terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Ingratidão petista


Que falta de consideração que o PT está tendo com Eike Batista. Dedicado amigo do governo petista, de parceria tão estreita com Lula e Dilma, que funcionou até na manipulação eleitoral do pré-sal, o empresário chegou ao Brasil na manhã desta segunda-feira cumprindo mais uma importante etapa do projeto petista de governo e nem foi recebido com tapete vermelho pela militância.
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POR José Pires

Trump e sua diplomacia da truculência

O decreto de Donald Trump restringindo a entrada de imigrantes deve ter sido festejado nas hostes do fundamentalismo islâmico. Com uma penada, Trump conseguiu muito mais para o terrorismo islâmico do que havia sido conquistado por eles até agora com suas ações. O objetivo do terrorismo é fazer os islâmicos acreditarem que os Estados Unidos são o "Grande Satã". Neste sentido as medidas despropositadas de Trump, além de seus discursos com acusações indiscriminadas, deu uma boa empurradinha, favorecendo a tese religiosa dos terroristas. O doido havia decidido vetar a entrada até de portadores de green card e depois teve que voltar atrás. O mundo reza para Alá, Deus, Buda e qualquer outra divindade, para que ele não tenha outras ideias parecidas para mais adiante.

Sem qualquer estratégia fora de seu instinto violento, a tendência era do Estado Islâmico ir se isolando e acabar derrotado não só militarmente como também no aspecto político. Com seus espetáculos de crueldade, o grupo terrorista já vinha sofrendo um repúdio geral no mundo. Mas aí chegou Trump com sua política externa de ares trogloditas, que pode mudar o vento, agora contra os Estados Unidos. Com as primeiras restrições, que o próprio governo não consegue justificar, a imagem dos americanos ficou feia. E o resultado quanto aos ataques terroristas é praticamente nulo.

Se continuar na mesma toada, Trump vai isolar os Estados Unidos, criando uma onda de animosidade não só entre os países de maioria islâmica, o que, aliás, já vem acontecendo. Basta ver a contrariedade de importantes países europeus, da China, do Canadá e até do Brasil. Ou entra logo alguém no governo Trump para lhe dar as necessárias lições de diplomacia, ainda que seja no âmbito de uma política conservadora, ou os Estados Unidos vão se alinhar ao Estado Islâmico em má imagem internacional. Estado Islâmico que, a propósito, agradece encarecidamente a truculência.
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POR José Pires

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Imagem- A Era Trump, esta semana na capa de uma das publicações mais respeitadas da Europa, a revista italiana L’Espresso

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017


O horror das cadeias metendo medo na elite corrupta

Eike Batista foi preso e já demonstra uma preocupação comum entre esta elite corrupta que finalmente começa a ser punida no país. Ele tem medo do que pode acontecer na prisão. Seu grande parceiro no Rio, o ex-governador Sérgio Cabral, também teve esta preocupação depois de ser preso. O empresário alega que corre um risco maior, em razão de ter doado 20 milhões de reais para o projeto das Unidades de Polícia Pacificadora, as UPPs, projeto usado pelo então governador Cabral e pelo PT para escamotear a trágica situação da segurança no Rio e ganhar votos nas eleições no estado e na sua aliança com o PT na disputa presidencial.

A justificativa de Eike Batista pode fazer sentido, mas o risco de se dar muito mal na cadeia independe de qualquer ação anterior dele ou de qualquer outro corrupto preso. O perigo está nas condições terríveis das nossas cadeias e a total falta de controle do Estado sobre o funcionamento interno das cadeias. Como a malandragem costuma dizer, está tudo dominado. Os chefes de quadrilhas é que mandam, com o poder inclusive de decidir quais os presos é que vão manter-se vivos.

