terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O parque da discórdia

O presidente Lula inaugura hoje em Recife o Parque Dona Lindu, obra orçada em R$ 19 milhões e que no final custou R$ 29 milhões. O parque criou bastante insatisfação na capital pernambucana: moradores dos três bairros vizinhos à obra criticam o excessivo gasto em uma cidade com tantos problemas sociais e o também o excesso de concreto. Ah, sim, quem é Dona Lindu? Ela é aquela senhora que segundo o filho, o próprio Lula, nasceu analfabeta.

A obra é de Oscar Niemeyer, claro. Sensatamente a população queria um
parque de fato, com muita área verde, mas para realçar o marketing a prefeitura convocou o arquiteto centenário. Bem, estilo é estilo. O prefeito de Recife, João Paulo, é do PT, um partido que faz de sua administrações um espetáculo. Neste caso, Niemeyer é mesmo o cara. Mas tomara que ele não tenha feito suas rampas de aleijar criança, afinal é um parque e não um palácio.

Quem conhece as obras públicas de Niemeyer sabe o que os recifenses estão sofrendo. Basta dar uma passadinha em lugares como o Memorial da América Latina, na capital paulista, em um dia de bastante calor, para saber o resultado dessa arquitetura em um país tropical. Veja aqui, de cima, como é a coisa em São Paulo. Em dias calorentos, dá para fritar ovo em volta do Memorial.

E veja acima o Parque Dona Lindu. É impressionante. Niemeyer cobriu de concreto toda a frente do parque, sem pensar evidentemente quem é que poderá ficar por ali em um dia de calor. Alguém pode pensar na mãe dele, mas seria uma maldade imensa com a falecida. A mãe de Lula, apesar de tudo, também não merece.

Ali será também um local para shows, o que também desagrada a quem mora próximo ao parque. E especialistas afirmam que a massa de concreto de Niemeyer deve piorar a poluição sonora. A região, como se vê na foto acima, já é área de grande concentração populacional. O recifense deve estar torcendo para que a agenda de shows seja modesta.

E o que a homenageada fez por Pernambuco ou Recife? Nada, claro, já que a única intenção da homenagem à dona Lindu é, por extensão, puxar o saco do filho.

Mas gostei desse prefeito. A obra tem estouro de orçamento, críticas, muito litígio, desagrada boa parte da população. O companheiro fez tudo direitinho: é uma homenagem à altura do Lula.
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POR José Pires

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Aproveite...

Sumidade...

A Veja evidentemente preparou uma edição especial com uma retrospectiva dos principais fatos de 2008. Claro, todo ano fazem isso. Mas o blogueiro Reinaldo Azevedo, sempre tão crítico, sempre tão cioso da qualidade, avisa que na edição especial tem também "uma série de alentados artigos sobre as perspectivas para 2009, escritos por Niall Ferguson, Bruce Scott, Jeffry Frieden, Zhiwu Chen, Parag Khanna, Alexandre Delaigue, Mariano Grondona e Maílson da Nóbrega".

Uau! Ainda não tive tempo de correr à banca de jornais para comprar a minha revista. A Veja mata a gente de ansiedade. Mal posso esperar para saber o que Maílson da Nóbrega escreveu sobre 2009.
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POR José Pires

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Teúda e manteúda com dinheiro público

Só podem ser as madrugadas passadas em claro votando projetos de seu interesse exclusivo e particular a explicação para a desatenção dos políticos brasileiros para coisas que acontecem debaixo de seus narizes.

Hoje os jornais publicam que o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), vai pedir à assessoria jurídica da Casa que examine o caso da ex-servidora Siméa Maria de Castro Antun, que durante cerca de 10 anos recebeu o maior salário pago a ocupantes de cargos comissionados, de R$ 8, 2 mil.

A história foi revelada pela revista Veja desta semana, com lances em que tem até um suposto herdeiro do falecido deputado Luís Eduardo Magalhães, da Bahia. Desde setembro está na justiça uma ação que pede o reconhecimento de paternidade e também uma parte da fortuna do avô, Antonio Carlos Magalhães, o senador ACM, de triste memória para o país. O filho do deputado teria nascido da relação extraconjugal com a ex-servidora fantasma Siméa, que recebia a bolada mensal do Senado.

O deputado Magalhães conheceu a moça em uma convenção do antigo PFL, hoje o DEM, na qual ela trabalhava como recepcionista. O político deu-lhe um cartão e ofereceu emprego. Logo se tornaram amantes: viviam junto em Brasília de segunda a quinta-feira (“relacionando-se afetiva e sexualmente”, como descreve o advogado), quando então o deputado seguia para a Bahia, onde era casado e tinha filhos.

Até aí é problema da família Magalhães. Mas a questão é que entrou dinheiro do Estado na história. A amante do deputado recebeu de fato um emprego em seu gabinete, até que ficou grávida e os dois romperam. Daí então retornou para a casa dos pais, depois de recusar, segunda ela, proposta do deputado para abortar o filho. E continuou recebendo o salário do Congresso.

Já não está certo. Mas como tudo que tem o senador ACM no meio, a coisa piorou. Com amorte de Luís Eduardo Magalhães, ACM convocou a ex-amante do filho e disse o seguinte: "Filho do meu filho é meu neto. Não se preocupe, pois o futuro financeiro e educacional do menino estará garantido".

Muito bonito. O senador sempre foi um homem com muito dinheiro, era um dos homens mais ricos do Brasil e podia muito bem arcar com os custos deste inesperado aumento na família. Mas acontece que ACM não empregou a moça em nenhuma de suas empresas e nem numa fazenda sua.

Manteve-a recebendo do Congresso, onde ela recebia um salário de 8.255 para ficar em casa. ACM morreu e a moça continuou recebendo da parte do suplente que ocupou seu lugar, o filho mais velho. Segundo a Veja, ela só foi demitida na última terça-feira quando o senador ACM Júnior foi procurado pela revista. E agora o presidente do Senado veio com essa de que vão examinar o caso.

