, procurando extrair dele fundamento sobre suas filosofadas de sempre. O escritor não gostou nada do rigor e por pouco não acabou com a entrevista no meio. Logo no início do diálogo ele disse que “segue sendo um hippie”, o que soa mais como um chavão de marketing editorial, ainda mais quando uma afirmação dessas sai da boca de uma das pessoas mais ricas do mundo, um homem que costumamos ver na companhia de financistas, banqueiros, empresários poderosos e políticos que já ocuparam o poder em nações muito fortes. Numa fala sua nesta entrevista, este insólito hippie conta que até já teve um avião.

Diante da afirmação estranha, a jornalista apontou a contradição entre o que ele falava e o próprio lugar onde se dava a entrevista. Ela então perguntou se “é possível ser hippie vivendo em Genebra, numa casa extraordinária com vista para Montblanc, rodeado de obras de arte e com um mordomo”. O hippie de araque ficou muito bravo e tentou fugir do questionamento, alegando que ser hippie “não é o exterior, é o interior”, além de ser mais “a maneira de ver a vida”. Foi uma colherada da filosofia em compota, de que falei, mas a jornalista não engoliu. Ela contestou, lembrando que ser hippie era também uma forma de viver. E apontou novamente a casa luxuosa do escritor, que pouco tem a ver com uma forma simples de viver. O clima literário evidentemente não é o mesmo de um Henry Miller vivendo nas encostas de Big Sur, na Califórnia, empurrando pela estrada um carrinho de madeira com as compras do dia.

A jornalista foi bacana com o escritor brasileiro em seu exílio milionário, procurando avivar suas lembranças dos bons tempos da contracultura, ressaltando que os hippies eram “contestadores” e tinham uma rebeldia contra o sistema, rechaçavam o consumismo capitalista, defendiam o amor livre, além de viverem em contato com a natureza. Enfim, nada disso combina com um brasileiro ricaço que optou por viver na Suiça, em uma de suas localidades mais caras. Foi grande a irritação do escritor quando viu cair por terra o apelo de marketing de seu livro. A conversa foi tensa até o final, mas acabou valendo o esforço da jornalista. Não pela vontade do escritor, é claro, mas enfim acabou saindo uma ótima entrevista, a melhor que eu já li com Paulo Coelho.
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POR José Pires

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Uma nova Kátia Abreu para Ciro Gomes

Quando vi o exagero de Photoshop na foto de Kátia Abreu na foto oficial com Ciro Gomes tive que ir conferir. Parecia coisa de adversários, mas a imagem é mesmo da campanha. As piadas já correm. Um candidato que dá essa transformada na Kátia Abreu tira fácil o nome de todo mundo do SPC. Se fez isso com Kátia Abreu, imaginem o que ele pode fazer pelo Brasil. E por aí vai.

Agora com certeza vão mudar a foto, porque a própria Kátia Abreu já concordou que houve excesso de tratamento digital na sua cara. Fez isso do jeito dela, botando culpa no “pessoal de comunicação”, o que é lorota. Uma imagem dessas não seguiria pra frente sem receber o consentimento dos dois.

Ciro Gomes é um sujeito que sozinho já é capaz de desopilar o fígado do eleitor com suas fanfarronices e trapalhadas. Com Kátia Abreu de vice, o eleitor terá ainda mais motivo para rir. A coisa vai melhorar muito mais quando os dois começarem a brigar, o que parece inevitável pelo alto teor explosivo dessa união. O “pessoal de comunicação” que deixe o Photoshop de prontidão. Ainda vai ter muita coisa pra retocar nessa chapa.
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POR José Pires

Bolsonaro posando de última chance

Jair Bolsonaro anda se colocando num patamar elevadíssimo na sua intenção de ser presidente do Brasil. É ele ou o caos. Segundo o site O Antagonista, o candidato do PSL disse que o país não suportará mais “um ciclo de PT e PSDB”. E aí é que ele entra. “Esta é a última chance que nós temos de mudar o Brasil”, disse Bolsonaro, numa afirmação pretensiosa, com um exagero tanto em relação a sua pretensa capacidade de resolver situação tão complicada, quanto no estado de ruína praticamente irremediável que ele coloca o nosso país.

