segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Retrospectiva, parece que eu já vi esse filme

As retrospectivas de frases são a única coisa divertida na imprensa no final de ano, quando as redações se transformam em fábricas de encher lingüiça no afã de arrumar assunto para um mês vazio de fatos como dezembro. É interessante encontrar a similaridade na fala de cada personalidade no besteirol reunido – sim, porque a mídia seleciona mais as gafes do que as frases realmente de qualidade.

Pense como seria interessante se, na pressa da edição, um redator estafado trocasse os nomes dos autores das falas. Acredito que daria na mesma. Principalmente entre os políticos é difícil distinguir o autor de cada frase. Talvez pela natureza comum da atividade, que tem no logro sua matéria básica, as frases encaixam em qualquer um.

Até a fala do presidente Lula, um notório e presunçoso bestalhão, ao contrário do que se pode achar, não é tão singular assim em relação ao que falam seus pares. É apenas a notoriedade do cargo que o diferencia dos outros e empresta realce ao que ele fala. Tanto que antes de ser presidente, para o azar do Brasil, não se observava tanto as besteiras que saíam de sua boca – ou da “massa encefálica dentro do cérebro”, como ele disse.

Leiam as frases que colhi nas retrospectivas deste ano e tentem adivinhar o autor. Garanto que a opção "todas as respostas acima" vale para todas.


Quem disse a frase?

Pede para sair, zero um.
  1. Toda a torcida do Flamengo
  2. Capitão Nascimento
  3. A oposição venezuelana
  4. Lula, para vários de seus companheiros

O presidente [Lula] adora plagiar os outros. Seu primeiro mandato, por exemplo, foi um plágio do governo FHC.
  1. Heloisa Helena
  2. Roberto Jefferson
  3. Qualquer tucano
  4. O próprio FHC

Posso lhe fazer uma pergunta indiscreta? Já chegou a revista da Mônica Veloso?
  1. Renan Calheiros
  2. Eduardo Suplicy
  3. Ideli Salvatti
  4. A mulher do Renan Calheiros

Relaxa e goza!
  1. Capitão Nascimento
  2. Marta Suplicy
  3. Guido Mantega
  4. Mônica Veloso

Ô, arruma dois pau pra eu?
  1. Deputado da base aliada, para o governo
  2. Vavá, irmão do presidente Lula, para um chefão do bingo
  3. Mônica Veloso, para Renan Calheiros
  4. Renan Calheiros, para o amigo que pagava a Mônica

Eu sou o único líder democrata do mundo.
  1. Lula
  2. Hugo Chávez
  3. Vladimir Putin
  4. George Bush

Quando ouvi Fidel falar de seus princípios de solidariedade, tive vontade de chorar.
  1. José Dirceu
  2. Evo Morales
  3. Fernando Moraes
  4. Frei Betto


Eu prefiro ser uma metamorfose ambulante.
  1. Lula
  2. Aécio Neves
  3. Raul Seixas
  4. Roberto Mangabeira Unger

Foi uma vitória de m..., e a nossa derrota, uma derrota de coragem.
  1. Lula
  2. Hugo Chávez
  3. Geraldo Alckmin
  4. A torcida do Coríntians

É necessário caminhar mais para que Brasil e Estados Unidos cheguem ‘ao ponto G’ das negociações.
  1. Lula
  2. Marta Suplicy
  3. Ideli Salvatti
  4. Marco Aurélio Garcia


Eu tenho medo de andar de avião. Ando porque sou obrigado. Se a pessoa já tem medo, chega no aeroporto, a tensão é elevada à quinta potência, por ter atraso dos vôos, por não ter as informações corretas, a pessoa fica à beira do infarto.
  1. Lula
  2. Nelson Jobim
  3. Waldir Pires
  4. O piloto

Sexo vende. Por isso aceito papéis que exploram a minha aparência. Mas vou mostrar ao mundo que sou boa atriz. Me aguardem!
  1. Sabrina Sato
  2. Jessica Alba
  3. Bruna Surfistinha
  4. Quase todas as atrizes da Globo
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POR José Pires

Carlos Heitor Cony e as trapaças do passado

Passando os olhos pela Folha de S. Paulo, naquela olhada que a gente dá na pilha de jornais que sobrou no fim de semana, encontro um texto de Carlos Heitor Cony, que escreve às sextas-feiras meia página na Ilustrada. Não sou um seguidor do autor, mas sempre que dou de encontro com algum texto seu na Folha tenho a impressão de que ele estava sem assunto na hora de escrever.

E aí ele parte para aquele manjado estilo da crônica em torno da falta de assunto. Rubem Braga era bom nisso. O Cony não é. Falta nele o desprendimento natural necessário para tanto.

Neste texto, seu assunto – ou falta de – são as retrospectivas de fim de ano, coisa chata de ser feita hoje e com certeza pior ainda em tempos anteriores ao computador. Disso ele vai para outra questão chata para qualquer um e ainda mais para os jornalistas, que é a obrigação de encontrar assunto no início do ano.

E conta sobre uma vez em que criou um vidente cego. Veja bem: ele era editor de uma revista e simplesmente criou um personagem para o qual deu nome – Allan Richard Way, segundo ele – e inventou as previsões.

Cony não revela o nome da revista onde fazia essa enganação, mas pode muito bem ser a Manchete, publicação semanal que competia com O Cruzeiro. Há um certo romantismo em torno das duas, mas não se engane: eram duas belas porcarias. Na Manchete, que foi publicada de 1952 a 2000 pela editora Bloch, ele tinha o maior prestígio. Chegou a ter inclusive coluna própria, duas ou três páginas onde escrevia o que quisesse, além de escrever os textos que eram assinados pelo dono da revista, Adolpho Bloch. Isso mesmo: Cony escrevia e o Bloch assinava.

Não sei se Cony inventou um “Estilo Bloch de Escrever” ou se fazia do jeito que viesse na hora, mas o fato é que durante anos viveu esta farsa. E até hoje ele é agradecido a Adolpho Bloch, por julgar que o editor o salvou do suposto desemprego ao qual seria forçado pelas pressões da ditadura militar. Pense em alguém vil, uma criatura sem escrúpulos como dono de jornal, revista ou mesmo de uma televisão qualquer. Pois o Bloch, que foi dono de revistas e de televisão, é pior que esse sujeito. E o Cony afirma que se salvou da ditadura na companhia desse tipo.

Mas o Cony contava sobre o texto que inventou para iludir os leitores da revista em que trabalhava. Criou uma reportagem em que o personagem – falso evidentemente – era até entrevistado. E ele discorre na Folha sobre este fato ocorrido há muitos anos com um ar ingênuo, tratando uma trapaça jornalística como acontecimento pitoresco, bacana até, um leve assunto de crônica para o desfrute do leitor.

Não é o que ele queria, mas acabou contando a história do início da formação da imprensa brasileira, quando a trapaça e o engodo ao leitor, assim como a bajulação dos poderosos, eram norma quase absoluta. E esse espúrio passado que Cony descreve como uma nostalgia inocente é em parte responsável pelo que somos hoje.
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POR José Pires

domingo, 30 de dezembro de 2007

Baixaria na internet

Não se espantem com o que vem a seguir – com aspas, é claro, pois é um comentário pessoal. Leiam que depois eu explico.

Enviado por: Euripedes Alcantara
turco ladrao, cara de rato, roubou o proprio cunhado e
tenta arrastar as pessoas honestas para sua vala de
bestas. cuidado comigo, turco ladrao, mascate, cara
de rato..tu nao me conheces cuidado...f**** da p****,
ladrtao de cunhado. influencia sobre mim ninguem tem...
seu rato. cuidado. conheco sua fuca. vou jogar uma taca de vinho( do bom) na sua cara....rato,mascate, ladrao, f*** da p ***,
ladrao de cunhado...!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!ladrao de cunhado !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
09/12/2007 22:11”

O comentário foi postado no blog do jornalista Luís Nassif. Os insultos evidentemente são para ele, que tem publicado denúncias bem graves contra o jornalista Eurípedes Alcântara, diretor de redação da revista Veja, que supostamente assina o comentário.

E faço a ressalva menos pela confiança no caráter de Alcântara e muito mais por achar inacreditável que um jornalista veterano faça a besteira de publicar um comentário desse nível no blog de um colega. Senão por civilidade, mas pelo menos pela atenção ao conteúdo da discussão é preciso sempre ter equilíbrio nessa hora.

Mas Nassif também tem alguns anos de chão e garante que certificou-se da procedência antes de publicar o comentário. Ele garante que tem provas de que é mesmo do diretor de redação da Veja. Reparem que a mensagem tem asteriscos em certas palavras. Foram colocados pelo Nassif, "higienizando" o texto, como ele diz. O comentário, portanto, é chulo mesmo, com as palavras realmente escritas como são.

A briga de Nassif com a Veja até agora envolvia duas figuras influentes da revista: Reinaldo de Azevedo e Diogo Mainardi. Com isso entra diretamente na briga Eurípides Alcântara perto de quem, a se fiar neste comentário, Diogo Mainardi é uma moça.
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POR José Pires

O que a Veja tem com Daniel Dantas?

Claramente Nassif acusa Alcântara de ter ligação direta com o banqueiro Daniel Dantas e defender seus interesses usando para isso a própria revista Veja em negócios que envolvem muito dinheiro e disputas comerciais acirradas. No meio está a dinheirama dos fundos de pensão, disputa pelo controle das teles e até espionagem feita por agência internacional, a famigerada Kroll. O rolo é grande e envolve também o publicitário Marcos Valério, chefe do esquema publicitário do “mensalão”. A CPI dos Correios identificou R$ 126 milhões em pagamentos das empresas de Dantas para a DNA, empresa de Valério.

Outro relacionamento de peso do jornalista da Veja, segundo Nassif, é com o publicitário Eduardo Fischer, presidente da Fischer América, que atende a Caixa Econômica Federal. E mais não disse. Mas segundo o próprio Nassif foi após falar da proximidade de Alcântara com Fischer que passou a ser atacado com mais fúria.

