quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Repeteco

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O ano em que José Serra virou Zé

Este foi o ano em que os brasileiros viram José Serra perder uma eleição que estava pra ele. Meses antes do começo da campanha o tucano era o preferido em qualquer pesquisa, mas errou tanto que entrou na eleição igualado a uma candidata que Lula tinha enfiado goela abaixo do PT e que tinha dificuldade até de dar uma simples entrevista. Não falava coisa com coisa.

Serra fez tudo errado, começando por não assumir logo a candidatura a presidente. Por fim, foi à luta, mas na sua chapa brigava-se mais entre os aliados do que com o adversário. O qüiproquó começou na escolha do vice (falando nisso, como era mesmo o nome dele?) e não parou até o final. Nem no segundo turno conseguiram conquistar uma unidade da candidatura.

O tucano teve oito anos para se preparar, mas acabou apresentando uma candidatura confusa, com dificuldade até de definir posição em relação ao governo Lula. Na sua crise de identidade, espantosamente até tentou pegar carona na imagem do presidente Lula e só voltou atrás na tática covarde quando viu que o eleitorado não aceitava esta estranha novidade.

Durante a errática campanha, Serra acabou virando Zé. Nas mãos de um marqueteiro sem nenhuma criatividade e distanciado dos políticos que compunham a aliança em torno da sua candidatura, ele tentou uma jogada várias jogadas populistas de olho na parcela do eleitorado encantado com Lula. No desespero para alcançar o segundo turno, apelou até para a Bíblia.

Em agosto, ainda na primeira semana do horário eleitoral gratuito eu escrevia aqui: “O marqueteiro dos tucanos é um gênio. Em poucos dias conseguiu fazer de um dos políticos brasileiros de identidade mais firme uma figura indefinida, que num momento ataca de frente a candidata Dilma e logo após afaga até com carinho o criador desta adversária, o presidente Lula”.

Quase um mês antes, ainda no início de julho, analisando o que os tucanos apresentavam na internet como pré-campanha, eu alertava sobre equivocado rumo populista que via na campanha: “Se o que Serra apresenta agora como suas marcas for determinar de fato a linha de campanha daqui até outubro, sua candidatura estará tomando o caminho errado”.

E deu mesmo tudo errado. Serra não criou durante a campanha nenhum espaço no pós-eleição para a oposição e muito menos para ele.

Rememore a desastrosa campanha tucana em alguns posts que publicamos à época. Para ler, clique nas chamadas.






A candidatura que morreu abraçada à Bíblia


Neste ano também escrevi sobre a lamentável virada religiosa da candidatura de José Serra, que no desespero para garantir o segundo turno abraçou-se ao que há de pior na religião no Brasil. E nem precisava disso, como também escrevi aqui. Bastaria ter feito uma campanha oposicionista decente.

Sobre tais alianças, escrevi: "As bancadas religiosas já tiveram tempo suficiente para mostrar a qualidade da sua atuação na política e o resultado não é nada bom, inclusive no aspecto da corrupção. Além do mais, o grande problema da associação da política com a religião é que quem faz isso costuma acender fogueiras que depois são difíceis de serem apagadas".

Rememore o assunto nos textos abaixo:

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

sábado, 25 de dezembro de 2010

Sistema de cotas

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Então bom Natal...


quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Ministro bom de cama

A imprensa procura fazer quizumba onde existe apenas dedicação política. O futuro ministro do Turismo da Dilma teve despesas de motel pagas pela Câmara dos Deputados, mas e daí? Como dizia aquela antiga ministra, a que teve a passagem mais marcante pelo ministério: o negócio é relaxar e gozar.

Todos sabem muito bem que o turismo sexual é um ítem forte na nossa balança comercial, mesmo os que fingem não saber. Daí que o futuro ministro podia muito bem estar em pesquisa de campo, se preparando dar o melhor de si no cargo. Num ministério desses, ministro tem que ser bom de cama.

Foi perfeita a escolha do futuro ministro do Turismo. Além do mais, o ministro já é um homem de 80 anos, o que mostra um desempenho acima da média. Com alguém assim no ministério do Turismo vai ser melhor do que com a Marta Suplicy: não vai dar tempo nem pra relaxar.
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POR José Pires

Agora vai

Eu achava que para o ministério da Cultura o deputado Tiririca caia bem, mas um Holanda também não é pouca coisa. Entre tantas cotas fica estabelecida uma Cota Chico Buarque. Eu até acho que a família podia dar muito mais samba no ministério das Relações Exteriores, já que o compositor trouxe um novo conceito para ser agregado ao conceito do olho no olho ditado por Lula para relações como as tidas com o iraniano Ahmadinejad. Chico veio com a diplomacia da fala fina e da fala grossa, ele que por anos tem falado bem fino com a ditadura cubana.

