segunda-feira, 19 de julho de 2010

Lidando só com quem sabe

No post lá de baixo dei meu ponto de vista como cidadão e, é claro, como blogueiro. O vice de Serra fez besteira, não digo pelo assunto, que é muito importante, mas o contexto pede um discurso diferente da oposição. Mas eles que são tucanos que se entendam.

Mas vejo como um problema quando quem escreve sobre essas crises políticas trata o assunto como se tivesse compromisso com o andamento de alguma candidatura. Eu até entendo que a blogosfera petista tenha esse comportamento, afinal são pagos ou recebem vantagens para seguir sem dicussão ordens vinda de cima, mas espero que nossa internet tenha também segmentos de opinião sem atrelamentos.

Já não é de agora que vejo jornalista comportando-se como se tivesse compromissos políticos com este ou aquele lado em assuntos que merecem, do ponto de vista profissional, maior aprofundamento e até terem explorados seus pontos mais polêmicos.

E tem também um outro equívoco, que vem certamente da relativa imparcialidade que todo jornalista deve respeitar. É aquela velha história de ouvir o outro lado, que no Brasil muitas vezes deixa o leitor sem elementos substanciais ou, para ser mais direto, mal informado mesmo.

Tem os dois lados e na maioria dos casos até o terceiro ou quarto lado. Mas o "lado" do jornalista quase nunca tem. Jornalista tem que ter também responsabilidade sobre o que escreve. Do jeito que está, o jornalismo está se tornando um intermediário que dá pouca qualidade ao que transporta entre a fonte da notícia e o leitor.

Esse chega-pra-lá na responsabilidade com o assunto criou até o risível vício da palavra "suposto". Serve pra tudo, de forma que no Brasil temos até um Ministério Público que faz denúncias de "supostas" corrupções.

Nesses tempos de internet, com os assuntos fragmentados em sites e blogs, chega uma hora que o pobre do leitor deve ter dificuldade para saber sobre o que realmente estão falando.

E na internet existem instrumentos que podem evitar esse embaralhamento. Tem a possibilidade do uso de links variados, mas infelizmente isso é pouco usado. No Brasil não tenho visto esse aprofundamento da notícia. E para piorar, os grandes sites brasileiros seguem um vício comercial que já existia nos impressos que é o de fechar o assunto na sua área de interesse. Nunca lincam para outros veículos, a não ser, e mesmo isso raramente, para publicações internacionais.

No caso da declaração do vice do Serra, por exemplo, vários jornais tratam do assunto sem link algum explicando melhor o tema da polêmica, inclusive mostrando ao leitor que diabos é isso de FARC. Mas não fazem isso. Eu acho que eles estão escrevendo para especialistas. E o mais complicado é que é para especialistas em todos os assuntos.
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POR José Pires

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