quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O aviso vindo do Chile

O atentado terrorista ocorrido na última segunda-feira no Chile deveria ser um tema mais debatido aqui no Brasil. Uma bomba explodiu em uma estação de metrô em Santiago, ferindo 14 pessoas. Uma trabalhadora do setor de limpeza teve decepado um dos dedos da mão. A polícia suspeita de grupos de extrema esquerda, que já estiveram envolvidos em atos recentes de terrorismo.

Não é a primeira vez que acontece algo assim em Santiago. E só não soubemos antes desse tipo de coisa porque temos no Brasil uma imprensa com os olhos fechados ao nosso continente. Já falei aqui que para saber do que acontece nos países que fazem fronteira tenho que ler os jornais da Espanha. É assim com os jornalistas brasileiros, numa alienação que vem piorando bastante, agora com essa proliferação de informação inútil no estilo de variedades pitorescas.

Mas, voltando ao atentado no Chile, em 14 de julho uma bomba havia explodido em outra estação na mesma linha do metrô onde aconteceu agora este atentado. Foram registrados também casos de mochilas encontradas com bombas, felizmente desativadas antes da explosão. Investigações da polícia chegaram à conclusão de que os atentados são realizados por "grupos anarquistas insurrecionistas". As informações são do site chileno Emol.

Notaram a semelhança com coisas que aconteceram recentemente em nossas ruas? No palavrório dos grupos identificados pela polícia foram observados expressões como "solidariedade com pessoas sequestradas pelo estado", além de apelar para a realização de “ataques em suas diversas formas para manter vivo o fogo anárquico da revolta”. Qualquer black bloc brasileiro assinaria com orgulho embaixo desse discurso. As pessoas "sequestradas pelo estado" são evidentemente militantes presos por atos violentos. O Chile já percebe que o país pode ter chegado a uma era de terrorismo e por isso é preciso precaver-se.

A presidente Michelle Bachelet disse ao site El Nuevo Herald que os vazios legais relacionados ao terrorismo "muitas vezes dificultam uma resposta mais eficaz". O Congresso chileno está para votar uma lei antiterrorista. E depois do atentado, Bachelet anunciou mais reformas legais para fortalecer a luta contra o terrorismo. “Vamos aplicar todo o peso da lei contra os responsáveis, não vamos tremer a mão frente a ações como esta”, ela disse.

Neste idioma maravilhoso que é o espanhol, ela falou em "temblar las manos", que para eles é um termo mais expressivo. Mas cá no Brasil era preciso também começar a pensar em medidas mais duras contra grupos violentos que já mostraram do que são capazes se não forem contidos antes de aprontarem violências mais pesadas. Além de não "temblar las manos", por aqui em nosso país é preciso também parar de passar a mão na cabeça desses nossos potenciais terroristas como se eles não passassem de jovens sapecas. Um futuro mais seguro para todos os brasileiros depende de um sério corretivo pra já nos espíritos violentos.
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POR José Pires

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