Com Fidel Castro ele sempre usou falsete de Milton Nascimento, apesar de que nunca se viu Chico usar a voz grossa de um Dorival Caymmi para falar com poderosos países capitalistas. O compositor tem apartamento em Paris, onde todo ano passa temporadas até de meses. Não tem casa em Cuba, país que parece não fazer muita questão frequentar. Chico nunca foi visto se metendo a falar grosso sobre direito de imigrantes ou qualquer pendenga, das muitas que o governo de Sarkozy tem com os estrangeiros que residem na França. Sobre essas coisas ele não fala nem fino nem grosso. Se cala por detrás de um de um cálice nalgum bistrô de Paris, dizem que acompanhado de um jabuti.

Mas voltemos ao ministério da Cultura, bem posto nas mãos de uma Holanda, ou Hollanda, a Ana com um estranho“l” a mais, a ministra irmã de Chico Buarque. Está dentro da normalidade depois do pai, Sérgio, virar nome de navio. Aliás, é perda de tempo apontar qualquer anormalidade num governo que dá para um navio o nome de Sérgio Buarque de Holanda para um navio e o nome da mãe do Lula para uma universidade.

Já que a petezada queria um artista, reitero que o ideal era o Tiririca, com muito mais serviços prestados ao governo petista, entre eles o de levar para o Congresso Nacional o delegado Protógenes e sua pasta preta. Mas sua excelência, a irmã do Chico Buarque, também é uma escolha à altura de mais este governo petista que vem aí.
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POR José Pires

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Extra! Extra!


Fotografado afinal O Amigo da Onça na sua verdadeira identidade.
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POR José Pires

A igualdade pelo avesso

Quando o PT falou recentemente em estabelecer uma cota de 30% de mulheres no ministério de Dilma Rousseff eu pensei imediatamente que as mulheres brasileiras deveriam sair em manifestações de rua pelo país. Protestando contra uma idéia tão arriscada, é claro. Desde que começou a ocupar administrações importantes pelo país afora, o PT tem desmoralizado o direito da mulher de ocupar o mercado de trabalho e postos de direção.

O problema vem de muito antes de Lula virar presidente e começou em câmaras de vereadores e prefeituras. A desmoralização já começa quando o partido adota de forma eleitoreira a falsa premissa de que a diferença sexual faria da mulher uma dirigente pública especial.

Essa diferenciação mentirosa acaba criando expectativas falsas em relação à mulher na política, que vai ter à sua frente as mesmas precariedades ou qualidades que um homem teria, além de ter de enfrentar no Estado a mesma situação de desestruturação e corrupção. É dificíl entender como alguém pode acreditar que o fato de ser mulher pode trazer algo diferente neste enfrentamento, mas o fato é que em certos casos a lorota até rende alguns votos. É um tipo de bobagem que acomete também certos militantes negros e também militantes homossexuais — mas a verdade é que somos todos iguais inclusive nos defeitos.

Esta questão já foi discutida demais para que tenhamos que agüentar tanta tolice e demagogia. Mas na política brasileira estas divisões artificiais ainda são bastante usadas, mesmo que historicamente a ocupação de cargos dirigentes por mulheres já venha comprovando que na prática não existe nenhuma diferença.

Quando o PT prega de forma eleitoreira qualidades especiais no sexo feminino para a ocupação de cargos na administração pública, o partido já causa um grande estrago conceitual e simbólico. Mas a coisa piora quando suas militantes de fato ocupam cargos destacados. O estrago aumenta, pois na maioria dos casos comprovadamente temos visto ineficiência ou a corrupção. Quando não aparecem as duas coisas juntas.

Mas o PT teima em usar o recurso até como marketing, como ocorreu este ano em várias eleições e pricimpalmente na campanha de Dilma. Com Dilma até tiveram que forçar um pouco na caracterização feminina, pois parece que ela tem defeitos parecidos com os piores estereótipos masculinos. Tiveram que vir com esse papo de mulher na política para encobrir sua notória personalidade agressiva na relação com colegas, principalmente os subordinados.

Mas para a sorte de quem acredita de verdade na igualdade entre os sexos, as mulheres que o PT tem colocado em vários governos tem desmoralizado estas questões de gênero. É mais um daqueles serviços que os petistas prestam de forma involuntária à democracia. Mas é preciso tomar muito cuidado, pois olhando o que as mulheres deste partido fizeram no poder só nestes oito anos de Lula, pode-se até chegar numa conclusão que também não é verdadeira: de que as mulheres não servem para a política ou que é até pior do que os homens no exercício do poder.

