sábado, 29 de julho de 2017


A eleição que não deixou ilusão

As eleições presidenciais no Brasil nunca foram grande coisa nas opções para a escolha do eleitor, mas antigamente ao menos as pessoas podiam manter a ilusão na probabilidade de que as coisas teriam andado melhor se determinado candidato não tivesse sido derrotado. É um consolo besta, mas servia para amenizar a decepção. Pois essa última eleição, que deu em Dilma Rousseff e no desastre que aí está, acabou com a ilusão sobre a provável vantagem com a vitória de outro.

Ninguém se encaixa neste raciocínio compensador. Dilma e o PT foram um desastre tão grande e o projeto de poder deles era tão perigoso que seria confortável dizer que com a vitória de Aécio o Brasil não se complicaria. Pode até ser que na economia alguma coisa ficasse mais equilibrada, mas pelo que vimos depois nas revelações do comportamento do senador mineiro, no que é realmente necessário para que o Brasil encontrasse um caminho, a eleição do tucano não daria ao país um bom condutor.

A mesma coisa pode-se dizer até de Marina Silva, vice de Eduardo Campos que assumiu o posto com a morte do candidato e quase foi para o segundo turno. Dá para ver que nem na oposição Marina é propositiva, como ela gostava de dizer em campanha, o que pode dar uma ideia da sua dificuldade se precisasse de fato pegar o problema para resolver. Pois é, a eleição de 2014 não deu chance nem do brasileiro acreditar que poderia ter acertado votando de outro jeito. E agora a coisa piorou, com as novas revelações que vão aparecendo sobre as tretas de Eduardo Campos com o jatinho em que ele morreu. Que eleição danada. Não dá pra ter saudade nem do morto.
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POR José Pires

O bateu-levou de Reinaldo Azevedo e Dallagnol

Já é de algum tempo o estranhamento do jornalista Reinaldo Azevedo com o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Força Tarefa da Lava Jato, um conflito que se acirrou depois do vazamento de conversas do jornalista com Andréa Neves, irmã do senador Aécio Neves, em episódio recente que inclusive levou à prisão de Andréa e complicou bastante a imagem do senador mineiro, que também quase foi preso.

Reinaldo teve que sair da Veja depois disso. Na conversa descontraída com a irmã e operadora política do tucano ele falava mal de uma reportagem de capa da revista sobre as encrencas de Aécio. Logo foi contratado pela Rede TV, onde agora tem seu site. Dando continuidade à sua encrenca com Dallagnol, nesta semana ele deu um golpe certeiro que pode não ser o nocaute do procurador, mas com certeza foi um xeque mate para o qual até agora Dallagnol não descobriu um lance para se safar. E bem que ele tentou. Reinaldo descobriu que o coordenador da Força Tarefa prestou concurso para o cargo de procurador em 2002, mesmo ano em que colou grau. Legalmente isso não é permitido. Ele só poderia ter feito o concurso dois anos depois de formado.

O jornalista apresentou comprovações da ilegalidade. Dallagnol já publicou uma resposta. As explicações do procurador não convencem no aspecto moral, ainda que a sua permanência no cargo tenha sido garantida pela Justiça, conforme ele afirma em texto muito superficial para um assunto tão grave. A nomeação de Dallagnol foi garantida por uma liminar, a partir de uma ação judicial. O advogado foi o pai de Dallagnol, procurador de Justiça aposentado do Paraná. Ainda segundo Reinaldo, a Advocacia Geral da União recorreu e em 2004 o Tribunal Regional Federal da Quarta Região empregou a teoria do fato consumado. O recurso teve uma decisão monocrática do Supremo mantendo Dallagnol no MPF. Numa resposta muito malcriada ao jornalista, até seu colega de Força Tarefa, o procurador Carlos Fernando, concorda que Dallagnol assumiu o cargo “mesmo não tendo dois anos de formado” e que isso só se deu com o processo impetrado no TRF de Porto Alegre contra essa exigência.

