segunda-feira, 30 de julho de 2018

Daniel Ortega, Maduro, Morales, Fidel Castro e Lula: parceiros históricos de Chico Buarque

Foi divulgado pelos organizadores do chamado “Festival Lula Livre” um vídeo com Gilberto Gil e Chico Buarque, no qual Gil dá uma explicação, bem do jeito dele, sobre o motivo da presença dos dois no evento. Depois eles cantam a música “Cálice”. Bem, “cantam” é modo de dizer. Chico Buarque nunca foi grande coisa como cantor, limitação que piorou com a idade. E ficou no passado o excelente cantor que foi Gil. Ele esteve muito doente e ainda teve um problema grave nas cordas vocais. O resultado musical é triste, assim como é muito triste ver dois grandes artistas na ocupação lamentável de servir de apoio a um salafrário que comandou um ciclo de governos que arrasou com o Brasil.

Gilberto Gil chegou a servir diretamente a Lula, como ministro da Cultura. Foi um cargo de encomenda, no uso de seu prestígio como artista para amaciar o atrito entre o governo petista e a classe artística. A política de cultura do governo petista foi planejada para desmobilizar a atuação crítica e tornar homogêneo um setor cuja função essencial é exatamente o de estimular diferenças. Com Gil e o sucessor indicado pelo próprio compositor foi estabelecido um conceito de cultura estatal, servindo exclusivamente aos apoiadores do projeto petista de poder.

O vídeo dele e de Chico Buarque do tal “Festival Lula Livre” é até engraçado, pela forma enrolada do baiano falar. Como todos sabem, é uma marca própria, que já deu muita piada. Mas o mais engraçado é que Gil não fala coisa com coisa e passa a palavra para Chico, que diz então que concorda com tudo que o colega disse. Aí é também um estilo próprio. Chico é o artista brasileiro mais ideológico da sua geração. Sempre procurou fazer a cabeça dos colegas para envolvê-los no apoio à ditadura de Fidel Castro em Cuba. No entanto, ele sempre foi do trabalho prático, negando-se sempre a responder sobre este assunto, mesmo quando parecia um funcionário da propaganda do regime cubano, criando pela via cultural uma movimentação de favorecimento ao regime comunista imposto a ilha.

Esse comprometimento político evidentemente cria a obrigação de Chico Buarque dar explicações sobre o que está acontecendo em Cuba, país atualmente arrasado por um modelo político e econômico. Ele também deveria tomar uma posição pública sobre o que ocorre na Venezuela e sobre os crimes de Daniel Ortega na Nicarágua, onde seu governo usa bandos paramilitares de esquerda para matar oposicionistas nas ruas. Até agora já são cerca de 400 mortes, incluindo uma brasileira. Mas ai de quem for perguntar a Chico sobre essas coisas. Ele costuma ficar indignado com esse tipo de questionamento e logo é defendido por aliados, na defesa do que parece até piada: o direito dele ficar calado. Este deve ser um “Cálice” do bem.

Mas alguém pode se perguntar o que é que o Chico tem a ver com a Venezuela ou com o governo criminoso de Ortega na Nicarágua. Ora, ambos fazem parte de um conjunto político do qual o compositor tomou parte ativamente, fazendo seu trabalhinho na área da cultura, enquanto a ditadura cubana prendia, torturava e matava. Durante os anos 70 e início dos 80, Chico trabalhou decididamente para melhorar a imagem do governo de Fidel Castro. Ele colaborava com a Casa de las Américas, instituição estatal que cuidava da diplomacia cultural. Atraindo o apoio de artistas e escritores, a ditadura cubana buscava evitar na América Latina a discussão crítica sobre seu governo, que inevitavelmente levantaria graves problemas com  os direitos humanos e a liberdade de expressão.

Chico organizou caravanas de brasileiros para Cuba, numa contradição grotesca: artistas e escritores que reclamavam — com toda razão — da falta de liberdade no Brasil iam a Cuba apoiar o regime de Fidel Castro. E tem também o governo criminoso de Daniel Ortega, pois até com isso o caladão Chico Buarque tem laços antigos. Em razão do DNA castrista, o governo sandinista percorreu um percurso comum, de um movimento que derruba uma ditadura e depois no poder se desvirtua, passando a agir com autoritarismo. A trajetória se completou agora, com o corrupto e criminoso Ortega matando os nicaragüenses. Pois logo depois da derrubada do ditador direitista Anastasio Somoza, com os sandinistas já agindo como uma ditadura, Chico tentou atuar como um diplomata do governo sandinista.

Essa história se perderia se não tivesse contada por Carlos Drummond de Andrade em uma entrevista. Sim, ele mesmo, o grande Drummond, que numa noite de 1986 recebeu um telefonema de Chico Buarque. O poeta já estava indo dormir. Ele ficou espantado de ser procurado naquela hora da noite. "Meu Deus, aconteceu um drama, para o Chico me procurar", ele disse. Então ele recebeu o compositor, que chegou acompanhado de um homem da embaixada da Nicarágua. Os dois vinham reclamar de uma crônica de Drummond, publicada no Jornal do Brasil, que falava sobre o fechamento do jornal La Prensa pelo governo sandinista. Pediam que Drummond reconsiderasse as críticas feitas ao governo. O sandinismo já revelava seu caráter autoritário, na época já com Daniel Ortega no comando. Drummond conta que explicou aos dois que o que escrevia era resultado de sérias ponderações e botou Chico e o funcionário do governo nicaragüense para fora de sua casa.