Nem uma coisa, nem outra. Somos mesmo iguais até na sedução da corrupção ou do desmando. É uma igualdade tão clara que, no PT, o mesmo descuido ético que o partido tem com sua ala masculina foi aplicado com igualdade para suas militantes. E deu no que deu. Com isso que podemos chamar de igualdade pelo avesso, o estrago para a imagem das mulheres na política pode estar sendo maior que qualquer benefício.

Da então senadora Benedita da Silva, encalacrada lá no início do primeiro mandato de Lula em gastos indevidos que forçaram sua saída do governo, à atual senadora Serys Slhessarenko, que tem uma assessora que já tirou dos cofres públicos também de forma indevida quase cinco milhões de reais, é uma lista muito grande de militantes petistas que trouxeram resultados negativos à condição feminina, apesar de muitas delas terem alcançado projeção calcadas na valorização da mulher na política. Com sua má atuação acabaram indo contra a respeitabilidade da mulher no mercado de trabalho.

Vamos ficar só nas figuras petistas destacadas, que ninguém é de ferro para uma lista tão longa. Em exemplos diversos, tem a ex-ministra Matilde Ribeiro, que foi obrigada a sair do cargo com os gastos irregulares flagrados no escândalo dos cartões corporativos e tem também a então ministra do Turismo, Marta Suplicy, mandando os brasileiros que sofriam com os aeroportos “relaxar e gozar”. Não foi possível. Marta fez esta estranha alusão sexual em 13 de junho de 2007 e no dia 17 do mês seguinte um horrível desastre com um avião da TAM matou 187 pessoas na capital paulista.

Teve também a deputada-dançarina Ângela Guadagnin, do PT de São Paulo, que festejou dançando no plenário da Câmara dos Deputados a vitória de deputados mensaleiros. Como já falei, é uma lista grande de militantes partidárias metidas em grosserias, maus serviços e até corrupção, de modo que, ao contrário do que parece, o fato de não terem conseguido nomear 30% de mulheres para cargos de destaque é na verdade uma boa notícia. Dessa forma o estrago será bem menor para a imagem das mulheres brasileiras.
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POR José Pires

Desmoralizando os direitos femininos

É grande demais a lista de mulheres petistas que desmoralizam na política os direitos femininos. O ápice disso neste segundo mandato foi a descoberta das tretas de Erenice Guerra, ministra da Casa-Civil colocada no cargo por outra mulher que acabou sendo eleita presidente da República. É o exemplo máximo do conceito de "poder feminino" do PT. Dilma procurou escapar de complicações eleitorais alegando que foi enganada pela amiga do peito, ou seja, seguiu o exemplo do chefe que, na pressa de fugir de suas responsabilidades, prefere ser visto como incompetente do que corrupto.

Tirou sua candidatura de complicações com o caso de corrupção na Casa-Civil, mas como fica a imagem da mulher em um caso desses? Mas ela acabou vencendo a eleição, pode dizer alguém. Pois é disso mesmo que estou falando: estou convicto de que isso vai piorar ainda mais a imagem das mulheres na política. E todos sabem que a lógica do Tirica não dá certo com o PT. Fica pior, sim, seu abestado.

Outro exemplo em que questões de gênero exploradas pelo PT acabaram afundando foi com a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, que não volta ao governo no ano que vem. Ela não se reelegeu nem mesmo com toda a força, inclusive financeira, recebida da campanha de Lula e Dilma. Após quatro anos desastrosos ela perdeu a eleição para o tucano Simão Jatene.

Quando ela foi eleita, o PT fez uso nacional disso como um feito, afinal era a eleição de uma mulher em um estado de grandes carências e um histórico de violência em torno da pose de terras. Mas durante seu mandato a governadora se afundou em denúncias de corrupção e nepotismo. Carepa nomeou irmãos, cunhados e até o namorado para cargos do governo. Num dos estados mais pobres do país e uma região que ainda está em estágio de colonização, a petista se negou a morar na residência oficial e alugou com dinheiro do governo uma casa num condomínio de luxo, em Belém, com custo anual de R$ 60 mil, e determinou uma reforma no local orçada em R$ 148,5 mil.

Não é provável que tenha sido motivada por sua suposta índole feminista, mas a governadora nomeou como assessoras especiais a cabeleireira Manuella Figueiredo Barbosa e a esteticista Franciheli de Fátima Oliveira da Costa.

O estado do Pará acumula tensões em torno de disputas de terras, com a conseqüente destruição ecológica. O lugar é um foco de atenção mundial com a preocupação internacional com o desmatamento.

