quarta-feira, 30 de abril de 2008

Caçando encrenca

Está todo mundo escandalizado com o envolvimento do jogador Ronaldo com travestis. Pois eu acho que seria muito pior se ele estivesse se metendo com religião. Esse negócio além de também acabar na delegacia (e nos Estados Unidos, o que é pior) acaba ficando ainda mais caro.
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POR José Pires

terça-feira, 29 de abril de 2008

Mais uma invasão, agora das teles

Ainda sobre a compra da Brasil Telecom pela Oi, hoje a Folha de S. Paulo publica um ótimo editorial em que mostra a semelhança de métodos do negocião feito pela duas empresas com as invasões feitas pelo MST em evidente acordo com o governo Lula.

Veja aqui uma parte do editorial: "AS "OCUPAÇÕES", eufemismo para invasões, estimuladas pela administração Lula não se restringem ao setor agrário. Com financiamento estatal bilionário e apoio dos fundos de pensão controlados pelo governismo, duas companhias telefônicas acabam de "ocupar" um terreno irregular. A aquisição da Brasil Telecom pela Oi dá-se a contrapelo das normas anticoncentração responsáveis pelo sucesso da privatização da telefonia no país".

Não dá para não concordar com a Folha. Mas tenho uma ressalva, sobre uma diferença entre os dois casos, ou dois tipos de invasões. A indignação com a jogada da Oi e Brasil Telecom é bem menor, muitíssimo mesmo, do que com as invasões do MST. Além disso, o prejuízo social da invasão das telecomunicações será bem maior que o do MST. Para ler o editorial na íntegra, clique aqui.
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POR José Pires

É isso aí, bicho



Esta é uma imagem que vem surpreendendo cientistas do mundo todo e que deve sair publicada em um livro previsto para ser lançado em maio. Uma equipe de naturalistas e um fotógrafo flagraram em Bornéo orangotangos nadando e pescando. Até agora o que se pensava é que eles não sabiam fazer nada disso.

Bem, para não dizerem que a gente só critica, acho que o presidente Lula deveria mandar o ministro da pesca − que ninguém sabe o nome, mas o ministério da Pesca parece que ainda existe − até Bornéo para estudar o assunto.

A questão é que os macacos brasileiros com certeza não sabem pescar. E o Lula não vive falando que mais importante que dar o peixe é ensinar a macacada pescar?
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POR José Pires


PS: Vocês duvidam de mim, seus incrédulos? Peguei a matéria aqui.

O importante é prevenir

Há cerca de dois meses o deputado Paulinho Pereira da Silva, o Paulinho da Força, andou espalhando sua intenção de copiar a Igreja Universal do Reino de Deus e passar a processar veículos de imprensa e jornalistas pelo país todo. Na época o deputado anunciava que seriam de mil a duas mil aões para complicar a vida dos jornalistas. “A Igreja Universal cai ser fichinha”, ele disse como uma comparação com a tática da igreja de Edir Macedo.

E agora aparece a investigação da Polícia Federal sobre a quadrilha que atuava prometendo liberar empréstimos do BNDES, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. A investigação chegou em assessores da Força Sindical e até no vice-presidente do PDT em São Paulo. O presidente é Paulinho Pereira da Silva, o Paulinho da Força. O relatório da Polícia Federal aponta o deputado, que também é presidente da Força Sindical, como chefe da chamada “quadrilha do BNDES”.

A pergunta lógica que não pode ser calada é a seguinte: será que as ameaças do deputado Paulinho da Força eram uma medida preventiva?
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POR José Pires

Fusão Oi/ Brasil Telecom: o Brasil na vanguarda do atraso

A compra da Telemar/Oi da Brasil Telecom é um dos maiores equívocos no qual o Brasil pode entrar, exatamente em uma época que exige expansão tecnológica e competição na área de telecomunicações. E neste negócio que vai contra os interesses do país e que beneficia apenas os dois grupos empresariais, o governo Lula pretende enfiar 2,6 bilhões de reais do BNDES. Parece piada: o contribuinte é que paga para a criação de um vasto monopólio privado.

