quinta-feira, 30 de julho de 2015


quinta-feira, 23 de julho de 2015

Déficit de projeto

Pronto, o problema econômico brasileiro já é oficialmente do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Tomara que ele não tenha uma nova gripe agora. Nesta quarta-feira o ministro anunciou que a meta de superávit de 1,1% do PIB para 2015 caiu na realidade para 0,15%. A redução é de 86%, corte tão grande que exige uma repetição, para que ninguém ache que é deslize de digitação: oitenta e seis por cento. A economia inicialmente prevista, que era de R$ 66,3 bilhões, cai para R$ 9 bilhões. Perceberam que já estão postas todas as chances para o PT colocar em campo um discurso para 2018 de que uma política liberal não é o caminho para o Brasil? É um "Fora, Levy!" com gosto de "Volta, Lula!".
Logo que Dilma tomou posse e começou a anunciar cortes e outras medidas muito diferentes do engodo otimista que vendeu durante a campanha, ainda no início de janeiro eu escrevia que era uma tremenda bobagem os tucanos ficarem se gabando de que neste segundo mandato ela já estava fazendo algo similar ao projeto que Aécio Neves colocaria em prática se tivesse sido eleito. Em texto publicado aqui no blog, eu alertava que, novamente, inexistia a ideia de qualquer projeto econômico do PT para a economia brasileira. Era só mais um remendo econômico, o que nunca pode dar certo certo na administração de um país, muito menos numa crise dessa magnitude. Quem já viveu a porção de pacotes econômicos que o Brasil já teve, sabe muito bem que raramente um problema na economia pode ser resolvido por receita meramente econômica.
O ministro Levy já está fazendo um discurso com justificativas quanto ao problema que agora é dele de fato, porém nem nisso ele é bom. Aliás, seu perfil de burocrata é uma contra-indicação para ocupar o ministério da Fazenda numa situação dessas. Mas Dilma não tinha onde arrumar um Pedro Malan ou então um Fernando Henrique Cardoso, este último a bela tacada do presidente Itamar Franco para ajudá-lo a reformar o país que pegou arruinado moralmente e com a economia embolada inclusive pelas medidas radicais do breve e desastroso governo Collor. No entanto, FHC já não tem idade para encarar uma bomba dessas. Tenho certeza de que ele não aceitaria o trabalho, como ministro de Dilma, de trazer algum otimismo para este entristecido país.
E estou falando isso em apoio total ao que os tucanos fizeram nos dois mandatos que foram juntados ao governo Itamar? Nada disso, mas esta é a realidade que temos de uma interferência forte de um governo numa crise. E de resultados altamente positivos, com benefícios de longo prazo que os idiotas políticos do PT não souberam aproveitar. Mas acontece que até hoje os petistas não aceitam o Plano Real, nem como um acontecimento histórico de onde dá para extrair vasta experiência sobre os problemas políticos e de gestão enfrentados numa crise. E um beabá prático muito claro dessa época e bastante simples — já que foi experimentado — é o de que uma crise braba não se enfrenta com um ministro com o perfil de Joaquim Levy. E não vai nisso nenhum juízo de valor sobre seu saber econômico. É que, parafraseando o famoso chavão do assessor de Bill Clinton, neste caso a questão não é só a economia, estúpido! Mas não existe jeito da presidente Dilma arranjar alguém mais adequado ao cargo. Levy é o melhor que pode ter o governo do PT. E então, pior para todos nós.
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POR José Pires

Link: Liberal de araque

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Habeas corpus para um necessitado

Desta vez tem mesmo petista graúdo tentando se prevenir com habeas corpus preventivo para não ir em cana. O ex-ministro José Dirceu entrou nesta quinta-feira com o pedido na Justiça para evitar uma ordem de prisão relacionada aos esquemas de corrupção da Petrobras. O mensaleiro condenado, que já foi tido pelo ex-presidente Lula como "capitão" de seu time na presidência da República, vem sendo defendido por seis criminalistas, o que já de cara desmente o argumento central de seus advogados no habeas corpus, que é o de que ele nem tem tanto dinheiro assim.
Isso mesmo: os advogados do "consultor" mais próspero do país afirmam que José Dirceu é um homem de poucas posses. Será que vão fazer outra vaquinha para pagar a banca? E de justificativa em justificativa, na peça jurídica criada por um dos escritório de advocacia mais bem pagos do país acabou saindo uma teoria que é de ficar para os anais da história jurídica brasileira. Pelo sentido de humor, é claro. É aí que a gente tem que perguntar como é que advogados tão bem pagos podem produzir um negócio desses. Ou a culpa será do estagiário? O prêambulo do habeas corpus preventivo é coisa de autor inspirado, com uma queda pelo romantismo. Mas além da veia romântica, no texto destaca-se o humor, o que pode ter sido um efeito inesperado, ao menos pelos autores. Eles queriam tocar o coração do leitor, sem dúvida, no entanto foi pelo fígado que obtiveram reação.
Os advogados dizem que o ex-ministro mensaleiro está "no crepúsculo da vida" e também "não construiu castelos, não criou impérios ou acumulou fortuna". Parece diário de adolescente, não é mesmo? Mas não ria ainda. Tem mais. Este “crepúsculo”, dizem eles, deixa o mensaleiro na condição de nem ter “a perspectiva de viver para ver sua sentença final”. Ora, então torçamos para que o processo se resolva bem rápido. E longa vida ao ilustre mensaleiro, agora encalacrado em outro escândalo de corrupção.
Mas o bom mesmo no habeas corpus do Dirceu é a justificativa que dão para sua inocência. A tese é das mais interessantes. Os advogados afirmam que nas delações da Operação Lava Jato ninguém acusa diretamente seu cliente, mas que "amigos pediram por ele". E aí eles soltam a cacetada, que parece bordão de programa de humor. Ainda que fosse verdade que amigos de Dirceu faziam esses pedidos, escrevem os advogados, isso “só demonstra sua necessidade”. Parece coisa escrita por um desses gaiatos que inventam notícias para fazer piada na internet, mas é o que está no habeas corpus. E, sem dúvida, é também para fazer sucesso na internet. Mas foi a sério.
Que o país vai muito mal em todas as profissões, a gente já sabia. Mas é novidade esse tipo de defesa que, ainda que de forma involuntária, entra no clima de zoação que tomou conta da vida brasileira. Confira se não tenho razão, lendo o texto na íntegra, cujo link publico abaixo. Agora, até os habeas corpus trazem um pouco de humor para a vida dos brasileiros.
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POR José Pires



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