Antes tarde do que nunca, mas se o Senado é cego para um caso que envolve um salário de mais de 8 mil reais recebido irregularmente durante dez anos, o que mais que não é visto por lá?
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POR José Pires

Cai mais um mito

O caso da servidora fantasma que envolve o falecido deputado Luís Eduardo Magalhães é, perdoem a palavra, emblemático da situação na qual está encalacrada o Brasil. O filho do senador ACM gozava de uma lamentável popularidade na mídia brasileira. Era tratado pelos jornalistas como se fosse um estadista. Talvez isso fosse pelo doce convívio, as tais “relações pessoais de clube e coquetel”, de que fala Hunter S. Thompson, o genial jornalista gonzo dos Estados Unidos, em matéria sobre  campanha presidencial em Washington. Com a camaradagem, ele diz, há pouca chance de um entregar o outro.

O fato é que acabaram criando um mito. Não fosse sua morte, o deputado poderia até ter se tornado presidente da República, já que mídia inflou de tal modo sua imagem que ele era presidenciável forte. E aí está o homem.

Magalhães era do PFL, o velho Partido da Frente Liberal da ditadura militar. Agora é o DEM, fiquem de olho, a maioria deles aprendeu a se vestir de um modo moderno. Ele foi criado assistindo as manhas do pai, o senador ACM. Deu à elas uma roupagem moderna, vestiu um paletó bem cortado, trocou a malvadeza explícita do pai pela amabilidade. Será isso que encantou a mídia? O deputado petista José Genoíno o adorava, mas esse não vale: até assina dívida de mais de dois milhões de reais sem ler o contrato.

Mas o encanto, pelo jeito, permanece. Anos depois de sua morte o fascínio dos colegas ainda é forte. Na abertura da reportagem, antes de narrar essa história de desfaçatez sem tamanho a Veja descreve o deputado Magalhães como “o mais brilhante político de sua geração”. Vejam bem, não um dos mais brilhantes, mas o mais brilhante.

Desconheço qual é a régua para defini-lo desse modo. Ou será que manter a amante com dinheiro público é coisa tão alta que nos critérios de valor do Congresso Nacional que o parlamentar acaba ficando com a fama de brilhante?
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Por José Pires

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Mais uma na calada da madrugada

Os marqueteiros falam tanto em simbologia na cabeça dos políticos que eles andam pegando o jeito: suas madrugadas andam ativas. Foi também na calada da noite que a Assembléia Legislativa do Paraná aprovou um plano de aposentadoria para os deputados estaduais.

O projeto entrou para ser votado próximo das duas da manha, sem nenhuma identificação e teve apenas seis votos contrários, dos deputados Tadeu Veneri (PT), Luciana Rafagnin (PT), Rosane Ferreira (PV), Marcelo Rangel (PPS), Douglas Fabrício (PPS) e Beti Pavin (PMDB). O deputado Professor Luizão (PT), sabe-se lá com que intenção, absteve-se na votação.

No site da Assembléia Legislativa do Paraná, lê-se “A Casa dos Paranaenses”. Parece uma casa mais fechada, daquelas com luz vermelha na porta. Durante muito tempo a ONG Transparência Brasil teve a maior dificuldade com o legislativo paranaense, que não disponibiliza dados de seus gastos na internet.

O plano de aposentadoria já tem uma verba de R$ 16 milhões incluído no orçamento da Casa para 2009. Para requerer a aposentadoria o deputado contribui por mínimo 60 meses, o que dá cinco anos e meio. A aposentadoria é de 85% do salário do parlamentar, o hoje fica em R$ 10,6 mil. A mamata é boa. Já pensou como seria bom gozar de aposentadoria com menos de seis anos de contribuição?

Entre os parlamentares da casa está Stephanes Júnior, filho ainda novo (43 anos) do ministro Reinhold Stephanes, hoje na Agricultura do governo Lula, mas que já foi ministro do Trabalho e Previdência Social de Collor de Mello e ministro da Previdência de Fernando Henrique Cardoso. É um daqueles privatistas que não largam a teta do Estado: está com o Poder desde a ditadura militar de 64.

Reinhold Stephanes fez carreira defendendo o corte de direitos dos trabalhadores e fazendo estes mesmos cortes sempre que possível. Seria interessante perguntar ao ministro qual o milagre financeiro que tornará possível pagar a aposentadoria de seu herdeiro com tão pouco tempo de contribuição.

Para não sermos injustos, vamos publicar também os nomes dos deputados favoráveis à aposentadoria, pelo menos para que eles fiquem lembrados na internet. Veja abaixo, os deputados paranaenses que foram a favor da mamata.

Ademar Traiano (PSDB); Alexandre Curi (PMDB); Alisson Wamdscheer (PPS); Antonio Annibelli (PMDB); Antonio Belinati (PP); Artagão Júnior (PMDB); Augustinho Zucchi (PDT); Caíto Quintana (PMDB); Carlos Simôes (PMDB); Chico Noroeste (PR); Cida Borghetti (PP); Cleiton Kielse (PMDB); Dobrandino da Silva (PMDB); Dr. Batista (PMN); Duílio Genari (PP); Durval Amaral (DEM); Edgar Bueno (PDT); Edson Strapasson (PMDB); Élio Ruschi (DEM); Elton Welter (DEM); Fábio Camargo (PTB); Felipe Lucas (PPS); Francisco Buhrer (PSDB); Geraldo Cartário (PDT); Jocelito Canto (PTB); Luiz Accorsi (PSDB); Luiz Carlos Martins (PDT); Luiz Cláudio Romanelli (PDT); Luiz Eduardo Cheida (PMDB); Luiz Fernandes Litro (PSDB); Luiz Nishimori (PSDB); Mauro Moraes (PMDB); Miltinho Puppio (PMDB); Jonas Guimarães (PMDB); Nelson Justus (DEM); Nereu Moura (PMDB); Ney Leprevost (PP); Osmar Bertoldi (DEM); Pastor Edson Paczyk (PRB); Pedro Ivo (PT); Péricles de Melo (PT); Plauto Miró (DEM); Reni Pereira (PSB); Ribas Carli Filho (PSB); Stephanes Júnior (PMDB); Teruo Kato (PMDB); Valdir Rossoni (PSDB); Waldyr Pugliesi (PMDB)
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POR José Pires

Raymundo Faoro em livro

A editora Globo lança um livro que reúne entrevistas de Raymundo Faoro. De nome "A Democracia Traída", junta quinze entrevistas entre 1979 e 2002, sendo a linha condutora de todas elas a edição do jornalista Mino Carta, já que foram publicadas em revistas editadas por ele, as sete últimas na semanal Carta Capital.