Para Nassif, “Veja foi instrumento ativo nas disputas empresariais e jurídicas” de Dantas, à revelia inclusive dos reais interesses da editora Abril. A revista teria se transformado em um “território livre, manobrado por Eurípedes [Alcântara] e Mário Sabino”. Em seu blog, ele diz que é importante que a Abril perceba esse jogo, que afeta a própria imagem da editora.

Alcântara, no caso, utilizaria a Veja para publicar matérias do interesse do banqueiro Dantas. Por outro lado, Nassif é acusado de servir aos interesses de concorrentes do banqueiro. Diogo Mainardi é quem fez esta acusação. Mainardi afirma que Luís Nassif faz parte de um grupo de defesa do governo Lula abrigado no provedor IG, que publica os blogs de Nassif, José Dirceu, Mino Carta, Paulo Henrique Amorim e onde Franklin Martins também tinha o seu até ser nomeado ministro da Comunicação Social.

Mainardi e Reinaldo Azevedo, um em sua coluna na Veja e em seu podcast na internet e outro em seu blog, atacam ferozmente Nassif, que em seu blog classifica os ataques como “encomendados”. Ou seja, a artilharia pesada dos dois seria alinhada com o propósito de desmoralizá-lo em razão, primeiro de suas críticas ao jornalismo praticado pela Veja e agora com a denúncia da relação suspeita entre o diretor de redação da revista e o banqueiro Daniel Dantas.
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POR José Pires

Afinal de quem é mesmo o comentário?

Em seu blog, Nassif diz que os últimos dois anos da Veja foram de “baixarias”, no qual a revista não se limitou a atacar o governo mas também “a injuriar qualquer analista que não fechasse com suas baixarias”.

A verdade é que na última semana a briga se intensificou. O comentário supostamente assinado por Eurípedes Alcântara é um dado novo e forte na questão. Não apenas pela grosseria, mas pelo que ele revela do desconforto de Alcântara com algum trunfo alcançado por Nassif.

Hoje em seu blog, Reinaldo Azevedo coloca em dúvida a procedência do comentário. “Vocês acham mesmo que alguém da VEJA, pouco importa o cargo, enviaria um comentário para o blog de Luis Nassifu (sic)?”, ele escreve, grafando o nome do desafeto desse modo chulo.

E a briga deve esquentar mais. Nassif promete aprofundar a discussão assim que passar esse período de festas. Talvez até apresente mais dados sobre o famoso comentário do diretor de redação da Veja que até agora – pelo menos pessoalmente, é claro – não deu as caras na discussão.

Porém, pelo nível da discussão até aqui é aconselhável tirar as crianças da frente do computador.
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POR José Pires

Por que o cunhado entrou no meio?

Quem não ficou curioso com o “ladrão de cunhado” escrito – ou seria melhor dizer xingado? – no comentário que Nassif afirma ser de Eurípedes Alcântara? Eu fiquei. Mas vamos ter que esperar mais um pouco para saber que negócio é esse. Perguntado por um leitor sobre o assunto, Nassif respondeu apenas “pergunte para ele”, referindo-se ao diretor de redação da Veja.
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POR José Pires

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Cortando o mal pela raiz

Vocês pensam que estou fazendo piada, mas o revolucionário método petista de demolir o objeto em vez de atacar o problema pegou mesmo. O método, todos devem se lembrar, começou com os governadores petistas da Bahia e do Pará. Um vai demolir o estádio, outro a cadeia.

Pois o presidente da Infraero, Sérgio Gaudenzi, quase perdeu seu vôo para a Bahia por má informação de horário pela própria Infraero. E seguindo o revolucionário método administrativo, a Infraero deixará de informar horários, que fica como obrigação só das empresas aéreas.

Está certo. Acabou o problema. Deixando de informar os horários a Infraero jamais informará um horário errado.
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POR José Pires

O orgulho de não fazer

Nesse caso do pedido de extradição de brasileiros acusados pela Justiça italiana de participação na Operação Condor, ocorrida durante o regime militar, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, falou grosso.

“Os brasileiros não estão sujeitos à Justiça italiana, e sim ao Judiciário brasileiro. A Itália não pode decidir sobre coisas que aconteceram no Brasil”, disse o ministro. Com se o Brasil decidisse alguma coisa sobre as barbaridades ocorridas aqui. E Jobim deve deve ter falado com aquele orgulho besta e típico do brasileiro que, quando é chamado às suas responsabilidades, arrota uma suposta independência exatamente para que fuga do problema seja feita com a menor humilhação possível.

E então fica mantida a impunidade e supostamente mantido o orgulho pátrio. Se o general Pinochet tivesse praticado seus terrores no Brasil é possível que tivesse morrido cercado de honras.
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POR José Pires

Deitado eternamente...

Aliás, o Brasil é um território estranho na América Latina. Até o Peru resolve seu problemas com o passado, com generais e o ex-presidente Alberto Fujimori na cadeia. O Chile, então, tem sido um exemplo em rever crimes do passado: até o maiorial do regime, general Augusto Pinochet, acabou seus dias respondendo à Justiça. E a Argentina, idem. O povo argentino discute a questão de seus regimes militares com franqueza e até já condenou muitos militares.

E nada é decidido por aqui. Alguns podem alegar que é o "sangue português" a origem dessa passividade, mas então as baratas podem ficar ofendidas pelo descaso genético com elas.

E a justiça fica sempre para as calendas. Está certo. Pelo menos enquanto outro país não “decidir sobre coisas que aconteceram no Brasil”.
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POR José Pires

Agora vai

E a agenda do presidente Lula? Hoje vai ser um dia estafante. Às nove e meia da manhã, despacho com o ministro da Previdência Social, Luiz Marinho. Á tarde, às quatro horas, encontro com o jogador de futebol Kaká. Isso já na Granja do Torto e com o carvão começando à arder na churrasqueira, que ninguém é de ferro.
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POR José Pires

Ética fica pra depois

E o caso do ministro Carlos Lupi, do Trabalho, que acumula com a função o cargo de presidente do PDT? A Comissão de Ética Pública acredita, com razão, que é incompatível o exercício simultâneo das duas funções. E pediu a demissão do ministro.

Ah, esse negócio de ética pode muito bem ficar para o ano que vem.
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POR José Pires

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

O cinema de cima

Em entrevista à Folha de S. Paulo, o ator norte-americano Jack Nicholson conta que não se distribuem mais filmes estrangeiros nos Estados Unidos como era habitual antigamente. Antes, diz ele, via-se “uma obra-prima por semana”. Bergman, Kurosawa, De Sica, Pasolini Bertolucci, Truffaut, Resnais, ele elenca esta série de nomes afirmando que cada semana tinha algo novo de fora para ser visto.

A indústria mudou. Foi tomada por conglomerados. Seria o fim do cinéfilo e a colocação do público de cinema no papel passivo de consumidor. A transformação seria efeito, segundo ele, do enorme crescimento da indústria cinematográfica em seu país e, claro, acrescento eu, o domínio cultural estabelecido pelo seu absurdo poder econômico que aplasta as outras culturas. “Uma empresa de filmes é, de certo modo, só um departamento de organizações maiores, mesmo para as pessoas que assistem aos filmes a sensação de sucesso fica distorcida por esses parâmetros, é difícil encaixar cinema de autor nesse conceito".

Curiosamente, uma demonstração desse brutal domínio, que inclusive impede os conterrâneos de Nicholson de ver obras estrangeiras, está na própria entrevista do ator. Um detalhe bastante definidor, talvez ignorado por ele. Abaixo da entrevista da Folha, em letras menores, bem pequenas mesmo, o jornal informa que o repórter viajou a convite da Warner Bros. E é por causa de expedientes assim que as nossas obras terminam não "viajando" para lá.
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POR José Pires

Escultor da mão pesada

Prolifera a besteira dita inicialmente sabe-se lá por quem de que Oscar Niemeyer, mais que um arquiteto, seria um escultor.

É a mania de querer colocar "poesia" fora do contexto que cria esse tipo de bobagem da grossa, tanto no aspecto técnico quanto da criação artística. Niemeyer é arquiteto. E ponto.

Além do mais, quando se aventurou na escultura o arquiteto cometeu coisas horrorosas como aquela mão espalmada com o mapa da América do Sul que está no Memorial da América Latina.

Como arquiteto, Niemeyer sai da fonte translúcida de Le Corbusier. Já o Niemeyer escultor nasce das águas pesadas de Zdhanov, o dirigente soviético que tentou enclausurar a arte em um esquema fechado e subserviente ao regime comunista.
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POR José Pires

Inutilidade pública

Finalmente chegou na mesa do presidente Lula o processo que envolve a Comissão de Ética Pública e o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. A comissão pede a demissão de Lupi, já que ele acumula com a função de ministro o cargo de presidente do PDT.

É óbvio que o exercício simultâneo das funções é incompatível, mas o ministro Lupi não quer saber. Quer ficar com os pé nas duas canoas, aliás um comportamento bem típico deste governo. Para ele é normal atender ao interesse público e atender diretamente aos interesses de um partido.

Tudo bem, a gente sabe que na prática é assim mesmo. Mas ao menos mantenhamos as aparências, ministro!

Da decisão de Lula depende também a existência da Comissão de Ética Pública. Mantido o dúplice ministro a comissão deixa de ter sentido.

E acho que o mais sensato é mesmo caminho da dissolução da comissão, seguindo o sentido revolucionário apontado pelos governos petistas da Bahia e do Pará que em vez de consertar os erros mandaram demolir o estádio baiano e a cadeia paraense.

A Comissão de Ética Pública nunca funcionou mesmo. Manda demolir.
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POR José Pires

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Em prol da Nação

Em sua sanha com os métodos da nossa mídia, o PT não está de todo errado. Jornalista se mete fazer a cada matéria que só pode trazer problemas para o país. O jornal O Estado de S. Paulo traz hoje uma matéria sobre as ausências de senadores às sessões deliberativas do Senado.