Um dia desses Chico Buarque precisa ser questionado sobre essas antigas ligações tão firmes com o autoritarismo, para que seus fãs tenham o conhecimento histórico de sua real posição política, do apoio direto a um terrível regime comunista, até sua aliança atual com um salafrário que roubou o país e destruiu a economia brasileira. Mas se alguém for questionar o compositor, que se prepare para seus melindres. Ele não gosta de falar dessas coisas. Alegará que é intimidação política, vai se fazer de vítima, o conhecido mimimi da esquerda quando é cobrada por suas responsabilidades. E muita gente que cai nessa conversa sairá em sua defesa, alegando inclusive o respeito a intimidade de um homem que durante sua vida serviu de forma explícita a regimes autoritários na América Latina e reserva-se a um estranho direito de jamais prestar contas sobre as consequências do que faz.
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POR José Pires

quarta-feira, 25 de julho de 2018


O programa de governo de Ciro Gomes: mandar em todas instituições

Com a candidatura do boquirroto Ciro Gomes já oficializada, o Estadão publicou uma entrevista dele para a TV Difusora do Maranhão, que traz uma proposta política que deve interessar ao eleitor. É muito importante ter atenção ao que esses candidatos saem falando pelo interior do país, pois é onde eles relaxam e descuidam da interpretação do papel de estadista encenado para a mídia nacional.

A entrevista é do dia 16 deste mês. Nela, Ciro afirmou que Lula “só tem chance de sair da cadeia se a gente assumir o poder e organizar a carga”. Bem, pelo menos não se pode dizer que ele não tem programa de governo. O programa é tirar da cadeia o condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. Condenado em duas instâncias, cabe lembrar.

Mas tem mais: o esquema revelado pelo candidato do PDT tem como base sufocar o Ministério Público e o Judiciário, impondo sobre essas instituições um poder autoritário do Executivo. A explicação é mais impactante na forma peculiar da fala do candidato. “Botar juiz para voltar para a caixinha dele, botar o Ministério Público para voltar para a caixinha dele e restaurar a autoridade do poder político”, ele disse.

Então já está avisado pelo próprio Ciro que seu plano de governo é passar um trator sobre as instituições, impondo o poder pessoal do presidente sobre o Judiciário e o Ministério Público. Ao expressar esta visão, Ciro nem precisa dizer como será sua relação com o Poder Legislativo. É bom espalhar essas coisas que o candidato sai falando por aí, porque Ciro tem um lero com o qual aproveita o descuido das pessoas com a informação. Sua estratégia é de enrolação, com ares de que domina como ninguém as grandes questões nacionais.

Mas às vezes acontece de ele próprio cometer um descuido, quando revela sua verdadeira face. O caso desse plano para colocar o Judiciário e o MP “na caixinha”, serve inclusive para deixar mais claro a razão de ele acreditar de forma absoluta que com o governo Maduro a Venezuela vive atualmente uma democracia.
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POR José Pires

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Risco-Bolsonaro: a direita que é um perigo para o Brasil

O discurso da advogada Janaina Paschoal na convenção que oficializou a candidatura de Jair Bolsonaro levantou uma questão que já está bastante clara desde que a direita brasileira passou a participar ativamente do debate político nacional. Quem frequenta as redes sociais desde os tempos de luta contra o governo federal nas mãos do PT sabe o sufoco que era ter por perto, na oposição, os bandos de direitistas que baixavam o nível de qualquer discussão e traziam temas incômodos que favoreciam os petistas. Desde aquela época, o comportamento da direita é de um grau de autoritarismo muito parecido ao do PT, com a diferença apenas de posicionamento ideológico. Depois da queda de Dilma pioraram bastante em arrogância e agressividade, até porque exageram sua influência no impeachment da presidente petista.

Tanto o PT quanto a direita tem a mesma ânsia de controle do que os outros falam ou fazem, a intolerância é igual, sua militância tem o mesmo hábito de assumir com fanatismo crenças políticas absurdas que não resistem ao raciocínio lógico mais básico. A grosseria da direita favorece aos de pior índole, sua superficialidade tem uma atração forte sobre ignorantes. Como são chatos. Na convenção, até o general Augusto Heleno teve que pedir a alguns deles para baixarem a bola e parar de exigir que o militar fosse mais agressivo no discurso.

Não é à toa que no Brasil muitos políticos de direita e de esquerda vêm se alimentando mutuamente há muitos anos. O próprio Bolsonaro deve seu sucesso extraordinário ao embate com parlamentares petistas que não souberam avaliar que de forma idiota estavam abrindo uma ampla chance para a direita de ocupação gradual de espaço político e da criação de uma empatia popular. O "mito" idolatrado pela direita nasceu na verdade dos mais baixos bate-bocas da política nacional.

Em seu discurso na convenção, Janaina foi de uma coragem rara, com um recado franco ao pessoal do Bolsonaro. “Reflitam se nós não estamos correndo o risco de fazer um PT ao contrário”, ela disse, errando em absoluto no tempo da frase e na possibilidade de conserto deste caráter do bolsonarismo, corrente política que deve sua existência exatamente ao fato de ter se constituído como um PT ao contrário. Janaina não se atina também a uma questão importante, que torna a direita tão perigosa quanto o PT. É um risco relacionado igualmente ao tempo. O que o país precisa é sarar de seu sofrimento depois de mais de uma década de PT no poder. Pode ser fatal ao Brasil adquirir feridas novas com outro projeto autoritário.
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POR José Pires

A gramática esquerdista na boca dos bolsonaristas

A tola influência do politicamente correto na vida dos brasileiros — na estúpida insistência esquerdista em confundir gênero gramatical com gênero sexual — foi sentida neste domingo em um lugar inusitado: a convenção do PSL que oficializou a candidatura de Jair Bolsonaro. E o disparate veio de figura igualmente improvável de obediência à nova gramática pretendida pela esquerda.