Deve ser um livro excelente. Digo pelas entrevistas em si, claro, já que nada sei sobre os outros textos que compõem o livro. Faoro tinha uma boa conversação, suas entrevistas são substanciosas, muito agradáveis de ler, daquele tipo de conversa da qual a gente sempre sai melhor informado do que quando entrou. Advogado, jurista, ele foi presidente da Organização dos Advogados do Brasil (OAB) no período de a 1977 a 1979. É autor também de "Os Donos do Poder", obra referencial na universidade brasileira. Foi um militante ativo numa causa que juntava a todos na ocasião: a construção da democracia. Teve atuação destacada na luta pela anistia, não esta porcaria que aí está, claro, que está mais para caixa de pagamentos, mas a anistia política que acabou saindo em agosto de 1979 depois de muita luta e que foi essencial para a democracia brasileira.

Claro que Faoro foi da máxima importância na feitura dessa democracia. Antes mesmo de seu mandato na OAB foi um dos intelectuais brasileiros que colocaram importantes instituições civis na luta pela democracia e depois do fim da ditadura militar de 64 foi voz ativa, de extrema importância, na construção da democracia. Infelizmente morreu em maio de 2003, antes que se definissem muitos fatos importantes da nossa história recente, entre eles a ascensão do PT e de Lula, de quem era próximo. Até foi convidado em 1989 por Lula para ser vice em sua chapa presidencial, mas o convite foi recusado.

Devo ter lido quase todas as entrevistas deste livro e com certeza li as sete últimas. Faoro tinha um pensamento altamente original. Era desses que elucidavam os problemas tanto pelo rigor analítico quanto pela qualidade do raciocínio e da argumentatação. Faz falta neste dicotômicos tempos em que o pensamento se bifurca em falsas contraposições.

As entrevistas na Carta Capital eram excelentes, de um tempo em que a revista de Mino Carta estava do lado de cá, na oposição ao Governo Federal. Os governos mudaram, saí da oposição à FHC para a do governo Lula. Mino Carta hoje é lulista de se emocionar com a presença do Supremo Apedeuta no Poder. Não sei se vê luzes em torno do presidente, como acontece com alguns, mas ele parece fascinado com a figura.

A revista era melhor na oposição. No jornalismo é sempre assim − imprensa chapa-branca nada informa e, além dessa e outras mazelas, é muito chata. Talvez sirva para embrulhar peixe ou forrar a gaiola do tico-tico, mas quem é que hoje compra peixe na feira ou tem passarinho em casa?

No governo de Fernando Henrique Cardoso era só pau, talvez por conta até de inimizades pessoais devido ao convívio no reduzido espaço social paulistano. Era muito bem editada, com matérias aprofundadas e um texto bem diferente do usual da imprensa. Carta Capital era criativa, inteligente e fazia gosto em não se submeter ao suposto interesse do leitor médio. Nunca fizeram uma capa com a cura do câncer, nem sobre as maravilhas da cirurgia plástica ou o famoso da hora.

No estilo da revista entravam também entrevistas muito bem feitas sendo as de Faoro muito especiais, pela personagem e a edição singular. De tempos em tempos ele dava uma extensa entrevista sobre o Brasil e os rumos da nossa política. A revista dava capa e o assunto bem merecia. Era sempre um material excelente. Reli algumas recentemente e elas permanecem. O conteúdo claro e de excelente qualidade que nos ajudava a pensar o cotidiano virou peça histórica. Dão um bom livro, com certeza.
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POR José Pires

Opinião do Além

Mas Mino Carta fala sobre livro nesta semana em Carta Capital. No editorial da revista informa sobre o conteúdo, fala da personalidade brilhante do entrevistado, seu amigo pessoal, mas aí lança Faoro em algo com o qual ele nada tem a ver: o atual momento da política brasileira. Ele pergunta “o que diria Raymundo Faoro desta hora brasileira”.

É um artifício manjado e que segue sempre a mesma batida: a partir da figura escolhida o que todo mundo faz na verdade é dar a própria opinião sobre o que está aí. Não é nada honesto, pois usa-se uma figura histórica, muitas vezes com um perfil inatacável até porque não viveu as circunstâncias analisadas, apenas para corroborar um posicionamento pessoal. Mas e o morto? Bem, ele que escreva uma carta para a revista.

Então Mino Carta segue o raciocínio, puxando o que lhe interessa para uma hipotética avaliação de Faoro. O presidente do STF, Gilmar Mendes, o do Banco Central, Henrique Meirelles, e por aí vai. Esses dois o editor de Carta Capital não topa. No meio ele coloca o presidente Lula de forma bastante simpática, pois hoje em dia está bem com Lula. Até coloca sua revista a serviço do governo, o que baixou bastante sua qualidade política e editorial.

O interessante é que questões como o mensalão ou a assinatura de Lula para apoiar um negócio de uma empresa que fez de seu filho um milionário não entram na lista de temas que o jornalista pretende apresentar na visão de Faoro.

Já imaginaram o jurista analisando o assassinato de Celso Daniel? Ou os telefonemas entre o advogado de Daniel Dantas (beneficiado com 2 bilhões de reais pela assinatura de Lula), Luiz Eduardo Greenhalgh e o assessor pessoal de Lula, Gilberto Carvalho? Os aloprados de Lula também seria um ótimo tema.

A linha escolhida por Mino Carta na verdade é um equívoco, pois é muito mais produtiva para um raciocínio político de oposição dentro desta falsa dicotomia que ele faz questão de estimular, já que se coloca sempre na linha de frente de defesa de Lula e seu governo.