O desconhecimento histórico não é novidade dentre as avaliações feitas por Bolsonaro, mas é um equívoco bastante feio posicionar qualquer nação num ponto crítico que faz de uma eleição um tudo ou nada. O erro é ainda maior porque o raciocínio traz como figura capaz de salvar o país um político que sempre agiu como aliado do PT antes dos petistas se meterem nas embrulhadas que causaram o impeachment. Parece que o encapetado capitão se apercebeu da questão apenas quando notou o benefício eleitoral de seus lucrativos bate-bocas grosseiros com parlamentares petistas.

Pena que Bolsonaro tenha acordado tão tarde para o mal que o PT fez ao Brasil. Como parlamentar, sua ajuda poderia ter sido útil para evitar que os problemas do país chegassem a tanto, isso, é claro, se ele não tivesse ficado tão ocupado em turbinar com mediocridades sua carreira de político de baixo clero. E quanto ao que o candidato chama de “ciclo do PSDB”, independente das críticas que este partido merece, ninguém mais nega aos tucanos o mérito da autoria do plano econômico que foi a salvação do Brasil numa situação complicadíssima que o país teve que enfrentar tempos atrás. É o Plano Real, que todos conhecem muito bem. Da mesma forma que fez o PT, na sua criação este plano teve o voto contrário do deputado Jair Bolsonaro.
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POR José Pires

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Um cabo no caminho de Jair Bolsonaro

E eis que aparece uma novidade na eleição presidencial: Cabo Daciolo. Já estão fazendo bastante piada com sua performance no debate da TV Bandeirantes, mas com certeza quem não está achando graça nenhuma é Jair Bolsonaro. Com esta surpresa, ele perde a primazia de representar o voto de direita nesta eleição. O surgimento do Cabo Daciolo vai trazer complicações para Bolsonaro manter um perfil de eleitor que até agora lhe dava sustentação.

Neste debate da Band já deu para sentir o efeito na campanha com este novo candidato de direita falando de coisas que encantam os fanáticos que idolatram Bolsonaro, como por exemplo o Foro de São Paulo e outras teorias conspiratórias. O cabo revelou até uma outra ameaça vermelha, o tal do Plano Ursal. Pois a partir de agora Kit gay, anti-feminismo, estímulo a uma polícia violenta, ataques alucinados contra a esquerda, mistura de política com religião, liberação de armas, todas essas bandeiras que fizeram a fama de Bolsonaro ele terá que dividir com um competidor.

Cabo Daciolo está embalado no discurso radical de direita que a partir do final do governo do PT criou no país um tipo de militância que não existia antes, de comportamento moralista, com sentido militarista e apoio à propostas violentas. É tudo que Cabo Daciolo representa e de uma forma que pode ser mais uma atrapalhação para Bolsonaro. O cabo consegue ser mais histriônico que o capitão, podendo com isso atrair maior atenção e ganhar um pedaço do espaço antes exclusivo do candidato do PSL. Já dá para notar seu sucesso nas redes sociais, com aquelas zoações que como Bolsonaro sabe muito bem, são críticas que acabam tendo o efeito de popularizar uma imagem.

Essa novidade chega também em um momento difícil para Bolsonaro, que independente de um Cabo Daciolo atravessar seu caminho, entra num momento de sua campanha em que precisa equilibrar o discurso violento que até agora o sustentou, incorporando fatores novos e assumindo atitudes menos radicais para a ampliação de seu eleitorado. Com Cabo Daciolo entrando na parada, ficará mais delicado fazer esta transformação. Está até engraçado. Além de ter que atuar de forma mais amena para convencer faixas diferentes do eleitorado, Bolsonaro encara o risco da penetração de um adversário em seu próprio eleitorado. Vamos ver como o encapetado capitão resolverá esse estorvo em sua estratégia, mas até aqui estou torcendo para que o cabo avance com tudo sobre o território bolsonarista.
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POR José Pires


quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Fórum Brasileiro de Segurança Pública desarma Bolsonaro

Os dados divulgados nesta quarta-feira pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública trazem uma constatação, com números que mostram que a proposta de flexibilização do porte de armas no Brasil pode ter efeito contrário ao que vem sendo propagandeado por políticos que fizeram da liberação da venda de armas um forte apelo eleitoral. Como todos sabem, faz tempo que o candidato Jair Bolsonaro fatura com o tema, tratado por ele como uma solução prática para conter a violência no país. É a sua maior bandeira de campanha. Em 2014, Bolsonaro apresentou um projeto de lei na Câmara que libera o porte de arma de fogo, bastando o pretendente justificar a necessidade para sua segurança pessoal ou de seu patrimônio. Atualmente o Estatuto do Desarmamento restringe o porte às categorias profissionais que dependem de armas para o exercício de suas atividades.