Saiu da boca do deputado Fernando Franciscchini, um dos, digamos, cabeças da candidatura de Bolsonaro. Ele começou seu discurso com a seguinte frase: “Bom dia a todas e a todos”. É o tipo da coisa que parece fake news de adversário, mas ele falou mesmo. E o cara é coordenador da campanha de Bolsonaro. Tomara que ele não chame a professora Janaina de vice-presidenta.
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POR José Pires

Janaína Paschoal, Bolsonaro e seu PT ao contrário

Em foto publicada no Twitter, o deputado federal Fernando Francischini mostra a animação de Jair Bolsonaro chegando à convenção deste domingo para a oficialização de sua candidatura a presidente pelo PSL. Querendo agora ser senador, há pouco tempo o deputado assumiu o nome de guerra de Delegado Francischini. Parece coisa de vereador do interior, mas se preparem que este é o nível das figuras de destaque ao lado de Bolsonaro. Agora atendendo por apelido, o deputado Francischini é providencial para mostrar a diferença prática entre o discurso determinista do candidato a presidente e a realização prática. Bolsonaro já afirmou que presidente não precisa conhecer economia, bastando ter ao lado entendidos da matéria. Pois Francischini é um especialista de Bolsonaro em segurança. Ele foi secretário de Segurança do Paraná, no governo de Beto Richa. Teve que sair correndo do cargo em razão de uma das mais desastrosas operações de segurança em torno de uma manifestação de professores estaduais. A operação policial em abril de 2015 acabou em uma repressão descontrolada, com mais de 200 feridos.

Mas, voltando à convenção de oficialização do nome de Bolsonaro, falta ainda saber quem será vice-presidente, que depois de muita especulação, além das negociações de praxe com outros partidos do chamado “Centrão” que não deram em nada, fixou-se no nome de Janaina Paschoal. Ela pediu um tempo para decidir, pois, conforme suas próprias palavras, isso não se resolve “em dois dias”. Falando na convenção, o próprio filho de Bolsonaro, deputado Eduardo Bolsonaro, trouxe elementos para uma profunda meditação até a decisão no início de agosto, para que a valente professora se conscientize sobre o que terá pela frente se resolver encarar a parceria.

O filho de Bolsonaro a comparou ao torturador Brilhante Ustra. Janaina já disse em entrevista a Jovem Pan que ao ouvir as boas-vindas com a referência a Ustra seu sentimento foi de “um soco na cara”, mas que “tenta analisar o intuito de quem fala”. Bem, então que prepare a cara. Entre a tigrada, no geral o estilo é o desse cavalheiro. É difícil saber de onde o deputado tirou a comparação e se pediu a opinião de alguém sobre o que ia dizer. Certamente não foi feita uma avaliação com um marqueteiro competente, que não deixaria de notar no âmbito da campanha a menção despropositada a corda em casa de enforcado. A referência ao torturador também desqualifica a história de uma professora de direito da USP e vai absolutamente contra a necessidade de, digamos, arejamento político da chapa presidencial, exatamente a serventia da presença dela como vice.

Não foi fácil a vida de Janaina Paschoal durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff no Senado, mas o que vem por aí pode ser tão pesado quanto aquela parada dura enfrentada corajosamente por ela sob os ataques da tropa de choque petista, com o partido do Lula ainda com o poder da máquina pública. Essa direita em torno de Bolsonaro tem todos os defeitos dos petistas, inclusive sobre a pretensão de decidir o que os brasileiros devem fazer na cama. São agressivos, querem todo mundo pensando igual a eles, torram a paciência do mesmo jeito dos petistas. Só diferem no argumento, contrário ao palavrório esquerdista.

Em seu discurso, Janaina fez uma menção a esta semelhança de comportamento autoritário, embora ela acredite ser possível uma correção, dando equilíbrio às fortes emoções que envolvem a candidatura de Bolsonaro, para evitar que eles não “virem um PT ao contrário”. A professora da USP tem um cacoete de fechar raciocínios com a expressão “Tão entendendo o que eu tô falando?”. De certa forma, o filho do Bolsonaro exibiu a capacidade de compreensão com a qual ela terá de lidar. E como ele falou antes dela na convenção, sua resposta é ainda mais interessante porque anula a necessidade da pergunta.
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POR José Pires

quinta-feira, 19 de julho de 2018

William Waack e a qualidade do jornalismo na TV e na internet

No vazio de qualidade das comunicações no Brasil pelo menos uma notícia boa apareceu esta semana. William Waack está fechando contrato com a BandNews onde pode estrear um programa na TV por assinatura e depois na TV aberta, em prazos de acordo com cláusula de quarentena de sua rescisão com a Rede Globo, um ano no primeiro caso, seis meses no segundo. Como todo mundo deve saber, a saída do jornalista foi causada em tese pelo vazamento de um vídeo tolo de bastidores de gravação, inflado criminosamente com a injusta acusação de racismo atiçada pela esquerda nas redes sociais.

Este foi mais um estrago das batalhas vazias que esse pessoal arruma o tempo todo, que são um complicador muito forte da crise brasileira. Já foi pior quando o partido da raiva detinha o poder e podia usar a máquina contra qualquer um que fosse julgado como alvo de ocasião. Foi pesado o efeito da pressão da máquina nas mãos da esquerda. O duro foi aturar até jornalistas e sindicatos do setor aplaudindo a falência de publicações e demissão de colegas, sem levar em conta o desmonte causado em um setor essencial para qualquer país, ainda mais na situação de um país que precisa levantar-se, como acontece com o Brasil.