Bem, não é por uma coisa dessas que vamos investir contra a Lava Jato e muito menos desmerecer o que Dallagnol fez até agora, mas sem dúvida é muito discutível a moralidade deste começo de carreira. Além disso, a acusação pesa ainda mais em razão da excessiva exposição do procurador na mídia, que assumiu por vontade própria um papel de ombudsman dos problemas brasileiros. Até aumento de combustíveis está sob seu crivo. Quem assume imagem de paladino de tantas causas tem por conseqüência a obrigação de maior responsabilidade com a ética pessoal, não é mesmo? Não sou eu quem vai censurar a participação social de ninguém, mas em certas situações e dependendo do cargo pessoal, menos Facebook e menos Twitter podem fazer muito bem. No geral, o efeito das aparições de Dallagnol (nas quais se destaca aquela famosa palestra do Power Point) abre espaços para os inimigos da Lava Jato.

Reinaldo Azevedo também é outro exagerado. Sua megalomania às vezes dá até vergonha alheia. A excitação e fascínio com a própria coragem e inteligência ficou maior depois da fama que alcançou em programas de rádio na Jovem Pan, o que comprometeu inclusive a qualidade de seu texto. No entanto, nesta polêmica com Dallagnol suas acusações estão bem fundamentadas. Independente das fontes que possam ter levantado para ele o grave deslize na carreira do procurador, ele obteve um furo de jornalismo. Sei que Reinaldo tem lado nesta batalha com a Lava Jato, apesar dele ainda bradar uma imparcialidade que ficou no passado. A minha opinião é de que ultimamente sua pontaria jornalística atinge muito mais as qualidades positivas da Lava Jato do que os excessos ou estrelismos que não fazem bem à Justiça e muito menos à democracia. Mas acompanhemos a briga. Para uma disputa que teve até vazamento de áudios de investigação policial os lances seguintes prometem muita emoção.
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POR José Pires
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Link 1 - Dallagnol virou procurador contra o que diz a lei              

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Brasil, refúgio da gatunagem internacional

O mandado internacional de captura emitido pela Justiça espanhola contra Ricardo Teixeira deveria servir para uma rigorosa autocrítica da Justiça no Brasil, mas é claro que não acontece nada disso. Ao contrário, com a Espanha já com o pedido de prisão contra o cartola, nossa Justiça pretensiosamente assumiu ares de capacidade de resolução contra criminosos. A Procuradoria-Geral da Justiça está querendo a transferência para o Brasil da ação instaurada na Espanha.

Teixeira, que foi presidente da CBF por mais de 20 anos, é acusado pelos espanhóis de lavagem de dinheiro, obtida em comissões por fora na venda de amistosos da Seleção Brasileira. O cartola brasileiro teria dividido comissões de quase R$ 50 milhões com o ex-presidente do Barcelona Sandro Rosell. Bem, o cartola espanhol já está preso há quase dois meses na Espanha. E Teixeira mantém-se na maior tranquilidade aqui no Brasil, apesar deste rolo com os espanhóis não ser sua única encrenca internacional.

Ele é acusado também nos Estados Unidos por lavagem de dinheiro e de receber milhões de dólares em propinas. A jogada suja era com empresas de marketing esportivo. O cartola brasileiro José Maria Marin, que também foi presidente da CBF, chegou a ser preso por este mesmo caso. Preso na Suíça, foi extraditado para os Estados Unidos onde está em prisão domiciliar à espera de julgamento.

Quando Marin foi preso, em novembro de 2016, Ricardo Teixeira teve que sair correndo para o Brasil, senão poderia também ter ido em cana. Ele vivia desde 2012 nos Estados Unidos. Se Marin também tivesse conseguido fugir, certamente estaria por aqui, na mesma situação tranquila do colega. O problema é que o Brasil não extradita seus cidadãos, mesmo os piores. Não extradita e também não costuma investigá-los com rigor. E como estamos cansados de saber, também não pune, como demonstra muito bem este exemplo do cartola protegido por uma cidadania pela qual ele jamais teve respeito.