Quanto à liberação do porte de arma, dados do relatório mostram que a aplicação do Estatuto do Desarmamento deu uma segurada nos homicídios provocados por armas de fogo. Entre 1980 e 2016 cerca de 910 mil pessoas foram mortas dessa forma. No começo da década de 1980 a proporção de mortes a tiros era cerca de 40 para 100 pessoas assassinadas. O índice cresceu sem parar, atingindo 71,1% em 2003, ano em que foi sancionada a lei restringindo a venda de armas. A partir daí, o número permaneceu estável até 2016.

Outra constatação do relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública que vai contra a liberação é que o maior crescimento de homicídios ocorreu exatamente em estados em que houve proporcionalmente um aumento maior de mortes por arma de fogo. O relatório aponta que se não fosse o Estatuto do Desarmamento o total de homicídios em todo o país teria crescido 12% além do observado.

Claro que os grupos favoráveis à liberação não se valem da lógica, muito menos da avaliação responsável de estudos e estatísticas sobre o assunto. A ideia de que uma arma na mão pode assegurar a defesa numa situação de violência não resiste a um raciocínio técnico sobre a questão. Nenhum especialista em segurança desvinculado de interesse financeiro ou político no tema apoiaria a crença de que a facilidade na compra de armas traria mais segurança coletiva, ainda mais em um país como o Brasil, onde o respeito moral e regras equilibradas de convivência sofreram uma tremenda implosão.

A proposta é ainda mais absurda quando vem apoiada na argumentação estapafúrdia do candidato Bolsonaro, com sua amadorística projeção de um aumento da segurança baseado no equilíbrio de forças entre bandidos e uma população mais armada. A imagem de três ou quatro bandidos sendo rechaçados a tiros por um pacato casal só cabe na cabeça de um fanático bolsonarista. O sonho de Bolsonaro parece ser o de um país com trilha sonora de Ennio Morricone e duelos ao entardecer, até porque ele parece não ter outra ideia de segurança que não seja a liberação de armas.

Sei muito bem que o assunto rende demais eleitoralmente para que passe a ser visto de forma lógica por políticos que há bastante tempo exploram sem escrúpulos o horror que toma da vida dos brasileiros. Já tivemos no poder o partido da raiva e agora aí estão os exploradores do medo buscando este mesmo poder. Esse pessoal vai manter o mesmo tom emocional, nesta proposta irracional de que a população assegure sua defesa com armas na mão. Eles vão tentar desqualificar de qualquer jeito este relatório, mas a verdade é que aí estão números sólidos demonstrando que as mortes só vão aumentar se for colocada em prática esta política do trabuco.
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POR José Pires

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Ana Amélia e Alckmin: confiança até prova em contrário

Nesta eleição já vimos que o mimimi da esquerda contaminou todo mundo. Até os fanáticos bolsonaristas andam derramando lágrimas fingidas com jornalistas do mal que fazem dodói em seu candidato. Mas certas perguntas são inevitáveis e ninguém está sendo poupado. Bolsonaristas reclamam do tratamento dado a Jair Bolsonaro no programa de entrevistas da Globo News, mas assistindo aos programas com os outros candidatos será possível conferir que Geraldo Alckmin teve tratamento parecido ao de Bolsonaro. Na minha visão, o ex-governador foi questionado até com mais dureza.

Vale lembrar também os apuros de Manuela D’Ávila, a pré-candidata do PCdoB que foi pro vinagre. No Roda Viva ela teve que explicar até o afeto de seu partido com seu querido bisavô político, Josef Stálin. A candidata que lutava como uma garota já começou seu chororô no próprio programa e depois derramou um mar de lágrimas parecido ao dos bolsonaristas. A surpresa foi ver depois os bolsonaristas fazerem o mesmo, eles, que como todo mundo sabe, lutam como machos.

O jogo é este. E o jornalismo vai fazendo seu serviço. Ainda bem que temos agora este rigor com os políticos, pelo menos em programas de entrevistas em período eleitoral. No geral, há bastante tempo que a classe política vem sendo absurdamente poupada pela imprensa, o que facilitou inclusive a roubalheira e a imensa incompetência que nos levou ao buraco.

