sexta-feira, 30 de abril de 2010

Olho neles

Vejo sempre mesmo entre pessoas que não são partidárias de Lula o argumento de que o petista é diferente de Hugo Chávez, na medida em que Lula teria o respeito pela democracia que falta ao presidente venezuelano.

Menos, menos. Se não aconteceu no Brasil algo semelhante ao golpe que Chávez e seus partidários deram na democracia de Chávez é menos pelas supostas qualidades cívicas de Lula e seus companheiros e muito mais pelos obstáculos interpostos pela sociedade civil brasileira para que se estabeleça por aqui algo semelhante ao que acontece na Venezuela.

Não que não tenham tentado. O mensalão era para criar as condições básicas para isso, mas foram contidos pela sociedade civil e principalmente pela imprensa. Por isso não perdoam a imprensa até hoje, mesmo quando muitos jornais e sites são tão amenos em relação à sujeira política e incapacidade administrativa.

Fala-se às vezes que Lula não quis o terceiro mandato. Pois ele desejou isso como ninguém. O que ocorre é que sentiu que o clima político poderia ficar adverso aos seus interesses, caso avançasse nessa idéia. Por isso recuou. Mas insinuou o tema pessoalmente o tempo todo e colocou partidários nas ações mais explícitas. E até tentou criar uma mobilização nos bastidores para que parecesse haver um apelo popular pelo terceiro mandato. Não colou.

Neste caso Chávez foi um ponto positivo, pois o incômodo criado no plano internacional pelas ações autoritárias do presidente venezuelano, criou um clima contrário qualquer um se manter no poder dessa forma.

Lula é menos corajoso do que tenta parecer. O Lula do debate na eleição perdida para Collor é o que vale. Mas se derem chance, ele avança sem se preocupar com a legalidade.

O mensalão é a prova de que se houver espaço o lulo-petismo usa até manobras imorais que atentam contra a legalidade. Neste episódio do suborno a parlamentares para montar uma base governista bem mais forte do que eles já tinham havia um plano estratégico para a eternização do PT no poder.

O inquérito do procurador-geral da República, Antonio Fernando Barros e Silva, devia ser de leitura (e releitura) obrigatória. Está tudo lá. O mensalão ainda vai ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e espero que a maioria dos implicados vá para a cadeia. Nesta eleição, aliás, vota-se também o mensalão. Se Dilma for eleita, é bem grande a possibilidade de que não aconteça nada com os criminosos. Esta é uma das razões (e para alguns líderes a primeira) de tamanha agressividade para eleger Dilma Rousseff.

Eles vão tentar de tudo e mais um pouco. Já estão fazendo isso na internet com uma máquina muito bem paga e totalmente monitorada, que se espalha em sites e blogs na internet. Não existe o "Site da Dilma". O que tem são os "Sites da Dilma".

É preciso ficar de olho no lulo-petismo. Sem esquecer que o que aconteceu na Venezuela foi em parte em consequência da péssima índole de Chávez, mas também de um grave descuido da sociedade civil venezuelana.
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POR José Pires

Maravilhas da natureza

Sigo com atenção os escritos do deputado cassado José Dirceu. Tenho um blog onde a política é um tema importante e então faço como obrigação. Para compreender os hábitos dos peixes-piloto da blogosfera chapa-branca é imprescindível acompanhar os tubarões. O peixe-piloto segue colado ao tubarão e eu atrás, sapeando para ver o que está sendo tramado.

Tenho um desconforto com o uso de imagens de animais para identificar mazelas humanas, mas às vezes é a melhor forma de comunicar uma idéia. A raposa, pobre coitada, nunca teve nada a ver com mensalão, aloprados ou currículos falsos. E o lobo é um animal em extinção.

Na natureza, o peixe-piloto aproveita parte dos alimentos do tubarão e limpa as brânquias do bicho. É o chamado mutualismo. Aquele monte de peixes-piloto se associam ao tubarão para a sobrevivência das duas espécies. Na política também é assim. E com as modernas tecnologias, peixe-piloto tem até blog.

Mas não é disso que eu queria falar. É que nessa atividade de acompanhar o que o José Dirceu escreve (ou melhor, publica, pois duvido que seja ele o autor de tudo que assina) e que faço sem pagamento de insalubridade ou qualquer outro mimo, mesmo que seja do BNDES ou uma boca na TV Brasil, de vez em quando me deparo com coisas verdadeiras. E aí tenho que dar o braço a torcer (Ui!) e observar que até petista fala a verdade.

Hoje no blog do Ricardo Noblat, agora há pouco, me deparo na cabeça da página com o artigo de Dirceu. O Noblat publica sempre e não sei se o Dirceu é pago pelo material. Vejo que o dono do blog ainda não corrigiu a identificação do ex-ministro do Lula e acho que jamais irá fazê-lo. Mas, de qualquer forma, levanto sempre a questão e não é por birra política, não. É um fato técnico. Está errado identificar José Dirceu como "advogado e ex-ministro da Casa Civil" como o Noblat e tantos outros fazem. Esse pessoal não lê o manual de redação?

Isso desinforma o leitor e acho que é até contra os próprios princípios do Dirceu, que está sempre reafirmando um suposto compromisso com a História. Bem, compromisso ele tem é com o Supremo Tribunal Federal, onde é réu no inquérito do mensalão. Responde por corrupção ativa, pois seria o chefe do esquema de suborno de parlamentares.

Mas, voltando ao compromisso com a História, quem escreve tem que ter compromisso também com o leitor. Por isso digo sempre que é necessário identificar o nosso articulista preferido como "deputado cassado por falta de decoro". Eu poderia ser acusado de preciosismo se pedisse que botassem que o homem é processado no STF. Isso pode deixar pra lá. Mas que ele foi cassado, ah, isso é um fato. Currículo é currículo, santinho.

E a verdade escrita pelo Dirceu no artigo? Como costuma acontecer com a verdade, é muito simples e já vem no primeiro parágrafo. Leiam: "Há uma semana escrevi neste espaço que, nas eleições presidenciais de 2010, já estão à solta mais lobos em peles de cordeiro do que podemos imaginar".

Nunca pensei que fosse um dia escrever isso, mas concordo com o José Dirceu. Por isso que insisto que o Noblat devia identificar melhor o "advogado e ex-ministro da Casa Civil". Olha o lobo, olha o lobo!
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POR José Pires

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Faltou ABC na lista muito louca da Time

Escrevi abaixo sobre a lista muito louca da revista Time, na eleição dos 25 líderes mais importantes divulgada hoje no site da revista. Procurei fazer um relato mais aprofundado para mostrar a falta de seriedade deles com os fatos, coisa que vem de muito longe.

Agora, no final da tarde, foi esclarecido pela própria direção da revista que Lula está em primeiro lugar no site apenas por uma ordenação editorial. A revista considera como um todo a lista de 25 líderes, sem utilizar um ranking.

No Brasil, a confusão foi estimulada pela pressa dos sites brasileiros em dar a notícia. Pressa e conveniência, é claro, pois com Lula em primeiro lugar este assunto renderia durante muito mais tempo.

O setor de Relações Públicas da revista explicou a decisão de colocar o nome de Lula no início da lista, com o número 1 a frente: "Os editores da revista consideraram que seria mais interessante colocar o texto de Michael Moore sobre Lula como o primeiro, o que não significa que exista um ranqueamento."

Ah, bom. Mas o fato é que lá está a lista [PS: À noite a revista retirou a numeração] fazendo a confusão. Se o critério não é a classificação de 1 a 25 deviam ter publicado em ordem alfabética.

Essa história está parecida com o relato de Peter Drucker que relatei no texto abaixo, quando confundiram seu beagle velho com um feroz cão pastor alemão.

De qualquer forma, mesmo que o nome de Lula vá para baixo da décima linha, (onde estaria se fosse seguida a ordem alfabética), continuo achando a lista muito louca. É totalmente sem sentido.

O que faz sentido, porém, é a escolha pela revista do documentarista Michael Moore para fazer o texto cheio de elogios ao governo Lula. É o doido ideal para a tarefa.
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POR José Pires


A Time e sua lista muito louca

A revista Time acaba de soltar a notícia de que elegeu Lula um dos líderes mais influentes do mundo. É coisa de doido. Não só por colocar Lula nessas alturas, como também pelos critérios da escolha, que coloca junto com o presidente brasileiro, por exemplo, Sarah Palin (9º lugar), J.T. Wang (2º lugar) presidente da Acer, de Taiwan, Jon Kyl (11º lugar), senador norte-americano e Tidjane Thiam (14º), chefe-executivo da empresa britânica de serviços financeiros. Puxei os nomes de modo aleatório, apenas para dar uma idéia da confusão criada pela redação da Time, mas a lista inteira traz essa disparidade entre as personalidades.

Teve uma época em que ser escolhido “Homem do ano” pela Time trazia a consagração internacional. A própria escolha, em muitos casos, tinha a intenção de fortalecer uma tendência política e a revista tinha influência para isso. Mas isso faz muito tempo.

E o andar do tempo também desmoralizou esse tipo de escolha editorial. Por isso, a Time tem procurado encontrar um caminho novo para que o mundo preste mais atenção na revista. Mas é possível levá-la hoje à sério, com tanta informação à disposição na internet?

O desprezo pela Time da parte de gente realmente séria é coisa bem antiga. Peter Ducker, o conhecido “guru” da administração, conta em um delicioso livro de memórias (Reminiscências: De Viena ao Novo Mundo) que em 1950 fizeram uma reportagem sobre um importante livro seu, “A Nova Sociedade”. Escreveram então que ele “tinha na sala um piano de cauda” e havia na casa “um feroz pastor alemão”. E ele não tinha nada disso. O que havia era um piano velho para seus filhos estudarem. E o cachorro da família era beagle velho, meio cego e ainda manco.

O que aconteceu é que para fazer suas reportagens a revista mandava alguém — uma “pesquisadora” e não uma repórter — para colher dados sobre o tema da reportagem. O texto final era escrito por um editor, que não tinha contato pessoal com esta “pesquisadora”. Esta era a técnica inventada pelo fundador da revista, Henry Luce (o texto de Drucker é sobre ele) para dar um estilo único ao texto da Time. Luce tinham um imenso orgulho disso. A moça (pois era sempre uma mulher) ouviu de Drucker que o mascote era um “cão de caça” e o redator interpretou o que havia na ficha da pesquisadora como “feroz pastor alemão”. E o piano de calda surgiu em confusão parecida.