Esse controle interno de criminosos sobre o sistema presidiário brasileiro já é antigo. O que tem de novo é a desfaçatez das autoridades brasileiras, em sua fingida surpresa com o que está acontecendo. Vimos o crescimento gradativo desse absurdo domínio, alcançado ano a ano pelo crime organizado, enquanto autoridades faziam de conta que nada tinham a ver com a barbárie tomando conta da vidas dos presos, nesse hábito brasileiro de ir se conformando com os problemas, mesmo os mais graves, que pouco a pouco vão tomando o feitio de eventos normais, inclusive noticiados como se fizessem parte de uma pauta cotidiana da nossa imprensa. A desumanidade nas cadeias, o morticínio nas estradas, a miséria urbana, o horror se mescla aos fatos cotidianos, como se fosse tudo igual.

Eike Batista tem motivos de sobra para temer por sua segurança, mas acontece que ele é um dos grande responsáveis por esta perigosa situação, o que ele sabe muito bem. O empresário só não contava é com a quebra de sua impunidade. Junto com seus comparsas, tanto do estado do Rio quanto do Governo Federal, nesses 13 anos de poder petista, o empresário amigo do Lula e de Sérgio Cabral e também de Dilma Rousseff contribuiu bastante para a destruição de qualquer conceito de respeito humano, seja nos presídios ou fora deles. A corrupção tem esse grave efeito moral de afetar as relações sociais, corroendo as regras mais básicas de convivência. Regras de respeito mútuo deixam de ter sentido em um país onde o poder cai nas mãos de gente como o empresário que acaba de ser preso e seus parceiros até há pouco, como o ex-governador Cabral e o ex-presidente Lula. Mas só depois da prisão é que eles notam esta tragédia brasileira que é consequência do que eles andaram fazendo juntos.
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POR José Pires

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017


quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

A didática da derrota

Foi de um didatismo exemplar o discurso de Meryl Streep, durante a entrega do Globo de Ouro, ela que é uma das poucas artistas americanas que pode de fato ser chamada de atriz. Aqui no Brasil, nós fomos pegos praticamente de surpresa pela eleição de Donald Trump porque não pudemos acompanhar a reação no dia-a-dia dos americanos a atitudes como a da atriz, em seu discurso composto de algumas verdades indiscutíveis, mas totalmente fora de propósito e inclusive de lugar.

Nunca gostei de Donald Trump, por quem eu já tinha profunda antipatia já com aquele programa dele que fez sucesso no mundo todo e também por causa da sua área de atuação. Só alguém sem noção política pode achar que um empresário da especulação imobiliária e do negócios dos cassinos pode fazer algo decente num cargo público. Minha objeção a tipos como Trump é aboluta, de tal forma que talvez fosse capaz até de votar em Hillary Trump na tentativa de impedir sua vitória, assim como apoiei tantos candidatos que não valiam grande coisa aqui no Brasil, apenas para evitar um mal maior.

Trump será um desastre, até pela demolição que ele pode fazer com ideias políticas e econômicas aos quais está agarrado só pelo aproveitamento delas em seu sucesso eleitoral. Trump não é conservador, muito menos liberal, seja em economia ou qualquer outra coisa. É apenas um oportunista, que deve levar ao buraco uma carrada de conservadores, alguns deles aqui do Brasil, gente que eu acompanhava com interesse e pelas quais perdi o respeito depois do estranho apoio irrestrito a um político parecidíssimo a figuras nefastas como Lula e outros populistas demagogos da América Latina. É um nacionalista tacanho, com uma visão na qual acho muito difícil encaixar qualquer ideia de algum proveito sério.

Mas quanto ao didatismo do discurso de Meryl Streep, se ele viesse mais cedo nos daria elementos pelo menos para não ter falsas expectativas quanto ao poder do Partido Democrata de evitar a ascensão de tal figura, que além da derrota para presidente levou uma lavada em todos os outros cargos. Meryl Streep parecia estar discursando numa dessas invasões de escolas no Brasil ou numa outra coisa parecida que a esquerda brasileira arma para suas demagogias.