O resultado foi desastroso no setor de comunicações, de duas formas. Pelo abate e intimidação de vozes de qualidade e pela doutrinação de uma juventude que entra no mercado de trabalho já com a cabeça feita. Existem os que fizeram disso um meio de vida e tem também os profissionais ingênuos politicamente. Estes atuam com o engano implantado em suas mentes por um ensino superior dominado por doutrinários de esquerda. Juntam-se doutrinação e incapacidade técnica. Os coitadinhos pensam que atuam com os melhores ideais, quando na verdade são apenas instrumentos de projetos de poder baseados em fórmulas comprovadamente falhas e até criminosas historicamente.

Independente do que se pense de William Waack, sua demissão foi definida neste clima de manipulação e intimidação, sistema que depois de implantado artificialmente por meio da educação e o aparelhamento parece que agora anda sozinho. A Rede Globo errou tecnicamente na demissão de Waack, apesar de sua saída aparentemente fazer parte de questões políticas internas — o vídeo vazado tem todo o jeito de ter sido apenas pretexto para este acerto de contas na luta interna por poder. Digo "erro técnico" porque sua qualificação profissional é do tipo que pode alterar com qualidade o conjunto do trabalho de uma empresa. Se a Globo aproveitou com toda a amplitude suas qualidades profissionais, isso é outra questão, afeita também ao jogo de forças interno e suas implicações externas, com demonstrações muito claras de que até o momento o efeito não é bom na qualidade jornalística da emissora.

A Globo acabou ficando sem alguém muito competente, especialmente em uma área sempre importante e de ainda mais peso nos tempos em que vivemos: a da política internacional. Cito esta área pela condição de terra arrasada da cobertura internacional no jornalismo brasileiro, no entanto Waack é um jornalista completo, se dando muito bem na análise política e na economia, com muita capacidade de informação e interpretação dos fatos. Suas avaliações sobre as variadas crises dos últimos tempos são de inteligência rara, o que o coloca evidentemente sob a mira de um projeto de poder que parece ainda meter medo. Se este clima de medo teve influência na sua demissão, pode ser que um dia as razões venham ao conhecimento público.

É admirável a qualidade das publicações que o jornalista colocou em pouco tempo no ar na internet em seu canal no Youtube, o Painel WW. Nem vou falar de “volta por cima” porque pelo material apresentado pelo jornalista e a forma política da transição a condição é de uma mudança de qualidade. Para melhor. Na apresentação de seu canal na internet, num vídeo na cabeça da página, pode-se pegar uma menção de causa e efeito, quando ele diz meio brincando que “não tem nenhum chefe no ponto falando comigo”. De fato, pela qualidade dá para notar.

Houve época em que quando ocorria algum problema parecido a Globo mantinha profissionais desse porte em geladeira de luxo. Por economia ou outra razões deixaram de fazer isso com William Waack, que depois do vazio criado no lugar de onde saiu, agora pode vir a fortalecer uma emissora concorrente. O problema maior da Globo com isso nem é o da TV aberta, mas da TV por assinatura — por onde o profissional deve começar —  e mais ainda pela interação da televisão com a internet, na criação dessa conexão do jornalismo com as novas tecnologias, sintonia essencial para a sobrevivência do jornalismo na TV, que Waack mostrou em pouco tempo que sabe fazer muito bem.
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POR José Pires


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quarta-feira, 18 de julho de 2018

Ciro Gomes e sua grande esperteza

Em qualquer aparição pública de Ciro Gomes dá logo para notar que ele gosta bastante dele mesmo. Ama de paixão. Quase tudo que é dito pelo pré-candidato a presidente do PDT tem um tom de autoelogio. Nas próprias frases ele destaca seu valor como administrador e político, bem do jeitão dele, sem nenhum respeito pela verdade histórica ou a condição atual dos lugares pelos quais passou.

Até o Ceará deve respeito a ele, pelas maravilhas que fez como governador, como costuma falar o tempo todo, sem atinar para a lamentável miséria e violência sem limites naquele estado depois de anos sob o poder de seu grupo político. Quando ao governo do PT, sua versão também não bate com o que sabe a maioria dos brasileiros. Os governos petistas contaram sempre com seu apoio, tanto para Lula quanto para Dilma Rousseff. Mas ele faz de conta que não teve nenhum comprometimento moral com a roubalheira que se desenvolveu por anos na frente de seus olhos e que começa a notar somente agora.

Em algumas falas ele tem criticado um pouco do que foi feito pelo PT, comentários amenos por enquanto, relevando responsabilidades, mas já apontando para um rumo que deve ser pauta prioritária de sua campanha se ele não conseguir o apoio do partido do Lula. Claro que ele esteve todo esse tempo com Lula e o PT, mas isso é detalhe para Ciro. Vai cair de pau nos malfeitos, sem lembrar que estava ao lado dos malfeitores, como costuma fazer quando a aliança não é mais do seu interesse. Se for preciso buscar o voto do eleitor apontando com agressividade a desonestidade e a incompetência de Lula (ou "meu amigo Lula”, como ele gosta de dizer) e seus companheiros, podem apostar que ele fará isso.

E vai fazer essas críticas com o mesmo ar de orgulho que demonstra para tudo que ele mesmo fala. Ciro acompanha suas explanações com acenos de rosto e sorrisos elogiosos que evidenciam uma satisfação com o que diz, saboreando cada frase como máximas de alta sabedoria. Ah, como Ciro Gomes gosta de Ciro Gomes. É evidente que ele se acha o cara mais esperto do Brasil. Mas na verdade, o político cearense está mais naquela condição da frase de Guimarães Rosa, que diz que quando a esperteza é demais ela come o dono. Como não cabe em si de satisfação consigo mesmo, Ciro vive sendo devorado por sua esperteza.

