sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Tudo cem por cento

O presidente da República finalmente deu sua posição sobre o terror em que vive o Rio de Janeiro nos últimos dias. Exatamente no dia em que começaram as batalhas entre polícia e bandidos, Lula estava num agradável bate-papo com blogueiros governistas. Nada falou sobre o assunto, pois se ocupou então de fazer piadinhas com a eleição que já passou.

Mas agora deu sua opinião, bem do seu jeitão, sobre o que ocorre no Rio. Vejam sua fala:

"O que precisar, o que tiver dentro da lei e que o governo federal poderá ajudar o Rio, nós faremos. Porque não é humanamente explicável que 99% das pessoas de bem, trabalhadores, que querem viver em paz sejam molestadas por gente que está na marginalidade. Portanto, o Rio pode ficar tranquilo que nós estamos 100% apoiando o governador do Rio e o povo do Rio".

Bacana que ele esteja "100%" apoiando o povo do Rio. É uma porcentagem boa, até porque sua responsabilidade com o assunto é próxima desta faixa. Como é que Lula vem com essa conversa de "apoiador"? Foi durante os oito anos de seu governo que a violência tomou conta do Rio e demais cidades brasileiras. Mas pode ser que ele esteja pensando que isso também é "100%" herança do governo FHC.
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POR José Pires

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Os amigos do peito do Lula

O presidente Lula deu hoje uma entrevista coletiva que está sendo repassada pelos blogs oficiais e oficiosas da bease de apoio governista na internet como uma entrevista à "blogosfera". Nâo é nada disso. O que Lula fez foi um bate-papo com os chamados blogueiros progressistas, sejá lá o qual for o signifiçado de um troço desses. A curriola juntou-se ao chefe para encenar uma entrevista.

Imprensa a favor é algo constrangedor. Blog é ainda mais. Se o leitor tem toda razão em exigir da imprensa um compromisso sério com a independência, esta obrigação é ainda mais importante num blogueiro, afinal os blogs nasceram exatamente para quebrar o consenso articulado em torno do Poder, qualquer que seja o partido que ganhe o governo.

Mas, enfim, ninguém espera bom senso da blogosfera governista, os blogueiros que se auto-intitulam de "progressistas". É evidente que os move uma fé cega no projeto de poder do PT, não importando que para isso tenham de pregar a mentira até em cima de fatos muito bem comprovados.

É muito parecido com o estilo do chefão, Lula, que repisa suas mentiras de forma disciplinada, sempre atento ao refrão histórico da mentira que depois de muito repetida pode tornar-se verdade.

Pois hoje vieram até com aquela questão da agressão contra o candidato da oposição, José Serra. Lula voltou com a piada da bolinha de papel. A história mentirosa que a campanha de Dilma tentou montar durante a eleição já havia sido muito bem desmontada com as imagens feitas de celular por um jornalista da Folha de S. Paulo. Mas, pelo jeito, pretendem manter a estratégia em torno do assunto.

O petista não desce do palanque de forma alguma. Pelo visto já está em campanha para 2014. Ele trouxe de volta a lorota da "bolinha de papel". É bom lembrar que esta versão deturpadora surgiu de uma reportagem veiculada pela Rede SBT, de Silvio Santos, que é o dono também do Banco Panamericano, onde a Caixa Econômica Federal colocou R$ 700 milhões, mesmo já havendo a informação sobre a quebra do banco.

Vejam o que Lula disse aos blogueiros governistas: "Foi uma cena patética, realmente foi uma desfaçatez. Eu perdi três eleições, jamais teria coragem de fazer uma mentira daquela. Fiquei decepcionado [com a TV Globo] porque quiseram inventar uma outra história, inventar um objeto invisível que até agora não mostraram. O povo não merece aquilo. Aquilo era para culpar o PT. Na verdade, a violência foi o desrespeito ao ser humano. Por isso que eu disse que o Serra tem que pedir desculpas ao povo brasileiro".

Bem, a história montada pelo SBT foi desmentida não só pela TV Globo, mas por toda a imprensa. Aquilo foi demais, mesmo numa eleição com tamanha manipulação como foi esta que acabou dando a vitória ao PT. Ademais, independente do que tenha sido jogado em Serra, o fato é que houve uma agressão de militantes do PT, que interceptaram uma caminhada pacífica da campanha tucana, procurando criar conflito e confusão numa rua de comércio, lotada de pedestres e inclusive muitas mulheres e também crianças.

Logo depois que aconteceu a agressão no Rio contra Serra, foram descobertas várias fotos que mostravam que os baderneiros era pessoas bem próximas à Lula. Em algumas ocasiões eles posaram abraçados ao presidente, demonstrando uma suspeita intimidade.

Já que trouxeram o assunto de volta, vamos republicar as fotos. As primeiras duas são os militantes amigos do Lula investindo contra os tucanos. Na terceira eles posam com Lula, um deles com a mão no peito de Lula. Amigão mesmo. Parece que aperta a mama do presidente.

E a quarta foto é dos tais blogueiros "progressistas", posando também com o presidente depois da entrevista. Como dá para ver, eles também são amigos do peito do Lula.





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POR José Pires

Agora vai

O Supremo Tribunal Federal decidiu agora há pouco que a Receita Federal pode quebrar o sigilo bancário de contribuintes investigados sem que haja a necessidade de autorização judicial. Mas isso só pode ser feito desde que não se divulgue as informações obtidas.

Então fica combinado. Não vão divulgar as informações, não, pessoal!
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POR José Pires

Jota e o politicamente correto

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Mais da mesma

Tenho me divertido bastante com os prognósticos sobre as mudanças que podem vir por aí no governo de Dilma Rousseff. Tem jornalista que está vendo até mudanças na notória casca-grossa da petista. Dizem que está um veludo.

É engraçado, porque esta boa vontade nunca é usada com a oposição. O candidato derrotado da oposição, por exemplo. No Serra ninguém vê mudanças e olha que ele se esforçou. Até virou Zé.

