segunda-feira, 18 de julho de 2016


A astróloga que perdeu a coluna


Na onda de demissões da imprensa brasileira, tivemos nesta segunda-feira a demissão de Barbara Abramo, da Folha de S. Paulo. E quem é Barbara Abramo? Ora, ela foi astróloga da Folha por 16 anos. Sim, senhores e senhoras, os jornais brasileiros publicam horóscopo até hoje, mas é verdade que publicam coisas bem mais inacreditáveis, como os resumos das novelas de TV ou as colunas sociais. Ah, mas alguém logo vai dizer que tem muita gente que acredita em horóscopo. E não sou eu quem vai contradizer uma afirmação dessas, mas devo avisar que os que acreditam em horóscopo certamente não deveriam desperdiçar sua crença lendo horóscopo em jornal.
Não sei como a astróloga da Folha fazia a coluna dela, que, aliás, nas vezes em que dei uma sapeada me pareceu ter literatices demais, que é coisa bem comum em astrólogos moderninhos — no entanto, pode ser que eu tenha esta opinião por ser de aquário. Mas o que sei é que ninguém deveria levar a sério os horóscopos que saem na imprensa. Pelo que vi em várias redações, a publicação de horóscopo pelos jornais é um hábito difícil de eliminar, assim como também vai-se levando a coisa sem respeito algum pelo assunto. No longo tempo que trabalhei na imprensa vi várias vezes o editor pegando qualquer horóscopo na gaveta de sua escrivaninha, entre dezenas que ficavam prontos para publicação. Era comum também que o próprio diagramador escolhesse o que ia ser publicado na edição.
Mas que ninguém se desespere, pois a Folha não vai acabar com a coluna que cuida dos signos de seus leitores. Barbara Abramo saiu e entrou outra pessoa em seu lugar. O jornal não explicou o motivo da demissão, mas hoje em dia não é preciso ter bola de cristal para adiantar que deve estar ocorrendo o que é previsível num enxugamento de custo, que é a troca de alguém que ganha um pouco melhor por outro que aceita fazer por menos. A astróloga também não deu sinais de ter previsto o bilhete azul, o que é até uma pena. Poderíamos ter tido uma coluna sensacional há uma ou duas semanas atrás, com ela falando da própria demissão no futuro. Mas não foi dessa vez que este milagre aconteceu.
E como a internet hoje em dia permite que a gente possa ampliar com rapidez o conhecimento sobre os assuntos que caem na nossa frente, fui xeretar a vida da astróloga demitida e deu logo para ver que seu passado não era muito promissor. Numa entrevista ao site "Portal Imprensa", em agosto de 2014, Barbara dizia que "o Brasil viverá um momento bom até 2018". Aqui do futuro, podemos sentir a barbeiragem feia da astróloga. E o mais chato pra ela é que na época da previsão errada, os dados políticos e econômicos diziam o contrário. Até o Aécio Neves já estava avisando que a coisa não iria ficar boa no Brasil. Eu mesmo, sem nenhum mapa astral à mão, escrevia que o futuro iria bagunçar a vida de todo brasileiro.
E falando no Aécio, Barbara dizia nessa mesma entrevista que o mapa astral dele estava "bem detonado" e que o de Dilma Rousseff "também não está bom, mas ela tem uma grande porcentagem e grande aceitação". Os astros não avisaram que Dilma iria pedalar. Mas o pior de tudo foi o que a astróloga demitida disse sobre outro político, o pernambucano Eduardo Campos. Não sou especialista no ramo, mas o mapa dele devia estar de ponta-cabeça. "O Eduardo Campos tem um mapa interessante. Ele vai ter uma expressividade maior”, ela disse. O presidenciável, como todo mundo sabe, morreu numa queda de avião antes da eleição. Pois então, é como eu disse: a demissão da astróloga da Folha deve ter pegado ela de surpresa.
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POR José Pires