Se eu estivesse nesta, poderia puxar um elenco de nomes e encaixar uma pergunta para cada um sobre assuntos suspeitos ou francamente criminosos que envolvem Lula e seus apaniguados. Peguemos alguns nomes rapidamente, todos mortos antes de Lula subir ao poder: o humorista Henfil, o educador Paulo Freire, o geógrafo Milton Santos, o professor Sérgio Buarque de Hollanda ou o jornalista Perseu Abramo, este, aliás, com sua memória enlameada na Fundação petista que leva seu nome. O que eles achariam disso tudo?

O que Henfil pensaria do governo Lula? Bem, para mim, Lula já estaria há muito tempo em seu “cemitério dos mortos-vivos”, onde ele colocava os desafetos políticos. O Fradim já teria dado uma cusparada na estrela petista. Mas isso é o que eu penso, não o que Henfil estaria fazendo agora, pois a história recente mostra muita gente com uma vida íntegra e um trabalho de qualidade no passado que hoje estão encalacrados na incompetência e na corrupção do governo Lula e do petismo.

Henfil não pensa nada sobre o Brasil de agora. Assim como Raymundo Faoro não tem opinião alguma sobre as cuecas petistas recheadas de dólares. É melhor deixá-los no passado, com suas histórias pessoais de extrema qualidade. Mesmo porque, se ficarmos nisso de desvirtuar contextos históricos poderíamos cogitar de perguntar o que Faoro, com sua fala “alicerçada e temperada pela ironia” diria se visse o amigo Mino Carta editando hoje uma revista chapa-branca.

É melhor deixar pra lá. Vamos ler o livro do Faoro, que deve ser muito bom.
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POR José Pires

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Pela madrugada

Para isso eles são rapidinhos. O Senado aprovou durante a madrugada desta quinta-feira o aumento do número de vereadores no Brasil. Vai de 51.748 para 59.791.

Prepare o bolso. Ficou para fevereiro a votação de uma emenda do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) que mantém o mesmo recurso orçamentário repassado às Câmaras Municipais em 2008. Por que não votaram também esta emenda na madrugada? Ah, deixa para o ano que vem, até lá a gente dá um jeitinho... Ou o povo esquece, o que dá no mesmo.

Vale o simbolismo da aprovação feita na calada da noite. Este país não pára. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) havia feito o corte em abril de 2004, confirmado depois pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Agora tudo volta ao que era. O projeto recompõe quase integralmente a redução feita pela Justiça.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) aprovada pelos senadores teoricamente também reduz o limite de gastos com as Câmaras Municipais. A PEC estabelece que poderão ser gastos o mínimo de 2% e o máximo de 4,5% do orçamento municipal. Atualmente, os gastos variam de 4,5% a 8%.

É malandragem, claro, baseada na teoria do bode na sala, pois 4,5% já é um gasto absurdo. Além disso, sabemos muito bem como os políticos passam por cima de normas quando se referem a gastos públicos a seu favor.

Mas a intenção dos nossos senadores, na verdade, é azeitar a máquina que os favorece. É como uma linha de montagem. Do vereador ao senador, passando pelos prefeitos, governadores, deputados estaduais e federais e até mesmo por cargos nomeados, pois mesmo perdendo eleições ninguém fica de fora. As peças interagem entre si e se alimentam o tempo todo. Com este aumento de vagas para vereadores, mais peças passam a girar para alimentar esta máquina imprestável que aí está.

Legislar em causa própria é isso aí. Mas, afinal, é isso que eles fazem o tempo todo.
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POR José Pires

Jabuticaba pluripartidária

Não podemos esquecer que os salários de vereadores no Brasil são sempre muito altos. Além do que, esse negócio de pagar salário para vereador é mais uma jabuticaba, coisa que só tem aqui.

Recentemente o jornalista Ricardo Noblat publicou em seu blog informações sobre salários de vereadores que colheu junto ao jurista José Paulo Cavalcanti Filho − jurista e escritor dos bons; tenho um livro dele que é uma preciosidade, mas isso é outra história. Dos 181 países que fazem parte da ONU, só no Brasil se paga salário a vereadores ou a pessoas que exercem funções equivalentes.

O salário para vereador é invenção da ditadura militar de 64. Até 1977 apenas os vereadores de capitais recebiam salários. Foi o general-presidente Ernesto Geisel quem estendeu o benefício aos vereadores de todo o País.

Bem que o PT, que fala sempre em “herança maldita”, podia se esforçar, agora que estão no poder, para acabar com esta herança ditatorial. Mas nada. Este é um caso em que todos os partidos se juntam. Até para criar décimo-terceiro salário para vereador todos votam sim. Inclusive os petistas.
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POR José Pires

Mais lulices

"Gente, por favor, ninguém tire o sapato. Com este calor que está fazendo, se alguém tirar, vamos perceber antes de ele atirar, por causa do chulé", é o presidente Lula fazendo piada com o episódio em que o presidente George W. Bush quase foi atingido pelos sapatos atirados por um jornalista iraquiano.

Lula, que parece não entender que só prestam atenção às suas palavras pelo fato dele ser presidente da República, brinca com uma situação séria, gravíssima até, que é a tensão da presença militar do governo dos Estados Unidos no Iraque. Pega uma situação fora do nosso contexto cultural (atirar os sapatos é uma ofensa grave na cultura iaquiana) para fazer graça.

Alguém devia atirar um sapato no Lula para ele parar de falar besteira.
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POR José Pires

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O mundo preocupado com um, veio o outro e crau


De sonso Bernard Madoff só tem a cara. O mundo andou esse tempo todo preocupado com Osama Bin Laden. Pois foi alguém de dentro que deu um grande golpe no capitalismo ocidental.

Bernard Madoff fez uma limpa no mercado. Sua gigantesca fraude, de 50 bilhões de dólares, funciona como uma “pirâmide”, dessas que qualquer estelionatário de esquina faz. Mas apesar de ser do ramo do 171, Madoff é profissional de alto gabarito, cevado durante anos no mercado financeiro global.

O fundo gerenciado por ele pagava juros anuais de cerca de 10% usando o dinheiro de novos investidores para pagar os antigos. O interessante é que Madoff já foi presidente da Nasdaq, a poderosa bolsa eletrônica onde são negociadas até 6 bilhões de ações em apenas um dia. Ou seja, lá enganava os trouxas dentro da lei.

