terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

El Chapo finalmente enfrenta a lei. Nos Estados Unidos, é claro

O traficante Joaquín Guzmán, conhecido como El Chapo, foi condenado nesta terça-feira pela Justiça dos Estados Unidos. El Chapo era chefe do cartel de Sinaloa e foi tão poderoso no México que não só tinha tratamento privilegiado na prisão como conseguiu fugir duas vezes de presídios de segurança máxima. No México, o relacionamento do crime organizado com a classe política e autoridades é mais ou menos parecido com o que pode ocorrer no Brasil, caso o domínio do crime sobre a vida dos brasileiros não seja interrompido com todo o rigor e seja definitivamente eliminada a interação dos criminosos com a política.

Se não houver uma política de segurança séria, que dê um corte rigoroso ao crescimento do crime organizado, o Brasil caminhará para uma “mexicanização”, com toda violência e crueldade característica dos chefões do narcotráfico do México, que por lá dominam estados inteiros e matam políticos, jornalistas, passando por cima de qualquer um que não baixe a cabeça.

Até a eleição recente de Miguel López Obrador o crime organizado mandava no México. O presidente anterior, Enrique Peña Neto, foi apontado durante o julgamento nos Estados Unidos como recebedor de milionárias propinas do narcotráfico. A relação entre o crime e governantes mexicanos, ao menos até agora, sempre foi em clima de parceria. Por isso, o único medo de chefões como El Chapo era o da extradição para os Estados Unidos, que foi o que ocorreu após sua captura, seis meses depois de uma fuga espetacular do que era tido como o presídio mais seguro do país. Ele escapou em julho de 2015 de uma solitária com câmeras de vigilância, saindo por um túnel de mais de um quilômetro cavado sob chuveiro da cela. Na fuga anterior, em 2001, saiu da prisão escondido em um carrinho da lavanderia.

Nos presídios dos Estados Unidos não existem essas facilidades que parece coisa de cinema de má qualidade. E com a Justiça americana também não tem moleza. É provável que o megatraficante seja condenado à prisão perpétua. El Chapo foi considerado culpado em todas as dez acusações contra ele, como lavagem de dinheiro e distribuição internacional de drogas. Testemunhas também relataram assassinatos e torturas. O terror e a crueldade impostos pelo crime organizado entre os mexicanos é espantosamente desumano. Existem vídeos chocantes sobre isso na internet.

A sentença sairá em 25 de junho, lembrando que o caso de El Chapo não percorreu várias instâncias, nem levou muitos anos até parar em um Supremo frouxo com a criminalidade que conta com altos poderes por detrás. El Chapo foi extraditado em janeiro de 2017 e já teve finalizado seu julgamento. Ficará em regime fechado à espera da sentença, que com certeza será pesada e cumprida na sua integridade, porque com os americanos não é como no Brasil, onde até criminoso da pesada tem progressão de pena e o benefício de dar uma saidinha para visitar a mamãe.
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POR José Pires


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Imagem- Capa da revista mexicana Processo na época em que El Chapo fugiu da prisão

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