Além do privilégio evidente às duas empresas, o negócio também lança suspeitas sobre o próprio presidente Lula que, de tão interessado no negócio, parece até disposto a correr o risco do desgaste político que pode trazer a mudança do Plano Geral de Outorgas. Para acontecer a fusão é preciso fazer a mudança, permitindo que um mesmo grupo controle duas concessionárias. O presidente Lula pode fazer isso por decreto.

A fusão joga o Brasil no atraso, exatamente quando entramos num tempo em que essa tecnologia, se não é tudo, é quase tudo. Caso a compra se efetive 78% do mercado de internet por linha discada e 59% da banda larga na chamada Região 1 (Minas, Rio e outros 16 Estados) ficam para apenas uma empresa. Ora, mas a argumentação dos defensores da privatização não era exatamente que o monopólio estatal estava condenando o Brasil ao atraso tecnológico? E o monopólio privado vai nos conduzir para onde?

Uma das melhores análises sobre o assunto que li na internet foi publicado como editorial no site Teletime. É um texto assinado por Rubens Glasberg que destrincha a trama da fusão das duas empresas em forma de perguntas muito esclarecedoras. Para ler e ficar por dentro de mais essa, clique aqui.
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POR José Pires

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Chuchu e Aécio, os preferidos de Ciro Gomes

A pesquisa CNT/Sensus pesquisou em quatro cenários a eleição presidencial de 2010. A novidade é que no cenário em que figuram como candidatos do PSDB Aécio Neves e Geraldo Alckmin, os dois tucanos que estão torrando a paciência da opinião pública, entregam o ouro para Ciro Gomes.

Aécio Neves consegue ficar em terceiro lugar, com 16,4%, atrás de Heloísa Helena, com 17,5%, e de Ciro Gomes que fica em primeiro lugar com 23,5%.

No outro cenário, com Alckmin, este fica em segundo lugar com 17,2%, mas bem próximo de Heloisa Helena, com 16,3% em terceiro. Em primeiro está Ciro Gomes com 23,2%.

Mas Geraldo Alckmin pode provocar uma surpresa. Indo para o segundo turno pode até ter menos votos do que no primeiro. Na urna eleitoral o Chuchu não é nada zen.
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POR José Pires

sexta-feira, 25 de abril de 2008

O míssil virando alvo

Chega a ser engraçado ver os papéis sendo invertidos na pauleira política entre blogs na internet. É também muito instrutivo, pois esta pauleira virtual nada mais é do que a face visível de tormentos da vida real em razão das novas divisões políticas criadas pela ambição por grana, status e melhor colocação no poder.

Falo do debate em que se engalfinham Diogo Mainardi, Reinaldo Azevedo, Luís Nassif, Paulo Henrique Amorim e um bom punhado de blogueiros, neste caso bastante estimulados pela corrente chapa-branca que vê em qualquer crítica ao governo Lula uma conspiração com todos seus pontos e articulações muito bem costurados por uma organização do mal.

O problema é que entrou no meio muita grana, com a anunciada compra da Brasil Telecom pela Telemar/Oi. É um negocião que divide o governo e, por extensão, sua base política na internet. Sim, pois além da base construída na área política, também na WEB o governo tem sua sustentação. É uma rede de blogs da militância petista que cobre todo o país. Muitos deles, a maioria talvez, são blogs pessoais, sem ligação direta com organismos partidários ou do governo, mas em sua maior parte municiados por sites, revistas e blogs que de um modo ou outro recebem favorecimento do governo Lula.

Porém, a venda da Brasil Telecom está sendo um problemão para a necessária unidade desses comunicadores favoráveis ao governo. Na oposição tudo está como antes. Reinaldo Azevedo, que foi um dos primeiros a apontar um dedo acusador, não mudou de lado. Muito menos Mainardi, jornalista com ótimas fontes também sobre este assunto. Mas a coisa mexeu com a cabeça dos chapa-brancas.

A reviravolta foi entre os blogueiros da internet que atuam na defesa do governo Lula. Para essa turma está sendo bem pesado o trauma da mudança de papéis forçada pelo escandaloso favorecimento da Telemar/Oi armado pelo governo Lula.