Outro fato interessante é que o SEC (Security and Exchanges Comission), organismo americano que regula o funcionamento das Bolsas americanas, deixou passar a fraude durante anos, já que o presidente do órgão admitiu que desde 1999 recebem denúncias do caso. Hmmm, e o SEC já consegue separar joio e trigo em um mercado que negocia mais joio do que trigo?

Tem várias simbologias neste logro. Os nomes das personalidades e instituições que caíram na lábia de Madoff mostra bem como o logro do mercado financeiro atingiu tal ponto que fica cada vez mais difícil identificar o verdadeiro do falso, já que ambos não tem nenhuma sustentação na realidade. Ou o logro de Madoff sofre condenação apenas porque é jogatina sem o aval do mercado?

Até o cineasta Steven Spielberg caiu na lorota. A fundação do prêmio Nobel de 1986, Elie Wiesel, também teve prejuízo: perdeu 37 milhões de dólares. Menos mal que Wiesel seja Nobel da Paz e não de Economia.

Mas a lista é grande, com pesos-pesados da área financeira internacional. O banco espanhol Santander perdeu US$ 3,1 bilhões. O BBVA, também da Espanha, US$ 404 milhões. O britânico HSBC perdeu US$ 1 bilhão. E o banco suíço Union Bancaire Privée, US$ 1,08 bilhão. Vejam que não tem neófito na jogatina. Duvido que alguém tenha perdido grana de boa fé.

E também não duvido que tentem recuperar o que perderam, não por lá nos Estados Unidos, claro, pois as autoridades parece que acordaram para o problema, mas por aqui, onde sempre se dá um jeitinho do Estado financiar recuperação de perda de graúdos. Alguns desses grandes bancos têm filiais por aqui. Não é difícil que ainda vejamos o governo brasileiro compensando também os rombos do golpe de Madoff.

E também teve graúdo daqui que levou rasteira. A perda de brasileiros na negociata chega até 2 bilhões de dólares, mas até agora a imprensa não identificou nenhum deles. Como costuma acontecer no Brasil, está todo mundo caladinho.

Mesmo porque não duvido que já haja entre os patos locais gente pensando em recuperar o que perdeu neste caso com idéias bem malvadas, mas facilmente aceitáveis para nossa classe política, como a de cortar direitos trabalhistas daqueles que nada tem a ver com os Madoff da vida, mas sim com o trabalho pesado.
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POR José Pires

Aprimoramento

Então o presidente da Câmara pega uma decisão de um tribunal superior e engaveta à espera de outro julgamento? E depois precisa de uma intimação para cumprir uma decisão judicial?

O Brasil tem dessas coisas. Quando a gente pensa que está tudo bagunçado demais, vem uma autoridade política e aperfeiçoa a bagunça.
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POR José Pires

Atropelando a ética

O setor de transportes públicos urbanos é um sério problema brasileiro. Tanto pelo que não faz, que é oferecer transporte de qualidade para o cidadão, quanto pelo que faz, que é corroer a ética na política brasileira. É um nó − e dos nós mais cegos − bem difícil de desatar, que trava a economia das nossas cidades e inferniza o cotidiano dos brasileiros. O transporte público é um atrapalho de tamanho descomunal em cidades grandes como São Paulo e até nos menores municípios: raramente está nas mãos de empresários competentes e, por isso mesmo, funciona mal e acaba sendo um serviço sempre caro, seja no bolso do cidadão ou na conta dos subsídios públicos que, no final, vai sempre para a conta do contribuinte. Além disso, é determinante, em boa parte das nossas cidades, nos desvios éticos que destroem as administrações públicas.

Quem não sabe de alguma treta em que aparece o transporte público urbano? Tem de tudo. Propina para vereadores ou para o prefeito. Pressões e compra da imprensa. E também muita briga entre os concessionários deste rico filão. Quando apenas a corrupção  não resolve, muitas vezes os contratos de concessão são disputados com o uso de ameaças física e até a tiros, inclusive nas capitais.

Um exemplo: na trama que envolve o assassinato do prefeito petista Celso Daniel, de Santo André, morto em janeiro de 2002, também o setor dos transportes públicos está presente, por meio de extorsão e contratos superfaturados que financiavam campanhas eleitorais do PT.

Conforme o livro “A Esperança Estilhaçada”, excelente relato do jornalista Augusto Nunes sobre a queda ética do partido de Lula, o esquema de Santo André era monitorado por “secretários municipais e empresários da área de transportes”. Segundo a denúncia, o dinheiro era destinado para campanhas eleitorais do PT. A morte de Daniel teria acontecido em razão de discordância sobre o destino do dinheiro arrecadado nestes crimes, que alguns estavam botando no próprio bolso, fato que teria desagradado o prefeito assassinado.

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POR José Pires

Parece coisa de Máfia

O setor dos transportes públicos urbanos, portanto, é onde ficam que atravancadas e totalmente imobilizadas muitas boas intenções éticas de cada prefeito que entra.

Pela interação com a política, no entanto, o setor cria empresários poderosos. Nenê Constantino é um deles. O empresário fez fortuna no setor de transportes públicos urbanos e é também fundador da Gol Linhas Aéreas. Recentemente, inclusive, no auge da crise da aviação civil, o presidente Lula pediu para ele comprar a falida Varig. Constantino atendeu o pedido e incorporou o que sobrou da extinta empresa à sua empresa aérea.

Nesta semana, Constantino foi indiciado pela polícia de Brasília como acusado de contratar pistoleiros para matar o líder de uma invasão de um seus terrenos na capital brasileira.
Evidentemente, o empresário nega tudo, mas a polícia garante ter provas robustas. Vejam o que diz a delegada Mabel Faria em uma esclarecedora reportagem da revista Veja sobre o caso: "A investigação mostra que Nenê Constantino é o mandante. Os depoimentos colhidos são muito contundentes e existem provas conclusivas contra ele".