Era assim que era feita a revista de maior influência na época. É lógico que não quero diminuir o valor da Time só porque viram um pastor alemão onde havia um beagle velho e manco, mas é um bom exemplo da falta de cuidado da revista com a precisão da notícia. No caso da matéria com Drucker a troca foi em razão de descuido. Mas muitas outras vezes, e ai de forma deliberada, beagles foram tratados como cão pastor alemão e vice-versa.

E Drucker também é uma excelente fonte no caso, pois jamais seria confundido com um esquerdista. A esquerda sempre odiou a revista. Drucker conta que antes da Segunda Guerra Mundial havia um forte grupo na revista favorável a Hitler, inclusive o editor de internacional, Laird Goldsborough, que ficou na editoria até bem depois da eclosão da guerra na Europa.

Time foi também a porta-voz dos piores sentimentos políticos, os mais à direita e menos interessados numa condução equilibrada dos assuntos intrenacionais, nos anos posteriores ao conflito, quando veio a Guerra-Fria. Durante a Guerra do Vietnã cumpriu o mesmo papel.

Mas que importância tem tudo isso? Com o chefão colocado nessas alturas a blogosfera petista com certeza vai levar a Time muito a sério. Deve esquecer que condenou a revista como um órgão da “imprensa burguesa” e sempre criticou a manipulação que esta publicação sempre fez dos fatos.

Celso Amorim, um ministro das Relações Exteriores que tem o raciocínio de um blogueiro chapa-branca, está todo prosa. Os jornalistas foram ouvir sua opinião e ele disse: "Para vocês é uma surpresa?"

O caminho da repercussão deve ser por aí. E como a imprensa brasileira tem vivido mais da especulação, de um jornalismo superficial que beira o banalismo, não me espanto se começarem as suposições sobre a influência disso na eleição de Dilma Roussef e até da eleição de Lula (e seu tradutor de inglês, naturalmente, senão ele não consegue pedir sequer um café) para secretário-geral da ONU.

Quem é do ramo sabe que quando uma redação começa a fazer lista é que a publicação, seja qualquer for ela, está sem assunto. Mas esta lista da Time traz um elemento novo: a lista é o próprio assunto.

Não encontrei até agora alguém quem explique de forma convincente como a revista chegou neste ajuntamento desconexo de nomes. Alguém já ouviu falar de Tidjane Thiam ou do senador Jon Kyl? Da Sarah Palin todos já ouvimos falar, mas quem garante que alguém vai se lembrar dela dentro de dez anos? E não faz sentido que uma pessoa com “influência mundial” caia no esquecimento em tão pouco tempo.

Na lista em que Lula está em primeiro, Barack Obama figura em quarto lugar, à frente de Ron Bloom, assessor sênior do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, o que é menos mal, pois se o assessor sênior do secretário do Tesouro estivesse à frente de Obama complicaria ainda mais entender aonde a Time quer chegar.

Mas isso não vai evitar que um australiano ou algum leitor no Uzbequistão tenha bastante dificuldade em saber quem é o crioulo em quarto lugar, bem abaixo do Lula, o presidente do Brasil — ou melhor: Brazil.
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POR José Pires

Chávez em su casa


Hugo Chávez esteve ontem no Brasil e — como já informei de madrugada aqui no blog — se meteu nas eleições brasileiras. É Dilma de coração e não poderia ser outra coisa. Dilma viveu praticamente toda sua vida adulta no Rio Grande do Sul e lá tem um ditado muito bom, talvez ela conheça: os gambás se cheiram. É isso.

Chávez tem experiência em eleições. Mesmo com o poder imenso que acumulou, em seu país ele tem que fazer um esforço para se manter no poder, disputando eleições que exigem muito cuidado estratégico.

Daí a gente se pergunta porque ele se intromete dessa forma numa eleição onde sabe muito bem que sua presença prejudica a candidata de Lula. Até o político de menor influência ou capacidade sabe que na ajuda a um aliado existem situações em que a melhor política é a ausência.

É óbvio que é uma questão de respeito que um chefe de estado de um país estrangeiro não toque em questões políticas internas do país que está visitando. Mas, o que Chávez fez é contrário à estratéga política mais básica. A candidata petista tem problemas de sobra para amenizar junto à opinião pública a imagem do próprio perfil autoritário. O que ela não precisa de forma alguma neste momento é estar no coração de Chávez.

Tanto é que, mesmo com sua campanha sendo tocada em estilo amadorístico, ela não mandou publicar o efusivo apoio em seu site na internet.

Mas entre Chávez e Lula é sempre assim. O venezuelano tem a postura de chefe. Lembro que ele botou até o José Dirceu pra correr, quando o então o então chefe da Casa Civil que o Lula dizia ser seu “capitão” foi até a Venezuela em visita oficial interceder junto ao presidente venezuelano numa questão diplomática. Dirceu voltou com o rabo entre as pernas. Chávez botou o "capitão" pra fora do campo, algo que o Lula nunca conseguiu fazer, mesmo sendo o chefão do time.

Porque é desse jeito, com Chávez agindo como se fosse ele quem determina a relação com o presidente brasileiro, é um daqueles mistérios que o lulo-petismo trouxe às nossas relações internacionais. Na relação com o Irã também paira esta dúvida.

O tempo ainda vai esclarecer o que é que Lula deve à esta gente, porque o nível em que a relação se estabelece (com o Brasil entrando até em situações claramente contraproducentes, como na defesa do Irã) nada tem a ver com balança comercial. País nenhum vai comprar produtos baseado neste ou naquele apoio em foros internacionais. O que rege o comércio internacional é a necessidade.

Mas enquanto não vem à luz os reais motivos desse papel subalterno de Lula e seus companheiros, vamos todos passando vergonha. Porque agüentar Chávez no Brasil agindo como se a casa fosse sua é algo que faz mal para a dignidade de qualquer um que não tenha rabo preso com ele.
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POR José Pires

Sempre um Sarney no meio

Um documento da contabilidade de caixa 2 da campanha de José Roberto Arruda, que foi do DEM e hoje está sem partido e cassado do cargo de governador de Brasília, traz uma anotação escrita à mão com o nome "Sarney".

A descoberta é do jornal O Estado de S. Paulo, que informa que a lista foi esquecida cima da mesa de uma emissora de televisão em janeiro de 2007 pelo secretário Márcio Machado quando Arruda tomou posse. Machado era arrecadador do caixa 2 do ex-governador e depois foi nomeado Secretário de Obras do Distrito Federal.

Brasília tinha uma corrupção de nível bem baixo para uma capital federal. O próprio governador era quem ia pegar os pacotes de dinheiro das maracutaias. Iam buscar propina sem levar pasta para carregar e tinham que botar os maços as meias. Um desleixo total.

O jornal já submeteu as caligrafias ao perito Ricardo Molina e a conclusão é “segura”, como ele frisa na perícia técnica: o nome Sarney foi escrito de próprio punho por Arruda na planilha do caixa 2. O Sarney citado está envolvido com "200/150PG", como Arruda escreveu. Ninguém sabe ainda quanto é "200/150", mas "PG" é um código velho: o negócio foi concluído.

O duro agora é saber qual Sarney. A família é grande, com gente enfiada em tudo quanto é cargo público, com até neto nomeado pelo vovô Sarney. Essa família dá um trabalho danado. Os brasileiros tem sempre duas dúvidas importantes quando surge o nome Sarney em alguma notícia: qual é a corrupção e qual Sarney está envolvido nela.
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POR José Pires

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Hugo Chávez é Dilma de coração

Como se não bastassem os problema com Norma Bengell, agora entra na campanha de Dilma um ator internacional. Em visita oficial ao Brasil, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, deu apoio à candidata do Lula.

Vamos ao que ele falou: “Não quero me meter em coisas internas do Brasil, como o Brasil não se mete em coisas internas da Venezuela, mas o meu coração está aqui: Dilma Rousseff”. E ainda mandou um beijo para a candidata.

Até agora não colocaram nada no site da Dilma. Mas não duvido que publiquem o elogio em destaque. O contato desses petistas com a realidade não é muito equilibrado.

Não tem hora boa para uma declaração dessas, mas o momento não podia ser pior. Nesta fase de campanha o foco principal dos candidatos são os formadores de opinião. É hora também de dialogar com a classe dirigente, de buscar o empresariado e de fortalecer simpatias e aparar possíveis rejeições. É claro que uma declaração tão efusiva de apoio de Chávez não ajuda em nada nesta tarefa.

Nem preciso dizer também que este é o momento de buscar doações para a campanha. E vai muito dinheiro numa eleição para presidente. Mas neste caso Chávez deixa de ser um problema para ser solução.

O quê? Chávez não pode ser doador porque é estrangeiro e, além disso, presidente de um outro país? Ah, é mesmo. Mas de qualquer forma, é bom não colocar o apoio dele no programa eleitoral de televisão. Vai pegar mais mal que o apoio da Norma Bengell.
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POR José Pires

Fenômeno eleitoral

Norma Bengell, uma encrenca que não termina

O pessoal da candidata do Lula realmente é ruim de apagar incêndio. A montagem com a foto da atriz Norma Bengell ainda permanece no site, mesmo depois de toda a polêmica. Tudo bem, a gente sabe que para um petista são sempre os outros que estão errados. Eu até diria, se gostasse tanto de plenonasmo quanto a Dilma, que petista é teimoso, mas será que não tem ninguém sensato para tirar aquilo do ar?

Mas um petista sensato seria um ET naquele meio — o ET do PT — e a prova disso é que, além de manter a montagem com a farsa, ainda estão jogando gasolina no fogo. Hoje colocaram um apoio da própria Norma Bengell.

Em uma nota com o título “Não tem nada que pedir desculpas, diz Norma Bengell” o site de Dilma cita uma entrevista da atriz ao jornal Folha de S. Paulo, na qual ela diz que “não viu problema algum no uso de sua foto”. Norma falou também que “acha Dilma maravilhosa” e que torce para que ela ganhe a eleição.

O site diz ainda que Dilma escreveu em seu Twitter um agradecimento à declaração de Norma Bengell, que “desfaz o mal-entendido gerado”.

Bem, não desfaz mal-entendido algum, até porque ficou muito clara a má-fé da equipe de Dilma. E a opinião da Norma Bengell nem está no contexto do assunto.

Também não falta motivo para que ela goste do governo Lula. Há poucos dias, a Comissão de Anistia concedeu a ela sua bolsa ditadura. Vai receber como reparação econômica cem mil reais, pagos em parcela única.

Mas trazer a Norma Bengell para esta discussão mostra que petista vive mesmo num mundo a parte. Não sabem nada do que acontece aqui do lado de fora, na vida real. E não é por causa da bolsa ditadura que estou falando isso.