Dá para imaginar a batida negativa muito forte de um discurso como esse entre uma grande parcela dos americanos. O ressentimento e manipulação perpassa em toda sua fala, apesar de sua habilidade como atriz — das melhores, como já disse —, inclusive na encenada emoção lacrimosa de sua reação à suposta imitação que Trump teria feito de um jornalista com deficiência física num dos braços. A atriz americana faz mal uso de conceitos universais, como a liberdade de escolha política, os direitos individuais, o respeito às diferenças de sexo e raça ou de condição física, fazendo disso tudo um discurso politicamente correto que agride quem pensa diferente e com um tom de imposição inadequado ao debate de temas que exigem tempo e paciência, na busca ao menos de respeito mútuo, já que parece evidente que a concordância unânime jamais será alcançada.

Mas valeu o didatismo de Meryl Streep. Vimos a razão dos democratas terem sido escorraçados como opção de poder, mesmo enfrentando alguém como Trump, com sua tremenda capacidade de criar rejeição. E serviu também para sabermos que ainda tem muito chão pra cavar neste poço da derrocada dos democratas.
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POR José Pires

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Banalidades em primeiro plano

Já deve estar virando “viral” uma notícia que apareceu ontem, sobre a fala do promotor Rogério Zagallo sobre Encarnação Salgado, a desembargadora amazonense acusada de ter relações com a facção criminosa Aliança do Norte. A denúncia contra a desembargadora é séria e surgiu a partir de escutas telefônicas de conversas dela com bandidos. A polêmica criada artificialmente vem de um comentário do promotor na pagina de um amigo. No site da Veja, a revista afirma que ele disse que a desembargadora “tem carinha de zeladora”.

O promotor envolvido nessa mais nova tentativa midiática de criar polêmica realmente parece não ter muito cuidado com o que escreve, em razão do cargo que ocupa, o que pode ser visto em outras coisas escritas por ele. Mas a aparição desse comentário dele nada mais é que o exercício dessa forma cretina de jornalismo que vem tornando insuportável a internet brasileira — a não ser que o leitor seja um desocupado na busca de fofocas, maledicências, curiosidades e outras porcariadas tão habituais hoje em dia. Com isso, a nossa internet vem ficando ilegível. E dá para perceber que aos poucos os assuntos que realmente fazem sentido vão se tornando minoritários até em sites de publicações com uma certa tradição de credibilidade. Esta fenomenal estupidez já exige trabalho redobrado do leitor que não se contenta com inutilidades. Como o besteirol é publicado de cambulhada, encontrar algo que presta exige um brutal esforço.

A matéria da Veja é cheia de exageros, a começar pelo “tem carinha de zeladora”, colocado na chamada de página. Mesmo que fosse sua intenção, não foi isso que o promotor escreveu literalmente, como pode ser visto na imagem. O texto dele, aliás, permitiria uma defesa até muito fácil no caso de alguma ação jurídica. Mas não é só isso que caracteriza a fraude de mais uma daquelas jogadinhas infelizmente corriqueiras de um jornalismo ávido por mais e mais audiência. O comentário do promotor foi colhido na página de alguém que nem é uma celebridade. E no momento em que a Veja trabalhava sua pauta artificial o post tinha apenas 10 curtidas e o comentário menos ainda: apenas 2 curtidas. É o momento em que uma bobagem que morreria entre amigos pode tornar-se uma grande preocupação social. Além de também fazer um bandido virar vítima por uma mera tolice, como é costume político da notória hipocrisia da esquerda. Jornalisticamente é tudo uma farsa, porque é no próprio ato de noticiar que se acaba criando o fato.

Foi o que fizeram na matéria, flagrando o promotor em um comentário à toa na página de um amigo. E como era preciso esquentar o material, lá foi a Veja coletar mais deslizes dele: transcrevem então um antigo comentário pesado contra uma manifestação política. Nisso, cometem um grave erro de informação. A Veja escreve que os protestos de junho de 2013 levaram “milhões de pessoas às ruas das cidades do país”. As manifestações que levaram milhões de pessoas às ruas aconteceram depois desta, de junho de 2013, que era petista e teve mais bagunça do que gente. E o erro chega a ser suspeito, pois não pode ser uma simples confusão. No site da própria Veja o jornalista poderia constatar isso.

