quarta-feira, 31 de agosto de 2011

De pequenino é que se torce o pepino

Falando em piada pronta, nesta semana apareceu uma que é até melhor que a do casal fazendo trocadilho (ou um trocadalho do carilho, literalmente) em plena rua da cidade de Rolândia. É a matéria que o suplemento Folhateen, da Folha de S. Paulo, soltou com José Dirceu, o deputado cassado por falta de decoro e chefe do mensalão que virou consultor de sucesso.

Falando sobre sua meninice na seção "Quando Eu Tinha a Sua Idade", José Dirceu confessa: "Cheguei até a ser coroinha, mas me expulsaram − roubava hóstia para comer".

Isso só pode ser revanchismo. O ex-capitão do Lula quer matar de fome os humoristas do país.
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POR José Pires

Perdão, leitores

O caso de um casal que foi preso fazendo sexo no meio da rua numa cidade do Paraná é o maior sucesso no Twitter brasileiro. Está "bombando", como a moçada gosta de dizer.

E digo Twitter brasileiro porque o uso do microblog pelos brasileiros é um caso à parte, mas depois a gente fala disso.

O casal foi preso em flagrante pela Polícia Militar, quando os dois faziam sexo oral. O alarido é por causa da piada pronta: o nome da cidade é Rolândia.

É o fim do mundo! Fico imaginando o que não andam fazendo nas ruas de Curralinho. Francamente...

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POR José Pires

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Sob nova direção

Hoje a presidente Dilma Roussef disse em sua coluna semanal que "dos 12 estádios que devem abrigar a Copa do Mundo de 2014, nove devem ser concluídos até o final do ano que vem". Ela nada fala sobre o bonde de Santa Teresa, mas tem que consertar o bonde também, não é mesmo? E aconselho a trocar por um arame novo aquele arame velho que segurava o freio do bonde.
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POR José Pires

O bonde do Brasil

Quem não viu ainda o vídeo do bonde de Santa Teresa trafegando na contramão tem que dar uma espiada neste retrato do momento que estamos vivendo no Brasil, onde até o risco de vida motiva piadas, galhofa e, claro, muita irresponsabilidade. Nada mais é levado a sério por aqui? Parece que não.

A cena aconteceu poucos dias antes do acidente com o mesmo veículo, quando morreram cinco pessoas e 57 ficaram feridas. Dez desses feridos em estado grave.

Um defeito nos trilhos leva o condutor do bonde a uma solução impressionante. Ele conduz o bonde pela contramão durante quatro minutos. O vídeo todo tem quase nove minutos e vale a pena vê-lo inteiro. Depois de o bonde voltar aos trilhos certos, ouve-se os comentários do motorneiro sobre a precariedade do serviço de transporte.

O que se percebe nos diálogos é aquela condição tão próxima de todos nós da dificuldade de encontrar soluções práticas de qualidade, quando a atividade envolve responsabilidades coletivas. Fico imaginando se o motorneiro chegasse na oficina dizendo à chefia sobre a necessidade de melhor manutenção no bonde. Iria ser motivo de riso. É mais ou menos parecido com a situação do passageiro que exige um colete salva-vidas para viajar em um barco. Em várias partes do país, as opções são apenas duas: embarcar sem colete ou ficar em terra.

A sensação que o vídeo passa é de muita de tensão. É um trem-fantasma, com a diferença que neste caso os fantasmas são os da vida real, de um país que transita sem rumo certo. Mas o pessoal que vai no bonde pela contramão vê tudo com muito humor. É aquele espírito do brasileiro de não encarar com rigor nem o que merece um pouco mais de atenção, como é o caso de um bonde descendo uma ladeira na contramão.

E alguém que experimente reclamar nessa hora e se negar a seguir numa viagem louca como esta. Com certeza será tachado de ranheta, mal-humorado, de não ter a ginga própria do brasileiro. Qualquer pessoa que busca ter um pouco mais de seriedade na vida já passou por este tipo de situação.

A cena que peguei para ilustrar o texto é do momento em que um ônibus vindo no lado correto tem que desviar do bonde pela contramão. O vídeo pode ser visto aqui. Bem, nem precisa dizer o que poderia acontecer se algum chato sem ginga viesse pela mão certa lá atrás do bonde.

Com o desastre com o bonde que matou e feriu tanta gente está todo mundo falando o óbvio: da Copa do Mundo que vem por aí. Mas a questão pra mim nem é apenas esta, mas de serviços desse tipo oferecidos à população. Todo mundo sabe que o bonde de Santa Teresa é só a caricatura simbólica das falhas estruturais que sofremos em várias áreas e em todo o país. O bonde não é só de Santa Teresa. É o bonde do Brasil.

E não dá para acreditar que haverá mudança nesse tipo de comportamento. Para isso teríamos de encarar uma séria tranformação cultural no país para a qual poucos parecem estar dispostos. E como não se começou nada nesse sentido, só que há de certo é que mais desastres virão por aí.

Devem colocar um bonde novo nos trilhos da Santa Teresa, com certeza bem vistoso. Afinal, com um desastre desses não há outra coisa a fazer. Se Lula fosse o presidente poderia até comentar, bem do seu jeitão, que "há males que vem pra bem". Mas o novo será só na aparência: na essência da coisa, aquele espírito que movimenta o país estará sempre remendado com um arame velho e enferrujado, feito o freio do bonde como se descobriu quando já era tarde demais.

Escapar da tragédia cotidiano brasileira, só por sorte. É preciso estar sempre cada vez mais precavido, mas a verdade é que hoje em dia voltar pra casa com a saúde intacta é também uma questão de sorte.

Que estamos caminhando para um risco sério com esta Copa do Mundo, acho que poucos brasileiros têm dúvida. Podem até acusar-me de falta de ginga, mas acho tão arriscado entrar em um desses estádios feitos a toque-de-caixa quanto descer de bonde pela ladeira na contramão.
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POR José Pires

Fala o faroleiro

Frase do senador Aécio Neves, como sempre se dando ares de grande coragem em situação na qual não corre risco algum: "Digo sempre: oposição ao governo, contem comigo, ao Brasil, jamais".

Para se submeter ao teste do bafômetro depois de parado pela polícia também não contem com ele.
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POR José Pires

Guerra Fria em tempo quente

Lá vem o PT desmoralizar mais um assunto importante da nossa atualidade, o da violência policial e do estabelecimento do poder de polícia como força intimidadora nas cidades brasileiras.

A ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, foi a São Paulo participar de uma audiência pública na Assembléia Legislativa de São Paulo, onde fez várias cobranças ao governo do Estado. Lá, criticou o governo paulista por permitir no site da Rota um elogio ao golpe militar de 1964.