Foi um golpe nos hábitos cultivados na patrulha ideológica e no fanatismo. Para esta corrente de blogueiros informais do oficialismo teve ocasião em que até a menção ao mensalão praticado por dirigentes petistas já era tida como um favorecimento dos tucanos.

Mas agora a coisa mudou. Paulo Henrique Amorim é uma figura que simboliza bem como a mudança dos ventos forçou a um redirecionamento das porretadas dessa gente. Amorim era ídolo da turma. Tinha um blog no IG, provedor acertadamente definido por Diogo Mainardi como o centro dos blogs chapa-branca. O IG é propriedade da Brasil Telecom, um dos lados do negócio em vista. O estilo de Amorim era na base do preto ou branco, o bem e o mal. O bem, é claro, estava do lado dele.

Já que estamos falando de chapa-branca, façamos como o chefe deles. Vamos de imagem futebolística. Amorim atuava como zagueiro e também no ataque. Corria para defender o gol de Lula e também tentava balançar a rede tucana. E era um Serginho Chulapa nas duas posições. Batia firme em todos os que para ele faziam parte do que chamava "imprensa golpista". Golpe no Lula, é claro. Quando sentava no computador, ele dizia, era como se estivesse disparando mísseis.

Até recentemente o estilo do jornalista e blogueiro foi útil. Ele conta que foi contratado pelo IG exatamente pela sua história na internet de combate a Daniel Dantas. Acontece que agora Dantas não é mais adversário. Virou aliado e é parte interessada e influente na venda.

E por isso Amorim acabou sendo demitido do IG. Seu blog foi tirado abruptamente do ar tendo o provedor inclusive fechado qualquer acesso ao seu trabalho de dois anos. Só na justiça conseguiu de volta o material publicado no blog.

A venda da Brasil Telecom é muito suspeita. Para que ela ocorra é preciso que o presidente Lula altere a lei das telecomunicações, o que ele parece disposto a fazer isso. A fusão entre as duas empresas criaria um monopólio no setor. A monstruosidade econômica pode englolir 70% do potencial de consumo do setor de telecomunicações no Brasil e reduziria ainda mais a possibilidade de concorrência na telefonia fixa.

O negócio é apetitoso para os dois lados, menos para o contribuinte. O BNDES estaria no meio da compra servindo como financiador. O que se diz é que o único dinheiro que entraria é o do banco estatal. Ou seja: nós é que pagaríamos a conta.

Mas o problema de Amorim é outro. Na sua cabeça o maior beneficiado com a transação seria o empresário Daniel Dantas, vendeta antiga dele. Aí ele começou a escrever contra o negócio e por isso levou o bilhete azul. Ou um pé-na-bunda, expressão melhor, já que foi uma coisa violenta.

Com a refrega, Amorim acabou sendo abandonado pela corrente de defesa do governo Lula. Desavisados blogueiros chapa-branca inicialmente até esboçaram uma corrente de solidariedade, mas o impulso foi logo detido. Veio rápido o aviso de que Amorim não era mais da turma.

E essa mudança brusca também causou efeito em Amorim. Ele começou a ver defeitos no governo Lula. Retomou seu blog em página própria na internet e passou a, como ele diz, despachar mísseis também contra o governo. Na revista Fórum desse mês ele avança mais: disse que o governo Lula tem também seus “esqueletos no armário”. Não especificou a qualidade e quantidade da ossada, mas espera-se por mais revelações em "mísseis" posteriores.

Virada espetacular como essa não é novidade na carreira do jornalista. Ele já foi da TV Globo e depois passou a falar mal da emissora. E era severo crítico de Lula e do PT para depois tornar-se fã incondicional do governo Lula, até o rompimento de agora.

Mas o interessante nessa história é ver as mudanças de sentido que a política traz para a vida. Amorim saiu da dicotomia do Lula cá e os inimigos lá, o que não ocorre com a corrente blogueira chapa-branca. Por isso, Amorim saiu da galeria de ídolos − onde estava ao lado de gente como José Dirceu, Emir Sader, Franklin Martins, Luís Nassif e também Mino Carta, editor da Carta Capital, revista pró-Lula, e que também tinha um blog no IG. Carta, no entanto, está em grande risco de passar para a galeria de inimigos; no momento está na geladeira, até porque saiu do IG contrariado com a demissão de Amorim.