Alguns colunistas da nossa imprensa, vários deles, têm problemas sérios de amnésia recente. Antiga também, é verdade. Esquecem fácil o que ocorreu há poucos meses e até de coisas de poucos dias atrás.

A Dilma que vai assumir é a mesma Dilma imposta por Lula com o uso da máquina pública de forma até ilegal. O trator só não foi barrado porque nossa Justiça, bem, nossa Justiça não barra nem bicicleta na contramão.

Não é um governo novo, gente. É a continuidade do que já temos, com o agravante de que eles podem estar animados o suficiente para colocar em prática muito do que foram forçados a manter fechado nas gavetas.

Outro agravante é que a nova presidente é grossa mesmo, o que dava para ver mesmo com a capa grossa de "ternura" aplica pelo marketing político nesta eleição. Não sou eu que estou falando, são muitos os relatos de grosserias na relação entre ela e subordinados e até com colegas do mesmo nível de poder.

Alguém duvida que, em boa parte, a crise com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, foi motivada pela personalidade da futura presidente? Isso que está acontecendo em público entre ela e Meirelles tem origem em bastidores, é claro. Dá vontade de rir quando vejo algum jornalista perguntando ao presidente do Banco Central quando ele vai se reunir com Dilma. Eles já conversaram colegas, pois senão o Meirelles não estaria assim. Mas se preparem, pois isso é só um ensaio do que vem por aí.

Dilma continua a mesma e nada indica que o fato de ela ter alcançado o poder vá trazer mudanças significativas no tocante ao respeito humano e o equilíbrio na relação com o outro. O poder não faz isso, muito pelo contrário.

Neste caso, até espero que não ocorra uma transformação desse porte e não tenhamos na presidência da República uma Dilma com muita ternura para dar. Se isso acontecesse, a revolução seria de tal ordem que obrigaria a uma mudança total em nossa visão da História. Mas, felizmente, por mais que certos colunistas tentem distorcer o que está à nossa frente, Dilma não vai fazer isso com a gente.
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POR José Pires

Gestual da Educação

Vejam esta nota publicada ontem na coluna do Ancelmo Gois, em O Globo:

"Calma, excelência!

O ministro da Educação, Fernando Haddad, estava na área vip do show de Paul McCartney, ontem, no Morumbi, quando uns jovens começaram a gritar:
- Cadê o Enem?!?!
Haddad, acredite, fez aquele gesto obsceno com o dedo médio. Depois, tentou consertar fazendo o sinal de paz e amor."


É claro que o ministro Fernando Haddad não precisava dessa para não ser levado a sério, mas preciso registrar a piada pronta: o ministro da Educação não tem educação.

E o país não é sério, tenha De Gaulle dito isso ou não. Até em países até nem tão sérios assim, um gesto como este registrado pela imprensa seria motivo de demissão ou pelo menos de uma reprimenda severa do presidente da República.

Ah, mas um presidente responsável o suficiente para fazer isso não teria ministros desse tipo, não é verdade? E Haddad (o ministro do Enem tô nem aí) já tinha de ter sido demitido há nuito tempo; ou melhor, nem devia ter sido nomeado.
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POR José Pires

domingo, 21 de novembro de 2010

Porquinho na esteira

Os petistas fingiram achar engraçado a nova chefe (ou chefa?) chamá-los de Três Porquinhos na reunião do Diretório Nacional, mas a verdade é que o apelido pesa. Hoje o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, anunciou em seu Twitter que começou a fazer exercícios para fugir do apelido. Dutra é um dos Três Porquinhos, junto com o ex-ministro Antonio Palocci e José Eduardo Cardoso.

Bem, um exercício físico sempre vem bem, mas há uma confusão do presidente do PT quanto à origem do apelido de porquinho. Deve ser esse tipo de coisa que traz tanta preocupação ao Marco Aurélio To-Top-Top Garcia com a falta de idéias na esquerda brasileira.

Top-Top-Top Garcia disse na última quarta-feira que a esquerda "tem mais votos que idéias", o que me faz ao menos uma única vez concordar com ele. Ora, se o presidente do maior partido da esquerda brasileira não consegue atinar sequer para o motivo de um apelido tão simples, fica mesmo difícil que esse partido produza alguma idéia para compensar os votos que arranca do eleitorado com a máquina do governo federal.

Será que Dutra pensa mesmo que ele e os outros dois coordenadores de campanha de Dilma Rousseff foram comparados à famosa trinca de porquinhos só por suas adiposidades? Decerto estará imaginando também que o apelido que era falado apenas às suas costas até que Dilma tornou isso público viria também das três encantadoras figuras criadas pelos Estúdios Disney. Top-Top-Top Garcia tem mesmo razão. É bem evidente que esse pessoal precisa de esteira de ginástica, mas, muito mais que isso, eles precisam mesmo é de livros.

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POR José Pires

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Os três porquinhos e o Brasil


Não deixa de ser engraçado a presidente eleita, Dilma Rousseff, chamando seus coordenadores de campanha mais destacados de “três porquinhos”, mas não convém rir muito disso porque existe um estilo no que se viu na reunião do Diretório Nacional do PT em que ela fez a piada humilhante com três figuras políticas petistas bem vividas. E este estilo vai se instalar na presidência da República e pode influenciar bastante as relações em todo o país.

José Eduardo Dutra e José Eduardo Cardoso estavam presentes, mas o terceiro porquinho, Antonio Palocci (o daquela porcaria da quebra do sigilo bancário), cuidava de outros afazeres. Triste fim do tão prestigiado Palocci — um petista por quem até certos tucanos guardam muito respeito —, acabar subordinado a uma chefe (ou chefa?) que faz piadinhas depreciativas em público.

Mas Dilma fez a piada de forma simpática, dirão alguns para consertar a gafe da gerente (ou gerenta?). Ah, bom...