sábado, 16 de julho de 2016

Golpe só na Turquia

A tentativa de golpe na Turquia devia servir para os petistas e seus agregados tomarem vergonha e parar com as bravatas. O resultado do golpe foi pesado para os turcos: 280 mortos, 2800 presos e a previsão de um fechamento político, com a possibilidade inclusive do avanço da islamização naquele país. Isso devia servir de lição para petistas e agregados, incluindo os chamados isentões que enchem a paciência do próximo nas redes sociais com suas hipócritas ambiguidades. Golpe é isso, companheiros. O que vem ocorrendo no Brasil é um processo democrático de julgamento de uma presidente da República, com amplo direito à defesa, incluindo nisso a imensa paciência que foi ter de aturar a má educação da tresloucada bancada petista no Senado.
Chega de nhem-nhem-nhem, seus bravateiros. Olhem para a Turquia. Deu para ter a ideia do que é de fato um golpe? Mas para deixar mais claro as diferenças, no mesmo dia em que os turcos se matavam pelo poder a presidente afastada, Dilma Rousseff, visitava o Palácio do Planalto. Ela não foi lá para falar com o presidente em exercício, Michel Temer. Dilma não teve problema algum para entrar no prédio do Governo Federal, onde foi procurar uma dentista, que sempre a atendeu. Tranquilamente, a petista fez uma sessão de limpeza nos dentes, tirou um raio-x para garantir que não havia necessidade de um tratamento de canal e depois voltou a seus afazeres, que incluía uma viagem a Teresina para participar de uma manifestação política contra seu impeachment. Como dá para ver, a situação é muito diferente do que aconteceu na Turquia. E por uma razão muito simples: aqui no Brasil não tem golpe.
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POR José Pires

O arriscado mico da Olimpíada do Rio

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, disse há poucos dias ao jornal britânico "The Guardian" que a Olimpíada se tornou uma "oportunidade perdida". E não demorou para sua declaração surtir efeito. Vinte mil ingressos da Olimpíada foram devolvidos, com a maioria das desistências sendo do público americano. Não há como não concordar com Paes, no entanto ele é um hipócrita. E isso não é de agora. O prefeito carioca é um dos responsáveis pela escolha do Rio como cidade-sede dos jogos olímpicos. E isso nunca foi uma "oportunidade". Foi sempre uma temeridade em todos os aspectos e prejuízo certo para o país, perigos sobre os quais muita gente já alertava lá atrás, entre 2007 e 2009, quando ele e o governo petista faziam de tudo para que o escolhido fosse o Brasil. Éramos então chamados de catastróficos, para dizer o mínimo. Teve acusação até de falta de patriotismo a quem alertava para questões muito evidentes, como a falta de estrutura geral em todo o país, do problema grave da falta de segurança no Rio, além da dificuldade habitual do poder público no Brasil de planejar e executar com qualidade projetos em grande escala, como é exigido pelo Comitê Olímpico Internacional.
Eduardo Paes sabe como são essas coisas, afinal a primeira tragédia dessa Olimpíada foi com a ciclovia construída por ele à beira-mar, que desabou logo depois de inaugurada porque não estava preparada para suportar ondas do mar. Morreram duas pessoas. O prefeito do Rio é um dos culpados por esta arriscada aventura, que colocou nosso país numa situação de risco jamais enfrentada em sua história. O Brasil pode ter sua imagem arruinada e ainda por cima fomos jogados frente a um perigo para o qual é óbvio que não estamos preparados. Foi por uma jogada eleitoral de Lula, então na presidência da República, que acabou sendo armada esta encrenca, que em razão do clima internacional criado pelo terrorismo islâmico vai obrigar o Governo Federal a gastar uma fortuna em segurança, o que é até uma piada de mau gosto com uma cidade que sofre no cotidiano violências para as quais há muito tempo nenhum governante aplica políticas públicas que enfrentem seriamente o problema.
A Olimpíada do Rio se encaminha para ser um imbatível mico mundial. A ameaça do terrorismo já existia quando o governo do PT e Paes andavam abraçados festejando a escolha da cidade. E agora a coisa piorou. Depois do que aconteceu em Nice, nem dá para imaginar que desportista estrangeiro será doido o suficiente para ir ao Rio assistir aos jogos. Pode-se esperar estádios vazios e muita preocupação com as barbaridades que esses terroristas doidos costumam aprontar. Ainda mais com aquele Cristo enorme de braços abertos sobre a cidade-sede, que simbolicamente faz desses jogos um alvo perfeito para bandos que usam a religião como justificativa para seus instintos criminosos.
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POR José Pires

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Jamie Olivier cozinhando agora para a Sadia