Li ontem a informação nos jornais e fui atrás do tal elogio. É coisa escabrosa mesmo, porém é algo muito pequeno dentro da questão problemática de tropas como a da Rota, que estão em todo o país com outros nomes . Agem como tropas militares. Parecem ser vistas pelas autoridades como uma elite policial que não se submete às leis normais.

Dificilmente iríamos saber do assunto trazido pela ministra, afinal, de tanta coisa para ler na internet, creio que os textos da Rota podem ficar para depois.

É provável até que um texto desses tenha passado pelo governador José Serra, pelo Alckmin e talvez até lá atrás pelo Covas, pela simples razão de que eles não sabiam disso.

Dentro do site da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo é uma complicação encontrar até a página da Rota. E não é pela intenção de esconder a tropa na internet, não. Parece ser incompetência mesmo de quem faz esses sites.

São cinco procedimentos para chegar até lá. E isso depois de você descobrir esses procedimentos. Mas finalmente aí está o texto que fala da história do batalhão, citando o sobre o golpe militar:

“Revolução de 1964, quando participou da derrubada do então Presidente da República João Goulart, apoiando a sociedade e as Forças Armadas, dando início ao regime militar com o Presidente Castelo Branco”.

É claro que é uma barbaridade um texto desses num site oficial do Brasil, mas a discussão acabou sendo trazida de uma forma politiqueira, partidária mesmo, o que acaba contribuindo menos para resolver a tacanhice da Secretária de Segurança paulista e mais para acirrar um tipo de discussão ideológica que no contexto é de pouco valor.

De pouco valor para a resolução da questão em vista, é claro. Para a política Maria do Rosário foi um achado que pode garantir sua reeleição para deputada federal no Rio Grande do Sul. É capaz até de estimular ambições maiores suas naquele estado, afinal ela até já quis ser prefeita de Porto Alegre.

Resumindo, na sua pequena base eleitoral este é um grande feito. Para a discussão de um assunto que realmente é importante não servirá para muita coisa. Ou melhor, vai acabar beneficiando os piores desta questão.

A ministra trouxe o assunto com aquele clima de Guerra Fria, no qual tanto a esquerda quanto a direita parecem tão confortáveis.


Segurança pública
tratada como se fosse
coisa de faroeste

A Polícia Militar é subordinada ao governador, então nada mais prático que procurar o próprio governador Geraldo Alckmin e é provável que a questão fosse resolvida sem criar um debate ideológico que pode servir só para mascarar os verdadeiros problemas nos métodos da Rota.

A última da polícia militar paulista é fazer emboscada contra assaltante. É uma técnica policial em desuso desde Dodge City, lá pelo final do século dezoito e início do dezenove, não é mesmo? É muito faroeste para o século XXI.

Eu penso que uma base produtiva para a discussão da violência policial é sua ineficiência e a deformação de qualquer sentido prático de uma polícia. Não existe nenhum exemplo de polícia violenta e eficiente. Aliás, o exemplo não aparece nem nas guerras.

Este foco para a discussão pode favorecer inclusive os direitos humanos. É muito clara a ineficácia dos barbarismos que hoje dão uma falsa impressão de segurança. Nossa polícia se move demais pela crueldade e de menos pela técnica: esta é a questão central.

Duvido que alguém consiga comprovar de forma técnica qualquer qualidade para a segurança pública em fazer emboscada junto a caixas eletrônicos de grandes bancos. Pode até não ter sido o caso, mas dá mais a impressão de um ajuste de contas. Aliás, seria melhor que fosse ajuste entre iguais, pois é bem duro viver em um país em que a polícia acha que pode fazer um bom serviço esperando os assaltantes de trens na próxima curva depois do desfiladeiro.

Mas a ministra veio com essa forma enviesada de puxar um assunto que nada mais é que criar um espaço de crítica ao governo paulista dos tucanos, como se a questão da segurança pública no Brasil fosse restrita a este ou outro partido.


Sociedade civil só
vê o problema quando o
tiro não é só em pobre

A leniência oficial com a Rota de São Paulo e todas as outras polícias de choque pelo país afora á a extrema tolerância com todo tipo de violência da polícia é um problemas social brasileiro. Até a sociedade civil tem sua parcela de responsabilidade.

Empresários, profissionais liberais, advogados, todos se calam. E isso quando não aplaudem a violência da polícia. A verdade é que a sociedade só toma tento da gravidade de conceder poder de intimidar e matar para tropas especiais quando a violência sai do âmbito dos despojados de direitos, os jovens pobres da periferia. Quando a tropa erra de alvo e pega um jovem de uma classe social mais alta, aí vem a grita. Mas dura pouco, porque logo a tropa volta sua mira para os pobres.

O PT da ministra Rosário tem fortes bancadas parlamentares em São Paulo, tanto na Assembléia quanto na Câmara municipal da capital. Então de que forma eles tem atacado o assunto?

O mesmo se pode dizer no plano federal. No âmbito do Ministério da Justiça, o assunto mais relevante para esse pessoal nos últimos tempos foi o caso Batistti. Ah, tem também a distribuição farta de dinheiro para anistiados.

Como eu já disse aqui, passaram muito tempo ocupados com a reformulação da Justiça da Itália e deixaram de lado a tragédia da segurança pública brasileira.

É claro que o texto da Rota que elogia o golpe contra um presidente eleito tem que sair de lá. Nem deveria estar em um site oficial. Se a tropa quiser fazer algo parecido, pode usar suas associações independentes, publicar anúncio em jornal, qualquer outra coisa que não usar o Estado para isso.

Democracia tem dessas coisas. É preciso conceder liberdade até para os que querem se permanecer no clima da Guerra Fria. O problema é ter ministros de Estado que também não saem deste clima.
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POR José Pires

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Nem no PT agüentam mais Marta Suplicy

O Estadão publica hoje uma boa matéria sobre o isolamento de Marta Suplicy dentro do PT. Começa de forma correta lembrando ao leitor que a única vitória de Marta para a prefeitura de São Paulo, em 2000, se deveu em boa parte à ampla frente contra Paulo Maluf no segundo turno, na qual entraram inclusive tucanos. Quando tentou se reeleger, perdeu para José Serra.

Ninguém que saber de Marta no PT. Mas alguém quer ficar próxima dessa mulher em algum lugar. Em poucos meses no Senado, Marta já colecionou uma porção de episódios em que a falta de educação fica bem clara. Dos bate-bocas e desrespeitos com seus colegas senadores dá para tirar dois ou três vídeos que fazem um bom estrago em qualquer eleição.

O que é bem faz bastante tempo e que a matéria do Estadão levanta muito bem é que Marta não agrega. Ao contrário, com sua terrível personalidade terrível acaba afastando até os que, por uma razão ou outra, fazem política do seu lado.

Mas o que me atraiu a atenção mesmo na matéria sobre seu isolamento entre os petistas paulistas, foi uma clara contradição com o perfil feminista que lhe deu fama.

