As redes sociais estão se contaminando com uma tática política que consiste em pegar determinado assunto e ficar explorando para tirar algum proveito, seja como ataque ao adversário ou como um autoelogio disfarçado. A jogada é até anterior à invenção da internet, mas agora este instrumento pode fazer um assunto render com rapidez além até do que estava planejado.
Essa conversa sobre preconceito contra nordestinos é um exemplo disso. É um assunto que surgiu de desabafos numa página ou noutra do Facebook depois do resultado da eleição. Veio o contra-ataque e uso político de governistas e daí o assunto rendeu. Estes posts, que deveriam ficar restritos à conversação nos grupos pequenos e isolados em que surgiram, acabam tendo sua divulgação multiplicada em matérias na internet e pelos próprios internautas. Até grandes jornais e sites de muita audiência fazem reportagens em que pegam um post de uma figura que costuma ser lida apenas num grupo de amigos e faz daquilo um assunto nacional.
Se existisse uma onda fenomenal na internet, com milhares de pessoas expressando de fato esta visão errada sobre o resultado da eleição até faria sentido dar tanta atenção a este assunto. Aí daria para levar a sério essa conversa de divisão territorial do país, mas quem sabe não teríamos a vantagem de surgir do Facebook um Lincoln brasileiro nessa história, não é mesmo? Mas do jeito que está, tudo é apenas um equívoco de leitura, no qual a imprensa é em grande parte culpada. Ainda ontem vi uma matéria no site do jornal O Globo sobre uma manifestação pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, que aconteceu em São Paulo. Fui ver a matéria e eram duas ou três dezenas de pessoas, todas muito jovens, com algumas faixas feitas às pressas.
Pois uma coisa dessas vira um assunto nacional, que até pode ser depois debatido durante dias. Bem, se jornalismo é isso, então acho que vou juntar umas pessoas para uma manifestação qualquer e chamar um repórter de uma grande publicação nacional. Já nem estamos mais numa realidade virtual. O clima é mesmo de farsa. E muitas vezes isso ocorre por falta de cuidado profissional nas redações. A imprensa hoje em dia faz alarde até de tuitada de personalidade menor da classe, digamos assim, artística. Dessa irresponsabilidade é que surgem bobagens como este falso clima de divisão entre os brasileiros.
E com essa facilidade de hoje em dia, de qualquer um escrever qualquer coisa e mandar pra frente, ficou muito fácil pegar alguns textos escabrosos e fazer sociologia barata em cima. O problema é que com isso temos pela frente mais uma das confusões que vêm demolindo a cultura brasileira: fica cada vez mais difícil identificar o que de fato interessa às nossas vidas diante de tanta coisa banal que toma uma importância que nada tem a ver com o seu significado real.
Essa conversa sobre preconceito contra nordestinos é um exemplo disso. É um assunto que surgiu de desabafos numa página ou noutra do Facebook depois do resultado da eleição. Veio o contra-ataque e uso político de governistas e daí o assunto rendeu. Estes posts, que deveriam ficar restritos à conversação nos grupos pequenos e isolados em que surgiram, acabam tendo sua divulgação multiplicada em matérias na internet e pelos próprios internautas. Até grandes jornais e sites de muita audiência fazem reportagens em que pegam um post de uma figura que costuma ser lida apenas num grupo de amigos e faz daquilo um assunto nacional.
Se existisse uma onda fenomenal na internet, com milhares de pessoas expressando de fato esta visão errada sobre o resultado da eleição até faria sentido dar tanta atenção a este assunto. Aí daria para levar a sério essa conversa de divisão territorial do país, mas quem sabe não teríamos a vantagem de surgir do Facebook um Lincoln brasileiro nessa história, não é mesmo? Mas do jeito que está, tudo é apenas um equívoco de leitura, no qual a imprensa é em grande parte culpada. Ainda ontem vi uma matéria no site do jornal O Globo sobre uma manifestação pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, que aconteceu em São Paulo. Fui ver a matéria e eram duas ou três dezenas de pessoas, todas muito jovens, com algumas faixas feitas às pressas.
Pois uma coisa dessas vira um assunto nacional, que até pode ser depois debatido durante dias. Bem, se jornalismo é isso, então acho que vou juntar umas pessoas para uma manifestação qualquer e chamar um repórter de uma grande publicação nacional. Já nem estamos mais numa realidade virtual. O clima é mesmo de farsa. E muitas vezes isso ocorre por falta de cuidado profissional nas redações. A imprensa hoje em dia faz alarde até de tuitada de personalidade menor da classe, digamos assim, artística. Dessa irresponsabilidade é que surgem bobagens como este falso clima de divisão entre os brasileiros.
E com essa facilidade de hoje em dia, de qualquer um escrever qualquer coisa e mandar pra frente, ficou muito fácil pegar alguns textos escabrosos e fazer sociologia barata em cima. O problema é que com isso temos pela frente mais uma das confusões que vêm demolindo a cultura brasileira: fica cada vez mais difícil identificar o que de fato interessa às nossas vidas diante de tanta coisa banal que toma uma importância que nada tem a ver com o seu significado real.
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