sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Conto de fadas no Congresso

A classe política já fez do Brasil uma piada. Mas sempre tem alguém que dá um jeito de aperfeiçoar. Essa do recém-eleito corregedor da Câmara dos Deputados, Edmar Moreira (DEM-MG), ter um castelo valiosíssimo escapa a qualquer regra de ficção, mesmo que publicado em livro de humor. Pareceria forçado, até inverossímil.

Mas é a pura verdade. O castelo é imenso e fica entre as montanhas do interior de Minas Gerais. Tem oito torres, 36 suítes com hidromassagem, salões para festas, sauna, piscina, lagos para pescaria e estrutura para golfe. Veja a preciosidade ao lado. É coisa que impressiona, mesmo vindo de um deputado.

Não é como o sujeito deixar de pagar os funcionários de suas empresas ou praticar falências fraudulentas, atitudes normais entre os políticos.  Se apossar de contribuições previdenciárias ao INSS descontadas dos empregados? Ah, natural também. Declarar bens irrisórios à Justiça Eleitoral, como ele fez, dizendo que tinha R$ 17,5 mil em propriedades, quando é um notório ricaço, isso também não é nenhum problema. Não dá pra se espantar com esse tipo de mixaria numa instituição onde tem gente acusada até de usar trabalho escravo. Quantos não são assim na Câmara? Conta-se nos dedos das mãos. Claro que com sobra.

Dá pra aceitar como normal até mesmo essa outra revelação sobre o deputado corregedor, de que ele foi um aferrado defensor dos deputados mensaleiros e que, mesmo na época fazendo parte do Conselho de Ética da Câmara, votou sistematicamente contra a cassação de cada um dos mensaleiros.

Normal, normal, tão corriqueiro quanto o fato de ele ter gasto no ano passado 80% da verba indenizatória para contratar segurança, sendo ele próprio dono de três empresas que oferecem serviços de segurança privada. É natural. Quem na Câmara não faz uso indevido de tudo quanto é recurso que é direito de cada parlamentar? De novo usaríamos apenas os dedos das mãos para dar os nomes.

Até aí, tudo bem. Mas ter um castelo também já é abusar da situação ficcional do Congresso Nacional. É demais mesmo entre pessoas que vivem em algo parecido com um conto de fadas. O deputado corregedor é um fenômeno: ultrapassou os limites da falta de decoro até de uma classe que todos sabem não ter limite algum.
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POR José Pires

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