Viver requer paciência. O bom de ver o tempo passar é que a gente assiste com freqüência a realidade torcer o pescoço de teorias mal embasadas, usadas por má-fé ou ingenuidade. Esperemos um pouco mais, pois outras mudanças vêm por aí. Com a cristalização no governo Lula da política de usufruto das benesses do Estado ou proporcionadas por ele via negócios privados muita gente vai sendo expelida do bloco que usufrui dos privilégios. Neste tipo de política isso é destino: não tem teta para todo mundo.
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POR José Pires

Fase ruim

Parece perseguição com o Lula. Como se não bastasse o fogo cerrado internacional contra o etanol, a crise dos alimentos e ainda a pesquisa que o colocou em sexto lugar na América Latina, atrás até do boliviano Evo Morales, pois bem, como se não bastasse tudo isso ainda vem a revista britânica Prospect e coloca o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso numa lista de 100 maiores intelectuais do mundo.

Esse cara ainda acorda invocado um dia e liga para o Noam Chomski pra saber como é que se faz pra ser um intelectual.
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POR José Pires

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Busines is busines

Nada como chamar as coisas pelo nome.

“Comuniquei hoje ao PT que fechei com o Kassab”, disse o ex-governador Orestes Quércia, um dos caciques do PMDB.

É isso mesmo. Negociava com os dois lados e fechou com quem deu mais.
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POR José Pires

Incompetência fantástica

Todo mundo se defende neste caso da morte da menina Isabella, mas algumas justificativas acabam pegando mal. O repórter Valmir Salaro negou que tenha feito acordo para conseguir a entrevista exclusiva com Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, que foi exibida no último domingo no Fantástico.

Então fica chato. Se não houve acordo, pelo que deixou de perguntar na entrevista o repórter e editores do Fantástico são incompetentes.
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POR José Pires

Lula e o lado bom da ditadura

Só faltava o presidente Lula elogiar o general Emílio Garrastazu Médici, presidente-ditador no período mais duro da ditadura militar, de 1979 a 1974. E não falta mais. Leiam o que ele disse ontem em cerimônia do 35º aniversário da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). E o interessante é que, para elogiar o ditador, Lula foi escolher como companhia logo o governador Roberto Requião, que gosta de transparecer ares mais esquerdistas.

“Por isso, é com muito orgulho que, de vez em quando as pessoas falam: “O Lula defende, elogia o governo Geisel, o Lula elogia não sei das quantas e tal”. Pois eu agora, veja a contradição, [Roberto] Requião: um dos presidentes que permitiu que a gente vivesse o momento político mais crítico da história do País, o presidente Médici, foi o homem que assinou a Embrapa e foi o homem que assinou Itaipu. Em uma demonstração de que cada um de nós tem uma coisa boa para oferecer, tem coisas ruins dentro da gente, e que nós não poderemos ficar julgando eternamente as pessoas por um gesto, ou dois gestos, sem compreender os outros gestos que as pessoas fizeram, que permitiram que o Brasil encontrasse o seu rumo. Cada um de nós será julgado um dia. Cada um de nós será julgado por aquilo que fez, por aquilo que deixar de fazer, pelos nossos erros e pelos nossos acertos.”

Não é de uma ignorância espantosa, até mesmo vindo dele? O Lula é surpreendente. Qualquer dia desses ele acorda invocado e elogia o lado bom de Adolf Hitler.
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POR José Pires

Até Nero tinha um lado bom

Mas o estadista que deve encantar mais Lula se ele resolver um dia ler alguma coisa é Nero, imperador de Roma entre 54 e 68. Nero tinha seu lado bom, apesar de tentar matar a mãe, Agripina, algumas vezes. Acabou conseguindo, mas isso é outra história.

O governo de Nero tinha algo que Lula vai achar um, digamos assim, lado bom. Ele não se preocupava com Congresso, Câmara, Justiça, esses negócios que "atrapalham" governar. Oposição então, nem pensar. Se achasse que estavam lhe fazendo oposição Nero simplesmente mandava a pessoa se suicidar. E ninguém se virava para o lado e fazia comentários desrespeitosos como "o cara andou bebendo cedo" ou "bem que o Larry Rohter tinha razão". Tinha que se suicidar.