A atriz está bem encrencada e não é de hoje. Alguém precisa contar para eles que a atriz está com seus bens bloqueados por causa dos problemas de O Guarani. Em 1996 ela foi acusada de desviar dinheiro público na prestação de contas do filme, do qual foi produtora e diretora. A questão ainda está em juízo.

Deixa pra lá que pegaram uma foto da Norma Bengell para parecer que era a Dilma na década de 60. É melhor que uma foto da própria candidata na época, que estava de metranca. Mas cuidado companheiros, para não usar um apoio da atriz no programa eleitoral de televisão. Pode não pegar bem.
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POR José Pires

terça-feira, 27 de abril de 2010

Acabou para Ciro Gomes

No final da tarde de hoje o PSB jogou a última pá de terra na candidatura de Ciro Gomes. Como eu disse aqui, no último sábado, não adiantou Ciro "espernear". Lula fez com a candidatura dele o que não conseguiu fazer na prisão com o menino do MEP, conforme a conhecida história que Lula teria contado a César Benjamin, que depois espalhou pra todo mundo em um artigo na Folha de S. Paulo.

Ninguém é tolo de lamentar pelo Ciro Gomes, não só porque ele já tem experiência suficiente para saber com quem estava se metendo quando deu tanta confiança a Lula. O próprio deputado também não é um político de jogar limpo, além do que até pessoalmente é uma barbaridade de grosso.

E neste desfecho ele tem também sua parcela de culpa. Para a política ele até é novo em idade, mas sua carreira é de veterano. Já passou por muitos cargos de destaque e nunca teve a preocupação com a construção de um partido político. Até nisso, Ciro é igual ao políticos clientelistas. Como é mais esperto do que a maioria, até consegue passar um ar de modernidade. Mas é só gogó. Sempre usou os partidos e agora usaram um partido contra ele.

Mas tirando essas questões ligadas diretamente ao candidato que levou a rasteira de Lula, temos que olhar o lado institucional do golpe. Houve um uso abusivo da máquina pública para atender aos interesses do lulo-petismo e destruir uma candidatura à presidência da República. E sabemos muito bem que não pode ter sido apenas com um olho no olho que o presidente da República comvenceu a direção nacional do PSB.

Mesmo que Ciro seja o que é, esse foi mais um golpe de Lula e seus companheiros contra a democracia. O desrespeito ao eleitor parece coisa de coronel. Aliás, o embate foi entre dois coronéis da política, já que Ciro é até o líder de uma oligarquia em seu estado. Mas aqui foi atingido também de forma imoral o processo político brasileiro.

Forma-se um quadro eleitoral ao gosto do partido que está no poder e usando recursos que são do Estado: cargos, verbas do orçamento e sabe-se lá mais o quê.

Ainda nesta tarde, logo que sepultou a candidatura de vez, o PSB divulgou uma nota garantindo que não se cogita de tirar os cargos de Ciro no governo Lula. E até o disse o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), entrou no assunto, dizendo o seguinte: "Não tem o mínimo cabimento a discussão de cargos. O presidente Lula não vai concordar em fazer ajustes de cargos dos partidos. Nós respeitamos Ciro. O problema de ele ser ou não candidato é do PSB".

Parece mais um recado. Que Ciro se conforme com o esmagamento de seu projeto pessoal ou ficará sem os cargos no governo. Não é uma novidade na política brasileira. Cargo nomeado tem até o apelido de "cala-boca" em todo o país. O jeito de fazer a coisa é apenas um pouco mais abusado, mas aí é uma questão de estilo. Ou, como eles gostam de falar, o modo petista de governar.

E Ciro Gomes arrumou mais um problema. Agora terá que provar aos brasileiros que tem mesmo vergonha na cara, como costuma dizer o tempo todo, mesmo sem ser perguntado. O Brasil espera uma boa resposta sua aos que lhe deram tanto tapa na cara em público.
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POR José Pires

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Passeata virtual


Alguém devia fazer um site para compilar as besteiras da campanha de Dilma Rousseff, talvez até a turma que fez o Meiguice Serra, mas já vou avisando que a proposta dará bastante trabalho. É que já tem muita coisa para coletar e não acredito que a candidata do Lula vai parar por aqui de produzir besteiras. Essa de publicar no site uma montagem fotográfica que a confunde de forma visivelmente proposital com a atriz Norma Bengell na década de 60 é de doer.

São as maravilhas das novas tecnologias. Inventaram uma passeata virtual para a Dilma participar.

A imagem que Lula tenta enfiar goela abaixo das pessoas é a de uma Dilma muito capaz: uma administradora como nunca se viu. E ela é um desastre até para montar uma campanha. A parte pesada do trabalho nem começou e até agora onde ela atua diretamente dá sempre problema. E os assessores seguem o mesmo método.

Para ter uma idéia da trabalheira que seria juntar tanta besteira é só lembrar algumas das bobagens recentes. De cabeça, sem usar o Google. Espera aí, tem muitas, deixa eu organizar: dossiê contra Ruth Cardoso, o apagão, a demissão da secretária da Receita Federal e o bate-boca depois, o currículo onde se dizia doutora e ela não fez de fato o doutorado em universidade alguma, os vários problemas no PAC, a lista se estende. Já em campanha ela só fez burradas. Os destaques são para a visita ao túmulo de Tancredo e a passadinha no Ceará para sapatear no túmulo da candidatura de Ciro Gomes.

Não podemos tratar isso como problemas só Dilma, é claro. É o que a imprensa faz. E isso mostra que ainda há muita conivência com Lula. Estão esquecendo as responsabilidades do chefão. E uma das mais destacadas besteiras de campanha é o esmagamento de Ciro Gomes em praça pública e que Lula está fazendo de forma abominável.

Aqui ele poderia usar seu "nuncatestepaís". Poucas vezes a máquina do Estado foi usada da forma que Lula está fazendo para isolar a candidatura de Ciro, aliciando outros partidos para evitar que o apoiem e pressionando também seu partido, o PSB.

É uma burrada. Menos pelo Ciro Gomes, um político grosseiro que ver esmagado não corta o coração de ninguém, mas uma atitude dessas no momento da montagem das alianças é mesmo uma sacada de gênio, mesmo que intuitiva. Agora eu pergunto: alguém aí quer fazer uma aliança com Lula e sua candidata?
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POR José Pires

Melhorando a imagem

Mas vamos às bobagens de Dilma. Desconcertam a platéia, mas também desopilam o fígado. Lula também é um bestalhão, mas o problema para criticá-lo neste aspecto é que montou-se uma barreira em torno da sua imagem. No Brasil ninguém tem dificuldade em entender que, pela falta de estudo, o porteiro não tem capacidade para ser o administrador do prédio. Mas exigir isso do presidente da República é preconceito.

E como bom malandro, Lula se valeu sempre disso. O escudo foi história do operário, coisa que ele foi bem pouco, mas não há o que fazer quanto a isso por enquanto. Mas a questão é que sua candidata está em outro patamar. E não é possível blindar contra críticas alegando preconceito. Erro de linguagem ou até de ortografia mesmo em Lula é pitoresco. Em Dilma o problema pesa.

Como malandros, tentaram várias vezes puxar a condição feminina da candidata como novo escudo. Mas qual é a mulher hoje em dia que quer ser tratada como coitadinha? Por isso não pegou. Mas vamos a essa bobagem de usar a foto de Norma Bengell numa passeata contra a ditadura militar na década de 60. O site pegou a foto e trabalhou graficamente de um jeito que confunde Norma com a candidata.

Pelo ângulo da foto e o modo como foi usada, numa sequência cronológica, cria-se mesmo a impressão que é Dilma que está na cena de protesto contra a ditadura. O corte de cabelo atual de Dilma e o da atriz na foto também é parecido. Tem bastante gente na passeata, com várias mulheres à frente. Pois o site destacou exatamente o ponto onde está Norma Bengell. Ninguém é besta de engolir as explicações oficiais que vieram da campanha petista. Essa manipulação é até amadora. Não somos do ramo da falsificação, mas conhecemos bem a técnica.

Mesmo sem a malandragem do uso da foto, esta sequência já seria um erro sério de comunicação. No período dos anos 60 Dilma estava na luta armada. Não fazia parte da oposição democrática e ponto final. Lembrar dessa época no site da candidata e ainda mais com uma foto de uma passeata pacífica é muito amadorismo.

O PT tem uma candidata interessante. Para eles ninguém no passado fez as coisas direito. E a candidata deles fez a luta armada.

Duma situação dessas não tem Norma Bengell que salve. O engraçado é que a coordenação da campanha já concordou que é possível a interpretação que se fez da montagem. Mas a foto ainda está no site. Ô pessoalzinho ruim pra apagar incêndio.
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POR José Pires

O passado em branco e preto

Norma Bengell nunca foi parecida com Dilma. Foi uma mulher linda e sensual. Uma imagem dela andando nua na praia numa cena de cinema em preto e branco freqüenta até hoje minha cabeça. Nem quero ver novamente a cena. Com memória afetiva não se brinca. E se minhas últimas palavras um dia forem sobre areia, banho de mar ou lua no oceano, meu biógrafo já fica sabendo do que se trata.

Mas vamos trabalhar. Eu falava da candidata do Lula. Enquanto Dilma estava na luta para substituir a ditadura militar por uma ditadura comunista, gente como Norma batalhavam pela democracia e pela valorização da mulher naquele Brasil fechado politicamente e bastante provinciano.

Eu já conhecia a foto manipulada pela campanha petista. Agora ela está lá em cima e também em vários sites. Puxa vida! Olha o mulherio: Tonia Carreiro, Eva Vilma, Odete Lara (Ah, Odete Lara!), Norma Bengell, Ruth Escobar. Todas despertam admiração até hoje pelo que fizeram.

A foto é em preto e branco, de uma manifestação em 1968. Ora, Dilma já não estava em armas? E caso ganhasse a guerra da forma que seu grupo pretendia, não duvido que prendessem este mulherio. Ou será que ela e o Lamarca iam decretar eleições livres no primeiro dia da libertação? Cuba, que era um guia, não tem isso até hoje.

O mulherio que está na foto fazia política usando até a beleza e a nudez. Nada a ver com ex-BBB posando peladas pela arte. Naquela época tirar a roupa em público tinha de fato um significado comportamental e político. Não era só para marmanjo usar no banheiro, mesmo servindo para isso também. O finado O Pasquim fez muito isso. Mas alguém já imaginou a Dilma na capa de O Pasquim? Só se fosse de metranca na mão.

A história da candidata do Lula naquele período não é da luta pela democracia. Essa é uma mentira que a esquerda armada emplacou e aí pesou de novo a conivência da imprensa. Brigavam para implantar um regime comunista no Brasil e foram tratados como democratas. Só agora isso começa a ficar bem esclarecido.