Descobriram que o campeão em faltas é o impichado Fernando Collor (PTB-AL). Enquanto a média de faltas, que já é alta, foi de 16,05%, Collor teve uma média de 42,11% das sessões.

No primeiro caso, de cada 100 sessões nossos senadores faltaram a 16. Collor faltou a 32 sessões.

Muito bem, detectaram o relapso. Mas é aí que está o perigo. Collor sempre foi muito preocupado em expressar uma imagem, superficial, é claro, de laborioso. Alertado pela reportagem, ele pode passar a freqüentar a todas as sessões do Senado!

Acontece que é sempre melhor para a Nação ter Collor longe das sessões do Senado. É o melhor serviço que ele pode prestar ao País.
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POR José Pires

Agora vai

Mais um exemplo de operosidade. Agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para hoje: Às nove horas, reunião com Franklin Martins, ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência e às nove e meia, reunião com Clara Ant, chefe de gabinete-adjunta de informações em apoio à decisão.
Depois, às dez e meia, ele cumprimenta funcionários do Governo Federal e acabou.

Este homem é um exemplo para a Nação.
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POR José Pires

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Aprendizado prematuro

Alguém ainda agüenta autoridade petista se fazendo de idiota para compensar a incompetência do governo do qual faz parte? Eu não.

A ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, é economista, foi secretária da Fazenda de Porto Alegre na prefeitura brizolista de Alceu Collares, de 1986 a 1988, foi também secretária de Energia, Minas e Comunicações do Rio Grande do Sul de 1993 a 94, também com o pedetista Collares. Depois de ter se fartado no poder brizolista, abadonou o PDT e entrou no PT e, é claro, foi para o governo do petista Olívio Dutra, onde serviu de 1999 a 2002 até pular para o governo Lula.

Esta mulher está grudada no poder há 21 anos – isso mesmo: duas décadas no poder. É um terço de sua vida, já que ela tem 60 anos. E vejam o que ela disse hoje, justificando os atrasos no PAC, o tal do Plano de Aceleração do Crescimento: “"Não é fácil investir, mesmo com os recursos. Não se trata apenas de uma vontade, 'vamos investir ali', e pronto".

Com todos esses anos e cargos pelas costas, das duas uma: ou a ministra é idiota ou está se fazendo. Em qualquer um dos casos é uma peça perfeita neste governo.
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POR José Pires

Vale a pena não ver de novo

Uma camiseta que fiz para mostrar como é que não perco o meu tempo. Quem quiser piratear, que esteja à vontade.
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POR José Pires

Marta (Relaxa e Goza) Suplicy dá samba

A ministra do Turismo Marta Suplicy vai conseguir alguns minutos de fama neste carnaval. Ela foi escolhida como samba-enredo do bloco pré-carnavalesco “Nós Que Nos Amamos Tanto”, de Brasília. O bloco criou um samba-enredo bem oportuno de nome “De Congonhas e Brasília”, onde canta os dissabores aéreos dos brasileiros. O samba é feito com um humor que anda fazendo falta nos carnavais brasileiros.

O carnaval brasileiro parece que foi tomado pelo crioulo doido do Stanislaw Ponte e Preta. Os sambas vestiram uma casaca política e social. O humor desapareceu, restando apenas o humor involuntário das patacoadas lançadas pelas escolas de samba.

Em Brasília, apesar de uma aparente incompatibilidade, ainda sobrevive o velho espírito dos blocos de rua, que eram a alma dos carnavais brasileiros. É da capital federal um dos blocos mais famosos do país, o "Bloco do Pacotão", que nasceu durante o governo Geisel, em plena ditadura militar, e que ficou bastante conhecido pelos seus sambas-enredos que ironizavam o poder militar.

O samba do "Nós Que Nos Amamos Tanto" foi publicado em primeira mão pelo blog do Noblat e nós surrupiamos, também em primeira mão, para mostrar para vocês.


De Congonhas e Brasília
Samba-enredo do bloco Nós Que Nos Amamos Tanto
Autores: Alexandre Cidade, Cláudio Vacareza e Dilton do Cavaco


Vou viajar no carnaval
Dona ministra, não me leve a mal BIS
Não quero barra de cereal
Relaxa e goza neste carnaval

O Nós que Nos Amamos Tanto
Sacode sem parar
É muita humilhação
Chega de imposto pra população

O Brasil já está cansado de esperar
Tô passando um sufoco
Tô há 5 dias esperando um vôo
Que hora que eu vou voar?

Cadê a empresa?
Cadê o avião? BIS
É só desculpa no balcão de informação

O meu dinheiro
Quero ver quem vai pagar
CPMF, o governo ainda quer cobrar
Vamos viajar no avião do presidente
Na hora você vai chegar

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POR José Pires

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

O chavismo encurralado pela crítica

Desde a subida de Hugo Chávez ao poder, a Venezuela vive em seu dia-a-dia uma importante batalha entre a liberdade de expressão e o despotismo de um governo no qual a grosseria parece funcionar como compensação para a falta de uma doutrina lógica. O tosco rótulo de “socialismo do século XXI” não resiste à mínima indagação crítica. Daí a necessidade do governo chavista de manter sob controle a mídia.

Mas a mídia na Venezuela parece ser incontrolável. O que é muito bom para a Venezuela e péssimo para os nervos de Chávez e seus asseclas. Os dois vídeos que vou postar são bons exemplos sobre o comportamento do chavismo frente a jornalistas que agem com ousadia, colocando as questões certas frente ao populismo demagógico. É um tipo de jornalismo que faz falta aqui no Brasil.

No primeiro vídeo, Pedro Carreño, ministro venezuelano do Interior e Justiça, depois de uma tola arenga contra o capitalismo, termina ficando sem nenhum argumento quando uma repórter aponta a contradição entre sua defesa do socialismo e o fato de estar usando uma gravata da luxuosa marca Louis Vuitton e sapatos Gucci, marca também caríssima e ambas estrangeiras.

Carreño praticamente perde a fala. E depois de gaguejar bastante sai com uma resposta que deve ficar nos anais do besteirol político venezuelano. O ministro diz que gostaria que a Venezuela produzisse também os produtos Vuitton para que ele pudesse comprar, o que ele faria se 95 por cento do que se consome no país não tivesse que ser importado.

É uma novidade nos planos do “socialismo bolivariano”: logo devem começar a produzir Louis Vuitton para as massas.

Mas como produto nacional genuíno, com sua fala o ministro chavista ajudou a produzir um dos vídeos mais vistos no site Youtube. Até o momento teve quase cem mil acessos.

O segundo vídeo é uma resposta do falastrão Hugo Chávez ao correspondente da BBC que pergunta porque o governo não investe na própria Venezuela o dinheiro que tem gasto com parceiros como Evo Morales. Só não se pode dizer que Chávez perde a compostura pelo fato de ser impossível perder-se o que não se tem, mas o falastrão fica bastante perturbado.

Veja os dois vídeos. Aqui, o primeiro, com o ministro de Chávez. E aqui o próprio Chávez, revelando os modos de seu governo.
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POR José Pires

sábado, 15 de dezembro de 2007

Nas asas da liberdade

O apresentador de TV e comediante mais popular de Cuba, Carlos Otero, fez ontem sua melhor performance contra a tirania: pediu asilo político aos Estados Unidos.

A importância artística de Otero em Cuba pode ser medida pelo anúncio que postei acima, extraído de seu site na internet. É sobre seu show em Toronto, Canadá. Observem que é patrocinado inclusive pela empresa estatal cubana de aviação.

Otero aproveitou a viagem ao Canadá, onde foi para gravar seu programa de fim de ano, para fugir do regime de Fidel Castro. “Passei dois meses meses esperando que me dessem permissão para viajar com meus filhos até que finalmente consegui”, ele disse para a BBC.

Segundo ele, está cada vez mais difícil trabalhar em Cuba devido à “censura e à vigilância institucional”.

Sua explicação sobre a fuga do regime cubano tem a simplicidade de qualquer apelo à liberdade: “Não quero pedir mais permissão a ninguém para me expressar, me deslocar ao redor do mundo e fazer o que tenho vontade”.

Também sobre a falta de liberdade em Cuba, lemos no Blog da Santa que três músicos cubanos (Miguel Angel Núnez Costafreda, Juan Alcides Díaz e Arodis Verdecia Pompa) em visita ao Recife desertaram e estão escondidos à espera de asilo políticos. O fato dos três estarem escondidos é uma vergonha para o Brasil. Eles têm medo de que o governo Lula faça o mesmo que fez com os atletas cubanos que desertaram durante os jogos Pan-americanos e os reconduza aos braços – ou garras – do regime cubano.

A Polícia Federal está atrás dos músicos cubanos, mas o deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE), precavido, já entrou com pedido de habeas corpus preventivo para os três.
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POR José Pires

A suspeita premiada

É sabido que no meio acadêmico proliferam as patotas – alimentadas por ligações políticas ou apenas pessoais – onde o compadrismo é eficiente moeda de troca, seja para o crescimento na carreira ou na auto-defesa do grupo. Neste caso, é bom lembrar, o espírito de corpo serve para o acobertamento de deslizes profissionais e ou até mesmo de crimes contra o patrimônio público. Serve também, é claro, para favorecimentos na área acadêmica, tudo feito com o comportamento bem parecido com o crime de formação de quadrilha previsto no Código Penal. Um ajuda o outro, no sistema do toma-lá-dá-cá, e no final perdem a capacidade profissional e a produtividade.

A premiação da biografia de José Genoíno pela Biblioteca Nacional parece uma dessas ações entre amigos, que acontecem muito no meio acadêmico. Simbólicamente, no entanto, é de valor bem maior já que se trata de um prêmio bacional destinado à valorizar o mérito e a capacidade intelectual.