Entre os motivos da sua dificuldade partidária, uma razão das mais fortes segundo o Estadão, está em um homem. É seu namorado, empresário Márcio Toledo, presidente do Jockey Club. Muitas pessoas ouvidas pelo Estadão dizem que as intromissões de Toledo nos espaços políticos de Marta tiveram um peso danado nas inimizades políticas que ela tem agora no partido.

Tem que ser destacado que nas situações em que Toledo influiu em decisões políticas de Marta, me parece que ele estava bem certo. Contribuiu para evitar que ela caísse em armadilhas armada pelos próprios companheiros. Mas não é isso que está em questão. O que pesa mesmo é a cara-metade (ou o cara-metade, tanto faz) se metendo no trabalho do outro. Disso ninguém gosta.

E aí está a contradição com a alegada força feminista de Marta. Sempre tem algum parceiro amoroso metendo o bedelho em seu trabalho político. É bem conhecido o papel do franco-argentino Luís Favre na sua primeira candidatura à prefeitura. A relação com Favre, com quem ficou cada por cerca de cinco anos, foi a razão da separação do primeiro marido, o senador Eduardo Suplicy, de quem é indissociável até hoje. Carrega o sobrenome dele.

A dependência de sua imagem em relação ao ex-marido é tal que até o filho mais conhecido do casal, o Supla, fez um desabafo que ficou famoso acontecia a crise conjugal que deu depois na separação. Frase do próprio filho: “Minha mãe sempre foi uma patricinha que só chegou aonde está por causa do meu pai.

Feminismo estranho esse. Apesar de que temos exemplos históricos de mulheres que tiveram a determinação de conquistar seus próprios espaços políticos ou intelectuais, sem obter uma imagem histórica individual. Simone de Beauvoir, que foi amante de Jean-Paul Sartre — ou uma de suas amantes — está aí como prova disso.

Marta tem mais um homem se metendo em sua vida política, de tal forma que sua imagem já começa a ser associada a isso. Foi o mesmo que aconteceu com Favre, que ocupou o poder a seu lado de um modo tão desinibido que era chamado de “primeiro-damo”. Tem também maledicência muito engraçada que dizia que ele seria a nossa Evita se Marta um dia realizasse seu evidente sonho de ser presidente da República.

Mas isso tem conseqüência na carreira política de Marta? Claro que tem. E ela não vê isso porque é auto-centrada, não faz a mínima questão de analisar as razões do outro. Pode até ter uma fatia da opinião pública que não vê problema que suas relações amorosas aconteçam tão misturadas com seu trabalho político. Mas tenho a impressão que é bem maior o número de pessoas que não gostam disso, até porque na carreira de Marta essa misturada vem sempre com uma aparência de falta de equilíbrio.
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POR José Pires

domingo, 28 de agosto de 2011

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Revista exige resposta e ministro lança ensaio

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, deve estar com pouco serviço, pois parece que resolveu discutir os Princípios Editoriais das Organizações Globo. O ministro lançou uma nota agora no início da noite para refutar uma reportagem publicada pela revista Época. É bem grandinha para uma nota de esclarecimento e nela discute-se mais o código interno lançado pelas Organizações Globo do que o assunto em pauta.

Deve ser alguma novidade ao modo do estilo petista de governo esse ensaio sobre regras jornalísticas quando o que a revista pedia era só que o ministro respondesse se andou embarcando em avião particular.

O ministro das Comunicações está mal de comunicação e com isso abriu espaço para uma resposta da Época, que acabou sendo fortalecida em suas denúncias pela nota, ou melhor, pelo ensaio lançado em forma de nota pelo ministro.

Na reportagem publicada na edição desta semana, que pode ser lida aqui, a revista afirma que alguém testemunhou o ministro Bernardo andou embarcando em um jatinho particular. O avião em que ele teria viajado é de uma empreiteira, a construtora Sanches Tripoloni, responsável pela construção de um anel viário na cidade de Maringá, no Paraná.

O anel viário é uma daquelas obras públicas que aumentam de preço enquanto vão sendo construídas. Hoje já está com o dobro de seu preço original. Época diz na reportagem que o ministro teve uma atenção especial com a obra, que teve emendas ao Orçamento da União batalhadas por ele e até foi incluída no PAC numa condição especial que torna obrigatório o repasse de dinheiro público.

A construtora Sanches Tripoloni estava em situação bem difícil em 2006, quando chegaram a registrar redução de capital, mas hoje está numa boa: No ano passado, ela recebeu R$ 267 milhões do governo federal.

O Tribunal de Contas da União (TCU) descobriu superfaturamento de preços na obra em Maringá e chegou a declarar à empreiteira "inidônea" em 2009 por causa de outra obra também no Paraná, mas a Sanches Tripoloni não deixou de receber dinheiro público.

O ministro andou correndo da revista nos últimos quarenta dias. Época queria só saber se ele havia viajado em algum jatinho particular desde que entrou no governo, mas Bernardo resolveu ignorar a pergunta. E agora lança um ensaio que acaba esquentando o assunto. É difícil entender um negócio desses.

Bernardo tem sua base eleitoral na região que compreende Londrina e Maringá, as duas maiores cidades do interior, localizadas no norte do Estado. O plano do grupo que ele chefia é ganhar um dia o governo do estado com Gleisi Hoffmann que, como todos sabem, é sua mulher. A Sanches Tripoloni é grande doadora do PT paranaense, com doações inclusive para a campanha ao Senado de Gleisi Hoffmann, que também lançou uma nota igualmente esquisita em que refuta o que não está escrito na reportagem da Época.

Esse pessoal anda ruim de comunicação. Eu sei que o objetivo é mesmo o de enrolar a opinião pública, mas desse jeito acabam chamando mais atenção ao assunto. A nota de Bernardo, por exemplo, cita três outras reportagens da revista que desgostaram o ministro. Duas delas eu desconhecia e é claro que vou procurar ler. A dica é boa.
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POR José Pires



domingo, 21 de agosto de 2011

As faxinas que nunca são feitas

Os que acreditam que a presidente Dilma Rousseff está mesmo fazendo uma faxina ética deviam pedir que ela e a cúpula de seu partido não interfiram na faxina que está sendo muito bem feita em Campinas pelos vereadores da cidade. Ontem eles cassaram o prefeito Hélio Oliveira Santos (PDT), o Dr. Hélio.

O prefeito cassado foi eleito duas vezes com o apoio do ex- presidente Lula já instalado na presidência da República, ou seja, fazendo campanha do modo vergonhoso de sempre, com a faixa presidencial no peito ou "na barriga", no seu caso. Além de aliados os dois são amigos bem próximos, tão próximos que no escândalo de corrupção de Campinas surgiram até depoimentos vinculando Lula com a corrupção municipal.