Uma dessas belas auto-mordidas é de agora, revelada pela decisão da ministra Rosa Weber, que numa liminar negou pedidos de Ciro na Justiça Eleitoral para tirar do ar dois vídeos. Um deles é de Arthur do Val, do canal Mamãe Falei. Ele chama Ciro de “Tiro Gomes”, ótimo apelido para quem disse que receberia “na bala” a “turma” do juiz Sérgio Moro. Outro vídeo é de um jovem youtuber, Carmelo Neto, do Ceará. No vídeo ele faz um relato sobre o currículo político do pré-candidato desde a época da sua juventude, quando era do partido da ditadura militar. Também chama Ciro de “frouxo” e “covarde” e diz que ele descende de uma oligarquia de escravocratas.

Nunca tinha ouvido falar de Carmelo Neto, que tem apenas 16 anos. E evidentemente fui assistir ao tal vídeo que Ciro Gomes quer tirar do ar. Claro que vi também o do Arthur do Val. Como se costuma dizer, eu e a torcida do Corinthians. Os vídeos bombaram assim que a notícia começou a correr na internet. E aí é que está o problema da esperteza de Ciro, tão grande que não permite que ele saiba que hoje em dia com as redes sociais a pior atitude que se pode tomar é tentar tirar do ar uma crítica de adversários. A decisão da ministra Rosa Weber é provisória. Mais adiante ela ou outro juiz podem até tirar os vídeos do ar, mas não fará diferença alguma porque já teve um efeito negativo terrível sobre a imagem do político mais esperto do Brasil.
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POR José Pires


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segunda-feira, 16 de julho de 2018

Bolsonaro, o voto que não faz diferença

Jair Bolsonaro faltou a mais uma votação importante, a da Lei de Diretrizes. É ótima a explicação dele para faltar ao trabalho de deputado. O pré-candidato a presidente da República disse o seguinte: “Meu voto não ia fazer nenhuma diferença lá. Nenhum deputado ia se indispor com milhões de servidores”. O deputado deu também outra justificativa para não ter que aparecer se posicionando em relação à proibição de reajustes para o funcionalismo em 2019, medida que foi derrubada. Ele disse que não quis ficar com a “marca na testa”.

Político esperto ele, não é mesmo? Mas de fato, o voto de Bolsonaro não ia fazer nenhuma falta, da mesma forma que outros votos seus como deputado também não fizeram diferença, diga-se que felizmente, porque como deputado ele é danado para votar errado. Um voto importante de Bolsonaro, por exemplo, foi na apresentação do Plano Real ao Congresso Nacional, em 1994. Para ficar apenas num exemplo da qualidade do plano comandado por Fernando Henrique Cardoso como ministro da Fazenda do governo de Itamar Franco, basta lembrar a hiperinflação que acabava com o país.

Com o Plano Real houve de imediato uma fantástica redução da inflação, que chegou a 2.477% em 1993. Como todos sabem, a expectativa inflacionária atual é de 6%. Bolsonaro não fugiu à votação do Plano Real. Estava lá, cumprindo sua obrigação. Mas votou contra. Ainda bem que também dessa vez seu voto não fez falta. Ele votou contra o Brasil.
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POR José Pires

domingo, 15 de julho de 2018

E os petistas foram pra Cuba

Parece que o PT resolveu assumir a piada. Não é preciso dizer para eles irem pra Cuba. Não saem de lá. Frei Betto é um que está o tempo todo na ilha dominada pela dinastia dos Castro, onde costuma descer o sarrafo na oposição ao regime comunista e elogiar o sistema de vigilância e repressão do governo, participando de eventos promovidos pelo PC cubano, em encontros locais de exaltação ao regime e fortalecimento do esquema de poder. Nesta semana, uma porção de petistas está na ilha, participando do encontro anual do Foro de São Paulo. A presidente do PT, Gleisi Hoffman, e a ex-presidente Dilma Rousseff são os destaques na comitiva brasileira.

Deviam aproveitar para decretar a falência desse Foro criminoso. Dos governos instalados sob a inspiração do grupo internacional de esquerda sobraram apenas o governo de Evo Morales, que aparentemente sossegou, e os da Nicarágua e Venezuela. Em pouco mais de uma década, o sonho prometido ao continente virou um pesadelo cruel para vários países que experimentaram a receita política e econômica. O Brasil está na pindaíba que todos conhecemos. A ditadura bolivariana na Venezuela, um dos orgulhos de Fidel Castro, deixou o país numa situação desesperadora. Outro bolivariano e fã do modelo cubano, o ex-presidente do Equador, não poderá comparecer à reunião em Cuba. Foragido na Bélgica, está com pedido de prisão preventiva e extradição para responder em seu país pelo envolvimento na tentativa de sequestro do ex-deputado Fernando Balda na Colômbia, em 2010. Até as FARCs, grupo terrorista da Colômbia, teve que depor armas e participar de eleições, levando uma memorável surra nas urnas.

Mas e Daniel Ortega, será que marcará presença? Seu governo na Nicarágua está sob pressão da população, com multidões exigindo sua saída do poder. Ortega responde da forma que aprendeu com os cubanos: o governo nicaraguense já matou mais de 300 pessoas nas ruas.

O Foro de São Paulo só semeou desgraças na América Latina, mas Dilma e seus companheiros exercitam em Cuba o velho costume de apontar defeitos apenas nos outros. Da ex-presidente derrubada democraticamente no Brasil por um impeachment não se ouviu nenhuma palavrinha sobre os crimes de Ortega ou a situação desesperadora dos venezuelanos, mas teve muita crítica ao que contestam no Brasil o projeto de poder do PT e por extensão de todos seus comparsas do Foro de São Paulo, uma espécie de PCC da política. Ela passou a maior parte de seu discurso chorando as pitangas pelo seu impeachment e lamentando a prisão do chefão do PT, Lula, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro.

