Até que enfim uma instituição reagiu a um dos abusos que o ex-presidente Lula cometeu nesta campanha. Foi a Confederação Israelita do Brasil (Conib), representante da comunidade judaica brasileira, que lançou uma nota repudiando a menção de Lula ao nazismo, quando o petista comparou em um comício as ações do candidato do PSDB, Aécio Neves a "agressões nazistas". A esquerda brasileira costuma usar com leviandade expressões relacionadas ao nazismo, mas desta vez houve pelo menos uma reação exigindo respeito com as palavras.
Para a Conib não se deve "banalizar um episódio trágico para a Humanidade". E é exatamente isso que não só Lula, mas também vários companheiros seus, vêm fazendo já faz bastante tempo. A banalização de episódios e conceitos políticos e históricos é com eles. Elite branca, fascista, nazista, direitista, qualquer palavra serve para ser usada contra os adversários políticos e muitas vezes até contra quem apenas discorda do governo.
A nota da Conib vem em boa hora, para mostrar que nem todos vão permanecer calados com a cultura de ódio que vem sendo estimulada. Já ficou até comum a irresponsabilidade no uso das palavras. Tudo vai perdendo o sentido com essa forma de fazer política que coloca o conteúdo em segundo plano. O que vale é o insulto, independente do peso histórico que pode ter o conceito berrado. É bem-vinda a reação da Conib, mas esta nota faz a gente perceber também a passividade de todas as outras nossas instituições perante esta cultura do ódio que vem se instalando progressivamente no país.
A entidade da comunidade judaica brasileira foi a única que demonstrou com franqueza sua contrariedade com o que vem acontecendo. No texto divulgado é pedido o respeito "à manutenção de padrões que sirvam à causa da democracia, e não ao aprofundamento de divisões em nossa sociedade". E desde o primeiro turno a divisão entre os brasileiros vêm sendo incitada pela campanha governista sem que nenhuma entidade civil se manifeste.
Não se vê nenhuma intervenção exigindo bom senso e equilíbrio, com o exercício da política buscando um entendimento para enfrentarmos os graves problemas que aí estão. Ficaram caladas as mais variadas entidades, como a OAB, as organizações empresariais da indústria e também do comércio, os sindicatos de jornalistas, de arquitetos, da área da engenharia, dos professores do ensino fundamental, das universidades e tantas outras instituições representativas. Seja qual for o resultado desta eleição, a partir desta próxima segunda-feira o Brasil amanhecerá ainda mais dividido pela estratégia da discórdia que vigorou nesta campanha. E em seu choque com a intolerância política que vem assolando a vida brasileira, a sociedade civil não se viu representada por nenhuma entidade.
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POR José Pires
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