sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Estratégia do ódio sem pensar no futuro

É de se perguntar o que é que vai sobrar depois desta campanha do PT à reeleição. O país foi lançado numa confusão que divide os brasileiros de tal jeito, que cabe questionar de que forma Dilma Rousseff pretende governar se for reeleita. O PT nunca teve a responsabilidade de fazer política cuidando para manter um respeito ao debate democrático e evitando uma violência prejudicial à necessidade posterior de governar, seja deles próprios ou do adversário. Essa política petista de terra arrasada vem desde os tempos em que o partido atuava na oposição. Nesses tempos o PT agia na base do quanto pior melhor. Não procuravam manter um relativo equilíbrio nem mesmo quando a democracia brasileira ainda exigia mais cuidados, com o país dando os primeiros passos eleitorais, ainda na insegurança da ditadura militar. Eram tempos em que valia até petista se juntar com a direita para derrubar as grades do Palácio Bandeirantes, como aconteceu em 1983, apenas um mês depois da posse de Franco Montoro no governo paulista, nas primeiras eleições diretas estaduais ainda durante a ditadura militar. Foi a primeira tentativa de Lula alcançar um cargo executivo, quando ficou em quarto lugar, com apenas 9% de votos.

O curioso deste PT de cara furibunda que estamos vendo nesta campanha de 2014 é que ele é muito parecido ao PT de antes de Lula se eleger presidente. O PT fez então sua “Carta aos Brasileiros”, onde davam a impressão de terem tomado juízo, mas foi só na economia. Em política continuaram com a mesma pretensão de terem um país só deles. O melhor termo para o PT que derrubava grades da sede de governo eleito é o de partido de porras-loucas, uma expressão muito usada então. Para o partido de Lula o que valia era extrair de cada conflito algum ganho eleitoral, sem nenhuma responsabilidade com o que podia resultar de negativo para a população ou mesmo ao próprio sistema político. Valia tudo para garantir o crescimento do partido. Se não fosse a habilidade do governador Montoro, o Brasil teria ali o retrocesso político que a direita queria.

Esse método político do tudo ou nada é muito parecido com o que fazem agora, com a diferença de atualmente a agressividade ser usada para evitar que o voto os tire do poder. E hoje a força agressiva do partido é também bastante elevada. O PT tem uma máquina política muito eficiente e com bastante dinheiro, que envolve inclusive o uso de sindicatos e todo tipo de entidade representativa, além de ONGs e empresas com ligação financeira com o governo. Os ataques aos adversários são multiplicados por uma máquina de comunicação que invade todos os cantos da internet, com gente paga para defender o governo e atacar de forma virulenta a candidatura de Aécio Neves, do PSDB.

É barra-pesada, outro termo da época em que os petistas eram porras-loucas de oposição. A cizânia criada nos dias de hoje terá um resultado bem grave para o país, caso o partido receba das urnas seu quarto mandato. O PT devia ter sido mais equilibrado em campanha, até pelo fato do partido já exercer o governo. Como não souberam ter modos mais democráticos, uma vitória trará para o ano que vem uma grande dúvida, junto com a imensidão de problemas abafados até o momento por Dilma, escondendo dados negativos e de arrecadação. A questão é saber como é que o PT vai governar num país dividido e com uma parcela importante dos brasileiros atingidos por uma violência eleitoral que nunca se viu na história brasileira recente. E para piorar, essa situação exigirá no governo um bom senso e equilíbrio que infelizmente nunca fez parte da história desse partido.
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POR José Pires

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