sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Lula, o fiel aliado de Vladimir Putin e suas mensagens de apreço ao agressor da Ucrânia

Na última terça-feira, Vladimir Putin disse uma frase que pode ser útil ao presidente Lula, na sua intensa tarefa de sair pelo mundo papagueando a propaganda do governo russo e da China, como afirmou o próprio governo americano. Foi o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, que apontou para o presidente brasileiro como apoiador da Rússia na agressão à Ucrânia, uma posição lamentável nesta disputa fundamental da geopolítica internacional. 


Durante um foro econômico na Rússia, o presidente russo falou sobre a agressão militar à Ucrânia, afirmando que não negociará com Kiev enquanto as forças ucranianas mantiverem a luta. “Como podemos deter as hostilidades se a outra parte está fazendo uma contra ofensiva?”, disse Putin. É a lógica torta do invasor, queixando-se da reação do país agredido. Lula pode sair por aí papagueando mais essa justificativa de agressão, evidentemente até que a pendenga seja resolvida numa conversa regada com cerveja brasileira, na brilhante estratégia diplomática do petista.


O presidente brasileiro não poderia ter voltado da Cúpula de Líderes do G-20, em Nova Délhi, na Índia, sem trazer o rastro de mais uma asneira internacional, prejudicando mais um tanto o Brasil. Lula disse que, com ele como presidente, Putin não seria preso no Brasil. Ele não permitiria o cumprimento da ordem de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) por crime de guerra, caso Putin venha para a reunião do G-20, marcada para novembro do ano que vem.


Foi uma bravata com mais de um ano pela frente, tão difícil de realizar que no mesmo dia o próprio Lula deve ter sido alertado por quem conhece de fato o assunto. Daí, voltou atrás, se fazendo de sonso como de costume. Ele chegou a alegar que desconhecia a existência do Tribunal Penal Internacional, o que é uma confissão de ignorância que na prática o desqualifica para a função de presidente do G-20, que assumiu nesta viagem. É até engraçado, pois numa empresa privada a escandalosa revelação de incapacidade técnica poderia resultar na sua demissão.


Mas por que tanta insistência em demonstrar publicamente a fidelidade ao autocrata russo? É muito amor. No mês passado, durante encontro do Brics, na África do Sul, Lula havia lamentado a ausência de Putin, impedido de comparecer por causa do mandado de prisão do TPI. Ainda se fazendo de sonso, ele disse que gostaria de discutir “pessoalmente com o presidente Putin” temas como “a paz e a luta contra a desigualdade”. De fato, são discussões fundamentais hoje em dia, mas existem outros temas, como agressão militar, a falta de democracia, massacres étnicos, genocídio e outros debates no âmbito de instituições como o TPI — uma das acusações durante a invasão à Ucrânia a Putin é o de sequestro de crianças ucranianas, milhares delas, com o plano do governo de “russificá-las”.


Olha com quem Lula procura relação preferencial, tendo do outro lado do braço a China. Parece que a meta do petista é situar o Brasil no bloco de governos comandados por autocratas, alinhado de modo submisso a governantes que atuam todo o tempo para desestabilizar o mundo, fortalecendo a corrupção e o crime nos países onde exercem influência. Lula quer o Brasil confrontando as democracias ocidentais. É um vício. Até no plano internacional, o governante do mensalão e do petrolão quer um “Centrão” para chamar de seu. Parece uma tara este gosto pessoal de — lá fora e aqui dentro — buscar “governabilidade” com ladrões e repressores de seus próprios povos.


A parceria com ditaduras é confortável para Lula, ele que já foi “amigo e irmão” do ditador líbio Muammar Kadhafi e apoiador da teocracia do Irã, chapinha de ditadores africanos, comunistas ou não, além de ter participado a vida toda do beija-mão frequente ao ditador Fidel Castro, juntando-se em Cuba à companheiros de vassalagem ideológica como Evo Morales, Daniel Ortega, grupo de que participava, um pouco antes, o falecido Hugo Chávez, substituído depois por Nicolás Maduro.


Tem gosto pra tudo. Lula se sente muito bem com governantes antidemocráticos. Essa proximidade deve satisfazer o seu forte sentimento anti-americano, ainda mais agora que ele ressurge com intenso espírito bolivarianista, capaz até de atuar como conselheiro de narrativas para o ditador Maduro. Mas como fica nisso o nosso Brasil? É esta pergunta que não vem sendo feita com o rigor merecido, enquanto o chefão petista vai colocando o nosso país numa barca perigosa, muito mais ainda porque atualmente, nas relações internacionais deve ser considerada a projeção de um mundo cada vez mais carente de recursos naturais, com necessidade de gestão cuidados de alimentos, energia, com o esgotamento de terras, tudo isso em conjunto com o grave problema do aquecimento global, que pode levar a disputas de territórios. A própria sobrevivência de alguns povos ou mesmo a ambição imperialista vão trazer muitas complicações.


Estes acenos à alianças totalmente equivocadas demonstra como um político salafrário pode hipotecar o futuro de gerações e talvez complicar irremediavelmente negociações cruciais que podem vir a ser necessárias proximamente. É preciso ficar alerta com o que Lula e seu partido estão fazendo com o Brasil. Esta instigante questão geopolítica pode ser resumida numa pergunta retórica: se houver um embate mais sério em torno da Amazônia por causa de agravamento climático, sua preferência seria resolver a questão no nível de sistemas políticos e de visão do direito internacional das democracias ocidentais ou de governos como os da Rússia e da China?


Nem é preciso ter um vasto conhecimento de política internacional — podendo até ser ignorante a ponto de desconhecer o Tribunal Penal Internacional — para ter a consciência de que, mais do que nunca, na atualidade é necessário fortalecer organizações que exigem responsabilidade e respeito democrático mútuo entre as nações, especialmente no que toca ao território geográfico de cada país, que é algo que tipos como Putin não respeitam.


Qual é o governante de um país de baixo poder econômico e de estrutura militar precária que, no passo em que anda o mundo, seria idiota de levantar uma pauta que atende ao interesse de diminuir o poder de investigação e penalização internacional sobre autocratas invasores de terras estrangeiras, acusados de desrespeito aos direitos humanos, genocídio e crimes de guerra? Tinha que ser o Lula, claro.

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Por José Pires

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