Durante todo o período do escândalo de corrupção em Campinas Lula usou sua projeção nacional para falar do caso sempre em defesa do prefeito que foi afastado. Esse é o partido da presidente que tentam vender como faxineira ética.

A situação em Campinas é das mais graves. Parece tão séria que a defesa que Lula fez nacionalmente do prefeito cassado não convenceu nem os três vereadores que o PT tem na Câmara. A cassação do Dr. Hélio foi aprovada por 32 votos a um. Apenas um vereador do PCdoB foi contra a cassação.


Ameaçado de cassação,
o prefeito mandou recado
aos poderosos petistas

São muito fortes as relações do cassado Dr. Hélio com a alta cúpula do PT. Numa entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo em junho ele cita até a presidente Dilma Rousseff para mostrar que teria fortes apoios para escapar da crise em Campinas.

Segundo o Estadão, a entrevista foi feita com Dr. Hélio ladeado por advogados especialistas em causas criminais e direito eleitoral e administrativo. Um de seus defensores é José Roberto Batochio, que foi presidente da OAB entre 1993 a 1995. Batochio é advogado de Paulo Maluf e também do ex-ministro Antonio Palocci.

Na entrevista, feita para tentar se desvencilhar do escândalo que resultou em sua cassação, Dr. Hélio disse que Lula estava do seu lado. Sua fala ao jornal: "O presidente Lula está comigo, ele passou por situação assemelhada. A Dilma também está comigo. O Zé (José Dirceu) me telefonou”.

Como diz o jargão, para bom entendedor... Não é preciso pensar muito para ver que se trata de um recado. E dois dias depois o Dr. Hélio teve pronta resposta tanto de Lula quanto do poderoso chefe petista José Dirceu.

Num encontro nacional do partido ele foi defendido por Lula com um discurso inflamado em que acusava a oposição de “achincalhar” o PT e seus aliados. Dirceu também fez uma veemente defesa do prefeito cassado.


O misterioso e forte elo
de Lula com o prefeito
que acabou sendo cassado

O enrosco em Campinas é sério. Já falei que nem os vereadores do PT aceitaram a argumentação de Lula favorável ao prefeito. E o fato de o PT ter apenas três vereadores pode ser revelador da imagem do partido na cidade.

Mas por que então Lula defende com tanta ênfase o prefeito cassado? Por muito menos ele deixou na estrada companheiros históricos do PT. É estranho que agora não largue o Dr. Hélio, que nem petista é. O Ministério Público aponta a mulher do Dr. Hélio, Roseli Nassim dos Santos, é apontada como a cabeça da suposta organização criminosa desmantelada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em Campinas. A ex-primeira-dama era também chefe de gabinete do prefeito e chegou a ter a prisão preventiva decretada.

Com a cassação do prefeito assume o vice, que é o petista Demétrio Vilagra. Ocorre que Vilagra também está encalacrado em denúncias de corrupção. Ele já foi até preso recentemente por isso. Na Câmara Municipal já tem um pedido da instalação de uma Comissão processante para cassar seu mandato.

Outra relação de Lula com
Campinas é no assassinato
não esclarecido do prefeito

Rolos do PT em Campinas não é coisa nova. Foi nesta cidade que foi morto um petista importante, o prefeito Toninho do PT, um dos crimes que desesperadamente o PT quer deixar para trás, mas não consegue.

O crime aconteceu em 2001, pouco antes de Lula obter sua primeira vitória para a presidência da República. Foi bem próximo também da morte de Celso Daniel, quando ele era prefeito de Santo André e acabou sendo seqüestrado, torturado e morto. Toninho foi assassinado em 10 de setembro de 2001 e Daniel em 20 de janeiro de 2002.

As duas mortes foram em contextos semelhantes envolvendo grossa corrupção. Os casos são parecidos principalmente pelo interesse do partido em encerrar ambos com a definição de crime comum. A conclusão da morte de Toninho do PT é praticamente inédita. Ele teria sido morto por “atrapalhar a fuga” de bandidos.

É de estranhar muito o esforço que vem sendo feito para fechar de qualquer jeito os dois casos, até porque um aprofundamento das investigações livraria o PT de ter esses crimes fixados em sua história, como agora acontece. São dois fantasmas perpétuos do partido. É estranho também que o deixa pra lá seja feito exatamente por amigos das vítimas, inclusive de Lula, que era amigo tanto de Daniel quanto de Toninho do PT.

Repetindo o hiperbólico presidente, nunca neste país um partido teve tantos rolos que envolvem até assassinatos. E nisso não dá para culpar heranças malditas, já que tudo é coisa exclusiva do PT.


Lula prometeu à viúva investigar
melhor o crime, mas depois de
eleito se negou a recebê-la

Lula chegou até a prometer aos familiares de Toninho do PT que tornaria federal a investigação do assassinato do prefeito de Campinas, mas não quis saber mais do caso depois de eleito. Recusou-se até a receber a viúva do companheiro do partido, que luta até hoje para ver esclarecida a morte do marido.

É uma estranha maneira de tratar a viúva de um companheiro morto, não é mesmo? Roseana Garcia, a viúva do prefeito assassinado hoje nem quer ouvir falar mais do PT. Em setembro de 2007, numa matéria do Estadão sobre os seis anos da morte de seu marido, ela desabafou: "Caso Antonio ainda estivesse vivo, teria 55 anos (...). Ele não teria compactuado jamais com as falcatruas que o PT vem fazendo. Como político, ele mesmo dizia que não tinha o rabo preso com ninguém".


Faxina tem que começar de
baixo ou a sujeira acumula
e toma conta de tudo

Mas o que esses crimes têm a ver com a cassação do Dr. Hélio e com a alegada faxina de Dilma Rousseff? Tem tudo a ver. Os dois crimes têm relação com corrupção nos municípios e uma provável ligação com o engordamento de caixas de campanha. Na morte de Celso Daniel sua família cita inclusive que o dinheiro estaria sendo entregue na época para pessoas bem próxima a Lula.

Outra questão é que se referem aos municípios brasileiros, onde se atam incontáveis nós que estruturam a pesada corrupção nacional. Não adianta fazer de conta que existe uma faxina só porque um ou outro ministro cai depois de denúncias da imprensa.
É preciso atacar a corrupção no cotidiano e sem um sério compromisso ético nos municípios não existe faxina que dê jeito nisso que está aí.

É onde entra Campinas. O assassinato de Toninho do PT teria tido relação à corrupção na prefeitura que ele estava lutando para interromper. Isso é o que diz a própria viúva do prefeito, que depois de eleito presidente Lula recusou-se a receber. A viúva também fala ago interessante na entrevista que citei acima, que é a possibilidade de Toninho do PT ter sido reeleito prefeito se não fosse morto. Bem, a quem interessaria um prefeito que, ao que parece, estava desmontando esquemas de corrupção?