No estado governado pela petista foi assassinada em 2005 com sete tiros a freira Dorothy Mae Stang. E para comprovar que até nisso o PT não buscou resultados objetivos, neste mês surgiu a notícia de que continuam os desmatamentos no assentamento que a irmã Dorothy defendeu com a própria vida. Os agricultores da região ainda vivem ameaçados por pistoleiros e a floresta nativa é destruída.

Mas para desmoralizar qualquer questão de gênero, foi também no Pará que a polícia prendeu em 2007 uma adolescente de 15 anos numa cela com 23 homens. Durante quase um mês a menina sofreu torturas com queimaduras de cigarro e isqueiro. E foi estuprada por diversos homens todos os dias.

Também neste caso a ação da governadora foi lerda e ineficaz. E para abalar qualquer teoria feminista, a prisão da menina fora ordenada por uma juíza e a ordem cumprida por uma delegada. E a governadora, também mulher? A petista Ana Júlia Carepa só apareceu quando o caso virar notícia nacional e depois que o caso saiu do foco da imprensa nada fez para melhorar a situação da Justiça em seu estado. Ela vai deixar o sistema carcerário do Pará na mesma situação de horror que encontrou.

Questões de gênero? Na verdade vivemos em um país onde o tratamento digno da Justiça nada tem a ver com sexo. É uma questão de dinheiro. E no Pará não foi mudada a realidade que permite uma polícia truculenta prender uma menina com dezenas de bandidos numa cela e não impede criminosos de matar uma senhora.
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POR José Pires

Inserindo a mulher na política

E para continuar na contribuição petista para a inserção da mulher na política, tem também o caso que talvez feche o ano e que envolve também esta demagogia petista de querer se beneficiar das questões de gênero na política. É a denúncia que envolve a senadora petista Serys Slhessarenko e sua assessora Liane Maria Muhlenberg, que arrancou mais de quatro milhões de reais de dinheiro público apenas com emendas orçamentárias de deputados petistas, sem precisar de licitação.

São duas mulheres, duas petistas, em cargos destacados da política nacional.A senadora Slhessarenko já disse que não conhecia o extraordinário talento financeiro da assessora. Ela nem sabia que a outra era presidente de uma ONG tão próspera, o que leva a crer que as duas têm conversado pouco nesses três anos trabalhando juntas.

Slhessarenko deveria dar o exemplo, pois sempre tentou se mostrar uma feminista entusiasmada. Com a eleição de Dilma, saiu com essa: ”Todas as mulheres vão saber como é ocupar o gabinete no chefe”. Seria interessante saber dela qual é a sensação que que fica para as mulheres agora, quando sua assessora apronta e ela fica obrigada a dizer que nada sabia.

Não estou querendo dizer, evidentemente, que no PT só tem mulher corrupta. Mas seus dirigentes não deveriam cuidar mais para que não ficasse tão abalada a imagem que querem construir de um partido que insere a mulher brasileira na política? Ah, sim, se fosse assim cuidariam também para não ter tanta corrupção feita por homens.

Mesmo Dilma não tendo fechado a cota feminina de 30% de altos cargos de seu governo, as mulheres ainda têm muito motivos para se preocupar. É só ver alguns nomes anunciados, entre eles o da senadora em fim de mandato Ideli Salvatti, que vai para o ministério da Pesca. No Planejamento teremos Miriam Belchior, que foi namorada do prefeito petista assassinado Celso Daniel.

Ela estava também na Casa-Civil durante as maracutaias feitas por Erenice, a amiga do peito de Dilma, o que revela no mínimo desatenção. Outra referência sua é até um pouco pior. Ela foi denunciada ao Ministério Público por João Francisco Daniel, irmão do ex-prefeito, que disse ter ouvido dela e de Gilberto Carvalho, ex-secretário municipal de Santo André e atual chefe de gabinete da Presidência, que houve um desvio de R$ 1,2 milhão da prefeitura em benefício do PT.

Nas gravações feitas pela polícia durante a investigação do crime tem um estranho diálogo colhido nas maquinações feitas pelos petistas tentando encerrar o caso como um crime comum. Nas gravações vazadas Miriam Belchior é instruída para fazer o “papel de viúva” até num programa da Hebe Camargo. E ela e Celso Daniel nem estavam juntos quando ele foi sequestrado, torturado e morto.
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POR José Pires

O mulherio que se cuide

Também no ministério de Dilma está a deputada gaúcha Maria do Rosário. É outra que costuma se favorecer com o uso de questões de gênero. Em alguns casos leva o assunto para o terreno da futilidade, um rumo para onde a demagogia sempre acaba conduzindo essa gente.

