quarta-feira, 27 de maio de 2015

Justiça d'além fronteiras

A prisão do cartola brasileiro José Maria Marin, na Suiça, mostra que punição para corrupto brasileiro é coisa de estrangeiro. Só acontece se o patife nacional faz das suas em países onde existe lei, como nos Estados Unidos e na Europa. Um exemplo disso é a situação do notório Paulo Maluf, que faz das suas no Brasil e por aqui as suas safadezas ficam por isso mesmo. Os processos contra ele rolam lentamente na leseira dos trâmites jurídicos brasileiros e passa tanto tempo que ele até acaba absolvido pela idade. A lei aqui tem inclusive essa facilitação. Corrupto se safa da punição com o avançar da idade.

Maluf, por sinal, teve Marin como vice-governador nos anos 70, quando ambos foram nomeados para o governo de São Paulo pela ditadura militar. Desde aquela época que Maluf está na boa por aqui, mas não pode viajar para o exterior senão será preso. A Interpol tem um mandato contra ele, então acabaram-se as viagens para Miami e outros paraísos, inclusive os fiscais. Visitas à Suiça, então, nem pensar. E a encrenca dele é exatamente com os Estados Unidos, onde já esteve até preso. Marin devia ter aprendido com seu antigo mentor a ficar quietinho aprontando apenas no Brasil, mas foi fazer das suas em lugares sérios e deu no que deu.  As penas nos Estados Unidos para os crimes que levaram à sua prisão podem chegar a 20 anos de cadeia.

Essa justiça que se faz no exterior contra corrupto verde-amarelo pode trazer outras boas notícias sobre um evento esportivo muito suspeito que tivemos por aqui recentemente. O Departamento de Justiça americano informou que a Copa do Mundo de 2014 também está sob investigação. A gente lembra muito bem a maquinação política que foi feita por Lula, ainda como presidente da República, para trazer esta Copa para o Brasil. O evento foi parte de um esquema pesado para desviar a atenção da opinião pública dos problemas administrativos e a corrupção, que já estavam bastante embalados em seu governo. A Copa foi também uma peça de propaganda importante na eleição de Dilma Rousseff. A maquinação foi tão safada que marcaram a entrega da taça num dia 13, o número do PT. O problema foi aquele triste 7 a 1 tomado da Alemanha, que comprovou a conhecida fama de pé-frio do Lula.

E agora a torcida brasileira pode enfim ver esclarecidas as suspeitas que ficaram daquela Copa do Mundo. Com os americanos na investigação, com certeza o resultado não será como aqui, onde temos uma Justiça tão cega que não consegue ver nem elefantes brancos superfaturados.
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POR José Pires


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Imagem- Lula com seu amigo Marin, festejando a vinda da Copa do Mundo para o Brasil. Repare no número da camisa da Seleção Brasileira que os dois seguram. Parece que o Marin não teve muita sorte com isso.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Radicalizando

Já no início da revolução comunista na Rússia, seu líder Vladmir Lenin identificou um tipo de ação política que ele viu como um perigo para a estratégia internacional do comunismo e sobre isso escreveu um de seus livros mais conhecidos, ao qual deu um nome que tornou-se a denominação dessa atitude que ele condenava como um grave desvio ideológico: "Esquerdismo, doença infantil do comunismo". Esse problema vinha dos setores mais radicais do movimento comunista internacional, que logo passaram a ser vistos em todo o mundo dessa forma negativa, como Lenin queria. Com o tempo, o termo "doença infantil do comunismo" virou um chavão na condenação de quem saia da linha do partido.

A "doença" foi até pretexto para expurgos e execuções, tanto em países de regimes comunistas, como também entre a esquerda de lugares onde o comunismo nunca vingou. Porém, não é só o comunismo que sofre com uma doença infantil que atrapalha estratégias e até acaba favorecendo o adversário. No conservadorismo também tem disso, como já deu pra notar nos movimentos de massa que foram às ruas pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff. O governo do PT deve agradecimento ao que foi feito por uma parcela dessa militância conservadora que tem uma complicação parecida com aquela diagnosticada por Lenin, só que neste caso com sintomas à direita. Dá pra chamar o problema de "Direitismo, doença infantil do conservadorismo". Quando dá febre no doente, ele até grita pela volta do regime militar.