A morte de Toninho do PT foi em setembro de 2001. No ano que mês vai completar dez anos. Desde então o PT tem impedido o aprofundamento da investigação. Na verdade nem quer saber do assunto. Se lá atrás o assunto fosse tratado com rigor, quem é que pode dizer que muita coisa de ruim não teria sido evitada para a cidade de Campinas?

Ainda hoje o crime é um trauma político na cidade. E é claro que a morte do prefeito foi um incentivo que os corruptos acolheram com imensa satisfação.

É essa forma de fazer política sem aprofundar assunto algum que faz crescer a corrupção no país. Especialmente quando é algum caso delicado que pode ter efeito negativo em carreiras políticas de chefões, os partidos buscam abafar os escândalos e evitar investigações sérias.

Foi isso o que aconteceu lá atrás em Campinas, uma das tantas cidades brasileiras que não pode prosseguir de forma equilibrada com sua vida política porque a corrupção impede. E agora, quando vereadores campineiros trabalhavam arduamente (a sessão de cassação durou 44 horas ininterruptas) para limpar sua cidade, o que o PT fazia? O de sempre: apoiava que era denunciado como corrupto.

O marketing tenta vender a imagem de Dilma como faxineira ética, mas o que seu partido e seus poderosos companheiros fazem é tentar esconder o lixo debaixo do tapete.

O partido vem acobertando a corrupção pelo país afora. Em muitas cidades brasileiras o que fazem é se aliar ao que tem de mais anacrônico na política, juntando-se inclusive ao que existe de pior em vários municípios brasileiros.

É o que o PT vem fazendo há muitos anos e repetiu agora no caso de Campinas. Faxina é lorota de marqueteiro: a história recente da nossa política comprova que o que esse pessoal vem produzindo de fato é lixo mesmo.
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POR José Pires

sábado, 20 de agosto de 2011

Recompensa

O brasileiro vive dizendo que em nosso país só vai para a cadeia ladrão que rouba pouco, os peixes pequenos da gatunagem. Não sei se foi com a intenção de ilustrar o justo pensamento popular, mas de qualquer forma o Congresso Nacional simbolizou de um modo perfeito esta situação com a escolha do presidente e relator da Comissão Especial da Câmara que discutirá e aprovará mudanças no Código de Processo Civil.

Dois deputados com problemas na Justiça vão comandar reformas que lidam diretamente com o acesso à Justiça, o funcionamento dos serviços do Poder Judiciário e a garantia dos direitos dos cidadãos. O presidente é o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), réu no processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal, e o relator é o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que responde a inquérito no STF.

Um desavisado pode até se espantar com a recompensa ao contrário que beneficia quem deveria ser o capturado, mas no Brasil é assim mesmo.

A peça simbólica mais expressiva é claro que é um dos quarenta denunciados pela participação no esquema de propinas a deputados que foi descoberto no governo Lula. O processo do mensalão está para ser decidido pelo STF. Aliás, já deveria ter sido julgado, mas como o povo diz com toda a razão, só ladrão que rouba pouco vai para a cadeia no Brasil. E quem rouba pouco também não pega cargos importantes na política.
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POR José Pires

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Dando uma mão na faxina

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) está na praça com uma tal de frente suprapartidária de combate à corrupção. O movimento, que foi lançado na segunda-feira, tem uma concepção bem estranha. Segundo Simon, seria para dar apoio à presidente Dilma Roussef, ou, nas palavras dele, "estamos fazendo o movimento para que ela não seja isolada".

O senador é um dos que acham que a petista realmente está fazendo uma faxina em seu governo. Com sua retórica empolada, Simon faz um paralelo deste movimento que está lançando com o movimento das "Diretas Já". Além de um exagero histórico, é claro que não é possível estabelecer níveis para uma comparação como esta, mas o senador gaúcho é assim mesmo.

Simon é um dos poucos senadores brasileiros que tem uma carreira política honesta. Até as besteiras que faz, como recentemente quando requisitou a aposentadoria como governador, são movidas pela honestidade. Neste caso, ele precisava mesmo do dinheiro da aposentadoria. Mesmo tendo ocupado cargos importantes na vida política, hoje o senador é um dos raros políticos brasileiros que não enriqueceu com a política.

E deve ser também de boa fé que Simon teve a idéia deste movimento totalmente fora de contexto e com um foco nitidamente equivocado se o objetivo for mesmo o de uma faxina ética na política.

Neste aspecto, a visão de Simon é bem compartimentada. Ele acredita que Fernando Henrique e Lula não fizeram nada parecido com o que Dilma está fazendo. O senador é um exagerado. Vejam só o que ele diz: "A Dilma já demitiu de cara o maior amigo dela, o chefe da Casa Civil (Antonio Palocci). E já demitiu três ministros. Então, ela está tomando uma posição que os outros não fizeram em 16 anos". Na cabeça dele Dilma faz um governo novo e deslocado da série de governos petistas que começou com Lula.

Isso não faz sentido nem para quem gosta da Dilma. Aliás, o senador teria dificuldade de convencer disso a própria Dilma, mas para a exploração política externa está fazendo exatamente o jogo que o PT quer e para o qual convocaram inclusive marqueteiros. Mas os marqueteiros pelo menos ganham muito dinheiro para isso, o que não parece ser o caso de Simon.

Se pensa mesmo em dar uma mão para Dilma numa faxina ética a única posição que cabe ao senador é a de inocente útil.

Se o propósito é apoiar Dilma, pode acabar sendo um fortalecimento do poder petista. Seria também uma boa máscara para projetar em Dilma a imagem de reformadora, apagando sua face real, que é a de continuadora do projeto petista. Dessa forma a instrumentalização do Estado poderia continuar com muito mais eficiência do que está sendo feito pelos larápios que ela descarta de seu governo.

O movimento do senador Pedro Simon também desvia o foco da ação política mais importante neste momento, que é a instalação da CPI da Corrupção. Por que o senador não coloca seus esforços nesse sentido? Só o necessário desconto à sua honestidade é que livra Simon da suspeita de estar fazendo de forma voluntária o jogo que os petistas querem neste momento.

A briga do PT para evitar a CPI da Corrupção recebe um reforço com este movimento. Distrai a mídia do que está acontecendo com a coleta de assinaturas para a CPI no Senado e pode até dispersar a atenção da sociedade civil, de gente de bem que vai acabar desperdiçando esforço.

Repito que é preciso dar o desconto para a honestidade do senador, mas tem coisas que ela fala para defender seu movimento que exige um esforço bem grande para desconfiar de suas intenções. Sobre o risco de atrapalhar a instalação da CPI da Corrupção ele diz que a criação da CPI é "desgastar o governo, fazer oposição", já o movimento que ele lidera quer "entendimento para ter a possibilidade de iniciar o fim da impunidade".