Duvido que a Justiça espanhola tenha confiança no Brasil, mesmo com o serviço exemplar que vem sendo feito pelo Ministério Público e alguns juízes, com destaque para o trabalho digno e eficiente na Operação Lava Jato. Entremeando a costumeira impunidade nacional, temos essa ressalva, que pode inclusive abrir caminhos para a restauração da dignidade no país. No entanto, por enquanto vivemos no que pode-se chamar de período de exceção no rigor com a corrupção. Por isso, creio que é melhor a Espanha não confiar. É capaz não só de inocentarem o nosso "cidadão", como depois ele pode até entrar com ação exigindo indenização.
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POR José Pires

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Imagem- Cercado de autoridades, o cartola Marin na estréia da Seleção Brasileira, na Copa de 2014. Se não tivesse sido preso na Suiça e extraditado para os Estados Unidos, sua situação não seria diferente no Brasil

sexta-feira, 21 de julho de 2017

O efeito surpresa do governo Temer contra o crime

Tem coisas que a gente lê e não dá para acreditar. O ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse ao jornal O Globo que o governo federal vai pegar de surpresa os bandidos do Rio de Janeiro. Na matéria do jornal carioca, Jungmann falou da estratégia do governo Temer na ajuda que dará ao Rio na segurança pública.

As palavras dele: "Surpreender o crime para saber onde estão os arsenais, onde está o comando e o controle dos bandidos para poder atuar e apresentar resultados de fato. Nosso grande projeto é desarmar o Rio de Janeiro".

O ministro é de uma sagacidade que faz até a gente pensar como é que ninguém teve antes essa sacada, não é mesmo? Mas eu penso que seria melhor que o governo estivesse agindo na segurança pública desde que Temer tomou posse. E não só no Rio de Janeiro, é claro, apesar de que parece que naquele estado é maior o desespero da população.

Podia até ser de surpresa, conforme o que disse Jungmann, no entanto seria mais indicado que ficássemos sabendo do sucesso da investida federal aos poucos, com notícias das quadrilhas sendo desmanteladas, divulgação da prisão de bandidos perigosos e apreensão de grandes lotes de drogas e armamentos.

E como somos também muito espertinhos, com os bons resultados logo começaríamos a desconfiar que nossas autoridades finalmente começaram a trabalhar. Não é preciso que o ministro da Defesa anuncie com antecipação um plano tão ardiloso. Até porque desse jeito ele estragou a surpresa.
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POR José Pires

Lula e Gleisi Hoffmann, uma parceria do barulho

A desorientação política no PT pode ser percebida pelas personagens que hoje em dia no partido de Lula são referências, digamos assim, gritantes, do discurso político petista. Nota-se o sumiço de figuras de perfil mais pragmático e por isso com mais credibilidade não só para o diálogo necessário na desastrosa situação em que o PT chegou, como também para ocupar na mídia e nas redes sociais espaços mais amplos de comunicação com a sociedade.

Em volta de Lula atualmente só tem ruído, do qual é impossível extrair os resultados que a sigla precisa desesperadamente para ao menos amenizar o estrago político que sofreu. Seria preciso encontrar um equilíbrio entre a solidariedade partidária a Lula e no que isso implica para a imagem partidária. Mas quem é que dentro do PT poderia pendurar o guizo no gato ladrão? Vá lá, todo mundo sabe dessa dificuldade, criada pela inter-relação histórica entre líder e partido, na qual gradativamente um foi diminuindo em relação ao outro, por consequência direta das encrencas do próprio Lula, cujo comportamento foi contaminando a imagem do partido.