Essa doença vem se manifestando de forma agressiva no Movimento Brasil Livre, que está fazendo uma marcha pelo impeachment até Brasília, com a chegada prevista para esta quarta-feira. Até agora não entendi o sentido dessa caminhada. Um pouco mais de uma dezena de jovens estão andando pelo acostamento de rodovias, sem sequer uma pauta política consistente que tenha relação com as cidades que estão pelo caminho. Na página de Facebook do grupo não se viu nenhum post que trouxesse boas informações sobre o que eles estão fazendo e também no site deles nada apareceu de qualidade sobre essa longa passeata. O que surgiu nos últimos dias foram ataques pesados ao senador Aécio Neves, depois que o PSDB resolveu optar por uma ação penal contra Dilma em vez do pedido de impeachment.

A resolução desagradou ao Movimento Brasil Livre, que partiu para o ataque ao candidato tucano que disputou o segundo turno com a candidata do PT. De tão pesados, os ataques chegam a lembrar os dos petistas, quando a militância governista apelava até para acusações de uso de cocaína. É interessante, porque os jovens conservadores que seguem agora contrariados para Brasília estão fazendo à direita a mesma coisa que Lenin condenava em alguns camaradas do seu lado. Com esse tipo de ataque, o Movimento Brasil Livre mostra inclusive que não tem estratégia alguma nem para estruturar suas pretensões. Onde pensam chegar com essa conversa de "Aécio traiu o Brasil"? Não é possível que pensem em derrubar Dilma só com o deputado Bolsonaro e o senador Ronaldo Caiado. Não será batendo na oposição desse jeito que sairá um impeachment, já que para isso é indispensável o entendimento não só com o PSDB de Aécio Neves como também com os demais partidos que compõem a oposição e que certamente não se arriscarão a apoiar molecagens. Essa contradição muito simples já serve para mostrar o sintoma de doença infantil desse grupo sem estratégia alguma, a não ser a de bater o pé quando contrariados. Mas pelo menos agora sabemos qual é a grande argumentação deles para a interrupção do governo de Dilma. Eles querem o impeachment porque querem, ora bolas.
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POR José Pires

sábado, 23 de maio de 2015

Visita do FMI

Cadê os companheiros do PT e suas faixas de protesto? A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, está no Brasil e até agora a militância não deu as caras para protestar contra esta intromissão em nossa economia. Fazia tempo que o pessoal do banco não aparecia por aqui, não é mesmo? A chefe do FMI está no Brasil desde quarta-feira e vem dando vivas ao ajuste fiscal. Ninguém a vaiou por isso até agora. Um dos lugares que ela escolheu para falar do assunto foi o Morro do Alemão, no Rio de Janeiro. E não apareceu por lá nenhuma grande manifestação, nenhum black bloc e muito menos o Stédile com o "exército"do MST. Tudo está bastante calmo e deve ficar assim até a senhora Lagarde ir embora. Mas já pensaram se a visita da dirigente do FMI ocorresse com o Aécio Neves como presidente da República ou mesmo a Marina? Bem, aí apareceria para protestar até aquele velhote ensandecido vestido com uniforme da Petrobras, o Lula.

Pois é, a indignação da esquerda é seletiva até nos aspectos mais simbólicos das suas batalhas históricas. Nem o FMI cria indignação nos companheiros, quando ficar quietinho é do interesse do projeto de poder deles. E mesmo numa situação dessas, em que parece já estar sendo armado um clima para um pedido de ajuda ao FMI. Reparem na fotografia da reunião de Lagarde e Joaquim Levy, em Brasília, como o nosso ministro está com uma cara de que precisa de algo. Não vou me surpreender se esta visita for apenas preparatória para relações mais estreitas do governo do PT com o FMI. Que os companheiros deixaram o Brasil na lona, nós todos já estamos sentindo no nosso dia a dia. Falta grana para tudo. Pode até ser que logo eles estejam cantando o "Ei, você aí, me dá um dinheiro aí" para o FMI. E se isso acontecer, garanto que a militância ficará caladinha. Ou melhor, o mais provável é que entre para ajudar no coro.
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POR José Pires

sexta-feira, 15 de maio de 2015

B.B. King e um genial parceiro

Quando se fala de B.B. King, que morreu nesta quinta-feira, sempre me lembro de Eric Clapton e do grande álbum dos dois, lançado em 2000. Foi um encontro musical memorável entre esses grandes artistas, ainda que esteja muito claro que na dupla o mestre era B.B. King. Clapton falou várias vezes que foi com os ouvidos atentos aos discos de vinil de King que ele aprendeu a tocar. O guitarrista britânico divulgou um vídeo em que fala com emoção sobre o colega que se foi e indica para quem quer conhecer sua obra o álbum álbum "B.B. King Live at the Regal", de 1964. Ele diz que foi com esse disco que "tudo realmente começou" para ele como guitarrista. No ano do lançamento Clapton tinha apenas 19 anos.


