terça-feira, 2 de setembro de 2014

O coordenador descoordenado

Com o coordenador que arrumou para sua campanha, Aécio Neves nem precisa de adversários. Os golpes vem de dentro. Numa entrevista à Agência Estado, o senador José Agripino Maia (DEM-RN) deu uma declaração que deve ficar para a histórias das eleições como uma das grandes bolas fora que já foram dadas na política brasileira.

Faltando ainda um mês inteiro para a eleição e o próprio coordenador da campanha de Aécio deu uma declaração que soa como uma desistência da candidatura tucana. Agripino disse o seguinte: "O sentimento que nos move – PSDB, DEM e Solidariedade – é garantir a ida de Aécio para o segundo turno. Se não for possível, avalizar a transição para o segundo turno. Ou seja, com uma aliança com Marina Silva, por exemplo. É tudo contra um mal maior, que é o PT".

É uma grande besteira, mas não é a primeira do senador Agripino Maia. É dele também uma famosa intervenção no Senado, em maio de 2008, quando citou uma entrevista em que a presidente Dilma Rousseff havia dito que mentira sob tortura, quando esteve presa durante a ditadura militar. As palavras de Agripino: "A senhora mentiu na ditadura, mentirá aqui?" A fala desastrada do senador acabou prejudicando a cobrança que a oposição pretendia fazer da responsabilidade de Dilma no vazamento de dados sigilosos sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sua mulher, Ruth Cardoso, quando ele ocupou a presidência. Na época desse depoimento Dilma era ministra da Casa Civil, do governo Lula.

Nem cabe perguntar como é que vai parar na coordenação de uma campanha presidencial um parlamentar com tamanha dificuldade de estabelecer um debate que não abra um caminho tão fácil para um adversário escapar dos questionamentos, como ele fez com Dilma no Senado. Deve ser por força de acordo entre os partidos. Mas o resultado disso está aí, em mais essa intervenção desastrosa.

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POR José Pires

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