Márcio Leonardo de Souza, o homem assassinado com 27 anos, liderava mais de 100 pessoas que moravam no terreno onde funcionava a garagem da antiga Viação Pioneira, de Constantino, em Taguatinga. Todos haviam comprado os lotes de outro ex-empregado do grupo Planeta, empresa de Constantino, dono do maior número de ônibus urbanos da capital federal. O empregado teria sido autorizado por ele a morar de favor no prédio construído no terreno.
A narrativa do dia da morte da morte de Souza parece coisa da Máfia italiana. Ele foi procurado por um homem identificado no inquérito como funcionário de Constantino, que pediu que ele esperasse em casa, enquanto o empresário se reunia com assessores para discutir uma nova proposta. Por volta da meia-noite, Souza foi assassinado com três tiros na frente da esposa. O pistoleiro teria dito: "Olha aqui a sua resposta".

O desfecho do conflito também não deixa de ter ares mafiosos. No dia seguinte, diz a matéria da revista, "enquanto o líder dos invasores era enterrado, dois funcionários de Nenê Constantino agiam na área invadida. Um, armado, pilotava uma escavadeira. O outro, advogado, levava uma pasta cheia de dinheiro. Cada família recebeu 500 reais para deixar imediatamente o local. Dessa vez não houve resistência". Ainda conforme a Veja, no inquérito consta que um homem identificado como Vanderlei Silva, e descrito como sendo motorista de Constantino, foi visto, armado, despejando combustível nas proximidades dos barracos incendiados. 

O indiciamento formal do empresário está marcado para esta semana. A polícia garante que já localizou um dos pistoleiros que matou com três tiros o desempregado Márcio Leonardo de Souza Brito na porta de sua casa. Esta pessoa, conta a Veja, disse aos policiais que a ordem para matar partiu de Nenê Constantino.

E a investigação chegou até esta importante testemunha que pode encrencar bastante o proprietário da Gol por meio uma personagem de outra história muito estranha de Constantino, seu ex-sócio, ex-genro e atual desafeto, o empresário Eduardo Queiroz. Conforme a revista, “queiroz revelou aos policiais que, quando privava da intimidade de Constantino, tomou conhecimento do planejamento da execução de Márcio Leonardo”.

A outra história que envolve Constantino é aquela com a participação do ex-governador de Brasília Joaquim Queiroz. Eleito senador, Roriz foi flagrado recebendo um cheque de 2,2 milhões de reais. Constantino disse que havia emprestado a quantia para o amigo. Agora já deu para lembrar, não é mesmo? É a velha história da bezerra do Roriz.

Para se explicar perante o Senado, o então senador disse que tirou 300 mil reais para comprar uma bezerra e o restante guardou debaixo do colchão. A história não colou e Roriz teve que renunciar para não ser cassado.

Existe a suspeita, inclusive de que Roriz seria o responsável para a demora do desfecho da investigação sobre o assassinato do qual Nenê Constantino é acusado. No período em que ele foi governador, o inquérito ficou três anos engavetado.

Leia a matéria da Veja, clicando aqui.
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POR José Pires

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Lucrando com a desgraça

E já tem gente querendo lucrar com a crise, claro. E lucrar muito. Os empresários já sentiram que com o clima de terror frente ao desemprego talvez dê para emplacar o que buscam há bastante tempo: a “flexibilização” dos direitos trabalhistas. Coloquei aspas em “flexibilização” porque não é exatamente disso que se trata. É corte de direitos mesmo.

O presidente da Vale, Roger Agnelli, até já tratou do tema com o presidente Lula. Os empresários afirmam que seria uma medida temporária, mas quem é que vai avaliar o momento certo para voltar com os direitos? Conhecendo como conhecemos esta gente, se é para repor direitos, a crise nunca há de acabar.

Caso os trabalhadores sejam obrigados a engolir mais esta, vai ser como o que acontece com qualquer produto neste país. Peguemos a gasolina como exemplo. Lembra como ela subiu junto com o preço do petróleo, que foi até 150 dólares o barril? Pois é, agora o barril está abaixo dos 50 dólares. Alguém aí ouviu falar de queda também do preço para o consumidor?

Na área trabalhista não deve ser diferente. O trato vai ser o seguinte: os direitos trabalhistas vão e quando a crise acabar eles não voltam.
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POR José Pires

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Homenagem...


No Rio de Janeiro, o prefeito Cesar Maia inaugura uma estátua em homenagem ao compositor Dorival Caymmi. A intenção até que é louvável, mas levando em conta o monstrengo que fizeram para a homenagem, era melhor deixar a memória do compositor em paz. Eu sabia que tem o samba do crioulo doido, mas será que o crioulo também se dedica à escultura? Dêem uma olhada na estátua que fizeram do pobre Caymmi. Ninguém merece uma coisa dessas.
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POR José Pires

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Ê boca!

Com a morte de Marcelo Silva, ex-marido de Suzana Vieira, é bom tomar cuidado com Ana Maria Braga. Há menos de um mês a apresentadora da TV Globo fez uma manifestação ao vivo em solidariedade à colega atriz e xingou bastante Silva.

Mas agora o que menos importa é a desqualificação feita por ela no ar − coisa de deixar advogado babando −, mas uma frase dita forma indignada deve ficar na história da televisão brasileira, história no geral de nível bem baixo e que, por isso mesmo, deve ter encaixado este episódio como uma de suas pérolas.

Depois de afirmar que Marcelo Silva é “cafageste”, “aproveitador”, “lixo total”, “vagabundo” e “mau-caráter”, ela diz que se ele “desaparecesse da face da terra agora seria uma coisa maravilhosa pra todo mundo”. E não é que aconteceu?

É claro que já está no Youtube. Para ver Ana Maria Braga rogando a praga fatal, clique aqui. Mas antes bata na madeira.
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POR José Pires

Uma mãozinha para Obama

É sabido que o presidente Lula está ansioso para se aproximar de Barack Obama. Logo depois de eleito, o novo presidente norte-americano telefonou para alguns governantes, mas nada de ligar para o presidente brasileiro. O petista não conteve a ansiedade e telefonou ele mesmo. Conversaram alguns minutos, no papo, segundo a assessoria de Lula, Obama lembrou que teve como professor em Harvard o ministro Roberto Mangabeira. Acho mais provável que Lula é que tenha lembrado o fato, mas vá lá, fiquemos com esta versão.

