terça-feira, 13 de julho de 2010

Dessa Lula não sabia mesmo

Sete prisioneiros políticos cubanos já chegaram à Madri e o governo espanhol anuncia que amanhã chegam mais três. Já começa o maior exílio de prisioneiros políticos da história do regime cubano, como o jornal espanhol El País vem chamando este episódio.

É interessante que um governo que vem se comportando com firmeza, porém sem nenhum sensacionalismo em suas relações internacionais é que tenha, no final, obtido o resultado mais expressivo em uma questão tão importante como a da liberdade política em Cuba. É claro que a cobertura do assunto feita pela imprensa espanhola é das melhores. Tem sido sempre assim nos assuntos ligados à América Latina.

A imprensa brasileira é que deveria estar bem atenta ao estilo jornalístico dos espanhóis num caso tão marcante. As informações são objetivas, sem que os fatos realmente importantes sejam atrapalhados por fofocas ou histórias curiosas. Até agora também não aconteceu de nenhum jornal dizer que o primeiro-ministro José Luís Rodrigues Zapatero só não será secretário-geral da ONU se não quiser e também não formam feitas comparações entre ele e Barack Obama. E olhem que além deste feito político dos prisioneiro cubanos os espanhóis também ganharam a Copa do Mundo.

Já escrevi aqui neste blog sobre meu estranhamento com a absoluta submissão de Lula nas relações entre seu governo e o regime cubano. É claro que não se espera de Lula independência em relação a Fidel Castro, mas é estranho que não seja possível sequer simular uma relação soberana por parte do Brasil, com uma menção, mesmo que seja de leve, para questões universais como os direitos humanos.

Mas parece que com o regime de Castro não existe abertura nem para compartilhar certos ganhos políticos. Lula esteve em Cuba há cerca de quatro meses para fazer aquele papelão de aparecer gargalhando ao lado dos irmãos Castro no mesmo dia em que o prisioneiro político Zapata morria após uma greve de fome.

Foi maldade deles com o petista. Podiam ter avisado sobre os novos rumos do regime, que certamente já estavam em discussão interna naqueles dias em que Lula fez papel de bobo no plano internacional.

Outra demonstração de que os petistas não têm sintonia alguma com o papel das esquerdas no plano internacional ocorreu com a candidata que Lula quer por no lugar dele a partir do ano que vem.

Pois Dilma Rousseff esteve no mês passado na Espanha e teve um encontro no dia 16 com o primeiro-ministro Zapatero. Ficaram uma hora e meia conversando. No mês anterior foi Lula quem esteve na Espanha. Dá para notar que ninguém conversa nada a sério com os companheiros petistas. E com toda a razão. A última do Lula em relações internacionais foi divulgar uma carta pessoal que Obama mandou para ele.
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POR José Pires

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