quinta-feira, 17 de julho de 2014

O "padrão Felipão" do PT

Dilma Rousseff e seu “padrão Felipão” de governo é um conceito que merecia ser estudado nas escolas de administração. A presidente encontrou uma ótima definição para o que vem fazendo nesses quase quatro anos. A comparação vale pelo que traz de ensinamento sobre falta de capacidade de gestão e dificuldade extrema para qualquer planejamento. Também é muito parecido o deslumbramento sem nenhum apoio na realidade. A grande diferença é que o técnico da Seleção Brasileira dispunha de alguns craques, algo que ela nunca teve em seu governo.

E essa falta de gente com conhecimento dos assuntos sob sua responsabilidade pode ter sido uma razão dela ter se metido nesta enrascada de colar sua imagem a um técnico que mesmo quando ganhou a Copa das Confederações não era engolido por muita gente que entende de futebol. Se Dilma tivesse, por exemplo, um ministro dos Esportes que de fato fosse um conhecedor dos temas de sua pasta, numa rápida reunião ele poderia fazê-la entender que Felipão não era tudo isso que ela estava pensando. E que na Copa do Mundo enfrentando seleções de primeira linha seu “padrão” poderia se estrepar.

Naqueles dias de seu fascínio com o “padrão Felipão” analistas sérios da imprensa esportiva já faziam rigorosas críticas à condução da seleção e no geral apontavam como defeito exatamente a falta de um padrão que pudesse ser identificado e muito menos ser tomado como modelo a ser copiado. E não era preciso ser um especialista para saber que os bons resultados até então vinham dos talentos individuais, além do Brasil não ter topado até então com adversários bem preparados.

Porém, cercada de “Freds” e sem nenhum Neymar, Dilma carimbou na própria testa o tal do “padrão Felipão”. No dia que soltou esta besteira, a presidente tinha ao lado Gleisi Hoffmann, que foi sua ministra da Casa Civil por mais de dois anos. Ela aparece na foto da cerimônia. A ministra sempre foi um “Fred” de nariz empinado. Gleisi reveste sua superficialidade com um ar de eficiência que permitiu até agora que ela venha subindo na carreira. Mas na prática o resultado é tão desastroso quanto o do Felipão. Como marca sua na Casa Civil o que ficará lembrado é o assessor especial que levou para trabalhar no gabinete ao lado da presidente da República. O assessor Eduardo Gaiveski era conhecido dela há muitos anos. Acabou sendo preso no cargo, acusado de estupro de menores. Está até hoje na cadeia.

Outra contribuição sua no governo foi o grande poder concedido a André Vargas, o deputado petista que caiu em desgraça depois da Polícia Federal descobrir suas estreitas relações com um doleiro que está preso e acusado de vários crimes. Vargas é do grupo de Gleisi Hoffmann e durante muitos anos fez política na companhia dela no Paraná, base eleitoral dos dois. O crescimento acelerado do prestígio político de Vargas no governo federal e no partido se deve à estreita parceria com Gleisi e o marido, o ministro Paulo Bernardo, chefe incontestável do PT paranaense. Antes do escândalo que derrubou o deputado petista, o projeto do casal era eleger Vargas para o Senado. Mas disso pelo menos os paranaenses estão livres, graças à polícia e a imprensa. Mas o perigo ainda não acabou de todo. Gleisi Hoffman é candidata ao governo do estado e terá ao seu lado a máquina federal do PT e muito dinheiro para campanha. O Paraná ainda corre o risco dela implantar no estado o “padrão Felipão” de governo.
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POR José Pires

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