Claro que o processo virou algo como o “efeito Tostines”, dificultando de se saber com exatidão o que é que mais atrapalha um ao outro, se é o Lula ou o PT. Porém, fica difícil que Lula mude de partido, não é mesmo? Então, nesta condição complicada, dirigentes políticos de maior inteligência e habilidade não teriam deixado Lula dominar de tal jeito a máquina partidária, com poder absoluto até em nomeações para cargos essenciais na retomada de vigor eleitoral, como aconteceu na eleição da Gleisi Hoffmann para presidente, novamente feita por ele no “dedaço”. Já é de um tremendo peso negativo no currículo de Lula a eleição de “postes”, mas desta vez ele se superou, colaborando para o agravamento de sua própria desgraça. E o chefão petista nem tem como justificar a vacilada: já faz bastante tempo que a senadora vem apresentando curto-circuito.
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POR José Pires

Lula e seus milhões

Os petistas voltaram a falar do tal "imposto sobre as grandes fortunas", assunto mantido na gaveta nos anos de poder. Pois deviam aplaudir o juiz Sergio Moro, que vem decretando o confisco de fortunas obtidas de forma corrupta. Os milionários pegos pela Lava Jato já foram obrigados a devolver uma dinheirama ao país.

Nesta quarta-feira foi a vez do ex-presidente Lula, que seus companheiros devem saber que atualmente é um dos homens mais ricos do país. Só com suas palestras o que se sabe é que ele ganhou R$ 27 milhões. O companheiro parece um imã de atrair grana. Seis grandes doadores, todos de empreiteiras envolvidas na Lava Jato como a Odebrecht e Camargo Corrêa, entre outras, doaram ao Instituto Lula no total cerca de R$ 20 milhões. A J&F, de Joesley Batista, faz parte da lista, com R$ 2,5 milhões.

O cara está cheio da nota, mas até agora Moro bloqueou apenas R$ 606.727,12 em dinheiro, além de confiscar dois carros, três apartamentos e um terreno em São Bernardo do Campo. É preciso encontrar mais. Bem que os petistas podiam ajudar. É preciso taxar essa grande fortuna.
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POR José Pires

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Foro de São Paulo e sua zoação em Manágua

As resoluções do Foro de São Paulo, ocorrido nesta semana em Manágua, dão a impressão de que fizeram o encontro para produzir notícias para esses sites que fazem humor como se fossem informações reais, como o "Sensacionalista" ou "Joselito Muller". O besteirol começa pelo lugar escolhido para o encontro, Nicarágua, país com um governo hoje que é o exemplo mais substancial da falência da esquerda na América Latina. O presidente Daniel Ortega foi um dos líderes da Revolução Sandinista, que emocionou o mundo na década de 70, na derrubada de um dos ditadores mais corruptos que já existiu, o general Anastasio Somoza, e a instalação de um governo que prometia uma transformação radical naquele país, com uma revolução igualitária e de caráter humanista.

Os acontecimentos na Nicarágua animaram de tal forma a esquerda naqueles tempos em que quase todo o continente estava dominado por sanguinárias ditaduras de direita, que o escritor Júlio Cortázar chegou a doar direitos autorais de suas obras para o governo instalado após a queda de Somoza. No entanto, todo aquele projeto se perdeu, se é que era mesmo verdadeira a intenção de fazer algo diferente do caráter autoritário que a esquerda sempre demonstrou na prática, a partir do fechamento político em Cuba em poucos anos de Fidel Castro no poder. A Nicarágua é o exemplo perfeito da desonestidade da esquerda. A partir de um projeto com ares de um sonho libertário, seus dirigentes se aliaram ao que havia de pior naquele país, locupletando-se no poder. Ortega é hoje um milionário, reeleito com o apoio de políticos corruptos da esquerda e da direita, que hoje dominam o país.

O Foro de São Paulo não poderia ter encontrado lugar melhor para um encontro, ainda mais agora na situação de ruína moral dos países que se descuidaram e elegeram presidentes alinhados a este movimento esquerdista internacional. Argentina e Venezuela se destacam nesta desgraceira, além da situação terrível do nosso Brasil, que conhecemos muito bem. Uma reunião do Foro nestes tempos é mesmo de fazer babar "Joselitos" e outros tiradores de sarro. A gente tem até que ler duas vezes ou mais as notícias sobre este grotesco encontro. Tudo parece exagerado demais, como o alerta sobre as ameaças à América Latina, o apoio ao processo de paz na Colômbia, a solidariedade ao condenado Lula e a decisão de enviar missão para acompanhar a Constituinte na Venezuela. Parece que depois de provocar a ruína econômica e roubar bastante em vários países, os companheiros resolveram zoar com os latino-americanos.
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POR José Pires