Essas manifestações que atrapalharam o promotor foram aquelas dos “20 centavos” da passagem de ônibus, quando os governistas deram um tiro no pé, apontando o caminho das ruas para as forças da oposição. Os protestos de junho eram governistas, no mesmo estilo dessa bagunça recente, quando tentaram criar confusão com as invasões e ocupações de escolas. Em junho ficaram longe, mais muito longe mesmo de “milhões” de manifestantes, um feito alcançado só pelas manifestações contra o governo do PT. E foi nesse movimento de junho de 2013 que apareceram os violentos "black blocs", com a tentativa de intimidação, a baderna e a violência próprias dos governistas.

Mas é o que dá essa forma de fazer jornalismo que empesteia a internet. Na época dos impressos nós tínhamos algo detestável também, que era o “jornalismo de gabinete”. O jornalista nem saía da redação ou fazia pesquisa séria. Montava o texto apenas com alguns telefonemas. A base da notícia era só o gogó de políticos ou de artistas. Hoje em dia temos o “jornalismo de teclado”. Que é ainda mais ridículo. O jornalista caça seus assuntos nas redes sociais e vai criando notícias a partir de twitters de artistas ou políticos, de comentários no Facebook e de qualquer outra banalidade catada na internet. Chamam isso de "viral". E pode ser mesmo definido como um vírus, que de fato vem contaminando a inteligência brasileira.
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POR José Pires

domingo, 8 de janeiro de 2017

Vidas no fogo cruzado

Foram tantas mortes nas últimas semanas e ocorridas de forma tão horrorosa que passou quase desapercebida a morte a tiros de duas pessoas no dia 2 de janeiro em Assunção, no Paraguai. Para mim, este crime tem muito a ver com a condição da maioria dos brasileiros, nós que estamos totalmente de fora da bandidagem. O fato é que acabamos todos no meio do fogo cruzado criado pelo caos na segurança pública, de responsabilidade dos nossos vereadores, prefeitos, governadores, deputados, senadores e do presidente da República. Nesta situação, uma pequena desatenção ou às vezes apenas o fato de estar casualmente no lugar errado pode ser fatal.

O crime de que estou falando tem relação com um atentado impressionante que ocorreu também no Paraguai contra o narcotraficante Jorge Rafaat, em junho de 2016. Ele foi morto em Pedro Juan Caballero, a menos de 500 metros da fronteira com o Brasil. Estava em um carro blindado, que não resistiu ao armamento de guerra usado pelos assassinos, uma metralhadora ponto 50, como o poder de derrubar aviões. Rafaat dominava até então o tráfico na fronteira do Brasil com o Paraguai. O suspeito de mandar matá-lo é o brasileiro Jarvis Chimenes Pavão, que está preso no Paraguai, respondendo por outro crime. As duas pessoas que morreram na entrada do Ano Novo foram Pablo Jacques Silveira, de 41 anos, e sua namorada Millena Soares, de 26 anos. Silveira tinha ligação com o criminoso preso no Paraguai, atuando como empresário. Já Millena nada tinha a ver com o que causou sua morte. Era só uma moça feliz por ter arrumado um namorado que parecia bacana.

A jovem é de Dourados e estudava medicina em uma faculdade da região. Conheceu Silveira dias antes do atentado e estava com ele a passeio no Paraguai, onde passaram o Ano Novo na companhia da irmã dela. No dia 2 eles foram metralhados na caminhonete de Silveira. A irmã de Mirella estava no banco de trás e foi a única que sobreviveu. Os assassinos ocupavam outros dois veículos e eram brasileiros, o que foi possível saber por eles terem falado rapidamente com a irmã de Millena. Eles estavam atrás apenas de Silveira, tanto é que Millena morreu com um único tiro na cabeça e ele recebeu trinta tiros. Pouparam também a irmã, apesar do contato verbal feito com ela.