Em 2007 ela estava em meio ao bate-boca com o então deputado Clodovil, já falecido. O costureiro teria chamado uma deputada petista de “feia”. Durante a confusão, Maria do Rosário, que ocupava a Mesa para um ato em desagravo da colega, gritava para Clodovil: “Cai fora daqui, seu nojento!”

A seu modo, Clodovil se defendeu bem: “Eu tenho culpa dela ser feia, gente?”

As petistas tentaram fazer do bafafá uma grande causa feminista. Houve apelo até para que fosse cassado o mandato do costureiro. Imaginem a cassação de um deputado num antro daqueles só porque chamou uma colega de feia. Até um organismo feminista do partido entrou na parada. Foram feitas reuniões com o presidente da Casa. Mas felizmente o asunto foi mantido em sua dimensão ínfima.

Mas nunca se viu tamanha combatividade das companheiras em questões maiores de desrespeito humano, como a desatenção de seu partido ao desrespeito ao direito das mulheres em países como o Irã, que mata mulheres (feias ou bonitas) inclusive pelo apedrejamento, ou na defesa explícita de Lula à repressão política em Cuba e também no Irã. Sobre assuntos como estes a deputada Rosário é bem menos eloqüente. É até muda.

É a indignação seletiva do PT, que serve também no debate sobre questões de gênero, como a violência contra a mulher. Quando aconteceu o terrível caso da adolescente presa numa cela com vários homens no Pará, conforme escrevo acima, a indignação da bancada feminina petista foi bem menor. Talvez pelo fato do estado ser governado pelo PT, não teve deputada se atirando no chão e nem berrando em plenário como aconteceu no episódio com Clodovil.

Rosário, cujo marido ocupa um cargo no governo Lula, foi reeleita deputada, mas seu mandato depende de um julgamento no TSE. Sua candidatura foi impugnada pelo TRE por dívidas referentes à campanha para a prefeitura de Porto Alegre, em 2008. A deputada recorreu ao TSE, em Brasília. No governo Dilma ela é a futura ministra dos Direitos Humanos, pasta do polêmico Plano Nacional de Direitos Humanos 3, o PNDH 3. O ano promete.

Enfim, teremos outro governo petista provavelmente bem mais quente que os oito anos de Lula. Seria melhor que as mulheres de bem exigissem de Dilma que ela se restringisse a sua função política, sem alegar nenhum requisito supostamente feminino para realçar seu papel no exercício do mandato que começa em janeiro. Se isso pega, existe o risco da imagem das mulheres na política se arruinar de vez.
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POR José Pires

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Orçamento ficha-suja

Será que sai o Orçamento do governo Lula para o ano que vem? Mal acabou de cair um relator governista, o senador sem-votos Gim Argello (PTB-DF), pode cair também a ocupante de seu lugar, a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT).

O presidente do PPS, Roberto Freire, pediu agora há pouco afastamento dela, depois do jornal O Estado de S. Paulo revelar que sua assessora preside uma entidade que recebeu R$ 4,7 milhões de recursos do Orçamento por meio de convênios com o governo realizados sem licitação.

É bastante parecido com que que faz o senador Argello, com a diferença que os petistas buscam dar à maracutaia um tom aparentemente mais respeitável. A grana entrou na entidade da assessora da senadora petista por meio de emendas de parlamentares do PT para shows e eventos culturais.

O presidente do PPS, Roberto Freire, pediu o afastamento de Slhessarenko e ainda soltou uma tirada boa. "Não é possível que o governo não tenha um senador ficha-limpa para ser relator do Orçamento", ele disse.

Dessa forma o pequeno PPS vai fazendo o trabalho da oposição, que tem sido bastante descuidado pelo DEM e o PSDB, os partidos maiores da oposição — que se apequenam também durante as campanhas eleitorais e diminuem de tamanho a cada eleição.

No primeiro a luta continua, mas é pelo rescaldo que sobrou das últimas eleições. E entre os tucanos discute-se a "refundação" do partido. Podiam chamar um especialista no assunto, o petista Tarso Genro. Ele faz o tipo de refundação do gosto tucano. Cava-se muito espaço na imprensa, porém sem risco algum: no final da discussão o partido continua na mesma.
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POR José Pires


quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Exotismos estrangeiros

Os americanos são mesmo um povo extremamente exótico. Vejam esta notícia que está em vários sites da internet:


"O ator Wesley Snipes se apresentou na quinta-feira a uma prisão federal da Pensilvânia (EUA), para começar a cumprir sua pena de três anos de prisão por sonegação fiscal, segundo uma fonte penitenciária.

Snipes, de 48 anos, condenado em 2008, chegou ao Instituto Federal de Correção McKean, em Lewis Run, Pensilvânia, logo depois do meio-dia (15h em Brasília), disse Ed Ross, porta-voz do Departamento Federal de Prisões."