Bem, só dá para relevar algo assim porque não existe o perigo do movimento dar certo. Basta ver a pauta do senador para prever o que vem por aí. Na primeira reunião, ele diz, será definido o convite para buscar a adesão da UNE.

Isso mesmo: ele pretende procurar a UNE para engrossar um movimento pela ética. A mesma UNE chapa-branca e dominada por um grupo partidário. A mesma UNE que desmobiliza os estudantes desde o início do governo Lula e impede qualquer ação política de cobrança ética ao governo do PT.

Às vezes dá a impressão de que o senador Pedro Simon se faz de bobo. E esse é mais um desconto que damos pra ele.
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POR José Pires

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Maluquice nada beleza

O Brasil inteiro anda tendo alguma séria psicose que faz todo mundo fazer de conta que não vê o que ocorre na frente dos nossos olhos. Como o Brasil anda amalucado demais, por aqui o equilíbrio ocupa sempre uma porcentagem menor. Quando alguém surge com um diagnóstico sobre algum problema brasileiro e vem com números díspares como 80% contra 20%, podem crer que o problema está na categoria dos 80%. A situação de normalidade quase sempre está na porção menor da avaliação.

E como os malucos do hospício têm sempre mais poder que o médico, todos fazem de conta que nada está acontecendo, mesmo nas situações mais graves e até bem perigosas.

É o que faz a gente ler bastante por aí sobre uma "faxina ética" da Dilma Rousseff. É o momento que o marketing dita o conteúdo das páginas políticas. Como é que alguém faz para escrever com camisa-de-força sobre as transformações éticas no terceiro governo petista, aí eu não sei.

Nos casos mais perigosos, como no recente assassinato da juíza em Niterói, fica ainda mais difícil agüentar o comportamento tresloucado em relação ao massacre sofrido por uma autoridade da Justiça. Reações sem sentido surgem inclusive da oposição. São sugestões da instituição de juízes sem rosto, julgamentos secretos, aumento de escoltas, uso de carros blindados.

Não é preciso fazer esforço algum para entender que o país não está com interesse algum em atacar o centro do problema, que é a tragédia da segurança pública no Brasil. Os planos são para conviver com o crime, apenas procurando ao menos evitar que se matem juízes, é isso?

Dá a impressão de que milhões de Norman Bates andam por aí com a peruca da mãe. Todo dia tem um deles dando entrevista à imprensa com alguma idéia que parece saída daquele motel sinistro do filme de Alfred Hitchcock. Dá pra ouvir até aquela famosa música de fundo na hora do banho.

É psicose pura. Em alguns casos a doença traz até sintomas claros de distúrbio, como o uso de fantasias. Andei falando sobre isso aqui quando o então ministro da Defesa, Nelson Jobim, marchava pelo país afora fantasiado de militar. Como o antigo tucano não era nem cabo da reserva, seu comportamento parecia muito esquisito. Mas quem mostrava estranhamento com aquilo é que era olhado meio torto. O Brasil inteiro fazia de conta que estava tudo normal.

Se um cidadão coloca uma roupa branca, mete um estetoscópio no pescoço e sai por aí fingindo que é médico, acaba sendo preso por estelionato. Mas o ex-ministro Jobim se fantasiava de militar e ninguém apontava a maluquice e muito menos ele levava um teje preso.

Quantos anos ele não fez isso e nenhum jornalista chegou nele para perguntar por que é que ele se vestia de milico sem ser milico? Por muito menos que isso a gente tremia de medo do Norman Bates. E o maluco de Psicose só se fantasiava dentro da mansão da mãe ou nos banheiros do motel de sua propriedade. Norman Bates jamais foi visto dando entrevista coletiva vestido com a roupa da mãe ou discursando em rede nacional.

Faz mais de um ano que falei disso aqui no blog, mas é claro que não é a opinião abalizada pela experiência de caserna. Sou um neófito nessas coisas. Nunca me fantasiei de militar nem quando era criança.

Mas agora apareceu enfim uma opinião profissional para fechar essa maluquice histórica surgida no governo Lula. Foi em um artigo do general reformado Luiz Gonzaga Schroeder Lessa. No texto ele diz que o ex-ministro Jobim tinha "psicótica necessidade de se fantasiar de militar".

Finalmente a maluquice é apontada por uma voz da caserna. Já é bem tarde para isso, mas pelo menos encerra essa palhaçada que envolveu nossas Forças Armadas.
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POR José Pires


sábado, 13 de agosto de 2011

Os Bolsonaro dão seu recado de novo

A família Bolsonaro parece ter um grave problema de relações públicas. Os Bolsonaro são hoje uma linha de políticos, que vai do pai e chefe do clã, Jair Bolsonaro, aos dois filhos Jair e Carlos, respectivamente deputado estadual e vereador no Rio de Janeiro.

Há poucos meses o deputado federal Jair Bolsonaro (PP), meteu-se numa polêmica besta com a cantora Preta Gil, a partir de uma resposta enviesada e grosseira feita em sua participação num quadro do programa CQC.

O ligeiro bate-boca estava nos planos da edição do programa, que colhe sua audiência nos mal entendidos que às vezes provoca. Mas a polêmica que veio a seguir, com acusações de racismo, assustou o deputado de tal forma que ele buscou até se fazer de bobo na questão e recuar para evitar maiores danos a seu mandato.

Como faz todo político numa crise, o deputado federal submergiu politicamente. Mas agora a família reaparece de forma polêmica com as mensagens via Twitter do deputado estadual pelo Rio de Janeiro Flávio Bolsonaro (PP) sobre o assassinato da juíza Patrícia Acioli.

A juíza estava numa lista negra de criminosos e foi assassinada com 21 tiros na porta de sua casa. Ela foi responsável pela prisão de policiais acusados de integrar milícias de matadores no Rio. Mas, pelo que escreve no Twitter, o deputado estadual parece buscar levar a discussão do caso para um lado que não é bem a necessidade da defesa da integridade física de uma autoridade da Justiça, seja qual for o motivo da morte da juíza.

“Que Deus tenha essa juíza, mas a dforma absurda e gratuita com q ela humilhava Policiais nas sessões contribuiu p ter mts inimigos”, escreveu o deputado em sua página no Twitter, que pode ser vista na imagem acima.

Quando a polêmica se espalhou com a rapidez que hoje se dá na internet, o deputado procurou se explicar: "A patrulha do politicamente correto e os pré-conceituosos (sic) começam a botar palavras na minha boca sobre a morte da juíza... repudio a morte da juíza, apenas disse que ela teria muitos inimigos, não pelo exercício da profissão, mas por humilhar gratuitamente réus".