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Imagem- Durante o Foro de São Paulo, homenagem aos "heróis da Nicarágua", passeata que é uma piada pronta, ainda mais tendo à frente a senadora petista Gleisi Hoffmann, ré por corrupção no Brasil

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Os velhos novos partidos

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pretende criar um novo partido, a partir da fusão do DEM com outra legenda, talvez um desses partidos nanicos, das dezenas de siglas atuais que topam tudo. Faz tempo que os líderes do DEM estão necessitados de dar um rumo a seu partido, que não vingou depois da remodelagem de marketing feita em 2007, com a mudança para o nome atual. O partido veio diminuindo a cada eleição, inclusive com deputados que trocaram de sigla. O logotipo dessa coisa é uma arvorezinha, mas nada brotou de fruto político que mereça alguma menção. Para se ter uma noção da “mudernidade”, Maia é um dos tantos políticos cujo peso curricular sempre dependeu de ele ser filho de cacique, o ex-prefeito carioca Cesar Maia.

O DEM (ou também “Democratas”, confusãozinha de denominação bolada pelos publicitários) nasceu a partir do antigo PFL, gerado por sua vez no ventre político obscuro da ditadura militar, a partir do rico berço da antiga Arena. Foi um enxerto atrás do outro, que veio dar no DEM. Em março deste ano o partido completou dez anos, sem motivo nenhum para festa. A ideia da remodelação publicitária era de se apropriar do clima de modernidade política que muitos acreditam existir na atualidade, num movimento que já teria mais ou menos uma década. Discordo absolutamente que exista mesmo isso. Para mim, o que temos são apenas sintomas de uma crise brutal, que vem principalmente de um abalo muito forte na cultura. Acreditar que o resultado natural disso será algo novo e melhor, é uma questão de crença e não de lógica. No entanto, essa ilusão de que a partir da confusão se abrirá um caminho que nos levará à “modernidade” é muito forte e passou a contar com os adereços tecnológicos fantásticos que garantem um país do futuro, agora até pelo WhatsApp.

Mas, de qualquer forma, o interesse dos líderes do DEM e seus publicitários era apenas surfar de cuecão na onda mundial que fazia (e ainda faz) muitos caírem na velha engambelação de que a História é progressiva e se encaminha para o bem. Com o novo partido em substituição ao DEM, os antigos pefelistas, ex-arenistas e logo mais ex-democratas planejam se salvar do afogamento. Para isso vem a calhar a possibilidade de Maia ser presidente da República no lugar de Temer durante um tempinho. A força de atração disso deve criar uma sigla repleta de senadores e deputados afim de se acertar com o poder. É o velho jeitinho brasileiro de fazer reforma política. No entanto, é possível prever o que deve ocorrer caso haja um mínimo abalo do poder de Maia ou mesmo com ele completando a interinidade e passando o governo para alguém de fora de seu grupo político. Acho bom os publicitários do DEM prepararem mais um logotipo para o próximo partido depois dessa mudança.
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POR José Pires

terça-feira, 11 de julho de 2017

A esquerda e sua falta de respeito com a democracia

Senadores e deputados liderados pelo PT e PCdoB mostraram nesta terça-feira que democracia representativa não é com eles. As senadoras Gleisi Hoffmann, Vanessa Grazziottin, Regina Souza, Fátima Bezerra, Lídice da Mata, Ângela Portela ficaram sentadas à mesa da presidência desde as 11 horas, impedindo a votação da Reforma Trabalhista. Só foi possível começar os trabalhos do plenário no início da noite. Segundo elas, foi uma tática de “ocupação” em defesa dos trabalhadores. O lamentável espetáculo é uma demonstração do que a esquerda poderia fazer no Brasil se tivesse poder.