Dilma discursou nesse domingo no encontro do Foro. Pobres cubanos. Ficaram livres do palavrório de Fidel Castro, para agora terem que suportar o dilmês. O falecido ditador cubano fazia discursos longuíssimos, algumas vezes de mais de cinco horas. Castro pode não ter sido o ditador mais sanguinário da História. Neste aspecto a competição é feroz. Mas com certeza foi o mais chato. Ele só se calou com a interferência da morte, cessando mais este sacrifício aos cubanos. Depois de Castro, seus ouvidos mereciam descanso eterno de palavrório inútil. Não é justo que tenham que suportar Dilma Rousseff.
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POR José Pires


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Imagem- Dilma e Gleisi Hoffmann na reunião do Foro de São Paulo, em Cuba. A foto é de
Ricardo Stuckert, fotógrafo pessoal de Lula. Com a prisão do chefe, ele vem servindo também
aos companheiros. A faixa em inglês, exibida em um país de língua espanhola e de histórica
antipatia aos Estados Unidos é por conta da notória asnice das duas

2018, a Copa do Mundo em que Neymar saiu derrotado

Independente do resultado da decisão da Copa do Mundo de 2018, disputada entre Croácia e França, esta copa tem um derrotado na figura do jogador Neymar. É impressionante a antipatia criada pelo comportamento desse atleta. Com seus exageros para cavar faltas ele criou fama mundial, mas foi da pior forma, principalmente nesses tempos em que a maldade movimenta as redes sociais: virou piada. Mais impressionante ainda é que uma pessoa com uma carreira milionária para administrar não tenha uma equipe com capacidade para identificar riscos de desgaste na imagem e evitar o desastre que acabou acontecendo.

Já faz tempo que as encenações de Neymar e atitudes reprováveis em campo são assuntos quentes das redes sociais, com vídeos destacando seus ridículos fingimentos multiplicando por milhões as críticas e gozações ao jogador. Comentaristas de futebol, técnicos e especialistas no assunto também já vinham apontando os erros do jogador, que atingem essencialmente sua comunicação com o público, uma interação essencial para a qual ele deveria ter a assistência de profissionais qualificados.

No entanto, Neymar não parece ter a personalidade de quem ouve com atenção e acata conselhos profissionais de fora do que ele sabe fazer, especialmente se a interferência for como crítica ao seu comportamento. O jogador parece que sofre desde muito jovem de uma autossuficiência comum em quem faz sucesso muito cedo. Para esse tipo de astro, em qualquer situação o alarido que cerca a fama virá sempre com muita adulação e aplausos entusiásticos, abafando vozes críticas e impedindo que sejam ouvidas e atendidas. Não é só entre artistas e atletas que isso ocorre. O fenômeno destrutivo é ainda mais comum na política.

Mas, quanto a Neymar, sua carreira tem defeitos muito parecidos ao de empresas familiares que crescem bastante, criando exigências que vão além da capacidade do talento doméstico. O jogador tem inclusive seu pai como dono da empresa, uma figura que também há bastante tempo demonstra pouca habilidade em comunicação. Um gestor de uma carreira internacional que sai batendo boca com comentaristas de futebol e até com a torcida não é exatamente a pessoa certa para decidir sobre os riscos da relação com a opinião pública, principalmente no ambiente terrível da comunicação no esporte brasileiro e na confusão cotidiana das redes sociais.

Felizmente para Neymar, parece que para ele não existe o problema do destino apontado por especialistas em administração, com a sina do “pai rico, filho pobre”. Porém, o jogador milionário está com problemas sérios para administrar, com uma falência problemática para quem tem sua lucratividade baseada na credibilidade pessoal. Este capital já está em risco grave para ele. Como se costuma dizer na linguagem exótica do futebol, Neymar precisa correr logo atrás do prejuízo. E que baita prejuízo.
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POR José Pires

Requião e PT: dormindo com o inimigo antigo

Quando a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, subiu à tribuna do Senado na última terça-feira para chorar as pitangas pelo fracasso da tentativa de golpe judicial no TRF-4 com o desembargador plantonista é claro que já estava tudo planejado com seus colegas do chororô em torno da prisão de Lula. Outros senadores da bancada de esquerda também sentaram a lenha no juiz Sérgio Moro, na Polícia Federal e no TRF-4. Eles não engolem de jeito nenhum a presteza de Moro ao detectar a ilegalidade e levar a questão ao relator da ação que condenou o chefão do PT a 12 anos e um mês por corrupção e lavagem de dinheiro.

Sob o foco da raiva do PT, Moro serve de alvo preferencial das calúnias, das difamações, no esquema de desinformação desenvolvido pelo partido de Lula para bagunçar a vida política brasileira, criado para tirar proveito eleitoral e tentar também tirar o chefão petista da cadeia. No discurso desconexo feito da tribuna do Senado, a senadora Gleisi disse uma mentira feia, quando afirmou que Moro passava suas férias em Portugal, “comendo bacalhau e tomando vinho”, segundo sua forma de falar. A intenção de criar uma animosidade da população com Moro além de óbvia não é novidade. A ideia é colar no juiz federal uma imagem de homem de muitas posses, com dinheiro suficiente para levar uma vida à larga, no bem-bom dos comes e bebes e de viagens caras ao exterior.