E já que estamos falando dos anos 60, o plano conceitual de Lula parece coisa do Crioulo Doido do Stanislaw Ponte Preta. Vocês sabem do que estou falando. A base desse conceito é uma renovação total, até uma reinvenção do Brasil. O país começa depois do PT. Depois do Lula é o Céu e quem não está com Lula não tem valor algum.

E ele ainda veio com este conceito furado de fazer a campanha comparando seu governo com o de FHC. Deu certo com o Alckmin e ele quer repetir. É o problema do intuitivo. Porém, mesmo para a derrota dos tucanos naquela eleição eu penso até que isso não teve tanto peso assim. E Lula já esqueceu — e deve ficar muito bravo com algum assessor que o lembre disso —, que até que mesmo o Chuchu foi com ele para o segundo turno. Mas quem é só intuitivo é assim mesmo. Declama Olavo Bilac como se estivesse revelando uma grande novidade poética.

E para jogar politicamente com a nossa história é preciso apelar para a memória brasileira. Aí é preciso combinar com o Tico e Teco do eleitor brasileiro. No último dia de FHC, há quase oito anos atrás, já tinha brasileiro com dificuldade de lembrar aquele último ano.

O passado no Brasil fica distante de forma mais rápida que em outros países. E os petistas deviam saber disso, até porque se não fosse assim eles jamais teriam alcançado o poder.
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POR José Pires

Passado condenável

Mas Lula insiste na memória histórica como base da campanha. Esse era o mote até agora e acho provável que seja mudado. Um marqueteiro experiente não entraria nessa. Mas quem é que vai falar para a Dilma que o passado a condena? Lembrar a história recente evidentemente traz também para a discussão o passado da candidata. Lula sempre enganou bem nisso. Mas agora não é o passado de Lula que está em questão. Ele até achava que fosse assim. Mas não é o que parece. Nem o filme romantizado da vida dele emplacou.

Será que eles topam essa discussão? A pauta agora é essa. O conceito escolhido só funciona com candidato de passado limpo. Ou pelo menos com uma história sólida, em que tenha estabelecido de forma linear e coerente uma carreira pública bem conhecida.

E o que existe de Dilma da ditadura militar para cá, além da militante da luta armada que tinha como companheiro (Ora, céus!), o renegado Lamarca, para juntos implantarem o comunismo no país? E ela não queria fazer isso em 1935, quando o pecezão também tentou dar um golpe para implantar o comunismo. Dilma e Lamarca fizeram isso entre 1968 e 1970.

E essa no final foi sua ação mais marcante na vida. Na política foi um zero, também à esquerda. É uma carreirista que se pendurou no brizolismo do Rio Grande do Sul, onde foi secretária em dois governos do PDT. Quando sentiu que Brizola não dava mais lucro político, pediu demissão no PDT e foi procurar emprego no PT. E não é que deram? Entrou no PT em 2000 para pegar um cargo nomeado.

Esse é o resumo de sua biografia até entrar no governo Lula. Sua capacidade de gestão é bem fraca. O resultado está aí. Não é ela a mãe do PAC? Temos um país sem infraestrutura e com nossa capacidade tecnológica e industrial se aproximando dos mais baixos números em todas as áreas. Continuando assim, logo teremos que voltar a trocar pau-brasil por espelhinhos.

Agora fica claro que alguém que pode ser eleita presidente da República não sabe administrar nem um site pessoal. Será que já não é hora de discutir candidatos mais sérios? Porque não a Marina e o Serra?
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POR José Pires

Haja insalubridade

Os marqueteiros do PT costumam ser bem pagos. Alguns recebem até em contas no exterior, como soube-se em depoimento do próprio Duda Mendonça, marqueteiro da primeira campanha de Lula à presidência. E aí eles tem um problema a menos. Porque é preciso ganhar muito bem para trabalhar com Dilma. Lula é sindicalista e sabe disso: existem tarefas que exigem um adicional de insalubridade.

A candidata de Lula é uma pessoa intratável. Dilma é aquela chefe que faz os funcionários subalternos irem chorando para casa. Pobres secretárias. O secretário-executivo do seu ministério disse que ela gritava com ele. Numa biografia da internet, ele diz que isso “é o jeito dela”. E o Nelson Rodrigues que dizia que é mulher que gosta de apanhar.

Dizem que quando ela era ministra nem precisava de crachá para entrar no Ministério da Casa Civil. Se chegava chorando na portaria o segurança já sabia: funcionário da Dilma.

Que Dilma é uma barbaridade de grossa sempre se soube desde quando ela servia ao brizolismo no Rio Grande do Sul. Na intimidade, Lula também não é fácil. Mas ele aprendeu a usar muito bem em público uma simpatia planejada. E sua presença também sevia para desviar o foco deste lado da personalidade da candidata. Mas como fazer agora com ela no papel de protagonista?

A candidata de Lula também nunca teve relação alguma com a classe política. É possível que não conheça muitos senadores importantes. Duvido que tenha trânsito pessoal entre os deputados federais. Na despedida do cargo de ministra ela não sabia o nome do ministro da Igualdade Racial. Pelejou muito, mas não teve jeito. Quase chama o colega de "santinho".

E o que alguém assim sabe de vida social? Alguém já se imaginou tomando um uísque em Brasília com a Dilma? Bem, aí vem a cena em preto branco da Norma Bengell correndo nua na praia e corta logo esta cena grotesca. Viram que problema é esse negócio de trocar foto?

Dilma é escolha pessoal de Lula. Impôs a candidata com a caneta de presidente da Republica. E coniventes jornalistas, colunistas e blogueiros ainda o trata como gênio político. Quem é pago para isso até que dá pra entender, é claro. Mas tem gente fazendo serviço de graça. Na decisão mais importante do final de seu governo o gênio instalou este poste de problemas. Derrubou um por um correligionários que seriam bem mais competitivos e não tem jeito: agora é Dilma.

Mas no final, não deixa de ser uma decisão de governo extrema importância para o país. Não seria bom que entrasse alguém mais suportável. O Brasil precisa se livrar do lulo-petismo. E nisso, o presidente Lula não deixou de dar uma boa mão.
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POR José Pires

domingo, 25 de abril de 2010

Meiguice Serra, a febre continua

O tiro que petistas deram no próprio pé quando criaram o site Meiguice Serra esperando que ele atingisse de forma negativa a imagem do candidato tucano, José Serra, ainda pode dar muita dor de cabeça para os partidários da candidata do Lula.

Como eu escrevi ontem aqui, este Meiguice Serra acabou sendo fechado de forma abrupta. Ordens de cima, talvez, santinha? Não importa. Mas o viral (ou febre mesmo, pois essa palavra cabe bem neste caso) que eles esperavam matar na raiz deve continuar, pois abriram outro Meiguice Serra. A ilustração ao lado com a cara da Dilma no lugar do Serra foi tirada de lá. E este dificilmente fechará até as eleições. Não é da turma do PT, pelo que dá a entender o comentário postado na nota Meiguice Serra errou o alvo onde fui avisado sobre o novo site.

Dessa forma, o movimento espontâneo gerado em torno de um site que foi aberto para atacar a campanha de Serra terá continuidade. Puxa vida, eu queria pra mim inimigos tão criativos assim.

Os petistas andam com problemas com um número. Não podem ver um 45 que logo pensam em conspiração. Pois o site que foi fechado por ordens de cima porque deu um resultado contrário aos interesses da campanha da candidata petista parece ter sido feito no embalo, sem pensar com equilíbrio sobre as conseqüências da febre criativa que toma conta da mente quando se bebe umas e outras. É o efeito 51. Parece aquelas sacadas que surgem em mesa de boteco.

Em mesa de boteco fala-se muita bobagem e essa é uma das razões da existência dos botecos. O que não se pode é colocar em prática no dia seguinte, pois pode dar besteira. A possibilidade de dar em besteira é bem maior do que 45% e a chance da idéia ser realmente boa é menos, mas muito menos mesmo que 13%.

Santinha, tira a cana, a cachaça, a bagaceira, a aguardente, aquela que matou o guarda, a branquinha, a birita , a caninha, a engasga-gato, a abre-goela, a cobertor de pobre, a zurapa, a cangiribina, enfim, manda o pessoal da criação parar de beber no horário de serviço.

No trabalho ou em campanha eleitoral, principalmente quando se vai atacar um adversário, seja o 45, ou 12, qualquer número que não ajude na matemática petista para manter o poder, deve-se ficar longe da 51. É que o cérebro turbinado desencava muitas coisas desordenadas. E algumas delas não são, de forma alguma, uma boa idéia. A experiência ensina que é melhor pensar bem sobre as "criações" na manhã seguinte e, quem já fez isso, sabe que quase todas vão para o lixo. Com a idade a gente até aprende a esquecer o que não importa.

É um conselho básico e deve ser seguido à risca, mesmo que o chefão faça o contrário disso há muitas décadas e tenha se dado bem até agora.

Então segue o Meiguice Serra, agora em novo endereço. Foi uma bela contribuição que a estupidez dos adversários criou para a campanha do tucano.
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POR José Pires

sábado, 24 de abril de 2010

Esperneando

Ciro Gomes diz que seguirá a decisão do PSB sobre sua candidatura, mas que até terça-feira, quando haverá a oficialização da posição do partido na eleição para presidente da República, ele "vai espernear".

As palavras dele: "Vou respeitar democraticamente a decisão do partido, mas vou espernear até terça-feira".

Bem, se o assunto é Ciro Gomes nada cai melhor que uma imagem bem pesada. Ele pode até espernear, mas pelo visto o presidente Lula já fez com a sua candidatura aquilo que não conseguiu fazer na prisão com o menino do MEP, conforme contou César Benjamin, que ouviu a escabrosa história do próprio Lula.

O menino do MEP esperneou e escapou. Mas tudo indica que não adiantará o Ciro Gomes espernear até terça-feira. Sua candidatura vai ser mesmo estuprada. Mas é esperar até a semana que vem para ver.
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POR José Pires

Meiguice Serra errou o alvo

Falei aqui há poucos dias do site Meiguice Serra, onde eram postadas fotos de internautas imitando a capa da revista Veja que traz o candidato tucano numa pose que chamou a atenção de todos recentemente. Até disse que era provável que viesse de partidários de Serra a iniciativa da criação do site, mas isso já está comprovado que não é.

O Meiguice Serra parece ter sido um tiro pela culatra. Ou até no pé. Por isso mesmo foi fechado ontem. Na explicação para o fechamento, o autor ou autores, que até agora não foram identificados, dizem que a intenção era fazer uma crítica ao jornalismo brasileiro, que eles julgam ser “uma grande piada”. O site seria também, segundo a explicação, uma denúncia sobre a manipulação da opinião pública pelas imagens.