A ação é completamente absurda, porque quebra todas as regras de entendimento por meio do Legislativo. O clima é bolivarianista, até aqui sem a violência praticada pelos companheiros deles da Venezuela, mas não por opção própria dos esquerdistas. Isso só não ocorre no Brasil porque a esquerda não conseguiu implantar plenamente seu projeto autoritário de poder. Além disso, eles sabem que o Exército Brasileiro está de olho, agora em defesa da democracia.

Mas a esquerda está na luta para criar as condições para impor seus interesses na mão grande, entre eles o da impunidade para companheiros pegos em delitos gravíssimos. E pelo visto, a desmoralização do Legislativo é parte integrante da estratégia do quanto pior melhor, que agora mira numa desestabilização total da nossa democracia, para que eles possam se colocar como opção na volta ao poder.
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POR José Pires

Temer garantido pelo subalterno

Com um governo escorado em um homem forte na economia, Michel Temer acabou armando uma cilada para si próprio. A questão política agora não é se o seu governo permanece, mas se após sua queda Henrique Meirelles vai ficar no ministério da Fazenda. Bem, triste o país que precisa de Meirelles para sua sustentação econômica, pior ainda para este país se ele for também uma sustentação do equilíbrio político. E dizem que em conversas de bastidores, ele vem fazendo até exigências para ficar no ministério. Matérias plantadas, é claro. E nem é preciso dizer por quem.

No governo Temer, Henrique Meirelles não disse ao que veio, do mesmo modo que vem sendo sua carreira pública, onde ele apareceu sempre como solucionador implacável de problemas. O homem é um sucesso, infelizmente não consumado. Já foi presidenciável, era para ser governador de Goiás, falaram na sua candidatura para o Senado, mas ele acabou mesmo como ministro de um governo meia-sola. Deixemos para lá seu currículo como banqueiro, mas em função pública esta grande promessa brasileira nunca se cumpriu. E faz tempo que ele está na jogada. Costuma-se esquecer que Meirelles ocupou o Banco Central de 2003 a 2011, portanto durante os dois mandatos de Lula, governo de onde vem esta baita crise não só pelo que foi feito como também pelo que se deixou de fazer. E era também o ministro da Fazenda que Lula queria para Dilma. Ela é que recusou.

Todas as mamatas e a desestruturação do país têm origem no governo Lula, de modo que fica difícil manter Meirelles na inocência da porção de desgraças tramadas naquele período. Seria desmerecer sua inteligência dizer que ele não viu a sistematização da corrupção e os lances inacreditáveis que fizeram desmoronar a nossa economia. Aliás, sobre isso existem declarações suas na época afirmando que o modelo político e econômico de Lula estava muito certo e que o futuro estaria garantido com o que eles estavam fazendo.

No entanto, fora o que os petistas armaram de encrenca na economia, qual é o projeto de Meirelles para enfrentar esta crise? Duvido que alguém saiba de uma ideia dele que mereça ser destacada. É um fato que além da reforma trabalhista e a da previdência não existe nenhuma formulação abrangente para a economia brasileira. Mesmo a inflação vem sendo contida mais pelos maus efeitos da crise do que por medidas do governo. Porém, nesta era de carência em todos os sentidos, Meirelles é tido como fator de grande sustentação. Ora, só se for entre seus colegas banqueiros, de onde vem de fato sua força política. Já na condução da economia ele não demonstrou na prática o que se esperava dele. Mas é o que temos como condutor desta transição na área da economia, o que não deixa de ser mais um sintoma da crise. Num tempo de fraqueza, homens fortes são assim.

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POR José Pires

sábado, 8 de julho de 2017

O avalista da honestidade de Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo

Não existe nada mais significativo que o depoimento que o ex-presidente Lula deu nesta sexta-feira como testemunha de defesa da senadora Gleisi Hoffmann e do marido dela, o ex-ministro Paulo Bernardo. O casal petista responde à ação penal da Lava Jato pelo recebimento ilegal de R$ 1 milhão para campanha ao Senado, em 2010.