Na reunião com os três porquinhos em primeiro plano já dá para ver uma Dilma deixando para trás a ternura implantada de forma artificial pelo marketing político. E é apenas o primeiro discurso público da eleita. O vídeo está na internet para ser conferido. O tom de voz na piada com os dois líderes petistas e o ex-ministro da Fazenda já é uma boa pista. Mas tem mais. Ela esquece termos coletivos. Sua fala: “Acredito que os três porquinhos foram muito bem sucedidos na coordenação da MINHA campanha”.

Lembro que há poucos dias era "NOSSA campanha". Dilma pode até consertar isso nas próximas falas, mas é este ato falho que expressa o que vem por aí.

Dilma tem uma personalidade opressora, o que é confirmado por vários depoimentos. Em situação de superioridade, ela não respeita habilidades técnicas ou profissionais e muito menos os sentimentos alheios. Pisa mesmo. As coisas têm que ser do jeito que ela quer. É o pior tipo de chefe que existe e não só pelo inferno cotidiano que acaba sendo criado: esta forma de administrar é contraproducente.

Digo com sinceridade e sem nenhuma intenção de fazer piada: não é à toa que Dilma pegou em armas para implantar por meio da força bruta suas idéias. É o jeito dela e isso não ficou para trás. Nada indica que ela tenha buscado trabalhar este claro desvio de personalidade. Eu disse desvio? É óbvio que ainda hoje em dia ela acredite naquilo como um rumo certo, apenas com as ressalvas contextuais entre aquela época e o que ocorre agora.

Mas voltemos aos três porquinhos. Seria mais engraçado se não estivéssemos todos presentes também nesta piada. Dessa forma, não há como deixar de trair uma boa dose de nervosismo no riso, o que é perceptível na reunião do PT. Olhando o vídeo, tenho a impressão de que um que não achou muita graça foi o governador da Bahia, Jaques Wagner.

Não é um mundo dos melhores ter um estilo brutal como o de Dilma implantado no posto mais alto da República. Será que ainda vamos ter saudades da descontraída irresponsabilidade de Lula? Com ele, tivemos um presidente que destruiu como nenhum outro dirigente público parâmetros de seriedade na administração pública. Com a força da propaganda governista cotidiana e a ausência do Judiciário, além da conivência da imprensa, Lula liberou qualquer prefeitinho a tocar sua prefeitura sem nenhum respeito à ética ou qualidade administrativa.

E com Dilma poderemos ter um presidente que parece ver no assédio uma ferramenta eficiente para alcançar a produtividade. No Brasil, o presidente da República infelizmente tem influência demais. Já imaginaram esta grossura se espalhando?

Parece que a propaganda eleitoral de que o Brasil está em ótima situação não foi finalizada com a eleição, mas todos sabem que a coisa não está tão boa assim. Até a imprensa sabe disso, mas embarca na onda governista mais com um olho no caixa das empresas do que no interesse jornalístico e ético das redações.

Mas como a realidade não segue as pautas dos jornais e muito menos às da propaganda política, teremos tempos duros pela frente. Vai ser duro enfrentar isso com alguém na presidência da República que acha que produtividade se alcança no grito. Tomara que não aconteça com o país o que tivemos com Lula, que contagiou a vida dos brasileiros de forma marcante com seu otimismo propagandístico calcado na irresponsabilidade e na ausência ao trabalho.
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POR José Pires

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

PIB chinês e outros PIBs

Que o crescimento do Produto Interno Bruto, o PIB, não serve como referência de qualidade já é coisa mais que comprovada. Gastos com um furacão, por exemplo, podem dar um bom reforço no PIB de um país. Bem, pena para os petistas que o Brasil não tem furacão, não é mesmo?

Esta é uma daquelas verdades que não pegam no Brasil, tanto que o crescimento artificial do PIB brasileiro serviu como uma das vitaminas inventadas pelo marketing para bombar a candidatura de Dilma Rousseff. Até a qualificação do crescimento do nosso PIB, na associação com um tal "PIB chinês", serviria como pista do embuste, mas mesmo assim todos engoliram a lorota.

O PIB chinês é uma boa comprovação do que é este valor referencial. A economia chinesa cresce em grande parte às custas da opressão sobre a força de trabalho chinesa, uma economia que não permite os mínimos direitos trabalhistas e onde os trabalhadores recebem salários baixíssimos. Em muitos casos a situação é praticamente de trabalho escravo, com o agravante de que tal situação é mantida pelo Estado. Outro fator importante para manter o PIB nas alturas é o uso abusivo dos recursos naturais da China e um descaso absoluto com qualquer regra de respeito ao meio ambiente. Hoje, o país já sofre com o esgotamento de recursos naturais e a desertificação de grande parte de seu território. A poluição dos ares e da água também é altíssima, além do esgotamento dos recursos hídricos. Milhões de chineses já têm sérias dificuldades para obter água potável.

A destruição ambiental é uma das desgraças do comunismo, com certeza a pior delas, mesmo que todos os outros desatinos gerados por esta idéia política e econômica já sejam suficientes para manter a humanidade horrorizada por séculos.

Mas o PIB chinês é alto, tanto que a presidente eleita passou todo o período eleitoral falando do nosso nesses termos. Isso já uma dica do que ela pode fazer no governo, pois a China já mostrou como se faz um PIB chinês. É sobre terra arrazada. Literalmente.

Mas um PIB desses tem sustentação? Claro que não. O que a China vem fazendo com a natureza e com sua população tem uma conta a ser saldada no curto prazo. Mas o que importa nesse negócio de PIB são os números frios. É uma conta sem projeção futura e sem nenhum interesse na discussão da subtração que virá como consequência.

Um outro bom exemplo dessa lorota que é o PIB pode ser pescada hoje mesmo nas notícias da internet. É sobre o alto crescimento do PIB do Piauí, detectado em números do IBGE. Os dados são da Contas Regionais do Brasil 2004-2008, divulgadas nesta quarta-feira pelo IBGE. O Piauí teve o maior crescimento real em 2008, com 8,8% de alta no PIB, superando a média nacional, de 5,2%. Coitado do estado de São Paulo, não é mesmo? Pobre Minas Gerais.