É surpreendente como alguém cercado de todo um aparato de promoção profissional e um eficiente trabalho de imagem pode dar um passo tão errado como o chef Jamie Olivier, com esta propaganda da Sadia, marca de propriedade da BRF, uma gigante mundial do mercado alimentício, como a própria empresa se define com orgulho em seu site. A BRF é dona também da Perdigão, o que pouca gente sabe e a empresa não tem interesse algum que se espalhe, pois isso alertaria o consumidor de que ele não tem a saudável proteção da concorrência entre duas marcas. Na propaganda de seu mais novo contratado, que além de chef internacional é apresentado como "ativista social", a empresa diz que "ele e a Sadia se uniram para ajudar as pessoas a comerem melhor". Ah, bom.
O que faz num negócio desses um chef que ganhou fama e respeito em todo o mundo em razão de conceitos culinários que são o oposto do interesse de uma imensa indústria da área de alimentos? É óbvio que não pode ser pelo sabor diferenciado do que a Sadia (ou Perdigão, tanto faz) tem a oferecer e nem pelo cuidado e a relação cultural e até mesmo espiritual com o que vamos colocar na mesa. Olivier deve ter aceitado fazer a propaganda em razão de estímulos muito maiores. E com certeza o abandono de suas convicções anteriores teve uma boa compensação, porque sendo um conhecedor de comunicação ele sabe que depois dessa tornou-se um produto novo na praça. A Sadia continua a mesma, ainda que tenha ganhado seu tempero, mas ele sofreu uma transformação. Não é mais o simpático chef que transmitia de forma agradável e criativa muita informação de grande qualidade sobre o cuidado com o que devemos comer, com a habilidade e a criatividade bem próprias dele, com aquele jeito de garotão, naquele formato anterior que tratava a culinária como uma arte e não um pacote industrial.
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POR José Pires

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Caiado versus Lindbergh Farias: o antidoping na pauta do Senado

O senador petista Lindbergh Farias costuma bater forte em seus discursos, fazendo ataques pessoais e desqualificando os adversários. Na internet rolam vários vídeos que mostram este estilo da porretada verbal, com o petista geralmente levando a pior, pois na maioria dos casos ele perde feio no contra-ataque de quem se sentiu atingido. Ontem, do jeitão mal educado que é seu modo de ser, no plenário do Senado ele resolveu atacar o senador Ronaldo Caiado, com quem cultiva uma rivalidade bastante antiga. Depois de ser chamado de incoerente e cara de pau pelo petista, Caiado pediu a palavra e devolveu o insulto de uma forma que deve se destacar historicamente nos anais daquela honrosa Casa.
Ele disse o seguinte: “Eu tenho sempre mantido o debate em alto nível. Eu sei me dirigir aos colegas com todo o respeito e não adjetivando-os de maneira a desqualificá-los porque sou homem preparado para o debate. Mas esse senador que me antecedeu, eu não me dirijo a ele como senador mas como médico porque tenho notado que ele está salivando muito ultimamente e está com as pupilas muito dilatadas. Ele deveria primeiro apresentar em que condições ele está aqui no plenário para depois entrar no debate. Ele não tem as condições mínimas para isso". No final, um pouco antes do presidente do Senado, Renan Calheiros, interromper a sessão por causa do tremendo bate-boca, Caiado ainda lançou uma proposta ao microfone: “Deveriam fazer exame antidoping aqui”.
Certamente não vão acolher o pedido de Caiado, que, falando como médico, pode até ter razão na suspeita que lançou sobre o senador Lindbergh. Depende do exame, é claro. Mas, independente do antidoping no preclaro companheiro, um bom exame psicotécnico viria bem para todo senador, antes de cada sessão do Senado. Pelo que dá para observar do comportamento de uns e outros nas sessões, os trabalhos seriam muito mais proveitosos com um exame do tipo. Acompanhei os trabalhos da Comissão do Impeachment e estes eu garanto que teriam se desenvolvido com muito mais qualidade com um rigoroso psicotécnico barrando os abilolados. O clima teria sido no mínimo mais sociável. Pelo menos até a bancada do PT encontrar um jeito do ministro Ricardo Lewandovski anular o exame.
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POR José Pires

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Miss Bumbum: mais uma vítima da derrocada petista