O prêmio de R$ 12,500,00 naturalmente acendeu uma polêmica e não apenas pela natureza do biografado, mas também pela suspeição levantada pelas relações próximas entre a premiada e os jurados.

O livro sobre Genoíno, deputado federal e liderança petista denunciado pela Procuradoria-Geral da República por envolvimento direto no escândalo do mensalão, foi escrito por Maria Francisca Pinheiro Coelho, professora da Universidade de Brasília e que já foi filiada ao PT.

A autora é velha companheira do deputado petista. Genoíno, que era presidente do Diretório Central de Estudantes da Universidade Federal do Ceará, foi quem levou Maria Francisca Pinheiro Coelho, que era caloura, para o conhecido Congresso da UNE em 1968 em Ibiúna, em São Paulo.

O livro naturalmente foi bem usado como peça política para a defesa do deputado petista, que responde como réu no STF por formação de quadrilha, peculato (4 vezes) e corrupção ativa (9 vezes). O escândalo do mensalão não está presente no corpo da biografia. Aparece apenas em uma entrevista na qual ele se defende das acusações. A singela explicação da autora é de que a biografia já estava pronta quando ocorreu a descoberta dos crimes atribuídos ao petista.
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POR José Pires

A vida como ficção

Qualquer autor sério e ético, até por uma questão de honestidade intelectual, adiaria a publicação da biografia até que estivesse esclarecido o papel de Genoíno em acontecimentos tão determinantes para a sua vida. Mas o que aconteceu foi o contrário: a publicação do livro pareceu atender às circuntâncias políticas do biografado.

Tecnicamente a justificativa é tosca. O escândalo do mensalão é parte indivisível da trajetória política de José Genoíno, tanto que transtornou todos seus planos políticos e, a menos que haja uma grande surpresa política, acabou com a possibilidade dele se alçar a um cargo maior.

O mensalão é agora um fato até mais importante na vida de Genoíno que sua participação na chamada Guerrilha do Araguaia, quando o Partido Comunista do Brasil projetou uma campanha militar para tornar o Brasil um país comunista.
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POR José Pires

Suspeita de farsa política e intelectual

Já haveria um natural estranhamento com a premiação da biografia de José Genoíno pela Biblioteca Nacional, mas as relações entre integrantes do júri de premiação e Maria Francisca Pinheiro Coelho tornam a coisa parecida com uma farsa.

A autora premiada tem relações estreitas com pelo menos dois dos três integrantes do júri que premiou o livro. Ela é colega de Maria Angélica Madeira no departamento de sociologia da UnB e bem próxima de Bárbara Freitag com quem editou em 1993 o livro “Marx morreu: Viva Marx”. Freitag foi também orientadora da premiada. Sobre Freitag, Maria Francisca também organizou o livro “Itinerários de Bárbara”, Como entrega o título, trata-se de uma edição de ensaios elogiosos. Um dos ensaios do livro é assinado por Paulo Sérgio Rouanet, marido de Bárbara Freitag.

Uma rápida busca no Lattes (sistema que publica os currículos na área universitária) também flagra Maria Francisca publicando textos elogiosos à obra de Maria Angélica Madeira.
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POR José Pires

Reincidência

Maria Francisca Pinheiro Coelho não é caloura em polêmicas que trazem em si suspeitas de favorecimento e que envolvem o uso do dinheiro público. No início de novembro ela já havia sido criticada pela sua contratação para prestar “"serviço de especialista em sociologia política" e editar um livro com os anais de um seminário sobre reforma política para o governo Lula. Falamos sobre o assunto aqui, neste Brasil Limpeza.

Por dois meses de trabalho ela recebeu 14 mil reais. Na ocasião, evidentemente o fato despertou suspeitas de favorecimento devido à biografia favorável escrita por ela sobre o petista José Genoíno, que ainda tem muito poder no governo Lula.
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POR José Pires

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Nas bancas

O PT diz que vai lançar seu próprio jornal em 2008. Sugiro o nome de "Mensalão". Vejam as vantagens: é um nome com uma ligação histórica com o partido e já tem uma ótima inserção nos meios políticos.
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POR José Pires

Compañeros de infortunio

E Lula foi pra Caracas... Será que vai dizer ao falastrão de lá que aqui também a oposição teve uma vitória de merda?
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POR José Pires

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Talento incomum

Tucano é um animal político aguerrido. Não poupa nenhum esforço para ser a favor.
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POR José Pires

O Senado em boas mãos

Eu andava contrariado com a candidatura do senador Garibaldi Alves Filho à presidência do Senado. Garibaldi, que é do PMDB capixaba, acaba de ser eleito. Mas eu penso que a passagem de Renan Calheiros pelo cargo criou a exigência de um certo tipo de qualificação que, mesmo levando em conta o alto grau de profissionalismo dos nossos senadores, não é pra qualquer um.

Até agora eu não encontrava nele requisitos fundamentais, pelo menos no conjunto, que lhe dessem estatura moral para sentar na cadeira que as nádegas de Renan Calheiros esquentaram por tanto tempo.

Mas uma notícia de hoje traz um reforço considerável para o currículo do senador capixaba. Garibaldi teve gastos da sua campanha de 2002 cobertos por um suposto esquema de desvio de recursos públicos investigado pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte.

Conforme a denúncia feita por promotores públicos no mês passado, cerca de R$ 210 mil saíram dos cofres da Secretaria de Defesa Social. Vejam bem, da Defesa Social, o que denota uma elevada qualificação. Não foi de qualquer secretaria, mas de uma com a função de atender necessitados.

A grana acabou com 17 pessoas ligadas à campanha eleitoral feita pela Polis Propaganda e Publicidade. A empresa é do João Santana, ex-sócio do publicitário Duda Mendonça e amigo do senador Garibaldi. Santana fez também a campanha de reeleição de Lula em 2006.

Segundo os promotores o dinheiro foi usado na campanha para o governo de Fernando Freire (PMDB), ex-vice governador de Garibaldi, que foi então candidato ao Senado na chapa. Garibaldi já confessou que a campanha dos dois era única.

Está ai, a notícia me deixou mais aliviado. A presidência do Senado está bem preenchida. Garibaldi Alves Filho é o homem certo no lugar certo.
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POR José Pires

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

As semelhanças não enganam


A primeira encrespada com o novo logotipo da Companhia Vale do Rio Doce, rebatizada apenas como Vale, saiu no blog do Ancelmo Gois, no site Globo Online. Na segunda-feira noticiavam que profissionais do design estavam achando muito estranha a semelhança do novo logotipo com o símbolo do ABN AMRO, banco holandês que comprou o banco Real.

As cores realmente se parecem e a disposição do nome ao lado tornam mais assemelhados os dois logotipos, mas ao meu ver nada tão forte para haver mais que a suspeita de plágio. Na verdade, o que mais me chamou a atenção no logotipo da Vale foi que ele está mais para uma fábrica de filtro de café. Então deixei pra lá.

As mudanças na imagem da Vale foram cercadas do maior sigilo, ao ponto da África, agência do muito bem pago marqueteiro Nizan Guanaes, ter feito a campanha da nova marca sem saber os novos nome e logotipo. O custo da mudança foi de 50 milhões de dólares. A mudança visual foi coordenada pela empresa norte-americana Lippincott Mercer e pela brasileira Cauduro Martini.

Mais eis que agora surge mais uma desconfiança quanto ao logotipo da Vale e desta vez com muito mais propriedade. Agora a coisa parece mesmo plágio. O logotipo da Vale é praticamente o mesmo da empresa de calçados Vitelli, de Franca, São Paulo. Confira ao lado como as marcas são mesmo uma a fuça da outra. A notícia corre na internet e em sites especializados ou não a unanimidade é que desta vez só o plágio explica a impressionante semelhança.

No caso do paralelo com o logotipo do banco ABN AMRO, a polêmica se estenderia bastante provavelmente sem chegar à comprovação de fato sobre o plágio. Mas quanto ao logotipo da Vitelli, os milionários designers do logotipo da Vale não vão encontrar justificativa. É a mesma marca. A única diferença clara entre as duas é o preço cobrado do cliente
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POR José Pires

Culpando o passado

Lula foi fazer uma visitinha ao Pará e já resolveu o caso da menina que foi mantida presa com vários homens e que sofreu abusos. A culpa é do governo anterior.

“Teve gente que governou este Estado por 12 anos. Agora que ela está há um ano tentam jogar nas costas dela todas as desgraças que acontecem no Estado. Tentam jogar nas costas dela a responsabilidade”, ele disse.

Pelo menos inovou. Até o momento todos os envolvidos no caso culpavam a garota, ou seja, culpam a vítima. Então o Pará já está tão desenvolvido que tem até herança maldita. Precisam avisar às vítimas.
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POR José Pires

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Volta, volta, volta!

E o Senado continua indo bem na trilha ética traçada em conjunto com Lula. O PMDB está com quatro candidatos à presidência: Garibaldi Alves (RN), Neuto De Conto (SC), Valter Pereira (MS) e Leomar Quintanilha (TO). E ainda tem José Sarney, como sempre, corre por por fora.

Mas os cinco candidatos ainda não são representativos do estado atual do Senado. Não que eles não tenham se esforçado em suas carreiras para estar à altura do gabarito ético da Casa. Nada disso. Sarney, por exemplo, tem todos os requisitos para isso.

Mas ninguém é mais talhado para o cargo do que o próprio Renan Calheiros. O Senado devia reconduzi-lo à presidência. É uma questão de justiça histórica.
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POR José Pires

Dilemas existenciais

Grande dúvida ética brasileira: qual é a motivação do Senado que torna imprescindível a renúncia de Renan Calheiros à presidência da Casa, mas não vê problema que ele continue senador?