Pois é, o Piauí teve um PIB chinês em 2008. Mas é o PIB do Piauí. Com dizia o grande cartunista Fortuna, não é nada, não é nada... não é nada.
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POR José Pires

domingo, 14 de novembro de 2010

Dando o ar de sua azaração

Já deu pra ver que o seca-pimenteira fez mais uma vítima, não? Pois é, no dia 23 de setembro, na função dupla de presidente da República e cabo-eleitoral de Dilma Rousseff, Lula visitou a Seleção Feminina de Vôlei em Maringá, no Paraná. Desta vez não foi o time que procurou Lula. O próprio petista levou sua uruca para azarar as pobres moças, que acabaram perdendo logo depois o título mundial para a Rússia.

Mas houve uma séria imprevidência durante a visita do pé-frio. As atletas o presentearam com uma camisa da seleção autografada por ela. Tinha que dar no que deu: é mais um time na interminável lista de desgraças desportivas que têm como centro a relação muito próxima com as energias de Lula.

A fama de pé-frio do Lula é muito conhecida no meio esportivo. Observem bem a foto. Parece haver um ar de preocupação entre as atletas que posam com o Supremo Apedeuta, ele como sempre aparentando estar duas doses acima da humanidade em animação. A tensão das atletas é vísivel. E dá para entender o temor de quem teria a responsabilidade de disputar um torneio mundial pouco mais de um mês depois desta azaração.

No encontro em Maringá, o bravateiro ainda veio com uma lorota ufanista em cima do nosso voleibol. Vejam o que ele disse: "Antes, quando jogávamos contra Estados Unidos, Rússia e Cuba, já entrávamos em quadra achando que éramos inferiores. Agora, são os adversários que têm medo de jogar contra as meninas e meninos do Brasil. O voleibol é um orgulho para o Brasil".

Nesta lógica torta do seca-pimenteira do Planalto até o voleibol seria outro depois dele virar presidente do Brasil. Ele está sempre assim, sem medo de dizer besteiras. Mas faltou seguir a máxima do Grarrincha e combinar com as russas.
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POR José Pires

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O bravateiro Lula nas memórias de Bush

Em seu livro de memórias, lançado ontem, o ex-presidente George W. Bush desmascara de forma indireta uma grande bravata do presidente Lula.

Que Lula é bravateiro, todo brasileiro sabe. Ele já confessou que seu passado na oposição foi cheio de bravatas, hábito que não abandonou depois que alcançou o poder. No seu primeiro mandato, quando Bush ainda era presidente dos Estados Unidos, o petista disse numa roda de churrasco com deputados do PTB que um dia "acordou invocado" e ligou para o Bush. Era para cultivar a imagem de que tinha essa intimidade com o presidente americano.

Pois ele mentiu. Na sua autobiografia, "Decision Points", Bush não cita Lula nenhuma vez. Ele fala do Brasil apenas duas vezes e mesmo assim de forma secundária. De Lula, nada. É bem pouca intimidade com um camarada que não pensava duas vezes antes de ligar para a Casa Branca depois de acordar invocado.

Até o ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, merece umas palavras no livro que conta a experiência de Bush nos dois mandatos. Mas ele não lembra nem um pouco do petista. E, pelo jeito, deve ter esquecido também aquele convite do Lula para que Bush viesse pescar na Amazônia depois de deixar a Casa Branca.

Mas, de qualquer forma, fica registrada de forma indireta mais esta bravata de Lula. Pode até ter acontecido de um dia ele ter ligado para o Bush depois de acordar invocado, mas pelas memória sdo ex-presidente dá pra entender que Bush mandava dizer que não estava.
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POR José Pires

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Humor a favor do pior

O adesismo no Brasil contamina praticamente tudo. Perdeu-se o sentido crítico até em atividades que teriam, ao menos na teoria, que ser independentes. Hoje em dia anda tudo misturado.

Até o humor não toca mais de fato nos assuntos de forma crítica, de forma que os políticos devem até estar gostando das charges que fazem com eles. Dos programas de humor da TV eles devem gostar ainda mais.

Não costumo ver televisão, mas hoje, com a internet, felizmente é possível ficar informado sem perder tempo na frente da TV à espera dos programas. É lamentável o que andam fazendo em programas de humor, como o Pânico e o CQC. O humor na televisão brasileira acabou descendo para níveis ainda mais baixos que os chamados programas de baixaria.

Primeiro, criam uma confusão entre informação e entretenimento do mais baixo nível. Constrangimento e moças boazudas são os ingredientes mais usados. E as pessoas pensam que é jornalismo o que eles fazem, perseguindo artistas e políticos e buscando extrair humor do constrangimento causado de forma grotesca por seus integrantes munidos de microfones e agindo como se fossem repórteres.

Este é um problema grave. Nesta confusão a imprensa acaba sendo depreciada. Nas revistas e nos sites a internet existe uma questão aparecida, com a invasão da fofocas com celebridades editadas como se fossem noticiário sério. Na internet é ainda pior que nas publicações impressas, porque pelo menos nesta área a fofocagem é feita em revistas especializadas neste tipo de besteira.

Já nos sites acaba havendo uma mistura, de forma que fica difícil saber onde termina o jornalismo e começa a construção de textos sensacionalistas e muitas vezes até inventados. Isso é jornalismo? As pessoas que fazem essas coisas podem até ter o diploma, este canudo que o corporativismo sindical luta para tornar obrigatório, mas esta é uma atividade bem longe do jornalismo, ainda que não fiquem claras as diferenças.

Os programas de humor avançam ainda mais na quebra desses limites e não é sem querer. A confusão deliberada reforça o efeito desejado. Afinal a ambiguidade é uma ferramenta muitas vezes essencial no humor. Mas o que querem de fato esses programas de humor? Bem, não querem outra coisa além de fama e dinheiro.