Mas será que Lula falou para Obama que antes de ser ministro seu ex-professor o tachava de chefe “do governo mais corrupto da história nacional” e exigia seu impeachment? Duvido, mas não faltará ocasião para Obama saber da história. Se é que já não sabe.

Mas se Lula queria estreitar laços pessoais com o próximo presidente apareceu agora uma situação excelente com a encrenca em que está atolado o governador do estado de Illinois, Rod Blagojevich, acusado de tentar vender a vaga de Obama no Senado.

O problema também afeta Obama, pois o caso fez surgir uma especulação sobre suas relações com a corrupção em Chicago. E será que ele sabia que sua vaga estava sendo leiloada pelo governador? O presidente eleito evidentemente nega ter discutido com a equipe de Blagojevich sobre seu substituto no Senado, mas infelizmente para ele um de seus assessores havia dito no mês passado que Blagojevich e Obama discutiram nomes para a vaga.

É claro que o assessor já lançou uma nota afirmando que “se enganou” e que Obama e o governador não discutiram o assunto em ocasião alguma. Mas o fato é que Obama nem assumiu e já tem seu primeiro grande problema com corrupção.

E aí é que entra o Lula, sempre mau assessorado, claro, pois até o momento ninguém discou do Palácio do Planalto para Barack Obama afim de que o presidente brasileiro repasse seu conhecido know-how para escapar de maracutaias e jogar sujeira para debaixo do tapete. É desta tecnologia que os Estados Unidos precisam. É a grande chance de Lula ficar tão chegadinho em Obama quanto foi até agora de George W. Bush.
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POR José Pires

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Maracutaias são-bernardenses

O presidente Lula apostou bastante na eleição de seu colega sindicalista Luiz Marinho para prefeito de São Bernardo do Campo, cidade que o blogueiro Reinaldo Azevedo acertadamente apelidou de “São Borja do Lula”. Muitas fichas foram colocadas ali e, aos poucos, a gente vai sabendo o peso de cada uma.

A Folha de S. Paulo já havia descoberto que um dos principais doadores da campanha foi a empresa Quattor. E daí? Bem, acontece que 40% do capital da empresa é da Petrobras. Um dos jantares de arrecadação da campanha, lembra hoje na Folha o jornalista Elio Gaspari, foi estrelado por Sérgio Gabrieli, presidente da estatal.

E Gabrieli não foi o único reforço. Todo o governo Lula baixou na campanha de Marinho, que também teve a novidade de ser chefiada não pelo partido do candidato, mas pela CUT.

Foi um esforço imenso e necessário, já que a campanha de Luiz Marinho, contando o gasto total, foi uma das mais caras da nossa história política: cada voto recebido custou 47 reais.

Além da grana alta, Lula investiu também no reforço de popularidade, já que em São Bernardo do Campo o histórico eleitoral do PT não era nada bom. Para isso, convocou o cantor-deputado Frank Aguiar para compor a chapa de Luiz Marinho.

E hoje em O Globo saiu uma nota que revela que a presença de Aguiar como vice ao lado de Marinho não passou de uma jogada, mais uma, de Lula. O cantor já disse que continua como deputado em Brasília. "O presidente acha que daqui eu consigo ajudar mais o município", explicou ao jornal.

Além disso, o deputado-cantor deve mudar seu domicílio eleitoral para o Piauí. Pelo visto, continua como tarefeiro de Lula. No Piauí, Aguiar vai fazer dobradinha com o governador petista Wellington Dias em uma das duas vagas ao Senado para 2010.

Em seu Ex-blog, informativo distribuído por correio eletrônico, o prefeito Cesar Maia definiu bem o que aconteceu em São Bernardo do Campo: “Uma descarada fraude eleitoral”.
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POR José Pires

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Continuidade

O senador José Sarney (PMDB-AP) falando para o presidente Lula em discurso durante a a inauguração do trecho Araguaína da Ferrovia Norte-Sul, na cidade de Colinas, Tocantins: "Queremos a continuidade da sua obra e que o senhor faça o seu sucessor. Que ele pense como Vossa Excelência, que trabalhe como Vossa Excelência e que ande como Vossa Excelência".


E que ele seja também boca suja como Vossa Execelência?
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POR José Pires

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008


Pior que acreditar em
Papai Noel é acreditar que Lula
garante o Papai Noel.

Lula nas alturas

A taxa de aprovação do governo Lula bate o recorde e chega aos 70%. É o número de brasileiros que, segundo o Datafolha, acha seu governo ótimo ou bom.

Ao mesmo tempo 78% declaram que sua vida vai melhorar no ano que vem. Vejam bem, a pesquisa foi realizada entre os dias 25 e 28 de novembro, portanto, com um bom tempo para a percepção da crise mundial.

Nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste a crença em um ano novo melhor chega a 82%, mas nas regiões Sul e Sudeste a percepção não é muito melhor. A expectativa otimista é de 75% na primeira e 74% na segunda.

O mais preocupante é que o Datafolha foi direto na questão da crise. O instituto perguntou aos pesquisados se estes concordavam com a frase de Lula de que a crise seria uma "marolinha" no Brasil. Pois 42% dos entrevistados disseram que sim.

As duas visões, da qualidade do governo Lula e de um ano melhor para o país, mostram que o brasileiro está com dificuldade para acordar, primeiro, para o que temos aí, e depois, para o que virá.
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POR José Pires

Ponto de vista

É claro que esse negócio de “ano melhor” depende bastante da situação em que a gente está. Em Santa Catarina, por exemplo, com as águas baixando o 2009 já vai ser bem melhor que este ano.
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POR José Pires

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

O domador de marolinhas

Parece que o presidente Lula está quase tomando consciência de que a crise é mesmo séria. E resolveu se investir no papel de domador de marolinha. Ontem ele pediu a 11 governadores reunidos em Recife que gastem o máximo que puderem em investimentos públicos para combater a crise.

