domingo, 29 de julho de 2007

Congonhas: sinal vermelho da má gestão pública

Enquanto espera a conclusão das investigações sobre o acidente com o avião da TAM no Aeroporto de Congonhas, no último 17 de julho, onde morreram 195 pessoas, o brasileiro tenta encontrar uma esperança de que a tragédia não se perca em meio ao atropelamento que os desastres provocam um sobre o outro no noticiário brasileiro. Infelizmente, por aqui tem sido assim: sempre temos um novo problema que acaba deixando para trás as dores e a emoção das tragédias do cotidiano brasileiro. E as soluções práticas também ficam adiadas, até o surgimento de um novo drama social.

Não devemos nos esquecer que o acidente em Congonhas aconteceu menos de dez meses após a colisão de um avião da Gol com um jato Legacy, no céu do Mato Grosso. Nesta tragédia, que aconteceu em meio ao maior caos administrativo já ocorrido no setor de aviação no Brasil, morreram 154 pessoas.

Enquanto assessores diretos do presidente Luís Inácio Lula da Silva são flagrados no janelão do Palácio do Planalto comemorando supostas notícias que isentariam o governo de responsabilidade sobre o triste episódio na capital paulista, o noticiário é forte indicativo de que a fonte do problema é a de sempre: má gestão. Mesmo quando fatores casuais e inusitados surgem como determinantes para a ocorrência de problemas com graves conseqüências, na raiz destes acontecimentos está sempre a tremenda falta de eficiência administrativa do Governo Federal.

É errado, para não dizer de má-fé, tentar separar o acidente de Congonhas da bagunça do setor aéreo e de outras áreas da administração pública. É isso que o governo tenta fazer, o que não é de se estranhar quando até mesmo o presidente da República tenta propagar como um feito de seu governo cada ação da Polícia Federal que aponta um novo caso de corrupção na esfera pública.

Puxando o assunto para algo que toca diretamente nas preocupações centrais do Movimento Mãos Limpas Pelo Brasil, recordemos que Lula sempre tenta faturar politicamente sobre as ações de repressão policial contra a corrupção. O que ele esquece, ou tenta evitar que o brasileiro perceba, é que as ações da PF no âmbito da corrupção têm sido executadas mais sobre os efeitos dos graves problemas administrativos de seu governo. Ou seja, de um governo que não age sobre as causas da corrupção.

O governo comemorar a prisão de quadrilhas de corruptos equivaleria ao cidadão comum se alegrar com a ação da polícia depois de ter tido sua casa invadida e roubada. Na verdade, a qualidade de uma política de segurança é revelada exatamente quando há menos crime a reprimir, sinal de que o trabalho preventivo funciona adequadamente.

Essa premissa, que vale para todos os setores, é ainda mais verdadeira no caso da corrupção. E evidentemente tem muito peso também nas questões relativas ao setor aéreo, onde controle e prevenção são quesitos fundamentais que tocam diretamente na integridade psicológica e física das pessoas.
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POR José Pires

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