E o resultado do que eles vêm fazendo, ao contrário de reforçar a crítica aos políticos e à cultura da celebridade que sufoca a arte no Brasil, acaba na verdade é banalizando estes assuntos. Reforçam a cultura da celebridade e dão um tom jocoso ao pior da política brasileira.

Com este método acabam até puxando para baixo gente com uma história um pouco melhor que a maioria. Logo no início da eleição para presidente da República vi o candidato Jose Serra sendo entrevista por uma moça do Pânico, uma descendente de japonesa que faz o papel de boazuda tola. O Serra chegou a dançar uma dessas bobagens que eles inventam para se fazerem de engraçados.

E se o Serra se negasse? Bem, poderia ter se envolvido numa polêmica terrível e acusado de ter má-vontade, ser mal-humorado, ou até de coisas piores. É um clima de chantagem que beneficia esse tipo de porcaria. Mas como a gozação é feita sem nenhum objetivo crítico fica tudo igual.

E esta ilusão de que tudo é igual acaba favorecendo os patifes. Andei vendo alguns programas do CQC com Paulo Maluf. Nem se fossem dirigidos por algum marqueteiro do próprio Maluf ele teria tamanho benefício. O ex-prefeito de São Paulo é uma figura tarimbada nisso. Com certeza ouviu muitas vezes do Duda Mendonça o conselho de procurar aproveitar a rejeição à políticos do seu tipo, manipulando o sentido real da sua imagem.

O Maluf cara-de-pau, que abraça até quem acabou de fazer uma crítica pesada, é um personagem que não permite ganhar a disputa para um governo estadual. Mas dá de sobra para uma eleição de deputado. E é óbvio que ele navega nesta onda. Está vivendo disso.

Programas como o CQC são ótimos para este fim. É um caso interessante de simbiose onde existe um benefício quase natural entre o humorista e o criticado. Maluf é um parasita dos cofres públicos. Suga mesmo. Mas com programas como o CQC é outra a biologia. A nutrição é mútua.

Um encontro ocorrido entre Maluf e Ernesto Varela, nesse último sábado, revela bem a harmonia dessa convivência. Os dois se abraçaram. É uma compreensão de igual para igual do sentido prático da encenação. Será que assinaram contrato?

E se alguém acha que estou exagerando quando digo que estamos numa época de adesismo, tente imaginar o Maluf abraçado a um membro do semanário O Pasquim na década de 70 (o Ziraldo não vale). Impossível, não?

Não tem chargista que vai para Brasília receber comenda de Ordem ao Mérito dada pelo Sarney? Ah, tem até cartunista que aceita a bolsa-ditadura do Lula. Pois do mesmo modo oportunista, o CQC pode muito bem fingir que critica o Maluf apenas para aproveitar a audiência que ele pode atrair. Não importa que o humor falsamente crítico na verdade humanize esta figura nefasta da política. O que interessa é faturar.

Varela e Maluf se encontraram em um camarote do GP Brasil e Maluf abraçou Varela dizendo: “Eu adoro o CQC”. O apresentador devolveu o cumprimento: “E eu adoro o senhor”.

É claro que, espertamente, Varela tenta escapar pela ambigüidade que o papel de humorista dá à sua fala, mas seja qual for o sentido real do que disse, o resultado é sempre o de criar uma simpatia em relação a Maluf.

Pode parecer que existe um tom irônico no “adoro” de Varela, assim como no “adoro” de Maluf, como se eles sentissem o contrário do que falam. E é muito bom para os dois que as pessoas pensem assim. Mas aí seria viajar na linguagem. Não acredito que haja outro sentido nesta amabilidade mútua e pública. É no literal: Varela e Maluf se adoram mesmo. E eles têm bons motivos para isso.
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POR José Pires

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

As bombas do ministro Haddad

A situação do ministro da Educação, Fernando Haddad, chega a ser cômica: a cada prova do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, seu ministério leva bomba com algum problema que ganha as manchetes. O Enem era para ser uma aferição da qualidade do ensino e passou a ser uma confirmação da má-qualidade do Ministério da Educação do governo Lula.

Agora foram os cabeçalhos trocados, mas já teve vazamento de dados pessoais de participantes e até o furto da prova de uma gráfica de São Paulo e a tentativa de venda, denunciada no final do ano passado pelo jornal O Estado de S. Paulo. O Enem era para ser um sinônimo de qualidade, coisa de bom aluno e de estudante aplicado. Mas virou sinônimo de desordem e corrupção. O MEC é o ignorante bagunceiro do fundo da sala de aula, isso quando não é coisa pior.

Um projeto estratégico para a educação brasileira acabou sendo desmoralizado. Entre os estudantes a maior expectativa quanto ao Enem é qual vai ser a estupidez que irá acontecer com o próximo exame.

Os problemas do ministro Fernando Haddad não são poucos na sua bagunçada pasta. É uma bomba atrás da outra. Com ele encalacrado nas confusões do Enem, a imprensa passa a vasculhar tudo à sua volta. Pode dar até problema no currículo. E já deu.

Fala-se bastante da falta de experiência da presidente eleita Dilma Rousseff, o que é um fato. Mas Haddad também não mostrou muito serviço antes de virar ministro por um dedaço de Tarso Genro.

Ninguém tem lembrado do fato, mas foi o ex-ministro Tarso Genro que indicou Haddad, quando abandonou o ministério da Educação para assumir o da Justiça. Será que vai ter uma vaga para Haddad lá no Rio Grande do Sul, onde Genro ganhou a eleição para o governo? vai ser difícil para o ministro da Educação passar de ano e ir para o governo Dilma.

Mas, voltando ao currículo de Haddad, basta dar uma sapeada em seu Currículo Lattes para sentir a coisa. Desde 2003 ele não atualiza a joça. Por sinal, no Lattes tem até uma informação que me deixou bastante curioso. É sobre o domínio de línguas. O espanhol, o ministro da Educação diz que "compreende bem, fala bem, lê razoavelmente e escreve pouco". É estranho que alguém compreenda bem e fale bem uma língua estrangeira sem ter a capacidade de escrever com a mesma competência.