E disse ainda que estados, prefeituras e governo federal "podem ser os indutores" para que o país "saia dessa crise sem nenhum arranhão ou com alguma coisa muito pequena que não vai doer". E isso, para Lula, “vai depender muito de nossa capacidade e ousadia”.

Resumindo, isso significa que vai doer muito, mas muito mesmo.
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POR José Pires

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Cana para Daniel Dantas

O banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, foi condenado no início desta tarde a dez anos de prisão por corrupção ativa. A sentença é do juiz Fausto Martin de Sanctis. Dantas é acusado de tentar subornar um delegado da Polícia Federal para ter seu nome excluído da Operação Satiagraha, da PF. O juiz não decretou a prisão imediata de Dantas, que pode recorrer da condenação em liberdade.

O banqueiro também foi multado em R$ 12 milhões. Humberto Braz, ex-presidente da Brasil Telecom, e Hugo Chicaroni também foram condenados a sete anos e um mês de prisão cada um. Braz terá de pagar multa de R$ 1,5 milhão e Chicaroni de R$ 594 mil. Braz é autor do pagamento ao delegado da PF e Chicaroni o intermediário da tentativa de corrupção.

Ser pego por tentativa de suborno chega a ser uma ironia, considerando que o alvo da condenação parece muito bem defendido por todos os lados, contando até com um advogado como o político petista Luiz Eduardo Greenhalgh, um profissional que pode telefonar para o secretário pessoal do presidente Lula, Gilberto Carvalho, e pedir informações sobre investigações da Agência Brasileira de Inteligência, a sigilosa Abin.

Depois que teve a conversa gravada em grampo feito pela PF e publicada nos jornais, Carvalho ainda procurou justificar-se dizendo que faria para qualquer um o que fez ao correligionário Greenhalgh, mas é difícil acreditar que o secretário de Lula tenha disposição para passar o dia  atendendo telefonemas e dando uma força amiga a advogados de todo o país.

Em razão desse serviço prestado para o amigo Greenhalgh, aliás, Carvalho terá sua conduta investigada pelo Ministério Público. Um inquérito civil foi aberto em Basília na semana passada pela procuradora da República Ana Carolina Roman.

O fato é que não é qualquer um que pode ter um advogado com essa penetração na cúpula do poder petista. E com todo esse esquema de defesa, Dantas acabou se encrencando com um problema até menor em comparação com os demais delitos de que é acusado.
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POR José Pires

Filosofada

Na sentença contra Daniel Dantas o juiz De Sanctis cita o filósofo Friedrich Nietzche para definir a personalidade do banqueiro. Eu diria que o trecho se encaixa muito bem em muitas personalidades da República. Lá vai, entre aspas:
"Sem hesitar, acredita no dinheiro, não com instrumento legítimo para a circulação de bens, mas como algo determinante para suas ações ou omissões, bem como de todas as pessoas que passam pelo seu caminho. Inverte, pois, a máxima: o instrumento passa a ser ente e o ente instrumento. Nítida a contradição entre o que faz e diz acreditar. Parafraseando Friedarich Nietzche, tornou-se aquilo que verdadeiramente é. Revela-se pois de personalidade desajustada", diz a sentença. ..................... POR José Pires

Sonsice à mineira

O governador Aécio Neves parece que incorporou de vez o político mineiro de anedota. Será que nenhum assessor do governador de Minas Gerais percebe que ele só aparece na mídia nacional fazendo política? E fazendo política de forma superficial.

Ontem ele desmentiu que vá mudar de partido, saindo do PSDB para o PMDB. Pode até ser, mas com o Aécio Neves a gente desconfia: pode ser que ele esteja dizendo que não vai sair do PSDB e ir para o PMDB para que a gente pense que ele vai, sim, sair do PSDB, mas na verdade ele vai mesmo ficar no PSDB. Ou não. Com político da firmeza do eterno neto de Tancredo Neves, nunca se sabe.
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POR José Pires

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Está chegando a hora




Não se pode dizer que George W. Bush não vai deixar saudades. Pelo menos Bin Laden deverá lamentar o final deste governo já que jamais alguém teve um inimigo tão bom quanto Bush foi para ele.

Mas quem sabe se Bush também não fará falta para Lula? Os dois pareciam se dar bem. Nas fotos em que aparecem juntos parece haver entre os dois uma estranha fraternidade. Ou será uma cultura em comum? Sabe-se que o presidente dos Estados Unidos também não é chegado à leitura, sendo um político altamente intuitivo.

Intuição: pode estar aí o ponto em comum entre os dois. Ou essa é a explicação para Lula fazer tanta graça com Bush em encontros públicos ou ficamos simplesmente com o antigo ditado que dizia que os gambás se cheiram.

Mas tirando Bin Laden e Lula, George W. Bush não deixará saudades. Eu diria até que para o mundo inteiro ele já vai tarde. E deixará a crise econômica para que não nos esqueçamos tão cedo de sua estatura de estadista.

Mas falta pouco para Bush dar o fora. E um site norte-americano está contando até os segundos que faltam para ele desocupar a Casa Branca. Veja acima quanto falta exatamente para George W. Bush dar ao mundo o prazer de sua ausência.
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POR José Pires

Jingle Bells

E entramos em dezembro, com o país torcendo para que Lula não se esqueça que prometeu que ainda vamos ter Natal este ano.

O negócio é ter fé, mas pela cara dos ministros Guido Mantega e Paulo Bernardo, é mais fácil acreditar no Papai Noel.
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POR José Pires

Ressaca no PIB

O Brasil poderá crescer só 0,5% em 2009, segundo previsões da ONU. Já o mundo deve ir para trás, com a economia global recuando 0,4%.

O estudo da ONU tem três cenários: o base, o otimista e o pessimista. Nos três o Brasil vai mal. No base, o crescimento do PIB brasileiro ficaria em 2,9%. E no cenário otimista o PIB cresceria 3%. Epa, 0,1% a mais.

Mas o autor do estudo, Rob Vos, avisa que "a cada dia que passa, o mundo se aproxima mais do cenário pessimista".

Bem, menos mal que seja apenas uma “marolinha” , senão sabe-se lá onde esse país iria parar.
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POR José Pires