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POR José Pires

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

UMA IMAGEM VALE MAIS QUE MIL PALAVRÕES

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

E Chávez queimou a cara


Chávez perdeu o plebiscito na Venezuela e a democracia ganha um fôlego novo por lá. E uma nova força que se impõe contra as tiranias e os “candidatos” a tiranos são as novas tecnologias de informação. A derrota de Chávez tem naturalmente várias razões – e desconhecemos a maioria, pois a nossa mídia informa muito mal sobre os acontecimentos em países grudados em nossas fronteiras –, mas uma importante barreira para os propósitos chavistas foi a liberdade e a facilidade de expressão criada pela internet. Um meio rápido, eficiente e livre de dispor da informação. Chávez empalmou a mídia local venezuelana criando obstáculos à liberdade de expressão, mas como abarcar toda a internet?

É muito difícil fazer as coisas às escondidas hoje em dia. Subjugar a liberdade de expressão também é mais complicado em um mundo em que qualquer um pode fazer em casa seu próprio blog ou até mesmo um site na internet. Graças às novas tecnologias de informação, até as muralhas poderosas da prisão norte-americana de Guantánamo foram rompidas e pudemos saber das torturas e humilhações ali ocorridas.

Durante todos os preparativos para o plebiscito na Venezuela pude me informar por meio de blogs e e-mails sobre o que acontecia naquele país. No plano mundial, a internet foi fundamental para o trabalho dos que são contra as propostas tirânicas chavistas, especialmente para os jovens venezuelanos que, aparentemente, formam o setor mais progressista da oposição.

Um exemplo disso é esta foto que extraí do Flickr, site que disponibiliza fotos na internet. É de uma entre as várias páginas criadas por estudantes venezuelanos e que você pode ver aqui. O título da foto em espanhol é “quemando la cara de chavez”. Nem precisa traduzir.

Abaixo da foto, a legenda diz: “Como que yo no era el único con el cel a todo momento (aunque yo no tomé esta foto -pero sí fue con mi cel- xD)”. Também não preciso traduzir. E muito menos comentar a foto, que fala por si: as novas tecnologias e a internet já se estabeleceram como uma importante ferramenta contra tiranos. Não é só o rei espanhol que pode mandar Chávez se calar.
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POR José Pires

sábado, 1 de dezembro de 2007

Tenho dito

Aldir Blanc é o grande pensador brasileiro da última metade do século XX.
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Por José Pires

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Lula lá... na Cantagalo

Os moradores da favela do Cantagalo, no Rio de Janeiro, estão pensando em convidar o presidente Lula para morar lá. Lula ficou menos de uma hora por lá e a segurança no lugar ficou de primeiro mundo.
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POR José Pires

Sensibilidade política

Vi um título de uma matéria no site de O Globo e achei que já tinha comissão estrangeira analisando a situação carcerária do país. Até pensei: agora pode dar alguma coisa.

A chamada dizia: “Vídeo que mostraria jovem sendo estuprada em delegacia do Pará choca deputados”. Deputado chocado com as condições carcerárias no Brasil, pensei, só pode ser deputado suíço, francês, talvez até um deputado dinamarquês de alguma comissão da Onu.

Mas não. Eram deputados brasileiros mesmo. Talvez sejam políticos pouco vividos, que ainda não sabem como é o Brasil.
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POR José Pires

Agora vai

Os administradores petistas estão pondo abaixo o que não deu certo. O governador petista Jaques Wagner vai demolir o estádio Ponte Nova, na Bahia. A governadora Ana Júlia Carepa, também do PT, vai demolir a cadeia onde a menina sofreu abusos, no Pará.

Oba, por esse caminho acho que a coisa vai: de demolição em demolição quem sabe eles não chegam no partido?
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POR José Pires

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

O lulismo perde, a liberdade ganha

Há alguns meses o jornalista Diogo Mainardi faz um podcast no site da revista Veja. É um dos maiores sucessos da internet. Dali saem denúncias que arrepiam lulistas e o PT. É também um espaço muito criativo, com boas sacadas e o humor seco que Mainardi faz com sucesso.

Um podcast é um arquivo de áudio em mp3 que o internauta pode baixar e ouvir no momento em que quiser. Quem usa o podcast como veículo costuma falar pouco, com textos curtos e objetivos. Eu diria que é um rádio que não é chato: você ouve quando quer, ele não fica buzinando na sua cabeça.

Em seu podcast desta semana Diogo Mainardi fala do processo que sofre da parte de Paulo Henrique Amorim e que o juiz Manoel Luiz Ribeiro julgou improcedente.

Mainardi diz que o processo de Amorim é um dos dez (isso mesmo: dez) que respondeu por causa de apenas uma coluna. Já ganhou oito. E um fato interessante, destacado pelo colunista da Veja, é que o lulismo tentou usar os tribunais para sufocar a liberdade de expressão e seu deu mal. Os processos, que o lulismo perde em sua vasta maioria, estão criando uma base jurídida em garantia da liberdade de imprensa.

Para ler os trechos essenciais do podcast de Mainardi, clique aqui. E para ouvi-lo aqui.
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POR José Pires

TV Lula: você não vê, mas custa os olhos da cara

O governo Lula sempre surpreende a gente. Eu já achava muito os R$ 350 milhões anuais do Orçamento da União destinados à TV do Lula, que dizem ser “pública”, mas sabemos que não será.

Em um país com as necessidades que tem o Brasil, colocar toda essa dinheirama para fazer uma televisão para falar bem do governo chega a ser um insulto. Mas é assim, eles vão gastando dinheiro à toa, nos insultando dia-a-dia e perdendo de vez o pé da realidade.

Não vão gastar mais R$ 350 milhões anuais. O relator da medida, do PT, é claro, acha que é pouco e vai propor que saia mais grana do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel). E notem que o que ele acha mixaria é o equivalente ao orçamento da TV Bandeirantes.

Não sei como eles farão para meter a mão no dinheiro do Fistel que, como o próprio nome diz, foi criado exclusivamente para a fiscalização das telecomunicações e não para o financiamento de televisão alguma. Não sei como será, mas eles arrumam um jeito, pode ter a certeza.

Walter Pinheiro, do PT da Bahia, é o nome da boa alma preocupada com o reforço da TV do Lula. Ele ainda não sabe quanto se deve colocar a mais no cofre da TV do Lula para que ela fique tinindo. A princípio ele acha que “com R$ 350 milhões não se faz uma boa TV”. E diz que “pode ser R$ 600 milhões, R$ 700 milhões... dizer um número agora seria um chute”.

Chute? Deve ser uma nova gíria para assalto ao bolso do contribuinte.
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POR José Pires

Hay justicia? Soy a favor!

Uma juíza foi expulsa da carreira judicial na Espanha. O motivo foi ela ter mantido no cárcere um homem que já havia sido absolvido. Ele acabou ficando preso sem causa por 437 dias porque ela se esqueceu de enviar o alvará de soltura.

Fez-se justiça enfim, com o homem solto e a juíza colocada pra fora. Êpa! Está aí uma idéia: será que a Espanha aceita extradição de juiz brasileiro?
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POR José Pires

Ameaça

Bush promete que usará todo seu poder para conseguir a paz no Oriente Médio. Então é certeza que vem mais guerra por aí.
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POR José Pires

Virtual
Mulher mente a idade até em perfil de blog.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

A agenda do Lula

Não é que eu não tenha o que fazer, mas agora dei pra ler a agenda do presidente Lula. Dá pra escrever sobre ela todo dia de tão estranha que é. O que se nota na primeira olhada é que para um presidente da República ele tem pouco o que fazer. A agenda de trabalho de Lula já foi muito bem analisada pelo professor de história Marco Antonio Villa e ele comprovou que o petista trabalha pouco e tem pouco interesse pelas atividades administrativas.

Mas na agenda de hoje tem algo bem interessante. Às 9h30 Lula tem uma reunião com o general Jorge Armando Félix, Ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Logo depois, às 9h45, Lula tem outra reunião.

O que será que o general Jorge Armando Félix foi fazer lá? Decerto foi dar um bom dia para o presidente. Mas tem que ser rápido, pois só tem 15 minutos.
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POR José Pires

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Justiça só mais tarde

Mais notícias sobre o planejamento brasileiro. O ministro da Justiça, Tarso Genro, aquele da “refundação do PT” que não houve, falou sobre o caso da menina que ficou presa em uma cela com cerca de 20 homens no Pará. O ministro disse o “abuso a presas não vai terminar”.

Viram como é bom viver em um país em que há planejamento? Isso pelo menos elimina a tensão da espera de soluções para mais este problema.
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POR José Pires

Agora vai

Outra pessoa que apareceu para falar sobre o caso da menina do Pará foi Nilcéia Freire. Quem é Nilcéia Freire? Bem, é mesmo difícil decorar os nomes de um governo com tantos ministérios (37 na última contagem), mas o cargo da Nilcéia Freire é de ministra da Secretaria Especial de Política para as Mulheres. É, isso mesmo: um órgão especial para as mulheres. E tem o status de “assessoria direta” do presidente da República, seja lá o que for isso.

Foi no lançamento de uma campanha nacional pelo fim da violência contras as mulheres que Nilcéia Freire soltou a sua indignação. Nunca se viu neste país um governo com tantas autoridades indignadas. Parecem estar na oposição. Nada é com eles, estão sempre indignados.

A ministra disse que a situação dos presídios femininos já era uma preocupação do governo. E mais: disse que já havia sido criado um “grupo interministerial” para fazer uma revisão de todo o sistema prisional. Segundo Nilcéia Freire, eles chegaram à conclusão de que “a situação é lamentável em todos eles”. Ah, bom...
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POR José Pires

Caso do Pará atrapalha campanha

A campanha lançada por Nilcéia Freire é a “Campanha 16 dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”. Parece coisa de marqueteiro. Vai do período de 25 de novembro a 10 de dezembro por “compreender quatro datas significativas na luta pela erradicação da violência contra as mulheres e garantia dos direitos humanos”.

Na entrevista à imprensa a ministra lamentou a “triste coincidência” do lançamento da campanha a favor das mulheres na semana em que se discute o caso da menina no Pará. Não riam. Não é piada, ela lamentou mesmo.