É claro que tudo isso é lorota. Pelo jeito fizeram um site pensando que as fotos de leitores imitando Serra teriam um efeito negativo para a imagem do candidato, mas aconteceu o contrário.

O site acabou tornando-se um fenômeno, com muitos internautas enviando fotos, mas ao contrário do que teriam pensado os autores de Meiguice Serra, no conjunto o resultado estava sendo favorável não só ao candidato como também para a revista.

Até a Veja gostou da idéia. Em uma notícia postada anteontem, eles diziam que o site que usa a capa da revista transformou-se rapidamente em um “viral”, que é o nome da divulgação espontânea de um tema ou de um produto na internet.

Porém, o que deve ter levado ao fechamento do Meiguice Serra foi a ausência total de rejeição do candidato dentro da brincadeira proposta pelo site. As fotos publicadas (que foram todas apagadas) traziam poses simpáticas, com brincadeiras sem nenhum sentido agressivo e, cá pra nós, de gente muito bonita, o que reforça a impressão de que entre petistas a iniciativa não colou. Ou seja, nada do que se esperava aconteceu.

O alvo não só deixou de ser atingido como também acabou sendo beneficiado. Se o site não era mesmo de petistas, ele também não pode ter sido criado por supostos críticos da mídia como o alegado na nota de fechamento. Como o comportamento dos internautas foi o reverso do esperado, isso abriria novas perspectivas para a proposta. Desse modo, se o site tivesse mesmo nascido fora de intenções partidárias, o prosseguimento do projeto poderia trazer resultados até mais interessantes do que o esperado.

E a retirada do ar de forma tão repentina parece mais em razão do temor eleitoral de que o Meiguice Serra se transformasse em um ponto de valorização da imagem do tucano. E é o que vinha acontecendo até agora.

E este resultado em relação à rejeição de Serra, que foi praticamente nulo, também deve servir para os petistas botarem as barbas de molho. Se é que a ordem de fechamento não é por conta de pelos já bem encharcados.

A intenção de criar um espaço semelhante à ranzinzice da blogosfera petista levou um chega-pra-lá espontâneo dos internautas, que não atenderam ao apelo dos autores do site com o mau-humor que eles esperavam.
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POR José Pires

sexta-feira, 23 de abril de 2010

A Ciro o que é de Ciro

Ciro Gomes apareceu finalmente para falar sobre o processo de fritura de sua candidatura a presidente da República. O lulo-petismo fez um serviço perfeito, faltando apenas a parte mais difícil: acalmar o deputado neopaulista. Agora tem que assoprar o bempassado companheiro.

Mas me chamou a atenção nas declarações à imprensa feitas hoje pelo deputado outra questão que parece explicar bastante as frias em que o presidente da República se meteu no primeiro mandato.

Hoje, em entrevista publicada no site IG, Ciro soltou os cachorros. Ele está bem zangado com Lula. Para ele, o presidente está “navegando na maionese” e “não é Deus”. Disse que Lula “está se sentindo o Todo-Poderoso e acha que vai batizar Dilma presidente da República”.

Até aí, nenhuma novidade. Na situação em que foi colocado pelo lulo-petismo, é natural que ele fale coisas bem pesadas. Não é todo dia que alguém sofre humilhação parecida. Na realidade, com a personalidade que ele tem nem seria preciso tanto, mas o serviço de esmagamento de sua pretensões políticas foi muito bem feito.

Mas está certo que ele ajudou bastante. Ciro Gomes não gosta de ser chamado de doido. Ninguém gosta. Mas nos últimos meses ele se esforçou bastante para nos convencer a todos de que o hospício é seu lugar, pelo menos até que ele se cure desta extrema confiança recente em Lula e no PT. Ele colocou sua carreira política nas mãos de Lula. Praticamente se humilhou com alguém que notoriamente não é leal nem com parceiros históricos. E para o lulo-petismo Ciro nada representa. Nem o serviço sujo que fez este tempo todo, sei lá se voluntário ou não, quando fez parte da tropa de ataques aos adversários de Lula e seus companheiros, serve para grande coisa. Lula já largou para trás gente que se expôs muito mais.

O cearense chegou a mudar de domicílio eleitoral, atendendo a um pedido de Lula, uma atitude que colocou sua carreira numa situação até cômica. Até sua mãe viu que seria besteira virar paulista depois de velho. Hoje ele é deputado com um domicílio eleitoral num lugar onde só consegue se locomover de táxi senão acaba se perdendo na cidade.

Mas quando Ciro desanda a falar, acaba soltando muita coisa. É disso que Lula tem medo. E já no início desse desafogo do deputado cearense que virou paulista, encontrei uma declaração que pode explicar muita coisa sobre o que Lula e seus companheiros aprontaram este tempo todo. Em um trecho da entrevista, Ciro diz que o que falta hoje para Lula é gente ao seu lado com capacidade e coragem para influenciá-lo por meio do debate interno das decisões de governo.

Até aí tudo bem. É assim mesmo que funciona a coisa e também é evidente que Lula foi contagiado já há muito tempo por uma doença muito comum do Poder que atinge os ouvidos, fazendo o governante ouvir apenas elogios. Até publicamente, Lula fica contrariado com qualquer contraposição ao que pensa e está fazendo.

Mas Ciro conta é que no primeiro mandato não foi assim. Lula ouvia e acatava até opiniões contrárias. E uma dessas pessoas que cumpria esse papel de conselheiro era ele, Ciro Gomes.

É uma informação espantosa. Lula é um político com evidentes dificuldades de equilíbrio e sensatez e também no aprofundamento técnico de qualquer questão. E no primeiro mandato Ciro Gomes foi uma peça importante para suprir estas deficiências. Isso explica muita coisa.

É uma confissão de Ciro de que que ele ajudou a bater a maionese. O ressentimento é porque Lula, como sempre, quer tudo para si. A revelação é bastante esclarecedora. Todos nos lembramos bem como foi o primeiro mandato, período em que Ciro foi essencial dando seus pitacos ao presidente, como ele conta agora. Que grande ajuda. Foi desse jeito então que saiu aquela beleza de projeto basicamente clientelista, de uso do Estado para fins particulares, sem nenhuma atenção aos interesses da Nação e que é muito bem simbolizado pelo mensalão.
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POR José Pires

A candidata que faz bem ao fígado

A candidata de Lula tem arrumado problemas sempre que intervem de forma pessoal em alguma questão da campanha. Tem ido a lugares inconvenientes para a história de seu partido, como na visita ao túmulo de Tancredo Neves em Minas Gerais, ou até, neste período em especial, pisado em brasas nordestinas, como foi na viagem para a terra de Ciro Gomes, o neopaulista que na verdade é do Ceará.

No primeiro caso, todos conhecem tanto a História, que é bem recente, quanto a história do PT. Se dependesse do partido de Lula, Paulo Maluf é que teria sido eleito presidente da República. Na época, os petistas diziam que Tancredo e Maluf eram a mesma coisa. E acabaram abraçados com o Maluf.

E o mais interessante é que se Maluf pegasse o cargo, os petistas jamais teriam alcançado a presidência da República. Bem, se tal desgraça não tivesse sido evitada com a eleição de Tancredo Neves, é provável não tivéssemos eleição alguma.

Quanto à visita ao Ceará, pegou muito mal, pois deu a impressão que Dilma foi dançar em cima do túmulo da candidatura de Ciro Gomes. Mas os assessores da candidata sabem que mesmo nessas situação já bastante ruins a coisa pode piorar bem mais: é só Dilma falar com a imprensa.

Até opositores da candidata petista estão surpresos com o despreparo dela. Chega a ser divertido, porque a dificuldade de Dilma com as palavras e a incompetência para raciocinar com a fluidez exigida pelo ritmo de uma campanha acabam produzindo muita coisa engraçada. Dilma é uma candidata desopilante.
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POR José Pires

Desconsertos que desconcertam

No site da Veja, Augusto Nunes tem coletado as falas da candidata pelo Brasil afora e analisado ponto por ponto suas estranhas opiniões. As frases literais de Dilma que ele publica em seu blog, me deixam sempre curioso como é por dentro alguém que produz algo tão desconexo, de forma tão fragmentada e simplória que muitas vezes até nós, que torcemos contra, ficamos constrangidos. Mas não deixa de ser interessante imaginar a confusão entre os neurônios na busca de uma sinapse que no final não se concretiza. Ou, para Dilma entender melhor, O Tico e o Teco, coitados, separadinhos.

Ainda ontem Reinaldo Azevedo destacou em seu blog frases da candidata de Lula no programa Brasil Urgente de José Luiz Datena, da Rede Bandeirantes, numa entrevista com certeza arranjada. O apresentador parecia um ministro lulista. Até consertou falas da candidata.

Em determinado momento, ao responder se acredita em Deus, ela embaralhou as coisas como sempre e inventou uma deusa para o catolicismo. Ora, é espantoso que com tantos ex-seminaristas no governo Lula, ela nunca tenha tido um papo sobre monoteísmo. O Frei Betto não serviu nem para isso? Mas vejam o que ela disse:

"Olha, eu acredito numa força superior que a gente pode chamar de Deus. Eu acredito e… E acredito, mais do que nessa força, se ocê (???) me permitir, acredito na força dessa deusa mulher que é Nossa Senhora."

Desesperada para seduzir o eleitorado feminino, produziu esta besteira. Mas ela não parou por aí. Nem com um roteiro de programa que parecia ter sido acertado com seus marqueteiros de campanha ela conseguiu se sair bem.

Tão chapa-branca quanto o Datena, nem o Franklin Martins. Outros blogs também destacaram trechos da entrevista. Dilma diz: "Lula fez o melhor governo dos últimos tempos". Datena conserta: "Dos últimos tempos, não. Da história do país".

Mas as barbaridades com a língua portuguesa e o massacre do raciocínio têm se repetido pelo país afora. Augusto Nunes é o que mais diverte os leitores com as falas de Dilma recolhidas em variadas entrevistas. Vejam como são as coisas, agora a gente se surpreende, mas esta mulher sempre esteve aí nos últimos anos. Mas acontece que Lula desviava a atenção. Concentrados nas besteiras dele, não reconhecíamos que havia alguém com o mesmo talento ao seu lado. Será que não era tática do intuitivo Apedeuta?

Ontem Nunes trouxe uma entrevista transmitida pela Rádio Jornal, de Pernambuco. O jornalista da Veja transcreve as falas em seu blog respeitando a singular dicção de Dilma. Uma explicação dela sobre o jeitinho brasileiro já é uma das melhores peças numa campanha que ainda está no começo e promete muito.

