quarta-feira, 25 de março de 2015

Da defesa do mensalão aos direitos humanos

A militância deve estar satisfeita com o novo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. É o deputado Paulo Pimenta, do PT. Sua eleição foi há cerca de duas semanas, mas pouco se falou disso, pois até as minorias andam ocupadas com a magnitude da corrupção na Petrobras e a crise econômica, que hoje em dia tomam o noticiário. No entanto, Pimenta está com uma pauta que é do acordo daquele pessoal que andava bravo com o deputado Feliciano, que antes ocupava o mesmo cargo. Vejam o que disse o deputado Pimenta em entrevista ao site da Carta Capital: “Vou trabalhar pela descriminalização da maconha e do aborto, pela criminalização da homofobia, pela reforma da segurança pública, em defesa das terras indígenas e dos direitos das crianças e adolescentes”.

Está aí uma declaração de emocionar militância, mesmo que não seja gay e puxe ou não um fuminho. Que senso de humanidade o deste político e quanta consideração pelos outros, não é mesmo? Político retíssimo e democrata de reputação ilibada. Bem, ele pode ser isso para quem não tem boa memória e conhece pouco o que esses lideres petistas andaram fazendo.

O deputado Pimenta é aquele que teve que renunciar ao cargo de vice-presidente da CPI do mensalão, em agosto de 2005. Naquela ocasião, ainda no início do escândalo do mensalão, os petistas já procuravam confundir a opinião pública criando falsas denúncias envolvendo também políticos adversários, principalmente do PSDB. O esquema de compra de apoio político no Congresso tinha sido revelado em junho de 2005, na famosa entrevista do então deputado petebista Roberto Jefferson ao jornal "Folha de S. Paulo".

Num esforço para emplacar aquela técnica petista de se safar com a desculpa de que "todos fazem a mesma coisa", o deputado Pimenta teve um encontro reservado com o empresário Marcos Valério durante a madrugada na garagem do Senado. Isso foi depois de uma sessão da "CPI do mensalão", que teve naquele dia o próprio Marcos Valério como depoente. O encontro na garagem era para obter uma lista de políticos beneficiados por recursos, claro que com nomes da oposição. E lá estava o petista pegando a tal lista com o empresário que era o chefe do esquema publicitário do mensalão, que foi uma das conspirações mais perigosas contra a democracia brasileira. Acontece que Pimenta teve o azar de ser visto entrando no carro do empresário. Então ele teve que renunciar à vice-presidência da CPI. Na época disseram que o petista iria ser levado a um julgamento por falta de ética, mas nada aconteceu.

Marcos Valério todo mundo sabe que está preso. E o deputado Pimenta está aí, posando de político de espírito libertário. Eu sei que a militância governista tem não só indignação seletiva como também empatias seletivas. Já devem estar gostando do Pimenta, que traz uma pauta e tanto. Mas comigo não tem disso. Eu não gostava nada do deputado Feliciano, mas tampouco o deputado Pimenta me representa.
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POR José Pires

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