Mas o que é que nós temos a ver com tudo isso? Bem, primeiro que esse fato não é isolado, como costuma raciocinar aquele ministro que gosta de cortar pé de maconha com facão e tampouco foi um acidente, ainda que tenha sido pavoroso. Essa guerra não é só do Paraguai. Em junho, a morte do chefão do narcotráfico permitia prever as consequências que agora podem ser vistas nos massacres recentes, inclusive na morte do casal de brasileiros em Assunção. Já faz tempo que o mundo do crime aterroriza diretamente o cotidiano de milhões de brasileiros mais pobres. Pois preparem-se para conviver com este drama no dia-a-dia da totalidade do país.

Outro fato que nos liga à esta questão é a situação da jovem Millena. Ela nada tinha a ver com a guerra entre os criminosos. Na verdade, morreu só por estar no lugar errado. E do jeito que vai o Brasil, hoje em dia qualquer um de nós pode também se machucar seriamente, mesmo sem ter envolvimento emocional com bandido. Com a insegurança criada nos 13 anos de governo do PT e agora com a incompetência do governo Temer em lidar com essa herança maldita, o perigo fez morada permanente em qualquer esquina brasileira. Como o pessoal costuma dizer nas redes sociais, por mais que nos cuidemos, somos todos Millena.
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POR José Pires

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Quod erat demonstrandum

A realidade brasileira está sempre trazendo um CQD – Como se Queria Demonstrar – bastante rápido nos assuntos que literalmente explodem hoje em dia. Depois do texto que escrevi abaixo, sobre o domínio do crime organizado no Brasil, ocorreu mais um massacre em um presídio, desta vez em Boa Vista, capital de Roraima. A rebelião foi nesta madrugada, com a morte de 33 presos. A tragédia aconteceu enquanto o presidente Michel Temer desenvolvia uma discussão semântica sobre o termo “acidente”, usado por ele para falar do massacre de domingo passado, em Manaus. Com o novo "acidente” dessa madrugada, já são mais de 100 mortos desde outubro do ano passado. É para deixar para trás qualquer Iraque, mas o ministro da Justiça de Temer, aquele que manda fazer fotografias dele cortando pés de maconha com facão, continua mais interessado em blindar o chefe.

O ministro correu para afirmar que não houve retaliação do PCC pelo que fez no domingo a facção de criminosos Aliança do Norte. Ele disse que agora em Boa Vista as mortes foram de estupradores e rivais internos, o que, na sua opinião, comprova que foi um “acerto interno”. Puxa vida, desta vez foram 33 mortos, somados aos mais de 50 mortos do domingo, mas o ministro está preocupado em zelar pela imagem de seu chefe e afastar a evidente conclusão de que tudo isso vem de um problema sistêmico. Todo mundo sabe não é culpa deste governo, mas ora pombas, é preciso fazer algo mais que atacar pé de maconha com facão. Além de deixar muito claro de onde vem este drama terrível na segurança pública brasileira: o governo do PT. Mas o governo Temer é tão incompetente que nem essa informação vem conseguindo passar para a população.

A causa desse horror que estamos vivendo a total falta de ação do PT também nesta área, nos 13 anos de governos petistas que demoliram o Brasil. É preciso lembrar que os ministros da Justiça petistas, tanto os de Lula e quando os de Dilma, ficavam ocupados com assuntos que nada tinha a ver com as obrigações da pasta. Para lembrar de dois distraídos, Marcio Thomaz Bastos cuidava do mensalão, atuando como advogado de defesa dos petistas e Tarso Genro trabalhava para acoitar assassino condenado em outro país e conjuntamente fazia a crítica teórica do sistema judiciários e prisional da Itália. Tem também este último, José Eduardo Cardozo, que passou todo tempo cuidando de Dilma, acabando no papel patético de advogado de defesa que perdeu a causa da cliente no impeachment da Câmara e do Senado.