A campanha tem anúncio em jornal, em revista, no rádio e propaganda na televisão, inclusive no horário nobre. Muita propaganda. Tudo que esse governo finge que faz é cercado de propaganda.

E vamos torcer para que nenhuma outra violência contra a mulher ocorra nesse período para não atrapalhar mais esta campanha do governo Lula.
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POR José Pires

Fala, Marta

Outra voz que precisa ser ouvida sobre este caso é a da ministra Marta Suplicy, que fez carreira política em cima do feminismo. Para as vítimas da crise da aviação civil ela deu o famoso conselho: “Relaxa e goza”. Qual seria o conselho que ela daria para as presidiárias?
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POR José Pires

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Salve-se quem puder

Fala-se muito em plebiscito no Brasil, mas são os próprios políticos que terminam desmoralizando este tipo de resolução. Com o plebiscito do desarmamento muito se discutiu sobre o comércio de armas no país, o sim acabou perdendo, mas alcançou-se pelo menos um consenso: o de que leis reguladoras com um controle rigoroso da venda contribuiriam bastante para a diminuição da violência.

Mas os políticos não ajudam. Uma Medida Provisória sobre o assunto deve ser votada nesta terça-feira na Câmara dos Deputados. O relator é o deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS).

A medida Provisória estende o prazo da atual campanha de recadastramento de armas, que acabou em 2 de junho, para 2 de julho de 2008 e também reduz de R$ 300,00 para R$ 60,00 o pagamento de taxa para quem queira comprar uma arma. O relatório do deputado deveria apenas propor a aprovação disso e nada mais.

Mas Pompeo de Mattos colocou umas “coisinhas” a mais no relatório. Vamos a algumas das 82 mudanças incluídas por ele.
  • Autoriza a compra de armas por quem estiver respondendo a inquérito criminal
  • Isenta de pagamento de taxa e de testes psicológicos e de capacidade técnica no uso de armas os proprietário de armas de calibre 22.
  • Libera o uso de arma em via pública. Hoje isso é proibido para 25 diferentes profissões, como políticos, advogados, caminhoneiros, militares reformados e taxistas.
Ah, sim, o deputado Pompeo de Mattos recebeu em sua última campanha eleitoral R$ 120 mil reais de duas grandes fábricas de armas, a Taurus e a CBC.
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POR José Pires

Amorim perde pra Mainardi e ainda tem coisas para explicar

Como lulistas, petistas e agregados soltam foguetes quando Diogo Mainardi perde um processo na justiça, é bom a gente informar quando ele ganha.

Desta vez foi Paulo Henrique Amorim que teve julgado como improcedente um processo movido contra o colunista da revista Veja. Amorim queria 1.500 salários mínimos e mais R$ 0,50 por exemplar vendido da Veja em que teve citado seu nome. Ele ainda pode recorrer.

A peça do juiz Manoel Luiz Ribeiro, da 3ª vara Cível de Pinheiros, é um belo texto em favor da liberdade de expressão e do debate público de questões que não podem – e não devem, digo eu – ser tratadas como negócios particulares.

Em sua coluna, Mainardi acusou Amorim de fazer o jogo do lulismo em seu blog na internet. Segundo ele, depois que os fundos de pensão passaram a influir no provedor IG criou-se um quadro de blogueiros, todos eles afinados com o que Mainardi chama de “DIP” (numa alusão ao organismo de inteligência e comunicação do governo Vargas) de Luiz Gushiken, então ministro responsável pela Secom, a Secretaria de Comunicação da presidência da República.

Para exemplificar, Mainardi lista uma série de blogueiros do IG. “De lá para cá, além de José Dirceu, foram contratados como comentaristas Franklin Martins, Paulo Henrique Amorim e Mino Carta. Todos eles na fase descendente de suas carreiras”, diz Mainardi, que ainda revela os salários da turma: “Quer saber quanto o iG paga a Franklin Martins? Entre 40 000 e 60.000 reais. Quer saber quanto ele paga pelo programa de Paulo Henrique Amorim? 80.000 reais”.

Amorim não gostou de Mainardi dizer que ele está em “fase descendente” de sua carreira. Mas o juiz não aceitou como ofensa a qualificação. “Sem dúvida o autor já foi jornalista da Rede Globo de Televisão, apresentando programas de elevadíssima audiência, de forma que a menção à “carreira descendente” visa apenas identificá-lo como estando hoje em veículo de menor expressão do que aquele outrora”, escreve no processo o juiz Ribeiro.

Mas são as idas e vindas de Amorim, com mudanças abruptas de opinião, que são assunto nas rodas jornalísticas e nos sites especializados em comunicação. O jornalista já esteve na linha de ataque a Lula quando Fernando Henrique Cardoso estava no poder. Na época, segundo o site Consultor Jurídico, Lula processou a TV Bandeirantes depois de ser acusado de desonesto por Amorim. Hoje Amorim faz o rumo inverso: defende o lulismo e ataca com virulência a oposição.

Ele mesmo definiu seu estilo em entrevista à Folha de S. Paulo: “Quando a gente senta no computador para escrever, é como se estivesse apertando aqueles botões que disparam mísseis. Cada vírgula minha tem um alvo. É um exercício de pancadaria verbal, de pancadaria ideológica".

Contraditoriamente para um homem que se define assim, ele opta via jurídica e não a jornalística defender suas posições profissionais ou políticas. Amorim também ameaçou o site Consultor Jurídico depois da divulgação de seu nome em uma lista de pessoas contratadas para afastar Daniel Dantas do comando da Brasil Telecom.

Entrevista pelo site, Luciane Araújo, testemunha em processo que corre na Itália, disse que Amorim era festejado na Itália. Segundo o Consultor Jurídico, o chefe de operações clandestinas da Telecom Italia, Marco Bernardini, costumava dizer que “quem tem o Paulo Henrique Amorim não precisa de mais ninguém”.

Segundo o Consultor Jurídico, Amorim ainda pode ter outros problemas “caso não explique porque ele nunca declarou no Brasil a propriedade de dois apartamentos em Nova York”. Conforme o site, ele admite a posse de três carros importados, uma moto e três apartamentos no valor de 800 mil reais cada um. “Um patrimônio incomum para quem vive de jornalismo no Brasil”, finaliza o Consultor Jurídico.

Para ler a crônica de Diogo Mainardi, clique aqui. E para ler a sentença do juiz, aqui.
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POR José Pires

A cara do regime de Chávez

Esta foto simboliza bem o governo venezuelano. O grande boneco de Hugo Chávez foi instalado sobre um prédio de um mercado de alimentos conveniado com o governo. O mercado está fechado por falta de alimentos.

O mau gosto e o culto à própria imagem são muito parecidos com uma história bem conhecida, a dos regimes comunistas que endeusavam seus líderes e submetiam a população ao totalitarismo.

E a esquerda brasileira venera e defende Hugo Chávez. Ainda que não fosse pelo autoritarismo do falastrão, o mau gosto e a falta de conteúdo já seriam bons motivos para não entrar numa barca furada ideológica como esta.

Mas pelo líder que eles seguem aqui na nossa terrinha, dá a impressão de que o mau gosto e a falta de conteúdo é que movem a esquerda.
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POR José Pires

Sofrimento em cadeia

Só quem está desatento às condições das cadeias no Brasil se impressiona com o caso da menina de 15 anos que ficou presa com mais de 30 anos no Pará. É uma violência revoltante, sem dúvida, mas é apenas mais uma entre a barbárie que reina no sistema carcerário brasileiro.

Situações degradantes como a vivida pela menina no Pará ocorre em nossas cadeias inclusive com homens. E esta realidade sórdida é aproveitada por policiais e delegados para ameaçar ou “punir” quem eles querem. Com peixe pequeno, é claro, pois também no sistema carcerário existe uma clara divisão de classes em que os maiorais do crime tem regalias e privilégios.

A Folha de S. Paulo tem coberto bem o caso do Pará. Fez boas reportagens nos últimos dias. Mas se um repórter desse jornal se deslocar até à delegacia mais próxima da sede do jornal, em São Paulo, provavelmente irá encontrar material tão revoltante quanto o que existe nas cadeias do Pará ou de qualquer outro estado brasileiro.

O que há de marcante neste caso em que uma mulher foi vítima de abuso durante quase um mês é que a responsabilidade pela indignidade está nas mãos de mulheres: o caso aconteceu em um estado governado por uma mulher, a prisão foi feita por uma delegada e a garota foi encarcerada por uma juíza.

O que significa isso? Significa que quando uma sociedade está gravemente doente como a nossa, solução alguma virá de sensibilidades particulares: a da mulher, a do negro ou a de qualquer minoria ou segmento “especial”. O remédio tem que ser universal. E bem forte.
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POR José Pires

sábado, 24 de novembro de 2007

O italiano Gilberto Gil

O ministro Gilberto Gil apregoa pelos quatro cantos – na falta de mais canto – sua “afrodescendência”, mas bobo não é. Gil vai pedir cidadania italiana por causa da ascendência da mulher, Flora.

O que todo mundo já pergunta é se Gilberto Gil já pediu cidadania nigeriana ou de qualquer outro país africano. Cadê o orgulho da raça?
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POR José Pires

Apedeutismo na mira

Espera aí. Vamos ao dicionário. Preconceito é um conceito ou opinião formados antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos. É uma idéia preconcebida sem que haja um fato concreto que a comprove.

Então dizer que Lula despreza a própria educação não é preconceito. Pode-se até discutir a conveniência política para que isso seja dito, mas preconceito absolutamente não é.

Lula teve tempo e dinheiro para adquirir mais conhecimento: durante mais de duas décadas, inclusive, foi o único político brasileiro que recebeu um salário mensal de seu partido. Podia ter lido mais, feito alguns cursos, viajado não para "comer um leitãozinho" ou ficar vagabundeando na praia mas para adquirir cultura. Mas não fez nada disso. Leitõezinhos, percebe-se pela silhueta, comeu bastante. E hoje até se gaba de não ter estudado, o que, na sua posição, é um péssimo exemplo para os jovens.