Se fosse num país sério é evidente que o deputado teria de explicar melhor esta intervenção num crime que, de tão sério, tem até a participação da Polícia Federal, que entrou nas investigações por intervenção direta do Ministério da Justiça. Ainda mais porque os Bolsonaro são de um partido da base aliada do governo.

Por meio de seus discursos e falas ocasionais, todo político procura estabelecer comunicação contínua com suas bases eleitorais. É uma forma de mandar recados constantes de que está sendo feita a representação que todo eleitor espera.

Resta saber para quem os Bolsonaro estão comunicando sua boa vontade política.
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POR José Pires

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Segurança pública: uma tragédia que parece não ter prazo para acabar

O assassinato da juíza Patrícia Acioli, ocorrido em Niterói, faz a gente lembrar-se das preocupações recentes das autoridades do governo Dilma Roussef no quesito segurança. Nos últimos dias a presidente da República e seu ministro da Justiça estavam preocupados com as algemas que a Polícia Federal botou nos bacanas presos pela Operação Voucher, que desmantelou um esquema de corrupção no Ministério do Turismo.

Parece também que Dilma se indignou mais pelo fato de não ter sido avisada das prisões pela PF do que com a corrupção que corrói seu governo.

Tarso Genro, que foi o ministro anterior e hoje é governador do Rio Grande do Sul, também tinha outras preocupações, muito mais elevadas que a segurança pública aqui no Brasil. Enquanto esteve à frente da pasta da Justiça, Genro se ocupou de problemas europeus. Foi um crítico feroz do sistema judiciário italiano e é possível que se não tivesse saído tão cedo do ministério até liderasse uma reforma na Justiça italiana.

Parece que estou fazendo piada, mas digo essas coisas para mostrar que não existe um foco preciso das nossas autoridades da área da segurança pública. E eles vão se ocupando de questões que, aí sim, são uma piada. Ou não é cômico que num país onde se mata com a maior facilidade em qualquer esquina a grande preocupação do ministro da Justiça seja um criminoso italiano? O crime só pode se fortalecer quando quem devia cuidar da Justiça está com os olhos em outro lugar.


A morte da juíza é
um aviso que devia ter
sido ouvido há tempos

A juíza sofreu uma emboscada e foi alvejada por 21 tiros. O tom é de ameaça aos que fazem justiça de fato no país. A suspeita é que o crime tenha sido ordenado por chefes de milícias.

O atentado fez surgir outros fatos. 87 juízes estão sob ameaça em todo o Brasil e a própria juíza assassinada estava em uma lista de doze pessoas marcadas para morrer.

Este é um roteiro já bem conhecido: sempre que ocorre um grande crime a imprensa vem e levanta vários dados, mostra sinais anteriores que prenunciavam a tragédia, ouvem especialistas, enfim faz o serviço jornalístico que tem que ser feito. E passado um tempo o assunto é esquecido, vai para as gavetas (hoje em dia pro computador) e lá permanece até que o problema volte posteriormente, sempre com mais gravidade.

Os problemas que foram levantados pelos jornalistas já estavam há bastante tempo. Neste ínterim o que fez o governo? Bem, a morte da juíza é uma boa resposta.

Faz tempo que se tem conhecimento de que problema que não é atacado em seu início acaba crescendo. Lao Tsé já dizia isso na antiga China. O poder das milícias vem crescendo de forma assustadora e não é de hoje. E isso vem acontecendo porque autoridades da área da segurança sempre fecharam os olhos para o problema. A bem da verdade, tanto no plano federal quanto nos estados nossas autoridades viam com bons olhos a sensação de segurança, falsa mas eficiente politicamente, que os matadores davam à população.

No ano passado o antropólogo Luiz Eduardo Soares deu várias entrevistas em razão do lançamento do filme Tropa de Elite 2, cujo roteiro saiu de um livro seu em parceria com três outros autores. Soares conhece bem segurança pública e até teve uma passagem rápida e conturbada por um cargo da área no primeiro governo Lula. Nas entrevistas do ano passado ele alertava sempre sobre a emergência das milícias no mundo do crime com uma força superior a do tráfico e uma capacidade maior para estabelecer um poder paralelo nas comunidades. Por isso mesmo este segundo filme gira em torno das milícias e não do tráfico.


De matadores de jovens
pobres a matadores de
autoridades da Justiça
As milícias surgiram da própria polícia e sempre contaram com a simpatia de parte da população, até mesmo de formadores de opinião e de dirigentes públicos. Os bandos armados davam uma sensação de proteção contra o crime. Hoje essas milícias se espalharam pelo país afora. Estão até em cidades de menor população, onde ainda não dominam comunidades inteiras, como ocorre no Rio de Janeiro, mas fazem um massacre cotidiano entre os jovens pobres das periferias. Nessas cidades invariavelmente contam no mínimo com a conivência da polícia.

Como os jovens mortos são de famílias pobres, a parcela da sociedade civil que poderia influir condenando a mortandade e procurando conter esta injustiça acaba se calando.

O problema é que o poder desses bandos armados vai crescendo e eles vão se organizando como máfias, buscando controlar negócios e auferir maiores lucros de sua atividade criminosa. Para isso contam inclusive com canais na polícia e entre os políticos. Ocorre que este controle evidentemente não reconhece barreiras legais e nem morais. Ao que parece, a mira desses bandidos já está indo além dos jovens pobres das periferias.

A tragédia da segurança pública é hoje um dos problemas brasileiros de maior gravidade e por isso merecia uma atenção que o governo do PT não tem dado. Mas é bem difícil que isso seja feito num governo sem nenhum respeito à moral e apoiado por uma base política composta em grande parte por larápios que não respeitam os cofres públicos.

E não podemos esquecer também que passamos os últimos anos com um presidente da República que reclamava o tempo todo de regras jurídicas e da própria lei. Lula tratava a Justiça até de forma jocosa. Desse modo é bem complicado manter o respeito moral nas camadas mais baixas do poder, ainda mais quando este é um poder armado.
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POR José Pires

O Ministério do Turismo existe e fica no Maranhão

Falei anteontem sobre o fato da ação da Polícia Federal contra a corrupção no ministério do Turismo ter revelado também que afinal o ministério do Turismo existe. Este ministério é um dos estranhos apêndices do governo petista. Quando não se sabe para onde mandar algum companheiro precisando de um cargo, ele é nomeado para o Ministério do Turismo. Isso se não tiver vaga no Ministério da Pesca. Ou mesmo no ministério da Ciência e Tecnologia, pois nem estou fazendo um juízo de valor sobre as pastas em si. Se for uma questão de valor, o que fica claro é que o governo do PT desqualifica mesmo os setores essenciais para a atualidade e até para o nosso futuro, como é o caso do Ministério da Ciência e Tecnologia e tantos outros.