Quer mais lado bom? Nero também era apaixonado pela arte dramática e pelos espetáculos, por isso era poeta e músico O Lula vai amar esse cara. Foi o período mais quente do grande circo romano, só não teve megacampo de petróleo porque isso não era um assunto de época. Os primeiros anos de seu governo foram considerados os mais felizes do império romano. E fez um governo demagógico e populista. Nossa, quanto lado bom!

Na imagem, a efígie de Nero com cara de invocado. Esse não era seu lado bom. Quando ele acordava invocado não tinha Bush que segurasse.
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POR José Pires

terça-feira, 22 de abril de 2008

Um político verde

O desconfiômetro de Ciro Gomes é bem lerdo. Só agora que ele está agradecendo a Deus por não ter sido eleito presidente em 2002. O deputado cearense disse hoje que não estava maduro na época.

O problema é que ele acha que já está pronto, mas a verdade é que não estará maduro nem em 2010. Mas com um semancol atrasado desses, só vai perceber sua falta de preparo lá por 2014. E vai disputar a eleição, é claro, o que é um risco brutal, e põe brutal nisso, para o país.

Tomara que o eleitor − ou, vá lá, Deus − nos livre do Ciro Gomes até que ele fique bem madurinho. E não precisa ter pressa, não.
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POR José Pires

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Justiça afinal

Vai acontecer o que todo mundo temia: o ex-banqueiro Salvatore Cacciola será extraditado para o Brasil. Agora não tem escapatória: o cara vai acabar sendo inocentado!
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POR José Pires

Compensação

Mas o Roberto Cabrini levou uma grande vantagem nessa sua prisão. Com ele preso tinha um jornalista a menos para espezinhá-lo.
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POR José Pires

Acordando invocado

Lula pediu explicações ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, sobre as declarações do general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, comandante militar da Amazônia, que afirmou ser um erro a demarcação contínua da reserva indígena Raposa Serra do Sol.

Durante palestra no Rio o general Pereira partiu para a galhofa: falou sobre uma tal de “esquerda escocesa” que atrás de um uísque escocês resolve os problemas do Brasil inteiro.

Não se via o Lula tão fulo desde quando o Larry Rohter escreveu no New York Times que ele bebia demais.
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POR José Pires

Põe no cartão do Gushiken

Esse negócio dos gastos com cartões corporativos é um poço sem fundo. Quanto mais se cavuca, mais sujeira sai. Agora descobriram que até o ex-ministro Luiz Gushiken, aquele que saiu corrido do governo... está bem, um das dezenas que saíram desse modo.

Pois até o Gushiken gastava por fora. Apareceram notas fiscais de restaurantes e hotéis em nome do ex-homem forte do Lula para a compra de bebidas alcoólicas e pagar refeições a terceiros, o que é considerado desvio de verbas pela Controladoria Geral da União (CGU).

Gushiken pagava com o cartão de crédito pessoal e depois pedia ressarcimento aos cofres da União.

Até o Gushiken... Não dá mesmo para confiar em ninguém neste governo.
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POR José Pires

Intocada

Certo estava mesmo o grande Joel Silveira que dizia que tinha a impressão de que no governo Lula só existia uma virgem no Palácio do Alvorada, aliás, a única virgem do Planalto: a biblioteca.
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POR José Pires

De carona

Eu já ia dizer que só falta o padre Marcelo pegar uma caroninha nesse drama da morte da menina Isabella, mas ele já entrou no caso. Ontem rezou uma missa pela criança.

Essas coisas o Papa Bento XVI não vê... Onde anda o alemão que não puxa os orelhões desse cara?
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POR José Pires

Alimentando feridas

Seja o que for que tenha acontecido na trágica noite em que a pequena Isabella foi assassinada em São Paulo, a cobertura da mídia sobre o crime está causando um mal social maior do que o assassinato em si, que apesar do indiscutível horror é apenas mais um entre os tantos crimes cotidianos desse país bárbaro que o Brasil se tornou.
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POR José Pires

Dantesco

Na Divina Comédia Dante Alighieri foi ao inferno acompanhado pelo poeta Virgílio. Seu inferno tem nove círculos, com uma condenação em cada um.