Mas os fãs deste ou daquele candidato que se preparem. Agora vai começar o aperto dos jornalistas aos vices, com um efeito imediato na imagem dos titulares da chapa. Resposta de vice é mais difícil, já que ele fala por dois. Sempre existiu no país aquela conversa de que o vice não importa, mas o argumento caiu de vez com a arrumação que se deu com a queda de Dilma e a subida ao poder do vice Michel Temer. Pode ser que o eleitor tenha acordado de vez ao fato de seu voto eleger a chapa completa. A certeza é que o vice está em pauta.

Hoje a Folha de S. Paulo tentou travar o primeiro vice e este teve que resolver o questionamento livrando também seu lado. Saiu-se razoavelmente bem, mas o mais importante é que para mim parece que nasceu um método seguro do vice não arruinar sua carreira na cola de comprometimentos perigosos dos titulares. A entrevista foi com a senadora Ana Amélia, vice de Geraldo Alckmin, para quem a Folha apontou as investigações em São Paulo devido a obras e doações eleitorais e perguntou se ela “põe a mão no fogo pelo ex-governador”.

Ana Amélia respondeu o seguinte: "Ponho. Pus a mão no fogo pelo Aécio até que tomei conhecimento daquela barbaridade que ele fez. O que fiz? Usei a régua moral. Votei pelo afastamento dele. Hoje, ponho a mão no fogo [por Alckmin], mas na hora em que me der — e não me dará — motivo para desacreditá-lo, farei o mesmo”. É aí que entra o método de que falei. A relação do vice com o titular tem que ser assim: uma mão no fogo, outra na frigideira.
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POR José Pires

A enquadrada do PCdoB na candidata que lutava como uma garota

O que ocorreu com a candidata do PCdoB que teve sua candidatura negociada pelo partido com o PT é um velho desfecho da esquerda, que vem do comportamento histórico dos comunistas quando existia ainda o Muro de Berlim e as ordens vinham do lado de lá do muro.

A candidata comunista que afirmava com orgulho que lutava como uma garota viveu algo parecido ao processo de tantos outros esquerdistas que depois de acreditarem em algo diferente no partido acabavam tendo que encarar o momento da convocação para uma reunião, quando ouviam dos dirigentes partidários o seguinte: "Agora nós vamos fazer a sua autocrítica".
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POR José Pires

Kátia Abreu, agora na mira do PT

A senadora Kátia Abreu deixou de ser bandida de estimação dos petistas logo que passou a ser vice de Ciro Gomes. Já foram buscar até o troféu Motosserra de Ouro, que ficou bem escondido enquanto ela servia ao governo do PT como ministra da Agricultura de Dilma Rousseff, na parceria mais estrambótica já surgida com o endoidecimento absoluto da política brasileira.

Kátia Abreu era inimiga feroz do PT quando foi premiada como zoação com o troféu Motosserra de Ouro pela ONG Greenpeace. A provocação foi em 2010, quando a senadora participava da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Cancún, México, como presidente da Confederação Nacional da Agropecuária (CNA). Na época a parlamentar era da bancada ruralista e tinha brigas ferozes com os petistas, com divergências sobre trabalho escravo, demarcação de terras indígenas, reforma agrária e outras bandeiras da esquerda.

A senadora fazia oposição tão radical ao PT que acabou caindo nas graças do jornalista Reinaldo Azevedo, já bastante conhecido como antipetista. Em seu blog então publicado no site da revista Veja ele passou a exaltar Kátia Abreu como promissora liderança política. O namoro ideológico dos dois durou só até a senadora estranhamente passar para o lado do PT, mudando totalmente de discurso. Em 2015 ela foi nomeada ministra da Agricultura para o segundo mandato de Dilma, mantendo-se fiel até a queda da presidente com o impeachment.