E não estou falando do estudo formal, da falta de um diploma qualquer. Lula, isso é sabido e acaba sendo transmitido nas suas falas, não gosta de se aprofundar em qualquer assunto. Vai levando na superfície. E como eleitoralmente deu certo nos últimos 5 anos, ele parece até se orgulhar da própria ignorância. E trata com desprezo e leviandade temas pelos quais deveria ter respeito.
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POR José Pires

Facilitando o futuro

Mas a ignorância do Lula tem sua compensação. Quando for for fazer fazer seu "memorial" após sair da presidência da República, vai economizar bastante espaço. Sua biblioteca cabe na estante da televisão.
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POR José Pires

Cuidando da imagem

Tucano é um bicho complicado, mas não se sabia até agora que até em marketing o bicho fazia besteira. Colocar no ar uma propaganda política dizendo que o PT copia tudo do PSDB exatamente no momento em que a Procuradoria-geral da República denuncia no STF o “mensalão mineiro” e no mês em que vai se votada a CPMF é mesmo coisa de... de tucano.
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POR José Pires

Brasil-sil-sil!

Essa não há Dunga que estrague: o Brasil é campeão mundial na quantidade de horas gastas para que uma empresa pague todos os impostos e tributos. Segundo análise da consultoria PriceWaterhouseCoopers, com base nos dados reunidos pelo Banco Mundial, são necessárias 2.600 horas (352 dias) para que uma empresa cumpra todas as obrigações fiscais. E o Brasil é o primeirão entre 178 países.

Ninguém segura este país. Mas todos pagam um dinheirão.
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POR José Pires

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

A culpa é do cofre
O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, também hipoteca solidariedade ao senador Eduardo Azeredo. Os petistas riem de orelha a orelha, o caso do “mensalão mineiro” vem a calhar para consolidar a tese petista do “somos todos iguais”.

“Se não houver uma reforma política que crie o financiamento público de campanha esse risco vai continuar existindo na política brasileira”, ele disse. É perfeito. Os políticos roubam, fazem caixa dois, subornam, lavam dinheiro e o problema é do sistema de financiamento eleitoral.

Se o raciocínio valesse para os outros tipos de crimes, então em vez de botar na cadeia os ladrões comuns teríamos que arrumar um novo sistema para que eles possam se apossar do nosso dinheiro sem transgredir a lei.
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POR José Pires

Inocência desprotegida
Berzoini também reclamou de gente malvada que tira os políticos do bom caminho. Vejam o que ele disse: "O financiamento privado envolve muitas vezes a ação de pessoas que estão mal intencionadas e que acabam se aproximando dos políticos com outros interesses e oferecendo mecanismos de financiamento nem sempre transparentes."

Lula está certo. A corrupção só acontece no Brasil porque os políticos são inocentes.
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POR José Pires

Cercado de inocentes
Lula lançou nota lamentando a saída do ministro de Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, que foi denunciado junto ao STF pela Procuradoria- Geral da República por peculato e lavagem de dinheiro. No texto ele afirma que “mantém integral confiança” em Mares Guia e também que está seguro de que ele será inocentado.

Desse modo, a lista de inocentes em torno do Lula vai aumentando. E então ele podia colocar na lista de seus inocentes o senador tucano Eduardo Azeredo e mais 13 (são 15 com Mares Guia) denunciados de envolvimento com o “mensalão mineiro”.

Mares Guia era vice-governador de Minas Gerais e trabalhava na campanha eleitoral de Azeredo como “arrecadador informal”. Se o ministro de Lula é inocente então os demais também são.
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POR José Pires

O xis do problema
Lula tem razão. Esse é o problema da política no Brasil: têm inocentes demais. Talvez seja por isso mesmo que eles se metem em tanta corrupção. Muita inocência.
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POR José Pires

Caluda compañero...
Mais um cala-boca em Chávez. O governo da Colômbia pôs fim à mediação do presidente venezuelano para a troca de guerrilheiros presos por reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

É que Chávez fala demais mesmo e não é só no momento em que Zapatero está se expressando. Desta vez, Chávez andou telefonando para o comandante do Exército da Colômbia sem a autorização do presidente colombiano Álvaro Uribe.

E também se vangloriava de seu papel de mediador. Em Caracas fez isso em um discurso para cerca de 50 mil manifestantes. E em Paris o falastrão vaidoso disse que em três meses conseguiu mais do que o governo colombiano em cinco anos.

E agora a Colômbia também não quer mais ouvi-lo. Se a coisa continua desse jeito, logo mais Chávez só terá o Lula e o Evo Morales para conversar. Aí parece que existe um vocabulário bem integrado.
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POR José Pires

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Um país onde o mal prevalece
Dois textos publicados hoje na imprensa brasileira se interpenetram, mesmo estando os dois autores distantes em estilo e posicionamento políticos. O encontro de ambos é na exposição de um drama que parece não comover os brasileiros e evidentemente pouco interessa aos políticos e autoridades do país. É a tragédia histórica e cotidiana que se abate sobre os indígenas.

Um deles é a coluna do excelente Janio de Freitas que fala sobre a triste situação dos xavantes, que vão começar a receber o Bolsa Família. Seu texto saiu na Folha de S. Paulo de hoje. Este povo, que o jornalista visitou para uma reportagem na década de 60 e que na época eram tão saudáveis que não tinham sequer uma cárie nos dentes, hoje precisa da esmola do governo federal para atenuar seu estado de fome e subnutrição.

Freitas traz à memória as Unidades Sanitárias Aéreas, projeto criado por Noel Nutels – que o jornalista com toda a razão qualifica de “especialíssima figura”. Era uma obra do governo JK em que uma equipe formada por clínico, dentista, oftalmologista e outras especialidades ia até as tribos indígenas estudar suas condições de saúde. Segundo o jornalista, os especialistas encontraram nos índios, entres eles os xavantes, uma saúde de “perfeições humanas muito mais completa e difundida do que se podia imaginar”.

A “civilização” acabou com suas florestas, seus rios e até empesteou o seu céu. E hoje eles estão em situação tão lastimável que até precisam do Bolsa Família para amenizar o estrago.

Outro veículo da mídia em que a situação dos índios surgiu hoje como má notícia nada surpreendente, mas de qualquer modo revoltante, foi em O Globo. Foi também uma colunista, a jornalista Miriam Leitão, que escreveu sobre o drama vivido pelos terena, os guarani e os caiuá no Mato Grosso do Sul. O texto da jornalista, que é uma profissional experimentada, tem um título que é um misto de ironia e também do desalento que abate a todos neste país sem conserto: “Por que é assim?”

Na usina Debrasa, no Mato Grosso do Sul, a fiscalização encontrou 820 indígenas trabalhando em situação degadante. Como a maior parte das usinas de cana-de-açucar do Brasil, a Debrasa está nas mãos de uma família. Este setor é dominado por dinastias. O usineiro atual, José Pessoa de Queiroz Bisneto, é da quarta geração.

Naquela região, também há gerações, os indígenas vem perdendo terra. Acabaram confinados em uma área tão pequena que não conseguem produzir. Por isso trabalham no corte de cana-de-açúcar.

Na usina Debrasa há indícios até de racismo em relação aos indígenas, pois eles eram tratados de forma inferior aos outros trabalhadores. Quem contou para a jornalista foi o procurador Jonas Moreno, que participou da ação fiscalizadora. Ele disse também que documentou, fotografou e filmou tudo “para ninguém dizer que não foi assim”.

Sobre o tratamento que davam aos índios na usina, o procurador afirmou o seguinte para Miriam Leitão: “Eles tratavam os trabalhadores não índios bem melhor que os indígenas. Os não índios tinham refeitório, a comida era melhor; os índios comiam em marmita que praticamente só tinha arroz. Ficavam em alojamentos superlotados, onde fazem suas refeições noturnas perto das fossas sanitárias. Moscas que circulavam nas fossas pousavam na comida”. Entendemos que o almoço seja em marmita, no campo, mas por que não haver refeitório para eles no jantar? Por que a discriminação?”

Notem que mesmo entre os trabalhadores de um setor notório pelo descumprimento de normas trabalhistas básicas – onde a fiscalização trabalhista e a polícia chegam a encontrar trabalhadores em condições parecidas com a de escravidão – os indígenas estão por baixo.

O grupo que domina a Debrasa, segundo uma reportagem da revista Dinheiro Rural de junho deste ano, está entre os dez maiores produtores de açúcar e álcool do Brasil e tem capacidade de moer sete milhões de toneladas de cana por ano. “Por que é assim?”, pergunto eu.

Em sua coluna, Janio de Freitas fala de uma “vastidão de miséria negra e branca”, da qual inevitavelmente os indígenas não poderiam escapar. Concordo plenamente. Mas o infortúnio indígena é de um peso imenso, bem maior do que o que pesa sobre nós, os não-índios. Somos unidos pela miséria causada pelo descaso e pela má-fé, que andam sempre junto por aqui e fazem um estrago danado, mas os indígenas estão até sendo exterminados como povo.

E indígenas não servem nem para a demagogia, já que não têm movimentos políticos ativos – como os dos negros, por exemplo – e nem são um grupo social influente eleitoralmente. Para eles só resta contemplar os brancos, negros e amarelos enquanto se acabam na miséria.
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POR José Pires

Aviso ao consumidor
Mais uma constatação de que não é da falta de planejamento que devemos reclamar. O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) alertou que 2008 têm grandes chances de começar com nova crise de gás.

Ele dá várias explicações, mas o que importa é que já está planejada a falta de gás em 2008.
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POR José Pires

Agora vai
Lendo a agenda de trabalho (sic) do presidente Lula vejo que às quatro da tarde ele tem uma reunião com sua Chefe de Gabinete-Adjunta de Informações em Apoio à Decisão do Gabinete Pessoal do Presidente da República.

