Essa tentativa de Marina Silva passar como apoiadora da CPMF em votações como senadora deveria servir para acender o sinal vermelho em relação à sua candidatura. É até tolo que ela tenha vindo com uma conversa dessas, pois é óbvio que alguém iria verificar essas votações para saber a verdade. Coube à Dilma Rousseff faturar com seu deslize, mas de todo jeito apareceria sua posição real na votação do Senado.
O jornal "O Globo" vem fazendo uma boa checagem sobre o que dizem os candidatos e já havia mostrado que Marina sempre votou contra a CPMF como senadora. Seu voto foi contrário em 1995 e em 1999. Esta foi a posição firmada do PT, até aumentar a chance de Lula ser eleito presidente. Em junho de 2002 seu partido optou pela prorrogação da cobrança. Presente no plenário nesse dia, Marina não registrou seu voto. Não votar tem o mesmo peso de ser contrário. A mentira de agora era para fortalecer a imagem de que quando foi do PT ela não fez "oposição por oposição", o que é conversa fiada. Ela participou de todas aquelas bravatas petistas. Marina só não votou contra Tancredo Neves (o outro candidato era Paulo Maluf, a continuidade civil da ditadura militar) porque não era parlamentar na época, senão seguiria o chefe Lula e seus companheiros.
A votação no Senado foi revelada por "O Globo" antes do debate deste domingo, quando Marina passou vergonha sendo flagrada na mentira. A matéria saiu no dia 9 de setembro e a assessoria da candidata não deu resposta ao questionamento do jornal. Será que Marina e seus assessores de campanha estavam achando que nenhum candidato havia lido uma notícia dessas? É o que parece, mas o problema pode ir além de um deslize político e avançar para a psicologia. Marina sofre de um encantamento pelo que sai de sua própria boca, sem atinar nem para contradições que podem ser exploradas pelos adversários.
Nem é preciso elaborar sobre o que pode vir por aí se ela for eleita e tiver de encarar negociações com as cobras criadas da política brasileira. O governo de Lula já mostrou o desastre que isso é para a administração pública. Ego inflado e visão messiânica na política sai bastante caro para todos os brasileiros. Marina perdeu de tal forma o controle sobre sua posição real na política que quando fala sobre a grave situação atual do meio ambiente no país em seu discurso inexiste qualquer responsabilidade sua com a construção deste desastre nos quase oito anos em que esteve à frente do Ministério do Meio Ambiente nos dois governos de Lula.
Pode-se votar em alguém por conveniência, como deve fazer a maioria do eleitorado de Dilma Rousseff. Pode-se também votar em um candidato que não é capaz das grandes reformas de que o país precisa, mas que sem dúvida fará o desmonte do esquema petista no governo federal, que é uma razão sensata do voto em Aécio Neves. O tucano tem também um partido com experiência histórica na administração pública, sendo governo em estados importantes do país. Aécio também não tenta vender a imagem de uma liderança acima das necessidades práticas da política. Dessa forma, sem propor passos impossíveis de serem dados, um governo pode botar ordem na casa para o Brasil tomar fôlego para seguir em frente.
Mas por que alguém votaria em Marina Silva? Foi construído em torno de sua candidatura a ilusão de algo diferente do que existe na política e ela acena aos brasileiros com esperanças que não batem com o histórico de realizações de uma líder que não conseguiu sequer juntar assinaturas suficientes para criar um partido alternativo. Mas desde que assumiu às pressas a candidatura, sua imagem vem sofrendo desmontes dentro das contradições de seu próprio discurso, até culminar com esta mentira grossa, que felizmente é facilmente verificável. Está aí o sinal vermelho. Se estivermos à frente de um engodo, quando ela for pega na mentira na presidência da República será muito tarde para evitar o prejuízo.
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POR José Pires
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