Ou não é muito estranho que o ministério do Turismo esteja fora do grupo que comanda a organização da Copa do Mundo e das Olimpíadas?

Mas como o Ministério do Turismo deu o ar da graça com a descoberta dos esquemas de desvio do dinheiro público, os jornalistas foram dar uma espiada no andamento das coisas na pasta. O jornal O Globo mostra que o Maranhão é o campeão em convênios com o Ministério do Turismo e o Estadão revela que um projeto do ministério que seria de interesse do senador José Sarney (PMDB-AP) recebeu R$ 3 milhões do governo e nunca saiu do papel. O convênio de R$ 5 milhões é com o estado do Amapá, pois, como se sabe, Sarney é um senador do Maranhão eleito pelo Amapá.

Na matéria de O Globo ficamos sabendo que o Ministério do Turismo está cuidando de obas de infra-estrutura urbana. Talvez seja por isso que o ministério anda está fora da organização da Copa e das Olimpíadas.

O ministério toca pavimentação asfáltica, construção ou reforma de praças públicas, nove para urbanização e até construção de ponte, que fica, é claro, no Maranhão.

O jornal revela que existe um convênio já assinado de R$ 20 milhões para financiar uma obra que foi promessa de campanha da filha de Sarney, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney. É a Via Expressa de São Luís, que liga duas avenidas na cidade. Tudo a ver com turismo, é claro.

A matéria de O Globo você pode ler aqui e a do Estadão, aqui.
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POR José Pires

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Da corrupção nasce a luz

A descoberta de uma quadrilha no ministério do Turismo serviu ao menos para mostrar que o ministério existe. Deve ter alguma atividade por lá, senão não daria para sumirem com os três milhões de reais que foram surrupiados. Na chamada Operação Voucher a Polícia Federal pegou Mário Moysés, que foi braço-direito de Marta Suplicy quando ela comandou a pasta em 2007 e deixou de marcante a recomendação do “relaxa e goza” para os brasileiros que sofriam nos aeroportos com o caos aéreo.

Não deve ter sido a intenção da PF, mas de certa forma a prisão do aliado de Marta democratiza a crise política do governo Dilma, de onde saem larápios por todos os lados. Quando metem no xilindró um corrupto do PT tão próximo dos maioriais do partido, está dado recado que não existe nenhuma discriminação com o PR e seus corruptos. Não, não existe uma peérrefobia no governo Dilma.

Marta andava toda serelepe, em campanha antecipada para a prefeitura de São Paulo. Não podia ver um microfone que desandava a falar do tanto que fez quando foi prefeita. Andava bem humorada e muito animada, mas agora amuou. Não pode ver jornalista que corre logo pro banheiro.

Estava tão relaxada que até gozava com perguntas encaixadas para serem embaraçosas. A um dos entrevistadores que lembrou que a vitória dela na eleição para a prefeitura paulistana acabaria dando seu mandato de senadora a um suplente do PR, a senadora disse em tom de piada que “talvez o PR até goste e a Dilma goste de ter uma pessoa do PR para recompor”. Marta estava impossível. Numa de suas falas para tentar convencer que é melhor que ela seja a candidata do PT e não o ministro Haddad como quer Lula, ela disse que Lula "andou com Dilma dois anos embaixo do braço".

A gente até concorda com isso. Lula realmente fez a vitória da sua candidata andando com ela por um bom par de anos embaixo do braço. A gente concorda com a Marta, mas nós somos oposição e a Marta não.

Uma entrevista foi na última quinta-feira, outra foi anteontem, mas em poucos dias a piada já mudou. E Marta com certeza não está achando graça nenhuma. O PR deve estar gostando da queda de Mário Moysés, que além de ter sido o braço-direito de Marta quando ela foi ministra, também é aliado de sempre, participando inclusive das campanhas eleitorais da senadora.

E como Moysés é do PT, pode servir muito bem para a presidente Dilma convencer os caciques do PR que não está de birra com o partido. É bobagem culpar este ou aquele partido. No governo Dilma a corrupção é extra-partidária.

Outra coisa muito útil que apareceu na Operação Voucher foi um dos presos pela PF, o secretário-executivo do Ministério do Turismo, Frederico Silva Costa, ensinando um empresário a montar uma entidade de fachada.

No áudio divulgado pela polícia, Costa dá umas dicas bem simples. "Pega um prédio moderno ai, meio andar, diz que tá com uma sede que está em construção, mas por enquanto", foi uma das orientações que ele deu para criar um ar de respeitabilidade numa empresa de fachada que estaria sendo montada para fazer negócios com o governo.

O secretário-executivo do ministério do Turismo dá também outras dicas, como a indicação de que a sede tinha que ser “uma coisa moderna que inspira confiança em relação ao tamanho das coisas que vocês estão fazendo”.

São descobertas que dão a impressão de que a corrupção vai se modernizando, com seus agentes buscando profissionalizar a atividade. Apesar dos ensinamentos terem um ar ainda um tanto tosco, a intenção do secretário-executivo com suas lições para uma boa falcatrua demonstra que existe espaço para a criação de um manual mais extenso aprofundando ensinamentos importantes para evitar crises que surgem quando corruptos são pegos no flagra pela imprensa ou pela Polícia Federal.

A feitura desse manual da boa corrupção pode ser uma excelente ocupação para a base aliada do governo Dilma, com o benefício inclusive de resgatar a união desses alicerces da governabilidade.
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POR José Pires

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Bilhete azul

É provável que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, consiga finalmente a demissão que tanto busca. A revista Piauí andou repassando falas do ministro em uma entrevista que sai na próxima edição. Jobim não revela nenhuma novidade. Diz que sua colega de governo, a ministra Ideli Salvatti é "muito fraquinha". Sobre a ministra Gleisi Hoffmann, Jobim diz que ela "sequer conhece Brasília".

Evidentemente são coisas que todo mundo sabe, assim como todos sabiam que Jobim votou para presidente em José Serra, outra declaração sua que foi tomada como grande revelação política do ano. O Brasil tem que andar tonto para estarmos ocupados com coisas assim, mas é um reflexo dos tempos em que vivemos. Uma época em que os idiotas andam bastante assanhados, sem dúvida, o que, aliás, algo que ministro andou dizendo também e que foi tomado como outra grande revelação. Bem, isso é surpresa só para quem chama Dilma de doutora, sem ver que o diploma dela é falso.

Acho que dessa vez não passa. Dilma está em dúvida até agora sobre quem era o idiota de que Jobim falava, mas é provável que ela deve deve acordar para o fato de que seu ministro acha uma idiotioce ela ter nomeado uma ministra "muito fraquinha" e outra que "sequer conhece Brasília".

Mas esse Jobim também chega ao seu objetivo de um jeito bastante complicado, não? Teria sido muito mais fácil escrever uma carta de demissão.
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POR José Pires