Fala Dilma: "“O jeitinho é algo que a gente tem de achá que não é um jeitinho só, é estratégia de sobrevivência dum povo sofrido. E nesse sentido que eu falo que ele tem um aspecto que a gente tem de dizê que ele se a gente dé oportunidade ao povo brasileiro, dé educação e dé condições de vida, ele mostra toda a sua criatividade. Inclusive, eu desconfio que nós seremos um dos povos mais capazes de criá e inová, sabe, de inventá, porque é surpreendente isso no brasileiro, que é essa, eu acho assim, essa ginga de corpo, no bom sentido da palavra”.

Quem gosta de se rir das gafes do Enem ou de exames vestibulares está se divertindo no lugar errado. Aqui ela fala do lado ruim do jeitinho: "O que é ruim do jeitinho é que você se permite coisas que ou não são legais, né, isso não é bom, isso de fato tem de ser condenado, ou são espertezas, vamo botá assim essas espertezas entre aspas, são espertezas que pode prejudicá as outras pessoas, isso não é bom”.
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POR José Pires

Boa forma, amor e buchada de bode

Para dar um tom local ao diálogo, o entrevistador perguntou também sobre buchada de bode e depois mostrou intimidade comentando sobre a forma física da candidata e sua vida amorosa. Vamos ver como ela se saiu nas três questões.

Sobre a buchada de bode: “Eu comi já uma buchada. Não é a coisa que eu mais gosto no mundo, não. Não vou menti pra ti. Mas não acho ruim também. Mas também porque ficou o presidente me dizendo: é a melhor coisa do mundo. E eu comi com essa coisa na cabeça, que era a melhor coisa do mundo”.

E sobre a silhueta. Primeiro o entrevistador comenta o seguinte: "Quando eu lhe via pela TV, eu achava que a senhora era uma mulher de 1 metro e 90 e lhe achava gorda. Quando reencontrei com a senhora no sertão de Pernambuco, a senhora magrinha. A senhora pesa muito?" Aí então Dilma manda ver: "Olha, eu daquele dia pra cá andei engordando uns quilinhos". Mas o entrevistador não deixa a conversa esfriar: "É, a senhora está um pouco mais forte, é verdade". E aí Dilma finaliza: "Tô com uns três quilo (sic) a mais. (…) Agora, esse negócio da gente crescê ou engordá, cê sabe que a televisão engorda a gente, mas crescê eu não sabia, não".

Depois veio o papo sobre as paixões. Nem tinha pensado nisso, mas este tipo de assunto sempre lembra os especialistas petistas na área, como a sexóloga Marta Suplicy, que gosta de perguntar se a pessoa é casada e se tem filhos. Mas na falta a Marta, o jornalista da rádio pernambucana, que estava num dia quente e excitante, soltou a pergunta: "Está apaixonada?" Dilma respondeu: "Não, não estou, não, mas acho assim lamentável. Acho que as pessoas todas deveriam se apaixonar, porque a gente fica mais vivo, né, mais esperto".

Com eu disse, é o tipo de coisa que até a gente, que está em casa, não deixa de se constranger. Porém, além do desconcerto isso pode acarretar também um desconserto na campanha. O PT está insatisfeito com este rumo e os marqueteiros lutam para fazer uma Dilma melhor. É um trabalho de leão para tão pouco tempo, mas o pessoal ganha bem e, como a Rede Globo, pode fazer mais.
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POR José Pires

Consultando especialista

Mas Dilma tem buscado conselhos também com outros especialistas, como Marisa Letícia, com quem ela teve um papo-cabeça ontem, ou uma "conversa entre elas", na sua definição. Não sei a primeira-dama mostrou a comenda da Ordem de Rio Branco que ganhou na semana passada. Podem ter debatido sobre o tal “olho no olho”, que hoje é o orgulho do Lula. Só pode ser com a esposa que o presidente descobriu esta revolucionária técnica de relações internacionais que pretende aplicar no iraniano Ahmadinejad.

Mas como é óbvio, depois do olho no olho com a primeira-dama, Dilma explicou a conversa aos jornalistas: "Eu sempre me aconselho com Dona Marisa. Eu acho que a D. Marisa é uma pessoa que tem uma fortaleza interna e grande ternura. Eu aprendi a respeitar D.Marisa, a admirar D. Marisa e saber que ela é uma pessoa especial. Às vezes, ela não tem este nível de disposição que tem o presidente, o que é óbvio, mas vocês podem ter certeza de que ela é uma pessoa excepcional. Eu vim conversar com ela e sempre farei isso".

Ou seja, ainda não foi desta vez que deu para consertar o desconcerto.
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POR José Pires

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Sábias palavras

De vez em quando a gente tem que admitir que o presidente Lula fala a verdade. Em uma entrevista publicada ontem no jornal Correio Braziliense, depois de desfilar sua arrogância em várias frases, quando chegou até a dar conselhos à candidatura dos tucanos e dizer que no Nordeste a disputa já está ganha, o Supremo Apedeuta soltou uma frase que soa como autocrítica: “Quando o político é canalha, ele não quer eleger o sucessor. O velhaco quer voltar”.

Pois está aí algo com que concordo. Ele se referia à eleição de 2014, mas acontece que pelo menos uma vez ele já voltou ao poder. Foi exatamente o que o velhaco fez em 2006, não foi?
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POR José Pires

Arrombando a festa

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Bem na foto

Uma idéia interessante que apareceu na internet e parece vir de simpatizantes da candidatura de José Serra. É bem bolada e foi criada em cima da capa da revista Veja desta semana que traz uma reportagem com o candidato.

É só fazer uma foto parecida com a do candidato tucano na capa da revista e mandar para o site Meiguice Serra. Mas mesmo que você não queira encarar a pose, vale a pena uma visita ao site, que já está com muitas fotos, como a da brejeira eleitora abaixo, da bela dupla e dos palhaços mais embaixo.

Soube ontem do site e estava aqui pensando na melhor forma de dar a notícia sem que os aparelhados me acusem de serrista. É uma novidade boa já no início da campanha e, pelo jeito, o site pegou. Entrei lá agora e tem mais boas fotos.

Não sei quem é o autor do site. Pode até vir da própria campanha do candidato, mas mesmo se for, não tem problema. Estariam mostrando criatividade, algo que só ajuda a democracia e pode evitar que esta eleição caia na dicotomia estúpida que a blogosfera petista alimenta.

O formato permite muita criação e até gozação com a foto do Serra, que não precisa ser necessariamente a favor do candidato. Mas é claro que isso vai depender de quem está administrando a página.

A bela sacada mostra que os partidários do tucano estão na frente nesta eleição. E mostram mais bom humor. O que o PT tem aprontado até agora na internet é só ranzinzice, sem falar na calúnia na calúnia e difamação, mas aí é uma questão de estilo. Depois de tantas cachimbadas vai ser difícil desentortar o bico.

E além do mais, como bem disse Bernardo Kucinsky, que já foi inclusive guru do Lula e conhece esse pessoal bem de perto, eles não sabem fazer comunicação. Mas vamos esperar. Se aparecer coisa boa do PT, também publico por aqui.
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POR José Pires





Biblioteca internacional

Para não ficarem dizendo que só critico, aí vai uma dica de leitura para o presidente Lula fortalecer teoricamente sua nova e revolucionária política externa do olho no olho. A viagem para fitar as compreensivas pupilas do iraniano Ahmadinejad é no mês que vem, ainda dá tempo de ler este clássico da auto-ajuda. Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, de Dale Carnegie, é bastante conhecido. Se não é o primeiro do gênero, pelo menos é o mais famoso no quesito antiguidade.

Sei que pode ser pesado para o presidente da República que disse às crianças do Brasil que é melhor encarar uma esteira de ginástica que pegar um livro para ler, mas pode-se dar um jeito. Na realidade, pelo barrigão dá para ver que ele não pega nem um nem outro, porém, se Lula não tiver coragem para encarar sozinho a leitura, alguém do Palácio pode ajudar. Dilma não está mais lá para o papel de faz-tudo, mas a Eunice pode dar uma mão. Leia para ele, Eunice, vai.

É edição bem antiga, de 1947, e até que está com um preço baixo. Custa apenas 20 reais no site Que Barato. O frete é de graça. Lula pode reclamar do estado de conservação, mas com paciência será possível convencê-lo que este aspecto de usado dará um ar mais especial à sua biblioteca particular. O volume ficará muito bem ao lado dos outros dois ou três livros e, manuseado como está, servirá também para convencer que pelo menos este exemplar de sua biblioteca foi lido por alguém.
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POR José Pires

terça-feira, 20 de abril de 2010

Barão em baixa

Homenagem no Brasil é algo muito perigoso. O sujeito vira nome de viaduto em um dia e no outro a imprensa descobre que a obra foi superfaturada. Ou pior: o viaduto cai. Pode até acontecer do autor da homenagem ser pilhado em corrupção.

Teve uma época, que não vai muito longe no tempo, em que o dinheiro mudava tanto que boa parte da intelectualidade brasileira foi desmoralizada com a homenagem de ter sua efígie estampada em notas que no lançamento davam pra comprar pelo menos uma boa calça e depois de um mês ou dois não compravam nem uma cueca.

Foi na época de José Sarney como presidente, que governou com tanta inflação que tinha que imprimir notas novas o tempo todo. O dinheiro de então era o cruzado. E como ele sempre foi metido a intelectual, resolveu homenagear seus supostos pares. De Villa-Lobos a Drummond, passando até pelo naturalista Augusto Ruschi, Machado de Assis, Cecília Meireles, a memória de muita gente boa pagou mico nas notas do Sarney.

Homenagem oficial? Sem dúvida é melhor fugir. Até recentemente a Ordem do Rio Branco era uma das poucas homenagens oficiais que ainda tinha algum valor de fato. Pois até essa foi para o vinagre.

Hoje, Dia do Diplomata, juntaram-se um monte de bacanas no Ministério das Relações Exteriores para a entrega da comenda criada em 1963 pelo presidente João Goulart. Entre os homenageados estão a primeira-dama Marisa Letícia e a vice-primeira-dama Mariza, Erenice Guerra e Bruno Gaspar.

O próprio site do Ministério explica que a comenda é oferecida às pessoas “pelos seus serviços ou méritos excepcionais, se tenham tornado merecedoras dessa distinção”.

Não sei qual é o mérito excepcional ou os serviços das mulheres do presidente Lula ou do vice José de Alencar. Marisa Letícia talvez tenha ajudado Lula na concepção de sua revolucionária política externa do olho no olho. Afinal, antes do tetê-à-tête com o iraniano Ahmadinejad ele tem que treinar com alguém.