Deu no que deu, como estamos vendo. Esta é a fonte do problema, no entanto Temer precisa trabalhar com mais seriedade e menos interesse midiático. É preciso atacar com rigor esta que é uma das heranças mais perigosas de Lula e seus companheiros: o caos na segurança pública brasileira. E se houver sucesso nesse trabalho, podemos até deixar pra lá o fato de que Temer e seu partido estavam ao lado do PT enquanto eles produziam esta desgraceira.
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POR José Pires

O país de acidentes que explodem por todo lado

As autoridades brasileiras não se mancam que não está colando o espanto fingido com o massacre no presídio de Manaus? Parece que não. Nesta quinta-feira, o presidente Michel Temer falou sobre o assunto como se tivesse pisado sem querer em alguma sujeira. Foi a primeira vez que falou sobre o horror amazonense, cinco dias depois de todos os brasileiros saberem da notícia na passagem do ano. Como todos sabem, até o papa se tocou da dimensão do horror e deu de imediato sua opinião, mas o Temer é assim, bastante lerdo, a não ser para tocar reformas que atendem seu verdadeiro público-alvo, que evidentemente não é o brasileiro comum.

Temer classificou como “acidente pavoroso” o massacre em Manaus. Foram 56 mortos, com trinta deles decapitados. Acidente? De jeito algum, a não ser que se abandone qualquer lógica na definição do que é um acidente. Acidente, como já está se vendo, foi o próprio Temer, que teve que ser empossado como presidente da República como determina a Constituição, mas a matança durante a rebelião no presídio é decorrência natural do domínio gradativo do crime sobre a vida dos brasileiros.

Já faz tempo que o crime vem dominando o Brasil, com quadrilhas de traficantes e outros tipos de criminosos tocando o terror em comunidades inteiras, impondo suas próprias leis, com castigos terríveis e até a pena de morte, decidida da forma mais arbitrária. Como alguns desavisados descobrem pagando com a própria vida, nem passar de carro por esses lugares é permitido. Os criminosos mandam na vida de uma parcela considerável de brasileiros, gente que não tem absolutamente nenhuma autoridade com que contar para se defender de bandidos perversos que dão ordens em suas vidas até nas mínimas coisas. Em certos lugares, até para receber uma compra entregue no domicílio existe a obrigação de pedir antes ao bandido que manda na comunidade. TV a cabo, internet, gás, mudança de moradia, as coisas mais simples exigem autorização de um bando armado.

Será que Temer está com internet no Palácio do Planalto? Deve ter. Não é possível que a mesquinha da Dilma não lhe tenha passado a senha. Então, bastaria ele dar uma olhada nas notícias e ficar atento aos links que encaminham aos claros indícios de uma onda criminosa muito bem articulada. Uma das rebeliões com mortes ocorreu em outubro do ano passado, ocasião em que muitos presos foram mortos com crueldade impressionante mesmo para o padrão terrível das cadeias brasileiras. Foram oito mortos na capital de Rondônia. Um infográfico do site G1 lista cinco rebeliões no mesmo mês, com mortos e feridos, inclusive com 10 presos assassinados em uma penitenciária agrícola de Roraima.

No entanto, chamado a dar sua opinião naquele mês, o ministro da Justiça de Temer, este que tem a mania de sair em fotos derrubando pés de maconha com um facão, disse que era uma “situação pontual”. E ainda insistiu que era necessário observar mais e ver se o problema persistia, para a partir daí tomar as medidas necessárias. Será que já houve tempo hábil de observação ou ao menos a quantidade de mortos já é suficiente para que o problema seja atacado com mais seriedade? Só nos cabe esperar, sempre tomando todo o cuidado ao sair de casa e até mesmo dentro dos nossos lares, pois, ao contrário do Temer, sabemos muito bem que o Brasil virou um país em que não é por acaso que os acidentes acontecem.
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POR José Pires