Outro álbum excelente para conhecer B.B. King é este do qual estou falando, "Riding with the King". Dá para ouvi-lo com facilidade na internet. Na minha opinião, o álbum tem também uma da melhores capas já feitas na história da música. O fotógrafo Robert Sebree lembra que quando ligaram para ele perguntando se topava fotografar Clapton e King para a capa do álbum deu vontade de dizer "Sim, por favor", mas segurou-se e falou apenas um "O. K.". Segundo ele, a ideia da foto foi de Clapton. Acabaram criando a reverência mais bem humorada da história da música, comparável ao gesto de Paul Gauguin homenageando o mestre Gustave Courbet na bela tela "Bonjour, Monsieur Gauguin".
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POR José Pires

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Queimando o próprio filme

Seja qual for o resultado da votação pelo Senado na semana que vem do nome de Luiz Edson Fachin como novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), a indicação feita pela presidente Dilma Rousseff já fez uma vítima política importante: o senador Álvaro Dias, do PSDB. O senador paranaense é o relator da indicação de Fachin, de quem vem fazendo uma defesa que está além de seu papel oficial no exame do candidato à vaga de Joaquim Barbosa. A presença de Dias nesta função já é bastante estranha, além de ser extremamente inoportuna para a situação atual de seu partido, que precisa se firmar politicamente frente a um eleitorado cada vez mais indignado com o governo do PT. Nunca se viu um relator da oposição para um serviço como este. E a credibilidade do senador tucano acaba sendo ainda mais afetada pelo fato dessa indicação ser definidora na ampliação do domínio do PT sobre a mais alta corte do país.

Não será um Fachin que dará menos credibilidade a um tribunal que já tem como ministro um Dias Toffoli, advogado tão próximo do esquema de poder petista que já havia até dividido apartamento com o mensaleiro José Dirceu, além de ter sido empregado do partido. Mas esta indicação de agora parece ter simbolizado a consagração do mando petista sobre o STF. É isso pelo menos o que pensa uma parcela expressiva da opinião pública, composta por gente bastante preparada e muito ligada ao debate político nacional. É um vigoroso setor da oposição, com bastante influência inclusive na internet e de atividade intensa nas redes sociais. Aliás, foi essa resistência cotidiana de milhares de pessoas à frente da tela do computador que abriu espaço para a credibilidade e o prestígio de políticos como Alvaro Dias.

Pois é exatamente contra essas pessoas que o senador tucano vem atuando agora, com essa estranha relatoria de uma indicação da qual ele virou até cabo eleitoral. Em discurso na abertura da sabatina desta terça-feira, o senador tucano situou os críticos de Fachin no campo da "irracionalidade, ignorância, vaidade, ódio, esquizofrenia política" além de dizer que eles estão distantes "do bom senso, do discernimento e da ponderação". É muita coisa, não é mesmo? E a ironia histórica é que enquanto disparava tanto insulto contra pessoas a quem deve muito politicamente, tinha ao seu lado tipos como seu arqui-inimigo Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann, senadora petista que sofre pesadas acusações de corrupção na operação Lava Jato.

Esse Fachin deve ser muito precioso, não é mesmo? Essa posição do senador que já foi um ativo oposicionista irá obrigá-lo a encarar uma realidade muito diferente diante de seus antigos admiradores. Sua imagem já foi pro buraco e certamente acabou para ele o trânsito fácil entre os internautas, que facilitava tanto sua carreira política. Os efeitos já podem ser sentidos. Já ficou muito difícil sua aceitação dentre esta parcela da opinião pública que atualmente é bastante ativa na oposição ao governo do PT. Isso já dá para ver na página de Facebook do senador, que foi tomada por milhares de comentários atacando sua posição. Além da indignação que é exposta em posts com qualquer assunto, está havendo também uma evasão impressionante na página. De terça-feira para cá (quando marquei o número de curtidas na página), Álvaro Dias perdeu 4 mil seguidores. E mais do que a perda do grande número de curtidas, ele tem motivos para temer o que esses internautas farão de agora em diante com sua imagem política.
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POR José Pires