E o ministro Haddad nem pode dizer que é como um Lula em espanhol, porque para isso Lula teria que falar bem o português que não consegue ler e nem passar para o papel de forma alguma.

Hoje o blogueiro da Veja, Reinald Azevedo, andou destacando trechos de textos publicados por Haddad antes de ser nomeado ministro.

Um trecho de "Trabalho e Linguagem - Para a Renovação do Socialismo", escrito por Haddad, mostra com clareza o nível do ministro: “O sistema soviético nada tinha de reacionário. Trata-se de uma manifestação absolutamente moderna frente à expansão do império do capital“. É um atestado de fé no sistema soviético. O livro é de 2004, mas num trabalho anterior, quando ele tornou-se mestre em economia em 1990, Haddad pôde demonstrar sua confiança no modelo comunista da antiga União Soviética. A monografia se chama “O caráter sócio-econômico do sistema soviético”.

O problema, como é bem colocado por Reinaldo Azevedo, é que menos de dois anos depois ocorreu o fim da União Soviética.

É bem estranho uma crença dessas no futuro da União Soviética, escrita por alguém em 1990. Este foi o ano da queda do Muro de Berlim, mas os avisos da dissolução do modelo soviético vinham bem antes que começassem a quebrar os tijolos do muro. As idéias da glasnost e da perestroika foram apresentadas oficialmente por Mikhail Gorbachev em 1986. Mas antes disso, num espaço de décadas, já havia muita literatura mostrando que o modelo se sustentava na miséria da população das repúblicas submetidas à força pelo governo comunista. O modelo dependia até mesmo do trabalho escravo. Ainda na década de 50 (em 1958 em livro publicado no Brasil) Milovan Djilas já criava o conceito de "Nova Classe" e mostrava que o que se criava era uma mera burocracia ineficaz e corrupta.

Será que enquanto escrevia sua monografia Haddad estava entre os que torciam pelo golpe deflagrado pela linha dura do Partido Comunista Soviético? Terá ele acreditado até o fim (talvez até hoje) que essas forças não permitiriam jamais a mudança de modelo, com o fim do comunismo?

É também provável que estando absorvido demais na monografia, possa ter escapado ao ministro Haddad informações que eram repassadas naquela época inclusive pelos jornais diários. Cinco anos antes dele entregar sua monografia (Puxa vida, quem será que aprovou a peça acadêmica?) já havia muita literatura revelando o colapso do modelo soviético.

O ministro tem também outra obra sobre o tema do comunismo. É um livro com manifesto político — "Em Defesa do Socialismo" — publicado pela editora Vozes na coleção "Zero à Esquerda", a prova de que um trocadilho pretensamente muito esperto pode sair pela culatra.

E depois o pessoal ainda estranha quando o MEC distribui nas escolas livros que exaltam de forma mentirosa o socialismo real e tratam como estadistas progressistas assassinos como Stálin e Mao Tse-Tung.

Haddad acabou ficando na mesma posição de velhos líderes comunistas do antigo pecezão que até hoje não admitem que aquilo tudo, inclusive a queda do Muro de Berlim, aconteceu de verdade. Prestes morreu com a certeza de que tudo era um jogo da direita. E até hoje o mais que centenário Oscar Niemeyer não admite que Stalin tenha sido um ditador criminoso. Ora, Antonio Cândido até escreveu que “Fidel Castro é um líder extremamente humano”.

Escrevi sobre isso aqui, aqui e aqui.

E que ninguém submeta Haddad a uma prova sobre o tema, na forma de um Enem sobre o sistema soviético e outras formas de comunismo. Com certeza o ministro vai tomar bomba.
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POR José Pires

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O segundo em primeiro

Hoje o Estadão Online traz um exemplo da paparicação que se faz com Chico Buarque no Brasil. Colocam em destaque na página Chico Buarque como vencedor do Prêmio Jabuti. Veja ao lado. Ora, acontece que o cantor ficou em segundo lugar. O próprio texto embaixo da chamada torna ridículo o tratamento que o site deu à premiação. O primeiro lugar foi Edney Silvestre. Então por que o destaque para Chico Buarque? É a paparicação de que falei.

Ao Chico se perdoa tudo e o que vem do Chico é sempre tratado como se fosse coisa de gênio. E como o cantor trabalha muito bem seu perfil dissimulado, sabe se aproveitar de forma estupenda dessa falta de senso crítico da imprensa. Virou um mito vivo, mesmo não tendo requisitos para tanto nem na sua especialidade, a MPB.

Chico Buarque é gênio da MPB? Não mais que João Bosco ou Aldir Blanc e de tantos outros da sua geração. Aliás, musicalmente Chico é melhor quando está com parceiros como Francis Hime do que quando faz as coisas sózinho. Isso é um fato, não opinião minha.

Mas a paparicação em torno do Chico acabou criando o mito. Chico é um militante pela liberdade. Menos, menos. Sua participação em eventos políticos é sempre mais tocada pela aparição rápida e sustentada apenas por este mito do que por atitudes práticas de sua parte. E nos últimos anos a única coisa que ele tem feito é apoiar o Lula. Foi até locutor de uma peça publicitária vergonhosa do marqueteiro Duda Mendonça, aquela da última eleição de Lula em que grávidas caminham num campo. Depois descobriu-se que várias das grávidas do Duda Mendonça usavam barrigas falsas.

No tocante à liberdade política, tem também a relação histórica de Chico com um regime político contrário à democracia. Ele é o mais importante avalista no Brasil da ditadura de Fidel Castro. E hoje em dia não sai em ajuda nem a seus colegas cubanos, como o cantor cubano Pablo Milanés, que reclamam em Cuba uma abertura política.