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POR José Pires

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

É a cara do pai

Um jovem pode muito bem dar um exemplo moral para gente muito mais velha. E isso pode acontecer até com quem tem fama de molecão. Observando a atitude do jogador Reinaldo assumindo a paternidade de uma criança de 5 anos, o que ele fez há poucas horas numa mensagem em seu Twitter, lembrei da postura bem diferente do vice-presidente José Alencar em relação ao processo de paternidade de Rosemary de Moraes, que alega ser sua filha, de um relacionamento que ele teria tido com a enfermeira Francisca Nicolina de Morais, em 1954, em Minas Gerais.

O processo já tem dez anos, de tanto que Alencar buscou protelar o caso com seus advogados. Em agosto deste ano, ao negar mais dois recursos na ação de investigação de paternidade, o juiz José Antônio de Oliveira Cordeiro, até acusou o vice presidente de litigância de má fé.

O juiz qualificou de "protelatórias" e "desrespeitosas para com a Justiça" as sucessivas apelações da parte de Alencar.

Só aos 42 anos Rosemary soube quem era seu pai e isso, segundo ela, numa conversa casual com a mãe, já falecida, que nunca teve o interesse de ir à Justiça reivindicar seus direitos. Ela sempre cuidou sózinha da filha e jamais procurou reparação ou qualquer tipo de ajuda com José Alencar.

Isso não evitou que o vice-presidente fosse grosseiro ao comentar o caso em público. Ele acusou a mãe de Rosemary de frequentar na época a zona do meretrício e disse o seguinte em entrevista no programa Jô Soares: “Se fosse assim, todo mundo que foi à zona um dia pode ser pai. São milhões de casos de pessoas que foram à zona, só que grande parte desses casos não tenham sido objeto de interesse, nem político nem econômico”.

Imaginem como isso ficaria no Twitter do vice-presidente, caso ele tivesse um. Nada cavalheiresco, não? E nem um pouco em conformidade com a imagem de bonachão com a qual ele fez carreira na política. E cabe lembrar que o vice-presidente ofende alguém que criou sózinha uma filha durante mais de 40 anos sem pedir coisa alguma dele, que é um dos homens mais ricos do país. A ação foi feita pela filha depois que a mãe morreu.

Alencar também se nega a fazer o exame de DNA e para isso tem uma curiosa justificativa. Segundo ele o exame não é 100% seguro. Bem, então é 99% e ele tem servido para muitos homens assumirem legalmente filhos pelo mundo afora. Ainda bem que uma tese dessas não pode servir para criar jusrisprudência internacional para fugir de responsabilidades.

Mas tirando esse absurdo, existem outras maneiras de identificar a cria, o que o jogador Ronaldo escreve de forma até bonita em seu Twitter. Não deve ser difícil identificar um filho do Ronaldo e esse também é o caso de Alencar com aquela sua carantonha.

Vejam acima a senhora que exige que Alencar assuma sua paternidade. Não é a melhor herança que um pai pode deixar para uma filha, mas ela é a cara dele. Um exame de DNA com a confirmação serviria só para fortalecer o que o coração de um pai pode muito bem indicar. Mas para isso é preciso ter sentimentos, não?
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POR José Pires

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O país do crime

Todos sabem que no Brasil a Justiça tarda e falha. E não é tão cega assim. É certo que ela pouco vê os desamparados, mas com algum capital financeiro dá para atrair um olhar compreensivo e tolerante.

E um problema da lerdeza da Justiça brasileira é que os problemas vão se acumulando. O clima de impunidade vai alargando os espaços para a delinqüência. E como a experiência mostra que a falta de punição acaba levando a crimes maiores, a única dúvida é até onde irá essa situação de violência até que se comece a atuar de forma objetiva na sua contenção.

Já existem provas de que os criminosos buscam alianças estratégicas, com traficantes tentando se aliar aos grupos paramilitares que dominam bairros inteiros no Rio de Janeiro. Milícias e traficantes também já avaliam a possibilidade do sequestro e morte de juízes e promotores.

Se contida na origem, a violência não teria crescido dessa forma. Mas os brasileiros têm essa cultura de deixar para depois de amanhã o que poderia adiar só para amanhã. A punição da violência em um estágio menor poderia evitar a tragédia que vivemos na atualidade. A notícia que saiu hoje da condenação do goleiro Bruno por uma antiga violência contra Eliza Samudio serve para entender muito bem esta questão.

Bruno foi condenado por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal contra Eliza Samudio, que havia registrado queixa disso em 2009. De lá pra cá, aconteceram os fatos que todo mundo sabe. A moça foi provavelmente morta. E as histórias em torno do caso são horrorosas.