Agora como vice de Ciro, ela volta a ser alvo de seus ex-parceiros de governo. Os petistas já retiram das gavetas suas divergências com a ex-ministra, que passa a ser atacada como representante do agronegócio, inimiga do meio ambiente, de indígenas, quilombolas e o que mais aparecer. Logo será chamada de direitista, fascista, esses insultos distribuídos pela esquerda contra qualquer um que não faz parte da curriola. E Kátia Abreu que se prepare, pois o petismo trata de maneira ainda mais feroz aqueles que deixaram de ser bandidos de estimação.
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POR José Pires

Manuela D’Ávila: o fim da candidata que luta como uma garota

É a esquerda que mais usa politicamente o feminismo e vem sendo exatamente a esquerda que mais rebaixa as mulheres na política. No PT nós temos o exemplo da eleição de Dilma Rousseff, usada pelo partido como exemplo do “empoderamento” da mulher, como eles gostam de falar. Mas sua eleição é uma fraude como feminismo. A “presidenta” foi mesmo coisa apenas de propaganda. Dilma surgiu de um dedaço do chefão Lula. Foi candidata e se elegeu simplesmente porque ele quis.

Do próprio Lula existem várias histórias de seu machismo, como sua menção grosseira ao mulherio de “grelo duro” do PT, quando num telefonema ele mandou que atacassem os adversários. Até nisso a esquerda rebaixa as mulheres, fazendo delas meras buchas de canhão, mandando suas parlamentares para ações mais radicais porque sabem que por serem mulheres elas serão poupadas. Foi desse jeito que os homens da bancada da esquerda no Senado tramaram o plano daquela ocupação ridícula da mesa da presidência, tomada apenas por parlamentares da bancada feminina.

Nesta segunda-feira apareceu mais um exemplo da desmoralização da liberdade da mulher feita pela esquerda, com a determinação de que Manuela D’Ávila, do PCdoB, desista da candidatura a presidente da República para ser vice do poste que Lula escolher para ficar em seu lugar, pois todo mundo sabe que ele não pode concorrer, por ser ficha-suja. A comunista Manuela estava até usando o fato de ser mulher para valorizar sua candidatura. Pois agora terá de desistir de tudo porque o chefão mandou. E aquela camiseta com a frase “Lute como uma garota”, ela que vá para o vasto armário de frases vazias da esquerda.
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POR José Pires

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Marta Suplicy fora da política


A senadora Marta Suplicy anunciou nesta sexta-feira sua desfiliação do MDB e sua saída da política. Em nota, ela afirma que atuará apenas na sociedade civil. A imagem que ela pretende dar a esta retirada é de renúncia, mas a verdade é que foram tantos passos errados desde a criação do PT, do qual ela foi uma fundadora, que atualmente na política a senadora não tem muita coisa para abandonar.

Nos últimos anos em que esteve no PT, ela assistiu às maiores bandalheiras do partido sem tomar posição alguma. Passou pelo mensalão, depois veio o petrolão, os petistas foram abusando da política brasileira de uma forma nunca vista, com propinas para os amigos do poder e pressões políticas sobre adversários e críticos do governo. Instituições foram aparelhadas, com o sistema político servindo de mero instrumento para uns poucos ganharem dinheiro de forma ilícita e se aproveitarem dos cofres públicos.

Foi um período de destruição econômica do país e de um rebaixamento moral da política e da sociedade brasileira como nunca houve em nossa história. Mesmo assim, Marta manteve-se calada, aproveitando um ou outro naco de poder, pegando ministério de pouco peso político, alguma verba eleitoral, sempre à espera de uma fatia maior do poder, o que Lula jamais permitiu. A senadora só foi assumir uma contrariedade ao descalabro imposto ao país por Lula e seu partido quando forças políticas e sociais já estavam para tirar o chefão do PT e sua pupila Dilma Rousseff do poder com o impeachment.

Mas já era tarde. A carreira política de Marta já descambava quando ela fez a mudança para o MDB, abandonando seu partido em ruínas. Na última eleição municipal, ela sofreu uma derrota dura na cidade onde tem sua base eleitoral. Ficou em quarto lugar na disputa pela prefeitura de São Paulo, com menos de 10% dos votos válidos. E se fosse disputar as eleições desse ano não poderia tentar de jeito nenhum a reeleição para o Senado. Teria sérias dificuldades até na eleição para a Câmara Federal.

Por inabilidade, arrogância e uma aliança de longo tempo com parceiros que ela deixou de perceber que jamais lhe dariam espaço para crescer, a senadora afundou sua carreira de tal forma que acabou ficando com pouquíssima chance de se restabelecer politicamente. Marta Suplicy procura escamotear o fracasso de sua carreira com uma despedida em tom de renúncia, mas na verdade foi a política que renunciou a ela.
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POR José Pires