O que o Estadão Online faz hoje não é coisa séria, pois dá destaque ao segundo lugar, levado por esta paparicação que criou um mito que não se sustenta em pé de forma alguma.
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POR José Pires

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Agora vai

Quem é vivo sempre aparece. Os muito vivos mais ainda. O deputado Paulo Perreira da Silva, o Paulinho da Força, que também é presidente do PDT-SP, apareceu para cobrar a fatura do apoio à Dilma Rousseff. E veio com uma curiosa conta para organizar o toma-lá-dá-cá.

Primeiro, Paulinho disse que seu partido quer mais um ministério, além do ministério do Trabalho, que no governo Lula é do PDT. Qual ministério? Qualquer um. É sério: foi isso que ele respondeu.

"Nós vamos brigar pelo Ministério do Trabalho e por mais um, não sei qual ainda”, disse Paulinho. Isso de certa forma cala os críticos que diziam que Dilma faria um governo sem rumo. Será um governo de objetivos é muito claros, conforme pode-se ver na fala do pedetista.

Mas o melhor mesmo foi a fórmula que Paulinho da Força encontrou para justficar o direito de seu partido ter mais um ministério. Segundo ele, como o PMDB tem 78 deputados e 14 senadores, isso significa que 13 deputados valem um ministério, o mesmo que dois senadores e meio.

Já o PDT tem 28 deputados e quatro senadores, daí os dois ministérios reivindicados pelo partido. Isso tudo pelo raciocínio do deputado Paulinho.

A coisa está se organizando. Pode ter corrupção, clientelismo, tudo isso a que o brasileiro já está até se acostumando a ver na política. Mas parece que, graças ao Paulinho da Força, encontraram finalmente um cálculo para a moeda deste toma-lá-dá-cá.
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POR José Pires



Amém, companheiros

As burecas existem

Ainda não dá para ter certeza se a Bulgária existe. Pode ser mais uma mentira da Dilma. Mas já estamos ficando craques nos usos e costumes búlgaros. Com todo o respeito, será que a dona Dilma já comeu bureca? Recomendo. É uma delícia.

Não confundam com brusqueta, que é italiana e é coisa bem diferente. Também é uma gostosura, mas não é como a bureca ou boureka. Quem veio lembrar dessa gostosura foi a fotógrafa Elvira Alegre, por meio de um e-mail onde ela relembra os tempos em que labutava na imprensa alternativa, como no combativo e ousado jornal Ex, que teve um papel muito importante na denúncia da morte de Vladimir Herzog, e no semanário Aqui São Paulo, fundado por Samuel Wainer nos anos 70 e citado no texto da Elvira. O Haf, de quem ela fala, é o falecido jornalista Hamilton Almeida Filho, um dos editores do Aqui São Paulo.

Falando nisso, Wainer nasceu lá por aquela região, na Bessarábia, e isso foi até motivo de uma agressiva campanha contra ele feita pelo Carlos Lacerda. Como estrangeiros não podiam ser donos de jornal, Lacerda usava esta justificativa para que o jornal Última Hora saísse das mãos de Wainer e o presidente Getúlio Vargas fosse atingido com isso.

Aos poucos vamos chegando ao destino que Campos de Carvalho buscou em vão no ótimo "O Púcaro Búlgaro", de que já falei aqui. Talvez a Bulgária exista mesmo. Ao menos as burecas búlgaras tem a existência garantida, inclusive no Brasil. Leiam no e-mail da Elvira Alegre:

"Lendo no seu blog as baboseiras que Dona Dilma fala, dá vontade de chorar... que mulher desinformada... coitada não teve o prazer que tive de comer nos idos dos anos setenta deliciosas burecas e buriquitas preparadas por uma senhora búlgara no bairro Bom Retiro, em São Paulo. Grávida da minha filha mais velha, Joana, ia levada pelo Haf e Samuel Wainer matar aquela "vontade de comer nãoseioque" típica da gravidez. Fiquei tão fã do acepipe que virei frequentadora assídua do lugar, uma portinha onde subíamos uma escadinha até a delicatessen que era na própria casa da senhora de quem não me lembro o nome, que pena. Tal fissura levava os companheiros do jornal Aqui São Paulo, com redação ali perto na rua Três Rios, a perguntarem quando me viam "e aí quando nasce a buriquita?"

Obs. são deliciosos pastéizinhos de massa leve assados, recheados com verdura ou carne e uvas passas. Burecas maiores e buriquitas menores.

Beijos e até, Elvira"

Viram? Já estamos quase lá. Se a Rosa não nos atrapalhar, como aconteceu no livro do Campos de Carvalho, ainda vamos provar a existência da Bulgária.
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POR José Pires

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Afinal a Bulgária existe mesmo?

Que bacana, com Dilma Rousseff na presidência da República o Brasil pode estreitar os laços com a Bulgária. Nem me perguntem para quê, pois eu não sei.Em assuntos búlgaros eu penso como o genial escritor Campos de Carvalho: tenho dúvida até se a Bulgária existe ou é outra mentira da Dilma.

Já explico a entrada do Campos de Carvalho aqui, mas voltando à importância da Bulgária para nós brasileiros, não se preocupem que logo os jornais, revistas e sites estarão repletos de justificativas para isso. E os próprios blogueiros petistas que entram de cabeça e de forma fanática em qualquer coisa que o governo Lula inventa logo estarão escrevendo com grande convicção sobre a importância da Bulgária para os brasileiros.

Não faltarão receitas búlgaras,os costumes búlgaros e talvez até encontrem algum parente búlgaro dos Rousseff perdido em alguma ilha deserta. O Brasil já é naturalmente enfadonho, chato mesmo, e tem uma imprensa que não ajuda muito a amenizar isso.