O teor da defesa feita por Lula ainda não foi liberado pela Justiça. Mas independente do que ele tenha falado a favor de Gleisi e Bernardo, este depoimento já está consagrado como a mais legítima representação da condição moral do casal de políticos. É uma variação interessante da frase “Diga-me com quem andas e eu te direi quem és”, neste caso com um aval da honestidade e a garantia pessoal do bom comportamento ético dos companheiros de caminhada. Nunca se viu na história deste país algo que definisse tão bem a condição moral de alguém.
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POR José Pires

domingo, 2 de julho de 2017

Governo ruim de conta

Acontece tanta coisa esquisita no governo de Beto Richa, no Paraná, que ninguém se espantou com mais um erro incrível do governador, desta vez com as universidades públicas do estado. O governo de Richa tem uma porção de complicações políticas, até com assessor acusado de exploração sexual de menores, além de quadrilhas de sonegadores descobertas pelo Ministério Público, com a chamada Operação Publicano, na qual foi preso até um primo dele. O tucano responde a inquérito no Superior Tribunal de Justiça sobre estas fraudes. Ele também é citado na Lava Jato, nas delações da Construtora Odebrecht, com o codinome de “Piloto”.

Ultimamente o nosso “piloto” vem fazendo ataques às universidades estaduais, com uma agressividade que aumentou bastante depois de reitores se negarem ao enquadramento numa proposta de maior controle sobre a administração das instituições, com um sistema de controle de gastos centralizado no governo. No debate que se seguiu, Richa e seus aliados passaram a um lamentável jogo de difamação das instituições com dados falsos e invenção de situações absolutamente mentirosas, como a acusação de falta de transparência de cada universidade. Num desses ataques, filmado em vídeo com Richa ao microfone e cercado de uma claque de gabinete, o governador até afrontou o decoro, fazendo um grosseiro ataque pessoal ao reitor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Mauro Baesso. O tucano fez igual um desafeto seu, o senador Roberto Requião, que no governo também insultava professores das universidades.

Na absurda tentativa de colocar os paranaenses contra as universidades públicas, Richa adotou a tática de desmerecer instituições que, ao contrário disso, deviam ser valorizadas pela qualidade que apresentam mesmo em condições muito difíceis. Junto às outras universidades paranaenses, a UEM foi acusada de gastar demais com alunos, com uma cifra impressionante de 9 mil reais em gasto médio por aluno. Numa entrevista que serve como aula inclusive de boas maneiras para o governo tucano, o reitor Baesso, explicou que o número não é verdadeiro, até pelo fato de que para arcar com este custo o orçamento da universidade teria de ser sete vezes maior. Por má-fé ou dificuldade com o raciocínio matemático, o governo Richa apresentou o resultado de uma divisão pelo número de alunos formados em 2014, sem levar em conta a progressão da entrada de alunos durante os cursos, a maioria de quatro anos, mas alguns, como medicina, com seis anos.

Com a polêmica trazida pelo governo, o site da Gazeta do Povo fez um levantamento com o total de estudantes e chegou à conclusão de que o gasto médio nas seis universidades estaduais é de 2 mil reais ao mês por aluno, muito distante do que dizia o governo, em tom de acusação. A estimativa da Gazeta é com base no total de alunos matriculados na graduação e na pós-graduação. Segundo o site, a UEM tem o custo por aluno de R$ 1.989,06. Esta universidade tem 23.881 alunos, um pouco mais que a UEL, que fica em Londrina e tem 20.113 alunos, com custo unitário de R$ 2.302,92. No total, o ensino superior no estado tem 84,8 mil alunos. Estes são os números reais, dos quais o governador poderia extrair bons resultados políticos e administrativos, bastando para isso ter boa vontade. Richa deveria focar o debate na relação de custo e benefício, com a formação de milhares de profissionais todos os anos, sem os quais ficaria impossível tocar o Paraná, com prejuízo certo também para todo o país. Feita dessa forma, a conta vai mostrar com certeza um resultado de lucro social e econômico para o Paraná e o país.
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POR José Pires


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