terça-feira, 12 de maio de 2015

Muito além da ficção


O PT tem aprontado tanto nesses quase 13 anos de poder que um escritor de livros de crime e mistério teria evitado contar histórias que envolvessem um partido em tantas encrencas e com enredos tão difíceis de acreditar. Até na ficção seria difícil aceitar tamanho drama. Tanto é assim, que os brasileiros demoraram um bom tempo para perceber que o país  estava envolvido pelos tentáculos de uma organização política dominada pela cobiça e tomada pela ambição por dinheiro e poder, com uma cúpula política ávida pelo ganho fácil e o poder permanente e absoluto. Não dava mesmo para crer que estava acontecendo na vida real, até porque, como eu já disse, era algo de difícil convencimento mesmo em livros de crime e mistério, no estilo dos "pulp fiction" inventados pelos americanos.


O esquema criado por aqui extrapola até os limites maleáveis desse tipo de ficção. Não seria verossímil. No enredo dramático desse partido tem de tudo, até cadáveres de políticos graúdos da cúpula, em crimes suspeitíssimos que nunca foram elucidados. Não faltou nem criminoso fugindo com identidade falsa, passando por várias fronteiras para fugir da condenação pela mais alta corte do país. Tem também ligações com ditadores estrangeiros, com passagens inclusive por países exóticos. E a trama traz em papel de destaque um vilão perfeito, encarnado por uma figura mascarada por traços humanistícos, mas que é capaz das maiores maldades, inclusive com seus companheiros.


Parece história do Sombra, lembram dele? Outro dia fuçando dentre coisas antigas da internet, para estudar capas de livros de pulp fiction que trazem sempre ilustrações muito interessantes, encontrei esta capa do Sombra. É de 1934 e não se trata de montagem. A arte é original, assim como a história. É impressionante, não é mesmo? Pois é, o Sombra sabe mesmo.


Os enredos criados pelo PT parecem mesmo coisa para o Sombra. Mesmo quem não é do tempo em que o personagem fez  sucesso — que é o caso da maioria das pessoas de hoje em dia — deve lembrar de seu refrão, que ainda é muito citado na atualidade, quando é descoberta alguma grande trama criminosa: "O Sombra sabe". A afimação era a resposta para a pergunta "Quem pode saber que males oculta o coração dos homens?", que pegou ainda mais força com o tempo. E o Sombra sempre sabe.


O Sombra foi criado em 1930, num seriado radiofônico que logo tornou-se um sucesso nos Estados Unidos e veio em seguida para o Brasil, onde foi também muito popular, com transmissão pela antiga Rádio Nacional, emissora que ainda existe. O rádio é que dominava as comunicações nessa época. Mesmo nos Estados Unidos a popularidade da televisão só começaria a partir de 1945. A voz que deu vida ao Sombra foi a de Orson Welles, que começou sua fama no rádio, antes de dirigir “Cidadão Kane” (de 1941) e com ele fazer uma revolução no cinema.


Apesar do mito de que a criação da personagem e os roteiros eram do cineasta, Welles apenas emprestou sua voz à série. Era o artista que dizia a conhecida frase e dava a famosa gargalhada que passou a ser repetida “por todos os garotos da América”, como ele conta em um livro maravilhoso de entrevista, feito pelo colega cineasta Peter Bogdanovich. Welles fazia a locução do programa junto com vários outros no rádio, numa ocupação que dava bastante dinheiro na época. Ele lembra até quanto ganhava com o Sombra: 185 dólares por semana. Era uma correria entre os estúdios. “Eu nem sabia o que ia acontecer comigo enquanto estava fazendo os capítulos. Quando o Sombra era atirado dentro do poço ou em algum ninho infecto de serpentes, eu nunca sabia como ia sair”.
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POR José Pires


Diversidade bem diversa

O humorista Stanislaw Ponte Preta tem uma frase, da década de 70, que dizia o seguinte: "Pelo jeito que a coisa vai, em breve o terceiro sexo estará em segundo". A frase mostra de forma genial um espírito de época, num tempo em que o Brasil começava a despertar para as grandes transformações de comportamento que aconteciam nos Estados Unidos e na Europa. Porém, o grande Stanislaw não sabia das encrencas que ainda estavam por vir em matéria de sexualidade.

