sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Quod erat demonstrandum

A realidade brasileira está sempre trazendo um CQD – Como se Queria Demonstrar – bastante rápido nos assuntos que literalmente explodem hoje em dia. Depois do texto que escrevi abaixo, sobre o domínio do crime organizado no Brasil, ocorreu mais um massacre em um presídio, desta vez em Boa Vista, capital de Roraima. A rebelião foi nesta madrugada, com a morte de 33 presos. A tragédia aconteceu enquanto o presidente Michel Temer desenvolvia uma discussão semântica sobre o termo “acidente”, usado por ele para falar do massacre de domingo passado, em Manaus. Com o novo "acidente” dessa madrugada, já são mais de 100 mortos desde outubro do ano passado. É para deixar para trás qualquer Iraque, mas o ministro da Justiça de Temer, aquele que manda fazer fotografias dele cortando pés de maconha com facão, continua mais interessado em blindar o chefe.

O ministro correu para afirmar que não houve retaliação do PCC pelo que fez no domingo a facção de criminosos Aliança do Norte. Ele disse que agora em Boa Vista as mortes foram de estupradores e rivais internos, o que, na sua opinião, comprova que foi um “acerto interno”. Puxa vida, desta vez foram 33 mortos, somados aos mais de 50 mortos do domingo, mas o ministro está preocupado em zelar pela imagem de seu chefe e afastar a evidente conclusão de que tudo isso vem de um problema sistêmico. Todo mundo sabe não é culpa deste governo, mas ora pombas, é preciso fazer algo mais que atacar pé de maconha com facão. Além de deixar muito claro de onde vem este drama terrível na segurança pública brasileira: o governo do PT. Mas o governo Temer é tão incompetente que nem essa informação vem conseguindo passar para a população.

A causa desse horror que estamos vivendo a total falta de ação do PT também nesta área, nos 13 anos de governos petistas que demoliram o Brasil. É preciso lembrar que os ministros da Justiça petistas, tanto os de Lula e quando os de Dilma, ficavam ocupados com assuntos que nada tinha a ver com as obrigações da pasta. Para lembrar de dois distraídos, Marcio Thomaz Bastos cuidava do mensalão, atuando como advogado de defesa dos petistas e Tarso Genro trabalhava para acoitar assassino condenado em outro país e conjuntamente fazia a crítica teórica do sistema judiciários e prisional da Itália. Tem também este último, José Eduardo Cardozo, que passou todo tempo cuidando de Dilma, acabando no papel patético de advogado de defesa que perdeu a causa da cliente no impeachment da Câmara e do Senado.

Deu no que deu, como estamos vendo. Esta é a fonte do problema, no entanto Temer precisa trabalhar com mais seriedade e menos interesse midiático. É preciso atacar com rigor esta que é uma das heranças mais perigosas de Lula e seus companheiros: o caos na segurança pública brasileira. E se houver sucesso nesse trabalho, podemos até deixar pra lá o fato de que Temer e seu partido estavam ao lado do PT enquanto eles produziam esta desgraceira.
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POR José Pires

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