Erenice Guerra ficou conhecida por prestar serviços para sua chefe, a então ministra Dilma Roussef, antes dela mesma, Erenice, subir para o cargo de ministra-chefe da Casa Civil. Seu serviço mais conhecido foi a produção do dossiê de gastos sigilosos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de Ruth Cardoso.

E esse Bruno Gaspar? De que forma modesta e dedicada este sujeito colaborou com o país sem que soubéssemos nada até agora? Bem, Gaspar é é assessor do assessor internacional de Lula, Marco Aurélio Garcia. E seu gesto público conhecido foi na época do acidente com o avião da TAM, em Congonhas, quando foi flagrado pela televisão fazendo gestos obcenos junto com o chefe para comemorar a notícia de que o acidente teria sido causado por falha técnica.

Eu falei lá no início da desmoralização de personalidades com as homenagens no dinheiro de vida curta da época do Sarney. Pois antes desse período inflacionário, o Barão do Rio Branco, coitado, foi também vítima dessa homenagem na cédula de mil cruzeiros, uma nota que hoje em dia não tem valor nem para colecionador. Ainda agora, encontrei uma em um site de ofertas por R$ 2,99. Quando será que logo mais estará valendo uma Ordem do Rio Branco?
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POR José Pires

Senso crítico seletivo

Ainda sobre as teorias conspiratórias petistas, agora o alvo é o Datafolha, que andou apresentando em suas últimas pesquisas números que não agradam a campanha da candidata de Lula. O ataque ao instituto ligado à Folha de S. Paulo está inserido no mesmo processo marqueteiro que leva esta rede difamatória a atacar a Rede Globo e poupar, por exemplo, a rede Record, ligada ao mais que notório Edir Macedo.

Tudo bem que se faça críticas à Rede Globo. Quem pode dizer que a emissora não merece? Mas a Globo nunca esteve envolvida em denúncias do tipo que atingem a Rede Record. Até sobre a compra da Rede pela igreja de Edir Macedo pesam suspeitas pesadas. E se alguém duvida dos métodos de Macedo e seus “bispos”, não faltam vídeos com gravações de aulas dessa gente para extrair dinheiro das pessoas e até com conselhos para negociar com bandidos. Num desses vídeos o próprio Edir Macedo dá uma dessas aulas de, digamos assim, arrecadação. E de uma forma até irônica com seus fiéis.

No entanto, a inauguração recente das instalações milionárias da Record teve até a presença do presidente Lula, que confraternizou publicamente com Edir Macedo. E lá tem guarida profissionais que usam a internet de forma acintosamente propagandística, com críticas pesadas á oposição e muitos elogios ao governo Lula. E as críticas, é claro, vão todas para a Rede Globo.

Trata-se de crítica seletiva, muito bem direcionada e com claras indicações do uso de um esquema organizado na internet. Os ataques são bem agressivos. Não há nenhum espaço para a independência nas análises. Até gente que fez carreira como pensador segue a cartilha rigorosamente. Um grupo, numa escala superior, repassa o assunto e a forma de tratá-lo. E todos seguem com a maior obediência.

É o que está acontecendo agora também em relação ao Datafolha. O instituto tem sido xingado de fraudulento para baixo. E em contrapartida, não só não existem críticas ao Vox Populi, ao Ibope ou ao Sensus, como estes institutos até são usados como referência nos ataques feitos ao Datafolha.

Mesmo o Sensus, que teve sua pesquisa recente colocada em dúvida por muitos analistas e até sofreu uma representação judicial do PSDB, não recebe nenhuma apreciação crítica. Na realidade pouco tocam neste assunto e quanto o fazem é para atacar o PSDB ou qualquer um que apresente discordância quanto aos métodos do Sensus.

E não é só por esta última pesquisa que o Instituto Sensus pode dar boas notas em blogs. Não é de hoje que o trabalho do instituto é bastante interessante. Em sua história recente existe um “erro” muito estranho numa pesquisa de eleição presidencial.

Quem levantou o fato foi Gravataí Merengue no blog Imprensa Marrom. Na eleição anterior, em 2006, o Sensus publicou uma pesquisa nos dias finais da campanha de primeiro turno. Nela, o tucano Geraldo Alckmin estava com 27,5% das intenções de votos. E já que Lula estava com 51,1%, o levantamento indicava que o petista decidiria a disputa já no primeiro turno. Todos sabem que este era seu plano e que ele até ficou bastante contrariado de ter que disputar mais uma vez um segundo turno, e ainda mas com um adversário tão fraco como se mostrou Alckmin.

E apesar da pesquisa do Sensus, lá foi o Lula para o segundo turno. Ao contrário de FHC, que teve suas duas vitórias no primeiro turno, Lula nunca ganhou uma eleição no primeiro turno.

Teve que disputar segundo turno até com o Chuchu. No dia 26 de setembro de 2006 a pesquisa da Sensus dava 27,5% para Alckmin. Três dias depois os brasileiros foram às urnas e deram 41,43% dos votos para o candidato tucano. Lula teve 48,79% da votação. Nos últimos 40 dias de campanha esteve sempre nas pesquisas do Instituto Sensus com mais de 51%, por coincidência a quantia necessária para a vitória que não teve no primeiro turno.

O erro do Sensus em relação aos votos de Alckmin foi de 14 pontos. Não gosto de exclamação, mas um erro desses até que merece: 14 pontos!

Talvez isso explique em parte a batelada de críticas ao Datafolha. Mas pode explicar bem mais a ausência total de críticas ao Sensus e até o apoio atual que o instituto tem recebido da blogosfera petista.
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POR José Pires

Questão de estilo

Sobre essa polêmica criada artificialmente em torno da propaganda de aniversário da Rede Globo — que artimanha mais pérfida, arquitetaram a fundação em 1965 só para completar 45 anos em 2010 e com isso favorecer os tucanos! —, penso que o recuo é a melhor decisão para apagar logo essa discussão besta mas muito apropriada para os interesses da candidata do Lula.

A Globo acertou. É melhor matar logo essa discussão antes que este falso debate vire uma questão política favorável à candidata do Lula. A patrulha veio da própria campanha petista. E chegou impulsionada pelo que eles tentam fazer há muito tempo fazer com a discussão sobre o papel da mídia: uma alavanca para atender seus interesses.

Este é um dos maiores problemas do governo Lula e de seu entorno. E um problema que deve prosseguir depois como uma herança maldita: marcar negativamente certas discussões necessárias na atualidade. Esse pessoal ainda vai acabar favorecendo até os que defendem o golpe de 64.

De qualquer forma, a campanha da Globo era mesmo muito ruim com aquele jogralzinho de estrelas pedindo mais. Isso: façam mais e, talvez, melhor do que o que foi para o ar. Ou pelo menos com mais de responsabilidade.

Mais responsabilidade, mais critério, mais maturidade. A verdade é que mesmo tendo sido criado há meses, o que é de uma evidência técnica que só golpistas podem deixar para lá, o comercial devia ter sido descartado por ser ambíguo em relação à eleição.

E como TV é um veículo que não permite imprecisão, muito menos em assuntos do interesse direto da empresa, a campanha veiculada ontem e tirada às pressas do ar revela que o que tem de mais dentro da Globo parece ser dirigentes idiotas.

Será que ninguém por lá tem a consciência de que este momento exige uma grande atenção? Mais atenção. Bem, já sabem. E aí, com certeza, o episódio veio na hora certa. Ainda dá tempo para afinar a máquina e procurar não dar pretexto para a máquina lulo-petista. Uma máquina profissional, não esqueçamos, e muito bem azeitada até com muita grana.

A Globo quer ajudar a oposição e revelar o que há por detrás da candidata do Lula? Muito bem, basta cumprir com suas obrigações na área do jornalismo. Aliás, se isso estivesse sendo feito há mais tempo o país estaria muito melhor. Se toda a mídia cumprisse da fato com suas obrigações, pelo menos o clima no Brasil seria melhor. O papo por aqui está venezuelano demais para o meu gosto.

A patrulha petista se espalhou com rapidez assim que foi para o ar a propaganda do aniversário. Isso mostra que o esquema tem agilidade e nenhum escrúpulo. É melhor então tomar mais cuidado. Caso isso acontecesse próximo da eleição, daria bem mais trabalho para desmascarar a patrulha.

E o efeito seria desastroso para a eleição. Ao PT não interessa o aprofundamento nas questões nacionais, daí essa busca ansiosa para estabelecer um clima de conspiração como o centro do debate político. Há bastante tempo que eles vem entoando a mesma ladainha marqueteira.

E esse pessoal está sempre em busca de um menchevique. O problema é que os mencheviques jé existiram e a história aí está para quem quiser aprender o que aconteceu com os que agiram com pouco rigor no embate que essa gente procura estabelecer.

O nível é baixo. Neste caso, eles sempre podem mais na descida para a sarjeta. Isso ficam bem claro numa descoberta feita pela coluna Painel, da Folha de S. Paulo, no que escreve Marcelo Branco, o responsável pela tropa-de-choque de Dilma na internet. Vejam o que saiu na Folha:

“Guru virtual da campanha de Dilma Rousseff, Marcelo Branco deixou a candidata de cabelos em pé, ontem, ao se referir repetidas vezes aos “perfius” dela no Twitter, Facebook, Orkut e Cia”.

Tirando o exagero da Folha em achar que a candidata de Lula ficaria de “cabelos em pé” ao ver seu assessor enrolado com um plural tão simples (para isso ela teria de reconhecer o erro, não?), nota-se que estão construindo um país com o perfil, ou perfiu, do chefão, o Supremo Apedeuta.

Outro ensinamento do episódio é que um país como este, metido numa dicotomia estúpida, é o país dos sonhos dessa gente. É onde de fato eles não teriam medo algum de ser feliz. Com o debate em um nível tão baixo e sem a possibilidade do aprofundamento de qualquer assunto, eles estariam como pinto no lixo. Lixo, aliás, que eles mesmo produzem para a própria felicidade.
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POR José Pires

Amor não correspondido

Na nota Namoro sério, onde analiso a revolucionária técnica do ollho no olho, que Lula pretende estabelecer como padrão das relações externas de seu governo, Newton Moratto escreveu um comentário que merece ser destacado aqui. Lá vai:


"Esse namoro de Lula por Ahmadinejad não é um amor correspondido. Só ele e o Marco Aurélio Garcia é que não viram ou não entenderam isso. O que os cegam é que eu gostaria de saber.

Dizem que entre o céu e a terra há mais coisas do que a nossa vã imaginação possa conceber. E entre o Brasil de Lula e o Irã de Ahmadinejad há o quê? Não entendo a razão pela qual Lula se apaixona tanto por ditadores. Talvez a psicanálise explique. Na política é difícil encontrar uma compreensão lógica para a postura que assume no plano internacional, nesse e em outros casos.