Independente do resultado que vai dar a história deste crime de que é acusado o goleiro do Flamengo, é evidente que se ocorresse um julgamento em tempo mais razoável da violência anterior de que ele foi acusado, esta violência posterior e muito mais grave poderia ser evitada. Bem, mas vivemos no país onde os criminosos que torturaram e mataram o jornalista Tim Lopes têm direito à liberdade depois de cumprir 1/6 da pena.

Na outra ponta da impunidade, num exemplo da violência fora do crime organizado, temos também o caso do assassinato da jornalista Sandra Gomide por Antonio Pimenta Neves. Sandra foi morta com um tiro nas costas e outro na cabeça, os dois à queima-roupa. O crime vai completar 12 anos em agosto do ano que vem e, apesar de Pimenta ser réu confesso, ele está livre.

Este também é o lugar em que os seqüestradores do publicitário Washington Olivetto deram no pé quando cumpriam pena em regime semiaberto. É terrível o relato do sofrimento de Olivetto. Ele ficou aprisionado pelos criminososo de 11 de dezembro de 2001 a 2 de fevereiro de 2001. E claro que não teve o direito de sair para o Natal.

Já os chilenos Marco Rodolfo Rodrigues Ortega e Willian Gaona Becerra estavam fora da prisão temporiamente devido ao Dia da Criança quando se escafederam. Sim, não é piada. A Justiça dava o privilégio a dois criminosos experientes de comemorar o Dia da Criança em liberdade. Aproveitando a criancice, fugiram do país.

Os chilenos são terroristas que já davam trabalho na década de 70, quando eram do grupo chileno de extrema-esquerda MIR, o Movimiento de Izquierda Revolucionária. Aprontaram bastante no Chile. E está aí outro exemplo de como a impunidade acaba exarcebando o caráter do criminoso. Se fossem contidos com rigor já naquela época, é provável até que nem o presidente Allende tivesse caído.

Mas vieram ao Brasil praticar crimes. No Chile estariam cumprindo prisão perpétua, o que é um bom castigo para esse tipo de gente. Aqui, comemoravam o Dia da Criança.

Nossa Justiça é assim, muito meiga. Uma atuação (ou talvez seja mais apropriado dizer não atuação) que acabou tornando o Brasil um país do crime. Alguém acha exagerada esta afirmação que também dá título ao texto? Pois então saia daqui e dê uma rápida navegada nas informações em todo o país. Vai acabar voltando para me dar razão. É uma viagem numa terra que vive num clima de horror, com todo tipo de violência, inclusive com escabrosidades que parecem saídas de filmes sensacionalistas, daqueles com serial-killers muito cruéis e diretores prontos a aproveitar cada segundo de tortura.

Essas notícias como a da condenação de Bruno também lembram pra gente que crimes como “cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal” dão menos de cinco anos de prisão, a pena a que o goleiro foi condenado. Um de seus comparsas, o Macarrão, que também é acusado da morte de Eliza Samudio em crime posterior, pegou até menos: 3 anos.

Com os atenuantes que temos no Brasil, Bruno ficaria preso pouco tempo, se é que entraria numa cadeia mesmo com a condenação. E ainda cabe recurso à decisão, o que promete mais um caso infindável. E não há porque duvidar que se não fosse a trágica fama alcançada por Eliza Samudio um caso como esse estaria devidamente perdido numa gaveta judiciária qualquer.

E os profissionais da nossa Justiça vão reclamando do volume de serviço, como se fizessem muita coisa de forma concreta. A impressão que dá é que neste ramo o único trabalho com resultado é o de advogados de gente rica. E é um resultado que vai sempre aumentando a proporção dos crimes, porque evita a definição de limites claros.

É como se o Brasil fosse uma casa muito suja, encardida e tomada pela podridão criada pelo desmazelo já antigo. Nada que umas boas vassouradas não pudessem ter evitado quando caiu a primeira poeira na sala.
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POR José Pires

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

E deu o que tinha que dar

Todos já devem estar sabendo do drama do Corinthians, que ontem ficou somente com a terceira colocação no Campeonato Brasileiro, depois de um chocho empate de 1 a 1 com o Goiás, time que até já foi rebaixado para a série B. E para piorar a situação, como podia ser favorecido pelo resultado de um outro jogo, seus jogadores e dirigentes ainda se viram envolvidos na conversa da tal "mala branca", um incentivo financeiro para animar outro time.

É muito azar, não? Pois a foto ao lado explica muita coisa. No futebol, vale muito uma boa organização administrativa. Competência em campo também ajuda. Mas não se pode brincar com a sorte.

