sábado, 3 de janeiro de 2015

Bujão polêmico

O PT é patético. Como todos já estão sabendo, gaiatos pegaram a foto da posse da presidente Dilma Rousseff vestida daquele jeito errado e fizeram a relação óbvia com uma capa de bujão de gás. Não tem como culpar os tucanos de terem tricotado aquela capa da foto igualzinha ao vestido da posse porque a imagem apareceu de imediato. Na internet tem sempre dessas brincadeiras, mas esse tipo de gozação é bem anterior a qualquer nova tecnologia. Fazer humor com autoridades é próprio da democracia e falar mal do vestido alheio também é um hábito presente em qualquer roda de conversa feminina. Aliás, quem mais chamou a atenção para a má escolha do vestido da posse foram as mulheres. Mas agora os petistas estão querendo fazer disso uma discussão política séria. Tem feminista de esquerda querendo fazer disso um debate de gênero, pode? Pode sim, eles acham que pode tudo. Será que vão agora tachar toda a oposição como preconceituosa em relação ao mulherio que se veste mal?

O vestido do bujão pode ser inclusive um sinal de que neste segundo mandato Dilma vai puxar de fato pra si o comando do governo. Para mostrar isso, a petista passou por cima do marqueteiro e ela mesma escolheu o vestido da posse. A presidente não sabe se vestir, nunca soube cuidar de si como mulher e pela sua personalidade deve até achar isso algo menor. Isso é um fato que pode ser comprovado com o trato estético e de guarda-roupa que ela recebeu do marketing político depois de ter sido escolhida candidata do PT por Lula. Vê-se em fotos antigas que ela não sabia ou não tinha interesse nem em cuidar dos cabelos. Eu não veria nenhum problema na sua falta de bom gosto se ela soubesse administrar, mas sobre isso Dilma também não demonstrou habilidade.

Agora Dilma passou o ridículo que todos vimos, amenizado apenas pela mau gosto ainda maior da ministra Katia Abreu, com seu vestido de estilo repolho — a maldade não é minha, colhi a definição acertadíssima de "repolho" em comentários de mulheres. Foi apenas por uma questão de hierarquia que o vestido da ministra motivou menos piadas que a capa de bujão da presidente da República. E foi também pela ex-oposicionista radical estar agora no governo do PT que a militância governista não tirou nenhum sarro grosseiro dela.

As brincadeiras do bujão foram muito engraçadas e não vi nenhuma que avançasse o limite do respeito humano. Já falei aqui que por não serem engajados politicamente os brasileiros de espírito oposicionista são mais equilibrados de cabeça e raramente aparece vindo deles um ataque condenável do ponto de vista moral ou político. Isso até acontece às vezes, mas como ação individual de algum maluco que logo é isolado. Não é como fazem os petistas, com seus ataques grosseiros vindos de cima e criados por profissionais de comunicação, além de articulados politicamente para ocupar os mais variados espaços da internet e até das ruas em panfletos apócrifos.

O episódio do vestido de bujão não é de forma alguma um ataque a presidente na sua condição de mulher. É apenas a ironia popular que todo dirigente de espírito democrático é obrigado a aguentar, seja mulher ou homem. Tentar criar um debate por este lado como estão fazendo os petistas é uma grande bobagem, embora seja previsível na condução leviana deles em qualquer tema. Com a Margareth Thatcher e na eleição passada com a Marina Silva eles não viam problema em ataque algum. Mas é assim com quem se guia pelo politicamente correto. Acaba-se ficando tão tapado que depois fica impossível aceitar que muitas vezes uma piada tem o único interesse de fazer rir. Vou explicar melhor para os espíritos obtusos, sem ter que desenhar um cartum: tem piada que é só uma piada, nada mais que isso. Ninguém está pensando em questão de raça, religião, de gênero ou qualquer outra condição do alvo. E críticas e humor sobre a presidente da República terão muitas vezes em conta o fato dela ser mulher. Não há como fugir disso e talvez nem seja preciso desenhar para que a militância entenda. São os próprios petistas vem insistindo durante anos de forma idiota para que os brasileiros chamem Dilma de "presidenta".
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POR José Pires

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