Se em vez de fazer a viagem pelo inferno ele descesse ao Brasil, o inferno de Dante teria mais um círculo: o da mídia.

Na imagem, a bela tela de Eugène Delacroix, com Dante e Virgílio no inferno. Clique nela, e você poderá vê-la maior. Dentro do rio penam as almas possuídas pelo pecado da ira. Portanto, fiquemos calmos.
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POR José Pires

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Nota baixa

A qualidade da educação nas universidades brasileiras está mesmo muito baixa: os reitores nem sequer sabem usar o cartão corporativo.
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POR José Pires

Os comícios do PAC

E os comícios eleitorais do governo Lula têm a sua continuidade. E já estão chamando os eventos pelo nome certo. Nesta quinta-feira em Belo Horizonte, em evento de visto ria de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Belo Horizonte, a ministra-chefe da Casa Civil, animada com a claque feminina, disse o seguinte: "Eu queria desejar e dirigir um especial cumprimento às mulheres aqui da frente que hoje animam, sem dúvida, esse comício".

Estão chamando a fala da ministra de "gafe". Eu já acho que é outra coisa: é um ato falho.
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POR José Pires

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Lula é o que é há muito tempo

O jornal O Globo publicou ontem um texto do sociólogoFrancisco Weffort que passou despercebido, o que é uma infelicidade, pois nele está um dos depoimentos mais esclarecedores sobre o caráter irresponsável do presidente Lula, especialmente na sua falta de controle sobre gastos de dinheiro que não é seu, mesmo que sejam gastos indevidos, o que ficou ainda mais claro neste caso dos gastos com cartões corporativos..

No texto, Weffort, que é um acadêmico que se dedicou à política, tendo convivido de perto, bem de perto, tanto com petistas quanto com tucanos, conta um episódio que revela o quanto é antigo em Lula a dissimulação e o engodo em situações em que está em xeque sua responsabilidade pelo que o cerca. O já conhecido “eu não sabia de nada” é coisa velha, dos tempos em que ele era metalúrgico.

Desencavar fatos desabonadores no passado do líder máximo do PT, além de não ser algo muito dificultoso nada tem de inédito. São muitas as histórias que comprovam seu desapego ao estudo e ao trabalho, ou mesmo a facilidade que ele tem de se cercar de amigos que lhe dão casa e outras coisas de graça e pagam suas contas. Lula é o militante de esquerda que ia à Cuba com o pretexto de participar de seminários de estudo e lá não saía da praia.

O caráter do presidente da República é tão discutível que nem a máquina do PT e a mistificação muito bem trabalhada em torno de sua figura política conseguiram apagar as feias nódoas de seu passado.

Mas a participação de Weffort na história do PT e na vida de Lula é muito marcante e isso dá uma qualidade especial ao texto. Ele é um dos mais antigos companheiros de Lula, foi um dos fundadores do PT junto com os companheiros históricos do presidente da República, gente que hoje está nas barras do STF, mas que na época encarnavam a esperança de que ao menos a ética seria um elemento básico na pauta de um provável governo de esquerda. Weffort saiu do partido antes de escândalos recentes de corrupção como os do mensalão ou mesmo corrupções mais antigas, como o Caso Lubeca, de 1989, na prefeitura petista de São Paulo.

Em 1995 havia mudado de barco, tendo pulado para o governo de Fernando Henrique Cardoso, onde foi ministro da Cultura nos dois mandatos, de 1995 a 2002. Antes de se bandear para o lado dos tucanos, porém, Weffort foi personalidade importante no PT, fazendo parte do círculo íntimo de Lula. Daí a importância do que ele relata em seu texto publicado em O Globo.

Weffort parte de uma pertinente questão − “Que coisas tão graves em seus gastos na Presidência estará Lula procurando esconder da opinião pública?” − para então buscar na memória uma história que viveu com Lula quando ele ainda estava na presidência do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, no ano de 1980.

