quinta-feira, 12 de março de 2020

Jair Bolsonaro e o coronavírus: um problema encontra o outro

O presidente Jair Bolsonaro está sendo monitorado por médicos, depois de ter sido confirmado que o secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, foi infectado com o coronavírus. Os médicos recomendaram que Bolsonaro fique no Palácio da Alvorada até sair o resultado de seu exame, que deve ficar pronto nesta sexta-feira — toc, toc, toc —, dia 13.

Mas para que tanto cuidado, se o próprio Bolsonaro andou dizendo que o coronavírus é “mais fantasia” e não é “isso tudo”? Segundo ele disse, não havia necessidade de alarde e, como sempre, colocou a culpa na mídia. O presidente falou isso durante sua viagem aos Estados Unidos, na visita ao presidente Donald Trump, onde provavelmente seu ministro sofreu o contágio.

É Bolsonaro novamente falando do que não entende. E, por favor, não me perguntem se ele entende de alguma coisa. Ontem, El capitán voltou ao tema, afirmando que do que ouviu "até o momento, outras gripes mataram mais" que o novo coronavírus. Ele disse que obteve a informação de amigos médicos.

Bolonaro deu a declaração na portaria do Palácio do Alvorada, no mesmo dia em que a OMS declarou pandemia para o Covid-19, infecção causada pelo novo coronavírus. A epidemia se espalhou para dois ou mais continentes com transmissão sustentada de pessoa para pessoa, como é provável que agora Bolsonaro já deve estar sabendo, depois do vírus ter sido transportado pela sua equipe até o Palácio do Planalto.

Bolsonaro dizia essas bobagens enquanto o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta afirmava em entrevistas que a OMS deveria ter declarado a pandemia muito antes. Bem, nem vou perguntar se Bolsonaro não tem tido reuniões com seu ministro da Saúde nos últimos dias. É mais provável que tenham conversado bastante, do mesmo modo que também é possível que o presidente tenha entendido pouca coisa do que o seu próprio ministro vem falando.

Tem mesmo que dar nessas besteiras quando um sujeito de personalidade alarmista tem a responsabilidade de acalmar o país, como agora passa a ser a obrigação de Bolsonaro. Ele passou a vida jogando gasolina no fogo, fez carreira com este perfil incendiário e até subiu ao poder no meio do fogaréu, onde não parece saber o que fazer. Agora sua atitude terá que ser outra e todo o país vai sofrer muito porque, definitivamente, Bolsonaro é o pior líder em uma situação de crise, como os brasileiros já sabem muito bem neste um ano e pouco de seu mandato repleto de crises.

O governo já está num bate-cabeças danado, nada incomum em equipe sob o comando de Bolsonaro. O prognóstico é que sofreremos duplamente, do mesmo modo que penamos em dose dupla nesta crise econômica: teremos de suportar o coronavírus e as burradas governistas.
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POR José Pires

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