O roteiro segue na linha muito própria da esquerda, de acusar os outros daquilo que na verdade são eles que fazem. Gleisi já foi assunto de corrupto preso pela Operação Lava Jato, em delação premiada. A senadora foi acusada de usar dinheiro de propina para bancar até despesas domésticas. No seu currículo pesa também a atitude imoral, quando esteve em cargo nomeado na estatal Itaipu, de ter negociado e conseguido com a direção da empresa do Governo Federal que fosse demitida em vez de demitir-se, quando teve que sair do caro para disputar eleição. Com o arranjo, a petista obteve mais de 110 mil reais de indenização, que não teria seguindo o trâmite normal e honesto de pedir demissão.

Mas eles são assim mesmo. Não é de esperar que combatam os adversários com argumentos honestos. É falsa a informação de que Moro havia viajado à Portugal em férias, um “fake news”, como se diz, que aparentemente já estava preparado para ser propagado, no estilo usual dos petistas no uso das redes sociais. E nos caminhos trilhados pelo “fake news” foi interessante topar com Roberto Requião como entusiasmado propagador da mentira. No Twitter, além de informar erradamente o que Moro fez no domingo da tentativa de golpe judicial, o senador do Paraná mentiu sobre a viagem de Moro. Por isso, o juiz indicará ao CNJ que as informações mentirosas sobre sua estada em Portugal foram divulgadas nas redes sociais por Requião.

Aliás, é de estranhar a presença do senador paranaense fazendo dupla com Gleisi Hoffmann na tropa de choque a favor de Lula. Requião chegou a fazer recentemente um emocionado discurso em defesa da honestidade da presidente do PT, com um afeto político surpreendente pela raivosa senadora.

Quem conhece a política do Paraná sabe que o PT estadual nunca teve simpatia por Requião. A antipatia sempre foi grande e mútua. Eles disputam o eleitorado de forma parecida e por isso faz tempo que se estranham. Gleisi e seus companheiros sempre bateram em Requião e vice-versa. A grosseria também é mútua. O senador emedebista já foi até processado pelo marido de Gleisi, o ex-ministro Paulo Bernardo, que ganhou na Justiça uma indenização por ter sido acusado de pedir propina por uma obra quando Requião era governador. É tão amplo o histórico de brigas entre Requião e o PT paranaense sob a chefia de Gleisi e Paulo Bernardo, que é até suspeita sua atuação agora em sintonia com os antigos desafetos. Mas é claro que esta é apenas mais uma suspeição, de tantas neste enredo atual destrambelhado e desonesto da esquerda brasileira.
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POR José Pires

quinta-feira, 12 de julho de 2018


Passado e futuro se perdem na confusão da esquerda

Quanta doidice da esquerda brasileira, que acabou enroscada nesta confusão criada em torno da figura do ex-presidente Lula, um enredo destrambelhado sem amarração alguma e cuja falta de sentido colocou o pensamento de esquerda em níveis tão baixos que complica a credibilidade da sua própria história antes do PT chegar ao Governo Federal. Em razão do longo tempo de poder em anos recentes e também da ousadia própria dos idiotas, os petistas acabaram adquirindo um peso superestimado na história da esquerda brasileira, mas na verdade o PT é apenas um episódio nesta trajetória, embora não se possa negar o tremendo peso do partido do Lula na derrocada política e moral dessa esquerda e na construção de um conceito altamente negativo, que pode ser irremediável por muitos anos.

Estava pensando nisso outro dia, enquanto avaliava informações sobre a luta pela redemocratização do país e passava pelas páginas da imprensa alternativa da época da ditadura militar, revendo informações em bravas publicações como a revista Versus, os jornais Movimento, Opinião e o Ex, além de jornais mais abertos da então chamada "grande imprensa", como a Folha de S. Paulo e o Jornal do Brasil, que davam mais espaço para a criatividade, todos tão importantes na cronologia da construção do jornalismo moderno no país e da retomada da liberdade de expressão na história brasileira. Participei diretamente dessa história, trabalhando ainda jovem em algumas dessas publicações e conheci por experiência pessoal o valor da coragem e da criatividade daqueles jornalistas, fotógrafos, artistas e acadêmicos.

Foi uma história bonita, vigorosa, no entanto o discurso desconexo e oportunista da esquerda nesses últimos anos acabou misturando de tal forma os acontecimentos da época com fatos atuais que fica difícil estabelecer uma compreensão do que realmente foram aqueles tempos, especialmente no entendimento de equívocos na avaliação da geopolítica mundial naquele contexto anterior à queda do Muro de Berlim, além da falta de percepção sobre mudancas de comportamento, transformações para as quais tínhamos a mente tapada pela escuridão de então e a dificuldade de obter informações num país fechado ao conhecimento.

A juventude de hoje pode pensar que aquilo se dava exclusivamente em um clima de oportunismo político e de sentido autoritário, além da ladroagem, do aparelhamento político e da tremenda burrice, como é a cara atual da esquerda. É duro encarar a dificuldade que é restaurar a credibilidade do que fizemos na época, altamente prejudicada pelo mistureba conceitual, político e histórico feito por estes oportunistas amalucados e incompetentes liderados por este gatuno disfarçado de líder político que é o Lula.