Não sei o que é isso, mas que parece ser muito importante, isso parece.
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POR José Pires

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Sobre o Apedeuta Maior
Em sua coluna de hoje no Jornal do Brasil, o jornalista Augusto Nunes escreve um dos artigos mais vigorosos contra o presidente Lula. Não se via porretada tão forte em Lula desde aquele famoso artigo do agora ministro lulista Roberto Mangabeira Unger em que ele afirmava que Lula comanda o governo mais corrupto da nossa história.

Sobre Lula, Nunes diz que “nunca houve um presidente tão visceralmente ignorante”, no que ele tem toda a razão. O jornalista comenta as recentes palavras em apoio a Hugo Chavez, depois deste ter tomado o cala-boca do rei espanhol. Em entrevista logo após um almoço no Itamaraty – ocasião em que ele pode molhar a garganta com três ou quatro taças de vinho – Lula misturou vários sistemas políticos na tentativa de comprovar sua tese de que o colega venezuelano é um autêntico democrata.

Sobre a notória dificuldade de Lula em qualquer área do conhecimento que esteja fora da mera fofoca de corredor, Nunes chega à uma conclusão terrível para nós todos: “há quase cinco anos, o Brasil é governado por um homem que seria reprovado no mais singelo concurso público que incluísse uma prova de conhecimentos gerais”.

Vale a pena conhecer o texto, uma peça rara nestes tristes tempos em que uma porção enorme dos nossos jornalistas só vai para a redação com luvas de pelica. E o rabo preso. Para ler o artigo na íntegra, clique aqui.

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POR José Pires

Tucanos criam esboço de oposição
É difícil acreditar, mas aparentemente os tucanos acordaram. Ainda não é o caso de esperar que façam revoada oposicionista sobre o Planalto, mas o fato é que o partido produziu uma proposta de programa que ataca com relativa firmeza – para tucano é um porretaço – o governo Lula e até mesmo alerta para ameaças à democracia. O programa deve ser aprovado na convenção do PSDB que começa amanhã e vai até sexta-feira.

O documento fala também do aparelhamento do Estado feito pelo PT e até faz uma alusão velada ao projeto autoritário de Chávez. Aliás, tudo é insinuação no texto. Os tucanos conseguiram produzir 20 páginas sem nada apontar diretamente. São ambíguos até sobre a grande questão do partido, a privatização. Neste caso, é dito que “o PSDB não é privatista nem estatista”. Só não definem a porcetagem.

O feitio tucano também se mostra no caso em que alertam para o risco que corre nossa democracia caso Lula adote teses chavistas. Evidentemente não citam objetivamente o projeto político do falastrão venezuelano.

Segundo o que se diz, teria vindo de Fernando Henrique Cardoso a inclusão do trecho que ataca a tese do terceiro mandato, que vem animando lulistas e o próprio Lula. “Ambições futuras podem vir a golpear a democracia, como ocorre em países vizinhos onde o continuísmo de pseudo-salvadores da pátria desvirtua as regras da verdadeira representação e participação popular” diz o trecho.

Após o alerta, os tucanos garantem que “estarão atentos” para não deixar que isso aconteça, o que alivia ninguém. Dá vontade de perguntar onde estavam até agora.

Obviamente o documento tucano não lembra que foi o próprio PSDB que começou com esse negócio de reeleição, mas não se pode exigir auto-crítica de tucano. Quem quiser ler o documento tucano, pode clicar aqui. É bem escrito, pois nisso os tucanos sempre tiveram qualidade. São excelentes para fazer documentos do partido e até mesmo programas de governo – tanto o da primeira eleição de FHC são bem bons – mas o difícil depois é colocar em prática.

O esboço para oposicionista ficou pronto. Mas quem é que vai fazer a arte final? E também temos que lamentar que essa vocação oposicionista só tenha surgido agora, às vésperas de uma convenção do partido, com o risco de sempre da valentia ficar apenas nas letras de forma do documento.

A realidade logo mais deve comprovar o que eu digo. Não é difícil os tucanos fazerem essa cara de enfezadinhos com o programa deles nesta convenção e logo mais, bem daqui a pouco, aprovarem a CPMF do governo Lula.
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POR José Pires

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Chávez lá, Lula aqui
O ex-ministro da Defesa venezuelano Raúl Baduel continua alertando sobre a reforma constitucional que vai a referendo no dia 2 na Venezuela. Em entrevista publicada hoje no Jornal do Brasil ele diz que, se aprovada, a reforma de Chávez acaba com a democracia em seu país.

Segundo ele a reforma concentra poder de forma desmedida. Em um de seus pontos, por exemplo, a reforma criada por Chávez permite ao presidente eleger ou demitir governadores e prefeitos.

O poder conferido ao presidente pela reforma venezuelana explica em boa parte a admiração que a esquerda aboletada ao poder no Brasil tem para com a “democracia” de Chávez. Pois não foi Lula que andou reclamando da democracia que, segundo ele, atrapalha bastante o ato de governar? Não é à toa que Lula corre para defender Chávez até do bem dado cala-boca do rei da Espanha.

E a leniente oposição brasileira não se apercebe que o caminho venezuelano proposto por Chávez deve determinar os rumos do governo petista por aqui. Lula quer se manter no poder e o PT e a massa de militantes que aparelharam o Estado não podem sequer pensar em sair do governo, até porque isso acarretaria uma forte rebaixada em seus padrões de vida pessoal.

Mas, quanto ao plebiscito na Venezuela, Baduel também teme que as próximas manifestações populares se tornem “uma revolta sem controle”. Em sua fala, ele deixa entender que sente o cheiro de guerra civil no ar. Para ler a entrevista na íntegra, clique aqui.
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POR José Pires

Olha a cabeça!
No Brasil muita gente sofre da “Síndrome do Tijolaço”. A tal síndrome é uma categoria que inventei para definir um certo tipo de pessoa que no geral aparenta um estado de normalidade, até com alguns picos de genialidade, mas que em determinado momento vem com uma besteira que desmonta toda aquela personalidade aparente do cotidiano.

A síndrome vem de uma conhecida piada. A do cara que está preso em um hospício e chama uma visita e diz que só está ali por uma conspiração de parentes, mas que na verdade é totalmente são. Quando a visita já está de saída e inclusive disposta a intervir pelo confinado recebe uma violenta tijolada na cabeça. Quando vira para trás vê o louco que parecia normal dizendo: “Não vai esquecer...”. Esta é a “Síndrome do Tijolaço”.

Na política são muito comuns esses ataques. Está certo que boa parte dos políticos não pode ter isso, sendo loucos o tempo inteiro. Mas o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) se enquadra nesta síndrome. O senador é inteligente, tem idéias originais e até possui uma qualidade original para um político: pensa com a própria cabeça. E até escreve bem, qualidade ainda mais rara no setor.

Mas agora Buarque acaba de apresentar um projeto que impede parlamentares, prefeitos, governadores e presidente da República de matricularem seus filhos em escolas particulares durante a educação básica. Todos que tem cargo eletivo seriam obrigados a colocar filhos e demais dependentes em escolas públicas a partir de 2014.

Para o senador, com os filhos de políticos na escola pública, haverá melhoria na educação gratuita. E nada mais digo. O senador Cristovam Buarque até que ia bem, com um comportamento equilibrado até nessas crises do Senado, mas esse tijolaço doeu.
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POR José Pires

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Uma voz que não se cala na Venezuela
A fala do ACMzinho sobre a democracia (veja abaixo) na Venezuela soa mal. Aliás, o DEM, ou ex-PFL, tem um grave defeito de fábrica que dificulta muito a participação de seus parlamentares no debate sobre a democracia. É um partido manco para este assunto tão importante nesses dias.

Mas se a presença do neto do falecido coronel da Bahia é contraditória e de pouca credibilidade nesta discussão, o contrário acontece com as críticas do ex-ministro da Defesa Raúl Isaías Baduel contra o presidente Hugo Chávez. O venezuelano Baduel viu o problema por dentro. Ele é tido como o responsável pela volta de Chávez ao poder depois da tentativa de golpe em abril de 2002 e esteve no governo, primeiro como chefe do exército e depois à frente da Defesa, cargo que abandonou em julho deste ano.

Mesmo que o presidente venezuelano já esteja chamando Baduel de “traidor” é muito difícil incluí-lo nesta categoria em que cabe qualquer um que discorde do projeto chavista de perpetuar-se no poder. Em entrevista à Folha de S. Paulo de hoje o ex-ministro da Defesa classifica o projeto de reforma constitucional como “uma fraude constituinte em curso e um golpe de Estado”.

Por enquanto (e a ressalva é minha) o general prega o “exercício da cidadania” por meio do voto para opor-se à intenção de Chávez. Mas ele já manifesta o temor de que haja um ‘processo de violência generalizada, de confrontação e de instabilidade” na Venezuela.

O oposicionista que mais ameaça o projeto de Chávez nasceu do próprio processo que levou ao fortalecimento de seu mito, primeiro na ação decisiva ao golpe e depois na constituição do governo.

Baduel é um adversário para se temer, bem diferente dos aloprados que tentaram o golpe em 2002. É um homem de ação. E recebeu elogios do próprio Fidel Castro por seu papel naquele decisivo momento da história venezuelana. Castro acompanhou tudo passo a passo de Cuba e fala de Baduel em uma entrevista ao jornalista Ignácio Ramonet do Le Monde Diplomatique, uma longa conversa transformada em livro que ainda não foi lançado no Brasil.

A entrevista foi feita bem antes do rompimento entre Chávez e seu salvador, mas é provável que hoje Castro se arrependa dos derramados elogios ao general Baduel. E nem dá mais para tirar do livro, como era de praxe nos regimes comunistas. O trecho disponível mencionado está disponível na internet: veja aqui. É muito interessante como documento, tanto pela importância óbvia de Castro neste caso quanto por suas observações sobre um personagem que se alteia cada vez mais nos acontecimentos venezuelanos. Tenho a impressão de que ainda vamos ouvir falar muito do general Baduel.
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POR José Pires