terça-feira, 15 de abril de 2014

Saindo de cena

O deputado petista Vicentinho quase acertou na mosca quando ecoou a voz do dono e fixou esta última sexta-feira como o prazo fatal para o “desfecho” do mandato do deputado André Vargas. Lula havia dado a determinação em entrevista a blogueiros governistas. O petista caído em desgraça renuncia hoje, depois de espernear mais do que o costume no partido. Vargas tem que sair de pauta porque sua figura está relacionada diretamente a duas candidaturas importantes para o PT, do ex-ministro Padilha, em São Paulo, e da senadora Gleisi Hoffmann ao governo do Paraná. Seu sucesso na carreira política também se deve à relação muito próxima com Paulo Bernardo, ministro dos mais poderosos desde o primeiro mandato de Lula. E Vargas era até agora um homem forte no governo Dilma Rousseff. Foi coordenador de comunicação da campanha eleitoral da presidente e foi eleito vice-presidente da Câmara pelo óbvio interesse do Palácio do Planalto.

André Vargas não seria nada sem o ministro Bernardo, a começar de seu mandato como deputado federal. Foi a partir da nomeação de Bernardo ao ministério de Lula que começou a rápida subida de Vargas aos altos escalões de poder do governo do PT. Em 2006 ele foi eleito deputado federal, ocupando o espaço eleitoral do ministro no Paraná, que deixou de ser deputado com a nomeação para o ministério de Lula e segue até hoje no governo petista, atualmente comandando a pasta das Comunicações. Vargas sempre foi a aposta maior do PT paranaense. Nas eleições de 2010, do total de R$ 1,3 milhão declarado oficialmente à Justiça Eleitoral, o partido colocou 806 mil na sua campanha. Isso são os números oficiais. É assim que são eleitos os maiorais do PT, com a preferência de verbas, contatos políticos e outros privilégios bancados pelo grupo mais poderoso do partido. E ainda tem gente que vem com a conversa de que os políticos eleitos são representativos da vontade e do caráter da população.

É no Paraná que bate com maior força no PT o efeito das denúncias contra Vargas, surgidas na investigação da Polícia Federal que revelou relações suspeitas entre ele e o doleiro Alberto Youssef, que está preso. Até então, Vargas era um dos políticos mais fortes do estado e certamente o deputado federal mais influente na candidatura de Gleisi Hoffmann ao governo paranaense. Era praticamente dele o comando da campanha. Os danos para a candidatura de Gleisi não cessam com a renúncia. Para os paranaenses vai ficar até a hora do voto uma questão muito importante sobre o projeto político do PT no estado. Se não fossem todos esses acontecimentos alheios à vontade petista, no caso de uma vitória do partido o deputado André Vargas seria a partir do ano que vem a terceira figura mais poderosa do estado, abaixo apenas de Gleisi Hoffman e de seu marido, Paulo Bernardo. É um raciocínio lógico sobre o que poderia ocorrer se não tivesse havido a ação da polícia. E Vargas tendo uma estreita amizade com Youssef, por extensão o doleiro poderia ter conquistado um canal com governo do Paraná no caso de uma vitória eleitoral petista.
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Por José Pires

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Imagem - Paulo Bernardo passando o mandato de deputado federal para o pupilo André Vargas. Poderoso ministro desde o primeiro mandato de Lula, Bernardo é o chefe do grupo do PT paranaense que fez a carreira política de Vargas

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