Lula é contraditório, pois se diz um homem de diálogo, e assim quer ser reconhecido, o que só é possível dentro de um contexto democrático. Contudo não se cansa de pedir em casamento ditadores, em cuja essência viceja exatamente a imposição de posturas unilaterais, que não admite ponderações e interação entre as partes.

Nesse drama, sem excluir outros, sua postura está mais para um monólogo do que para um diálogo. Ninguém o ouve. Quando o ouve, coitado!, é protocolar o encontro e ainda assim tem que dividir o tempo com o primeiro-ministro da Turquia.

Fico envergonhado. Sério mesmo. Por mim e por todos os brasileiros. Só não pelo Marco Aurélio Garcia.


Lula que gosta tanto de frases de efeito e populares deveria saber ou ter apreendido que “quando um não quer dois não brigam”. E, nem conversam."

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Muito abaixo da cintura

Correm na internet várias teorias conspiratórias nascidas em blogs de apoio oficial ou oficioso à candidata do presidente Lula, mas pouca batem, em ridículo, esta que acusa a Rede Globo de usar seu aniversário para fortalecer a candidatura de Serra. E o pior é que o golpe deu certo: a campanha institucional de aniversário da emissora foi cancelada antes de completar 24 horas no ar.

As teorias conspiratória petistas tem sempre um ponto em comum. O mundo gira apenas em torno da eleição para presidente da República e neste rodar o único sentido que é do bem evidentemente é o da candidata do Lula. Quem não pensa igual a eles recebeu sempre o rótulo de tucano. Tem que gostar até da peruca da Dilma, senão é chamado de serrista.

Dessa forma, enquanto os números deste ou daquele instituto de pesquisa favorecem a candidata petista, tudo bem. Vox Populi, Sensus e até mesmo o Ibope são tratados como repositórios da verdade científica. Mas quando os números não combinam com o que eles querem, como é o caso das recentes pesquisas do Data Folha, aí as acusações surgem são as mais baixas possíveis. E como eles sabem ser baixos. O Datafolha tem sido acusado de fraudulento. Logo o Datafolha, que eles sabem ser o instituto de maior credibilidade no país.

É uma conspiração de direita, é claro. Sempre a direita querendo acabar com um governo tão bacana apoiado por esquerdistas como José Sarney, Maluf, Renan Calheiros e Fernando Collor. Esta é a receita seguida à risca pela blogosfera petista. Todos fazem direitinho a lição de casa. E a cartilha vem de cima, sabemos. Além de também uma boa grana para os mais privilegiados.

Qualquer um que hoje não esteja torcendo de forma incondicional pelo sucesso do governo Lula e a vitória de sua candidata só pode ser da direita. É parte desta conspiração.

E a conspiração é tão articulada que a Globo chegou ao ponto de calcular há exatos 45 anos o momento de sua fundação, para que houvesse a coincidência neste 2010 com a candidatura do PSDB e seu número 45. Esse Roberto Marinho era fogo!

O rótulo evidentemente não se encaixa em direitistas históricos que hoje estão abraçados à Lula. Gente como Collor de Melo, Sarney, Renan Calheiros e tantos outros conhecidos representantes da direita no país e chefes notórios de esquemas corruptos são tratados com o maior respeito, enquanto sobram insultos para quem exerce seu senso crítico em relação à roubalheira instalada no país e a burrice galopante que toma conta da nossa cultura política.

É bem fraquinha a campanha que a Globo tira do ar motivada pela pressão política nascida no esquema pago que a candidata de Lula e o próprio chefão mantêm na internet. A propaganda usava o manjado jogral de tantas campanhas políticas e até de comerciais de lojas de varejo. Dava para fazer melhor. Ou mais.

Me impressionam duas coisas neste episódio. Primeiro a aparente ingenuidade dos dirigentes da Globo em não perceber de antemão que a associação de sua campanha com a candidatura de Serra poderia ser feita com a maior facilidade. Também, onde já se viu fazer 45 anos neste ano? Depois a total falta de escrúpulos que faz de um amplo setor da esquerda brasileira uma mão-de-obra pronta para qualquer esquema sujo, sem nenhum problema em usar qualquer argumentação, seja contra quem for. Pelo poder, vale tudo.

Usa-se a universidade pública e qualquer atividade da área do pensamento. Não há mais espaço para a credibilidade intelectual. A artimanha marqueteira se entremeia em textos que fingem tratar de sociologia e até de filosofia. Colunista políticos soltam textos que teriam sentido apenas como propaganda político-partidária. Nunca se viu o debate público descer tanto. Fazem de uma disputa presidencial objeto de mesquinharias ao nível da mais suja eleição interiorana.

E quando pensamos que eles já desceram ao mais baixo da sarjeta em termos de credibilidade política, intectual ou profissional, eles mostram que podem mais. Não estou falando das críticas à campanha da Rede Globo e seus 45 anos. Que fosse treze a idade da Globo, mesmo assim a má qualidade do debate não seria menor e este é o real problema: este estilo vil que eles buscam instalar no pensamento brasileiro.
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POR José Pires

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Namoro sério

Lula fala e a gente escuta, é claro, afinal o cara é o presidente da República. Mas que dá até vergonha, ah, muitas vezes isso dá.

Ontem o tema mais forte das falas do petista foi sua revolucionária política externa. Lula falou de uma tática inovadora nas relações entre os países, uma coisa que ele já insinuava em conversas informais sobre o assunto, mas que agora ela traz de forma explícita: é a tática do olho no olho.

Não deixa de ser uma sensacional inovação. Imaginem uma assembléia geral das Nações Unidas com os líderes mundiais negociando com o olho no olho. Pode sair até casamento entre as nações.

Falando nisso, muitos dos problemas que o mundo enfrenta atualmente até podem ter origem na falta deste olho no olho que o presidente brasileiro traz para a cena mundial. Vocês podem até rir pensando que é ironia minha, mas será que Hitler não poderia ter voltado atrás em seus planos se alguém, talvez Churchill, ou mesmo Roosevelt, tivesse tido um olho no olho com o alemão?

Charles Chaplin, que sempre foi um genial precursor, até antecipa esta sacada de Lula. No filme O Grande Ditador, na cena do encontro entre Hitler e Mussolini, os dois fazem um olho no olho. E eles afinal se entenderam , não é?

Falta isso no diálogo entre as nações. E o emblema dessa ausência é Nikita Kruschev batendo com o sapato na mesa para obter atenção ao que falava durante sessões do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Isso foi na década de 50 e desde então o que tem mudado são só os sapatos. O pessoal não se entende. Quem sabe, talvez falte um olho no olho para que se crie, enfim, uma harmonia entre os poderosos.

Este jeito novo de fazer política internacional pode ser meio complicado com líderes como Barack Obama, pelo menos para baixinhos como Lula. E não estou falando da altura política dos dois países. Nicolas Sarkozy, da poderosa França, enfrentaria a mesma dificuldade de Lula para ter um olho no olho com Obama. O francês e o brasileiro teriam inevitavelmente que olhar para cima.

E a conversa olho no olho também exige um certo tempo. Não bastam quinze minutos divididos ao meio, o tempo concedido a Lula e ao primeiro-ministro da Turquia, para os dois defenderem o Irã de Ahmadinejad. Obama ouviu o pedido — sete e meio minutos para cada dirigente — e depois foi informar a imprensa que as sanções contra o Irã devem avançar. E se o presidente dos Estados Unidos já conseguiu o apoio até da China, que diferença faz um olho no olho com o Brasil?

Mas Lula não esmorece. Não deu certo com os Estados Unidos, mas ele vai ter uma conversa olho no olho com Ahmadinejad, no Irã. Bem, tem gosto pra tudo.

Mas vejamos ver literalmente a fala de Lula: “O Brasil é contra qualquer arma nuclear, aliás, não é o Brasil, é a nossa Constituição que proíbe a construção de arma nuclear. Portanto, eu acho que o que o Brasil pode, o Irã deve poder. Mais do que o Brasil pode, eu acho que o Irã não deve querer”, ele disse.

Mas foi apenas o começo, para encaixara a explicação de como pretende convencer Ahmadinejad de que ele não deve desenvolver armas nucleares: “Eu vou conversar isso assim, como eu estou conversando com vocês, olho no olho. Se ele disser ‘eu vou construir’, ele vai arcar com as consequências do seu gesto”.

Bem, tomara que o presidente iraniano não diga a Lula que pretende, sim, construir armas nucleares. O final de um namoro, mesmo que seja apenas político como este de Lula com Ahmadinejad, é sempre chato. Seria decepcionante ver uma relação tão bacana acabar. Ainda mais assim, no olho no olho.
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POR José Pires

terça-feira, 13 de abril de 2010

Só na pose


Boa foto de Ricardo Stuckert, fotógrafo da campanha de Dilma Rousseff. Foi tirada para mostrar as habilidades da candidata de Lula na internet. Aqui ela estaria escrevendo no Twitter. Dizem que, no Twitter dela, é ela mesma quem dá o recado.

Stuckert era fotógrafo da presidência da República. Saiu de lá poucos dias para servir a candidata. São suas aquelas fotos escandalosas feitas em Cuba que mostram o presidente Lula dando gargalhadas com Fidel Castro na beira da piscina enquanto o dissidente Zapata morria na prisão.

Aquelas foram fotos reveladoras. Esta da Dilma também é. Stuckert está perdendo tempo como fotógrafo chapa-branca. Tem tino jornalístico o moço.

Na foto, a candidata do Lula finge digitar uma mensagem. Só finge mesmo, pois como não é do ramo ela não sabe que ali não é a área de postagem. Pois desse jeito ela pode bater no teclado quanto quiser que não vai sair nada.

Mas, enfim, Stuckert, o ex-fotógrafo de Lula e agora fotógrafo da candidata do Lula, acabou emplacando mais uma imagem reveladora. É por isso que a coisa não vai. Que o Lula não saiba postar no Twitter, dá até para vender como charme. Dilma tem que mostrar mais, é uma mulher antenada na moderna tecnologia. Tem currículo, mesmo que não tenha terminado o doutorado como dizia antes.

Mas, além de problemas para a campanha, bate uma dúvida terrível agora: se a candidata do Lula estava lá no Palácio do Planalto exatamente para compensar essas dificuldades do chefão, quem é que afinal dava uma mão para o presidente da República?

Não no Twitter, é claro. Mas nessa coisa muito mais complicada chamada Brasil. Salve-se quem puder! Dilma estava esse tempo todo fingindo que estava digitando.
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POR José Pires