Lula estava para ser julgado pela Lei de Segurança Nacional, do governo Figueiredo, e em função disso fizeram uma viagem à Europa e aos Estados Unidos em busca de apoio político. Partiram Lula, Weffort e mais um pequeno grupo de amigos.

Em dois lugares, Alemanha e Estados Unidos, foram recebidos com severas cobranças das lideranças sindicais locais. Nada a ver com questões políticas, explica o cientista político, mas em função de algo de caráter bem mais prático: havia uma indignação com a falta de prestação de contas do sindicato de São Bernardo sobre quantias em dinheiro repassadas por estes sindicatos estrangeiros. Os sindicalistas queriam de Lula uma prestação de contas. Cobrança pesada. Na Alemanha foram bem agressivos e nos Estados Unidos, em encontro com representantes da AFL-CIO, mesmo que sem o peso dos alemães, repetiu-se o constrangimento da cobrança.

Nas duas situações, conta Weffort, o então sindicalista Lula fez-se de desentendido, dizendo que não sabia de nada. Lula, escreve o sociólogo, "não sabia responder à indagação referente às contas. Ou não queria responder. Não era com ele".

É uma reação típica dele, que conhecemos bem. Há quase trinta anos Lula fazia o mesmo que vimos nas crises de seu governo: mensalão, aloprados, dossiês, gastos com cartões e o que mais aparecer, seja de que magnitude for, de nada ele sabe, nada ele viu. O testemunho de seu ex-amigo Francisco Weffort comprova que tem sido assim desde que ele era sindicalista. E um caráter assim, desta qualidade e com este longo tempo de uso, não há de mudar depois de velho.

Para ler o texto de Weffort na íntegra, clique aqui.
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POR José Pires

Mega-especulação camarada

Sei que a gente morre e não vê tudo, mas quem esperaria ver um dia o Partido Comunista do Brasil agitando as bolsas de valores do mundo?
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POR José Pires

terça-feira, 15 de abril de 2008

Tapioca, essa vai ficar na história

O ministro do Esporte, Orlando Silva, aquele da tapioca que acabou virando símbolo dos gastos indevidos com os cartões corporativos, agora tem dinheiro em haver com o governo.

A Controladoria Geral da União (CGU) concluiu que entre 2006 e 2008 ele gastou irregularmente R$ 8.405,35 com cartão corporativo. Acontece que logo que foi pego com a mão na tapioca Orlando Silva já tinha corrido para devolver tudo o que tinha gastado com o cartão no período, que dava exatamente R$ 34.378.

Ele vai receber de volta R$ 26,3 mil. Entre os pagamentos irregulares estão os R$ 8,30 da tapioca. No total, tudo ficou nos R$ 8.405,35.

Ficou barato. Com esse caso da tapioca o ministro Orlando Silva vai acabar ficando na história do Brasil. De forma pitoresca, mas vai. E ficou no lucro, pois de que outro modo o ministro entraria pra história brasileira?
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POR José Pires

Cacarejando para ocultar

O senador Mão Santa é um político bem pitoresco, mas numa coisa está bem certo. Não é só Dilma Roussef que neste governo é uma galinha cacarejante. Com todo o respeito, é claro, e deixando claro que não há alusões de gênero. Evitemos problemas, pois as senadoras da base aliada até não se mexem quando uma menina é colocada em uma cela com mais de uma dezena de marmanjos no Acre, mas fizeram um fuzuê com este assunto.

Mas, voltando à questão das galinhas cacarejantes, o governo Lula − especialmente o próprio presidente, que é o que mais cacareja − é todo um galinheiro cacarejante. E muitas vezes, na maioria dos casos, na verdade, é um cacarejar que anuncia ovos inexistentes. É um cacarejar danado, mas os ninhos permanecem vazios.