O jornalista Ancelmo Gois publicou neste domingo em sua coluna de "O Globo" uma nota que mostra como anda a coisa no terreno da diversidade. Acompanhem na íntegra o que ele escreveu:

“Cléo Oliveira, estudante da PUC-RJ autorizada a usar seu nome social na faculdade, como saiu aqui ontem, explica que, na verdade, é transexual e heterossexual. Não é gay.
Ah, bom!”

O colunista do jornal carioca termina a nota com uma expressão que é uma marca estilística dele ("Ah, bom!"), que costuma usar quando um esclarecimento acaba trazendo ainda mais confusão. E não é pra menos. O que vem acontecendo em matéria de sexo atualmente acabou tornando suave a piada de Stanislaw Ponte Preta, que era bastante audaciosa na época em que saiu publicada.

Ultimamente aparece tanta novidade sexual, que alguém que for explicar direitinho essa história pode acabar trocando as bolas (epa!), igualzinho aquele personagem também do Stanislaw, que pirou de vez na hora de compor um samba enredo e juntou Xica da Silva com Tiradentes, além de outras bizarrices históricas. Que Freud explica, qual nada. Alguém precisa chamar o Crioulo Doido para explicar esse negócio pra nós.
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POR José Pires

domingo, 10 de maio de 2015


sexta-feira, 8 de maio de 2015

Réu confesso

Se alguém ainda não tinha a certeza de que o ex-presidente Lula sabia muito bem que corria o mensalão durante sua presidência, agora pode deixar pra lá suas dúvidas porque apareceu uma confirmação insuspeita de que as propinas a parlamentares eram feitas com seu pleno conhecimento. Em "Una Oveja Negra al Poder", sua biografia recém-lançada, o ex-presidente uruguaio José Mujica revela que Lula confessou para ele que sabia de tudo. Mujica disse que em uma reunião entre eles o chefão petista justificou o mensalão como a "única forma de governar o Brasil”.

As palavras de Lula, segundo Mujica: "Neste mundo tive que lidar com muitas coisas imorais, chantagens. Essa era a única forma de governar o Brasil". A confissão de Lula é inédita e pena que o julgamento do mensalão já tenha acabado. Aquele que sempre foi tido como o chefe do esquema infelizmente torna-se réu confesso um pouco tarde.

O envolvimento de Lula no mensalão foi sempre evidente. O esquema corrupto teve início na formação de sua chapa ainda na primeira disputa da presidência da República, quando ficou acertado mediante um pagamento milionário a entrada de José Alencar como vice. Faltava, no entanto, uma declaração pessoal de culpa. Só se ele fosse um idiota seria possível o mensalão ter sido criado e desenvolvido nas suas barbas. E de bobo Lula não tem nada. Ao contrário, é um espertalhão que vem enganando os brasileiros há décadas e conseguiu com essa esperteza inclusive safar-se de ser julgado no Supremo Tribunal Federal por um crimes mais detestáveis contra a democracia brasileira.

Mas, enfim, aí está sua confissão, que até veio mais cedo do que parecia ser possível. E para os petistas será difícil atacar a credibilidade da fonte que trouxe esta informação quente. É muito bom que a revelação tenha vindo do ex-presidente uruguaio. Há algum tempo Mujica vem sendo um refúgio psicológico da esquerda brasileira, na tentativa de amenizar seus tormentos causados por tanta roubalheira e a incompetência impressionante para fazer mudanças mínimas na condução dos governos que pega para tocar. Nem o mais fanático militante, do tipo mais petralha, poderá dizer que haja maldade e muito menos colocar em dúvida a indiscreta divulgação da declaração de Lula. A fonte é do lado deles. E além disso a conversa centre Lula e Mujica teve como testemunha o ex-vice-presidente uruguaio Danilo Astori, que ouviu a confissão do chefão petista. E vejam a coisa do lado bom, companheiros. Pode ser que o humilde companheiro uruguaio esteja apenas querendo ajudá-los na expiação de tantas culpas acumuladas.
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POR José Pires

quarta-feira, 6 de maio de 2015


sábado, 2 de maio de 2015