Neste ano do centenário do time, os corintianos não têm tido motivo para festa. O time foi o quinto no paulistão e como o resultado desse domingo pode ficar fora da Copa Libertadores de 2011. A vaga direta ficou com o vice-campeão Cruzeiro.

É evidente de onde pode estar vindo as energias que contaminam o Timão. Apesar de serem muitos os exemplos de vítimas do pé-frio do Planalto, neste ano seus dirigentes e jogadores não largaram do presidente Lula. E mesmo com os resultados adversos, será difícil ocorrer um afastamento desta fonte de azaração. O presidente do Corintihians, André Sanchez, é filiado ao PT e inclusive é cotado para concorrer à prefeitura de São Paulo.

Por esta razão é provável que o Corinthians fique grudadinho em Lula pelo menos até dezembro de 2011, quando acaba o mandato de Sanchez. Isso se ele não se reeleger. Bem, como dizia Vicente Matheus, "quem sai na chuva é pra se queimar". Portanto, Feliz Ano Novo para os corintianos. E entrem em 2011 com os dedos muito bem cruzados.
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POR José Pires

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Do mensalão para a crise no Rio

Recebo de tudo no meu correio eletrônico. Pois no informe que me enviam do PT vejo que o partido está absolutamente solidário com o governador Sérgio Cabral, do Rio, em suas ações policiais nas favelas cariocas. Chega a ser incondicional o apoio dos petistas ao que Cabral vem fazendo.

Só tem manifestações dando uma força ao governador. Nada sobre o sofrimento da população. É a diferença entre o PT no poder e o PT na oposição. Se estivessem na oposição os petistas só estariam falando na violência contra o povo, em casas arrombadas e saqueadas por policiais. Mas hoje os bravateiros estão noutra.

Mas para se meter a a dar pitacos em questões do crime organizado o PT não devia antes limpar seu nome no inquérito do mensalão que está no Supremo Tribunal Federal? É o que o bom senso exigiria. Até porque, se fosse pessoa física, o PT não serviria nem como avalista para alugar quitinete em qualquer cidade brasileira, muito menos no Rio.

Porém, lidar com o PT é como entrar em filme de terror. O espanto vem de todos os lados. Entre as tantas mensagens de solidariedade de seus parlamentares fico sabendo, por exemplo, que o deputado gaúcho Paulo Pimenta é o relator da CPI da Violência Urbana. É o tipo de coisa que serve para entender a dificuldade de encaminhar soluções para problemas como o da violência urbana.

A última notícia que tivemos de Pimenta foi que ele quase foi cassado durante o escândalo do mensalão em 2005. De lá pra cá submergiu e agora reaparece dando opinião sobre uma crise grave como a do Rio. Coisas do crime organizado também, mas no caso do mensalão, Pimenta tentava atrapalhar as investigações, tanto que teve que renunciar ao cargo de vice-presidente da CPI do mensalão.

Mas vamos ao que ele disse sobre o que acontece no Rio: “A idéia de uma parceria entre estado e União inaugura conceitualmente um momento novo no combate ao crime organizado no país”.

Vejam só, só depois de passados quase oito anos de governo o PT "inaugura conceitualmente" esta coisa novíssima que é a parceria entre estado e União. É duro ter que ouvir algo assim, não?

E é ainda mais difícil aturar a opinião do deputado Pimenta em questões do crime organizado porque ele é aquele deputado que na CPI do Mensalão foi flagrado dentro de um carro na garagem da Câmara dos Deputados junto com o publicitário Marcos Valério, um dos chefes do esquema do mensalão denunciados pela Procuradoria Geral da República.

Pimenta entrou de madrugada na garagem com Valério, sendo filmado pelas câmaras de segurança. E o que ele estava fazendo com o homem do braço financeiro do mensalão dentro de um carro na madrugada brasiliense? Durante a CPI, o deputado petista tentou empurrar documentos apócrifos incriminando parlamentares tucanos mas teve seu pedido negado. Os documentos teriam sido obtidos com o próprio Valério. Por causa do encontro suspeito na calada da madrugada, o deputado Pimenta teve que renunciar ao cargo de vice-presidente da CPI do mensalão. Mas foi só isso. Como a oposição é frouxa, a coisa ficou por isso mesmo.

Mas agora vê-se que ele tem a relatoria de uma CPI sobre um tema da importância da violência urbana, o que lhe dá influência sobre questões dramáticas vividas hoje pela população das mais importantes cidades brasileiras e que atinge até o interior do país. É mais um elemento que fortalece o prognóstico de uma vida longa para a violência urbana e para o terror.
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POR José Pires