Muito triste mais esta notícia que vem da seara petista, sobre o fim do casamento entre a Miss Bumbum e o último ministro do Turismo de Dilma Rousseff, Alessandro Teixeira. O ministro chefiou a pasta por menos de um mês, mas teve uma das passagens mais marcantes do governo petista depois da divulgação das fotos de uma visita da Miss Bumbum ao seu gabinete, com o casal trocando beijinhos, enlevados pelo clima de poder. Não foi informado o motivo do rompimento do casal, porém, como se costuma dizer que o poder é afrodisíaco, pode ser que a falta dele tenha o efeito contrário.
Miss Bumbum andava sumida após o episódio que, como se diz, bombou na internet, com um efeito político que infelizmente o advogado de defesa de Dilma, José Eduardo Cardozo, não soube aproveitar. Imaginem o sucesso que poderia ter sido a participação de Miss Bumbum na Comissão do Impeachment do Senado, com a companheira testemunhando a favor da moralidade do governo Dilma. Se ocorresse no mesmo dia em que Cardozo apresentou o apoio do jurista Thomas Turbando, a presença da ex-primeira-dama do Turismo poderia ter sido um golpe certeiro nos planos da oposição.
Com a devida vênia, faltou senso de oportunidade ao companheiro advogado, mas, dependendo da decisão do Senado, existe uma chance, ainda que mínima, da volta da Miss Bumbum. Se o impeachment for recusado, Dilma irá recompor seu governo, o que além do retorno do revolucionário projeto petista poderá também dar uma recuperada no casamento de seu outrora vibrante ministro do Turismo.
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POR José Pires

Propina perigosa

Os brasileiros já estão tendo uma consciência maior sobre as consequências da corrupção, cujos danos vão muito além da perda da grana surrupiada dos cofres públicos. A roubalheira pesa no bolso, torna a vida cotidiana complicada e prejudica muito o futuro de todo mundo. A destruição da Petrobras e a desestruturação do Estado brasileiro nesses 13 anos de PT no poder revelam o resultado mais grave da corrupção, que é o desmonte da administração pública. Atualmente no Brasil quase tudo funciona precariamente nos mais variados setores, com queda de qualidade atingindo também uma ampla faixa da iniciativa privada, como é possível notar já há algum tempo nos serviços prestados pelas grandes empreiteiras e que ficou ainda mais claro a partir das descobertas surgidas nas investigações da Lava-Jato.
Durante anos os empresários vêm se ocupando quase que exclusivamente em armar esquemas para facilitar o acesso em licitações e também para faturar muito mais com menos esforço. Imaginem o nível de qualidade das obras e dos serviços prestados ao poder público. É também uma dinheirama que se vai, com recursos públicos que não rendem inovações tecnológicas nem métodos profissionais de qualidade. E o que acontece com o domínio dos corruptos: quem trabalha de fato e com qualidade vai sempre ficar de fora.
Corremos até risco de vida com essa bandidagem por detrás de quase tudo que se fazia no governo petista. O nível preocupante do perigo pode ser visto na prisão que houve nesta quarta-feira do vice-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras responsável pela geração de energia nuclear. Ele estava em prisão domiciliar, mas teve que ser reconduzido para a cadeia porque continuava aprontando. A investigação descobriu uma quadrilha que atuava no setor, com a participação inclusive do atual presidente da estatal, Pedro Diniz Figueiredo, que foi afastado do cargo. Vejam só nas mãos de que tipo de gente era mantido um setor de tamanhos riscos. Também era por meio de meio de propinas que movimentava-se a geração de energia nuclear, algo que nem faz sentido de ter no Brasil e que faz tempo que vem tendo uma condução totalmente irresponsável.
O risco dessa forma de produzir energia já foi possível ser comprovado em vários acidentes, um deles muito recente e de consequências terríveis, que foi o da central nuclear de Fukushima, ocorrido em 2011 no Japão. A tragédia nuclear obrigou a evacuação de 300 mil pessoas e para alguns lugares não se pode mais voltar, como aconteceu com a localidade de Daishi, a 8 quilômetros da usina de Daiichi e que tinha 19 mil habitantes, hoje isolada no perímetro de exclusão, com raio de 20 quilômetros. A tragédia japonesa trouxe lições ao mundo, fazendo por exemplo com que a Alemanha abandonasse seu programa nuclear, mas aqui no Brasil, pelo visto, o acidente não serviu nem para estimular alguma responsabilidade administrativa: até a energia nuclear ficou nas mãos de gatunos.
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POR José Pires