Neste clima de ignorância perde-se a oportunidade de entender os valores da época, com os méritos e erros dentro de seu próprio contexto. Com isso, vai se agravando o tradicional desalinhamento da cabeça dos brasileiros que impede que tenhamos um sentido de história com uma ordem básica na avaliação do passado e do que está sendo feito no presente. E nem vou falar do futuro, pois com essa bagunça vai ficando cada vez mais difícil dar qualquer passo adiante.
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POR José Pires


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Imagem- Cartum meu para a capa do semanário Folhetim, da Folha de S. Paulo, de junho de 1978. Era época da ditadura. Que país era aquele?

terça-feira, 10 de julho de 2018

STJ elogia Sérgio Moro e repreende o desembargador plantonista que tentou soltar Lula

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou nesta terça-feira um pedido de habeas corpus ao ex-presidente Lula. O pedido de libertação foi apresentado por um cidadão, não pela defesa do petista. O STJ informou que nos últimos dois dias recebeu outros 145 habeas corpus do mesmo feitio. Na decisão em que nega a soltura de Lula, a presidente do STJ, Laurita Vaz, criticou o desembargador Rogério Favreto, que aproveitou um plantão de domingo no TRF-4, para mandar soltar o ex-presidente Lula. Como todos sabem, o golpe judicial não deu certo.

A atitude de Favreto foi definida pela juíza como "inusitada e teratológica". Ela afirmou que o desembargador plantonista era de “absoluta incompetência” para deliberar sobre questão já decidida pelo STJ e pelo STF. No despacho, a presidente do STJ acusa Favreto de ter causado "tumulto processual sem precedentes na história do direito brasileiro" e elogia o juiz Sérgio Moro. Laurita Vaz fulmina a tese do direito de Lula a benefícios especiais por ser pré-candidato. "É óbvio e ululante que o mero anúncio de intenção de réu preso de ser candidato a cargo público não tem o condão de reabrir a discussão acerca da legalidade do encarceramento”, ela escreve, destacando que “a questão já foi examinada e decidida em todas as instâncias do Poder Judiciário".

Segundo ela, o desembargador plantonista teve um "flagrante desrespeito" às decisões tomadas pelo TRF-4, que condenou Lula, e pelo STF, que negou-lhe um habeas corpus. Para a presidente do STJ, ao contrário de Favreto, que causou "intolerável insegurança jurídica", o juiz Moro agiu corretamente ao negar o atendimento do estranho pedido do desembargador plantonista. Ela define como “esdrúxula situação processual” o que foi feito por Favreto e diz que Moro agiu com “oportuna precaução” ao impedir o cumprimento do absurdo habeas corpus, levando o caso à consulta do presidente do TRF-4.

As colocações de Laurita Vaz na negativa desse habeas corpus coloca enfim no seu devido contexto o que ocorreu neste domingo, em torno do golpe que petistas tentaram dar no Judiciário brasileiro. Tem muita gente relativizando injustamente a situação, situando em condição parecida todos os que atuaram no acontecimento. Não foi bem assim que tudo se deu, como apontou muito bem a juíza do STJ na sua decisão. Favreto agiu de forma absolutamente errada. É um “teratológico” este desembargador. E Sérgio Moro agiu como sempre, com honestidade e rigor na aplicação da lei e na manutenção da ordem.
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POR José Pires


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Clima de ódio exige mais segurança para Sérgio Moro

O juiz Sérgio Moro terá reforçada sua segurança pessoal quando retornar das férias. A notícia é desta terça-feira. Depois da tentativa de golpe petista no domingo, desmontada por Moro e pelo TRF-4, as ameaças ao juiz aumentaram bastante pelas redes sociais. A violência da baixaria esquerdista nas redes sociais já era revoltante, mas se intensificou depois de Moro atuar com firmeza para anular a decisão do desembargador plantonista Rogério Favreto, que tentou tirar Lula da cadeia passando por cima de regras jurídicas básicas.

Todo mundo sabe de onde vem este clima de  ódio no Brasil, que busca criar uma confusão política e desacreditar as instituições. Pessoas de bem são obrigadas a se proteger, enquanto pilantras da política aumentam o tom de intimidação, atiçando a militância contra juízes que fazem bem seu trabalho e também contra a Polícia Federal. O pessoal do “quanto pior, melhor” está cada vez mais ativo. O partido da raiva não aceita de forma alguma ter sido tirado do poder pela via democrática, além dos petistas estarem desesperados com o destino da lata de lixo da História.

No mesmo dia em que foi divulgado o reforço na segurança pessoal de Moro, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann subiu à tribuna do Senado para atacar aos gritos o juiz federal. A bancada de esquerda parece ter articulado para hoje um desabafo coletivo pelo fiasco do golpe de domingo. Vários senadores esquerdistas sentaram a lenha em Moro e no TRF-4. Atacaram também a Política Federal. Na sua fala, Gleisi disse que “Moro estava bebendo vinho e comendo bacalhau lá em Portugal” e que ele “já cometeu barbaridades absurdas”. Exaltada, perguntou quem Moro pensa que é. Ora, ele é o alvo de uma articulação que pretende desestabilizar o país, passando por cima de todas as instituições, sem poupar nem o Judiciário.

Gleisi berrou bastante, em um discurso desconexo, insistindo na ridícula tese de que Lula tem direitos especiais como pré-candidato. Não só por coincidência, foi essa a justificativa do desembargador plantonista, que mandou soltar Lula numa manhã de um domingo em que todos os líderes petistas já estavam à espera da decisão. José Dirceu tinha até preparado um vídeo, que mandou para o ar antes de ser avisado de que o golpe havia falhado. Nem tentam disfarçar. Agora o mote da baderna política é a condição de pré-candidato do chefão petista. No discurso, a senadora petista defendeu que mesmo condenado em duas instâncias e preso, seu chefe tem o direito de dar entrevistas e até de participar de debates. Já pensaram se a moda pega? Deixa Geddel Vieira, Eduardo Cunha, Antonio Palocci, Sérgio Cabral e outros meliantes políticos saberem disso. Se acontecesse um negócio desses na velha Chicago dos tempos da Lei Seca, era capaz de Al Capone achar um jeito de ser também pré-candidato.
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POR José Pires