Pelo jeito até mesmo a presidente eleita não tem muita fé na existência da Bulgária. Ontem no Jornal Nacional ela soltou uma pérola, depois de passarem uma reportagem sobre familiares dela na Bulgária. Lá vai:

"Olha, Bonner, eu tenho a impressão que vai ser uma comoção. Uma emoção para mim e acho também uma emoção para eles, porque é um país pequeno. Você imagina nesse país pequeno, em que a visão do Brasil, o Brasil visto de lá é 190 milhões de pessoas, é um país que está se desenvolvendo, criando emprego, um país que é visto no mundo como uma das grandes oportunidades. Então, eu acho que vai ser muito interessante, até porque eu acredito que eu sou a única búlgara entre aspas para eles que teve algum sucesso fora da Bulgária. Eu não sei falar uma palavra, nada. Então vai ser muito difícil".

Seria impressionante se já não tivéssemos tido contato até demasiado com a dona Dilma. Vindo dela, nada surpreende. Mas mesmo assim é fogo imaginar que teremos quatros anos à frente disso aí. Teremos na presidência da República a búlgara de maior sucesso fora da Bulgária, é isso? Ah, santinha...

Dilma ainda pode vir a ser a redenção intelectual do Lula. E não duvido que ele tenha tramado sua eleição exatamente por isso. Mas a bobajada só mostra que sua candidata também não tem interesse por livros. Esteira parece que ela também não gosta muito.

A Bulgária tem Elias Canetti. Mesmo que Dilma nunca tenha lido Canetti, além de tudo um prêmio Nobel, mas também um escritor de obras-primas importantes para a discussão do totalitarismo, ela nunca teve interesse nem em saber um pouco sobre a cultura da terra de seus antepassados? Se tivesse, teria chegado fácil na existência desse escritor tão bom.

"Auto-de-Fé" e "Massa e Poder" são seus livros mais conhecidos, mas gosto muito da sua obra memorialística. Ensinam muito sobre um período essencial da história mundial e também trazem histórias deliciosas de ler. Não é qualquer um que pode escrever sobre Freud, Joyce, Karl Kraus, Alban Berg, Alma Mahler, Schonberg,Kokoscha, Robert Musil e Tomas Mann, só para citar alguns, como se eles estivessam na esquina. E na esquina de Canetti eles estavam de fato.

Os livros de Canetti que tenho, publicados pela editora Companhia de Letras, só padecem daquela burrice editorial brasileira de não ter o índice onomástico, o que é sempre uma trabalheira para a consulta e nas releituras.

É óbvio que não é preciso ter pais búlgaros para ler Canetti, mas isso pode ser um motivo a mais. Sei que Dilma só está interessada no que dá proveito imediato. Mas é notável até sua falta de curiosidade, digamos assim, intelectual.

Mas com essa onda búlgara que deve vir por aí na nossa imprensa, bom mesmo seria desencavar um livro de Campos de Carvalho, "O Púcaro Búlgaro". É uma maravilha de novela, de um dos nossos maiores escritores e um dos poucos brasileiros com uma obra universal. É engraçadíssimo, brilhante mesmo. Tem menos de 90 páginas. É curto e grandioso como obra literária, além de ser um dos livros mais engraçados que já vi.

Campos de Carvalho é um escritor de humor de altíssima qualidade de texto, uma coisa rara em qualquer lugar (talvez até na Bulgária) e ainda mais no Brasil.

Pena que ele Carvalho já morreu. Essa nossa imprensa maluca iria entrevistá-lo muitas vezes, afinal ele talvez seja o único autor brasileiro que se dedicou a tentar descobrir a Bulgária. E o que parecia coisa de maluco até recentemente hoje adquire um caráter até institucional, já que temos uma descendente de búlgaros eleita presidência. E Campos de Carvalho pensando que escrevia ficção.

O escritor não pode mais falar de assunto algum, mas quem sabe não seria uma boa, na febre búlgara que deve acometer nossa imprensa, perguntar para a própria Dilma sobre o livro? "O Púcaro Búlgaro" só não é obra seminal porque depois dele (foi impresso em 1964, quando nosso país ainda era os Estados Unidos do Brasil) ninguém mais se interessou por este instigante assunto que é a Bulgária. Mas agora acredito que a coisa vai melhorar.

"O Púcaro Búlgaro" é a história de uma expedição à Bulgária na tentativa de descobrir se este país existe. E não vou revelar mais nada para não estragar a leitura. Tenho o livro de Campos de Carvalho numa edição preciosa da editora Civilização Brasileira, com capa e ilustrações do grande Poty. Olha aí ele na imagem só para dar inveja. Tive umas outras três edições deste livro, perdidas ou afanadas, talvez até por conhecidos acima de qualquer suspeição. Inimigos é que não foram, pois estes não se aproximam das nossas bibliotecas.

Não cabe aqui revelar se afinal ficou comprovada a existência da Bulgária. A existência de Dilma pode ser uma prova disso, afinal ela é a nossa presidente e isso não parece ser um sonho ruim do qual podemos despertar num instante.

Dilma que, por sinal, não deixa de ser uma púcara. Já explico: púcaro é um pequeno vaso que serve para extrair líquidos de outros vasos maiores. De certa forma, em política Dilma tem servido para algo parecido, não? Taí uma imagem para a Marilena Chauí fazer mil estrepolias filosóficas.

E não vou me estender mais porque o que temos muito que fazer agora. É tempo de nos aprofundarmos neste inebriante mistério que é a Bulgária. Se é que ela existe.
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POR José Pires

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Em sociedade


Flagrante da festinha privé que Lula deu no Palácio do Alvorada logo que foi anunciada a vitória de sua candidata à presidência da República. E pensar que durante a campanha a presidente eleita estava preocupada com o Paulo Preto, não é mesmo?
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POR José Pires

Acudam

Não é que precisasse disso para confirmar o que já sabemos, mas o primeiro discurso de Dilma Roussef depois da confirmação de sua eleição mostra que teremos um período muito chato pela frente.

Pena que chatice não permita o exílio. Uma situação dessas até justificaria que um filho teu fugisse à luta, talvez para Paris, onde Chico Buarque deve estar nessa hora depois de ter ajudado a impingir isso para o Brasil.
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POR José Pires