Tem também os que anunciam o ovo de modo bem prematuro e com objetivos até estranhos ao ninho que, supostamente, o acolheria. Este alarido do diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Haroldo Lima, em torno de algo que nem a própria Petrobrás tem certeza do que é, serviu para distrair a atenção à problemas sérios do governo, como o dossiê fabricado contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O cacarejar de Haroldo Lima foi bem antecipado para o calendário da Petrobrás, mas na hora certa para o governo. Essa discussão sobre o dossiê é um problema danado. Então, para desviar o assunto, só cacarejando. E o ato, que seria anti-natural no universo galináceo, é até bem comum na política. Temos aí um cacarejar não para anunciar novidade em ninho algum, mas para desviar a atenção de ovo podre no Planalto.
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POR José Pires

Dama de ferro e muito grossa

Por falar em Dilma Roussef, uma interessante reportagem publicada hoje no Correio Braziliense revela que a “mãe do PAC” é uma tremenda casca-grossa na intimidade. A chefe da Casa Civil de Lula destrata os servidores mais humildes e até os insulta por causa de um suco um pouco menos agradável a seu paladar. Já fez isso pelo menos três vezes por causa de suco de abacaxi que julgou azedo.

A reportagem de Ugo Braga faz uma boa síntese da militância de Dilma Roussef, ou “Estella”, na luta armada. A mulher é fogo: foi por causa de desentendimentos entre ela e Carlos Lamarca que o grupo VAR-Palmares acabou.

O autoritarismo de Dilma Roussef, hoje pelo jeito expressado numa grossura pessoal absurda, não é surpreendente. Nossa história política seria mais ou menos assim caso os planos políticos dessa gente tivessem dado certo. Infelizmente hoje os militantes da luta armada são confundidos com pessoas que na época lutavam pela democracia, mas a verdade que eles mesmos lutavam é para estabelecer outro tipo de regime autoritário por aqui. E algo que, pelo que pudemos ver em outros países, teria sido pior até que a ditadura militar de 64.

Mas leiam o texto do Correio Braziliense na íntegra. Clique aqui para conhecer melhor a Dama de Ferro que Lula gostaria de por em seu lugar.
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POR José Pires

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Quem quer geladeira?

E os comícios do governo Lula prosseguem. Agora vão lançar dois novos programas na área social. Um programa de qualificação profissional específico aos beneficiários do Bolsa Família e a implantação de um novo modelo de cisterna.

Neste ano já tivemos a ampliação do Bolsa Família para adolescentes de 16 e 17 anos, o aumento da meta do Luz para Todos e a criação do programa de combate à pobreza rural Territórios da Cidadania.

Esta lista colhi em vários jornais, mas eles se esqueceram de um outro programa que vai dar um belo brilho na imagem do governo em pleno ano eleitoral. É o programa de troca de geladeiras, anunciado pelo governo para este ano.

A meta é de 10 milhões de geladeiras sendo trocadas pelo país afora, com várias facilidades garantidas pelo governo. Até a geladeira velha vai servir para a compra da nova. A justificativa para a troca é a racionalização de energia. Pode até ser. Mas alguém acredita que esse monte de geladeiras não vão ser usadas para esquentar os votos governistas nas urnas eletrônicas?
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POR José Pires

Bolsa Família on-the-rocks

O programa de troca de geladeiras será lançado no segundo semestre. De setembro não passa, segundo o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão. O ministro informou também que o programa ainda não tem nome.

Bem, então para não ficarem dizendo que só criticamos, vamos ajudar. Que tal "Programa Um Gelinho na Bolsa Família"?
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POR José Pires

A gente não quer só exportação

Cada país tem o governo que merece. E a oposição também. Há meses que os alimentos vêm subindo nos mercados, feiras livres e supermercados. Só não vê quem não faz compras ou não está atento à vida cotidiana do brasileiro.

E agora, impulsionados pelo FMI e o debate internacional, é que se começa a falar em alta do custo dos alimentos por aqui. Está certo: políticos e jornalistas não vivem o dia-a-dia do brasileiro comum. Mas não deixa de ter sua utilidade que os estrangeiros comecem esse papo. Até os tucanos já perceberam que algo vai mal no mercado de alimentos.

Mais uns meses e pode-se até descobrir que o mercado internacional de commodities até influi no problema, mas não é determinante. Além de ser mais embaixo o buraco é por aqui mesmo. O preço do feijão sobe é por falta de planejamento e de uma política agrícola que inclua a produção de alimentos para o consumo interno.

Ah, também ajuda se o presidente Lula parar de sair pelo mundo afora incentivando os agricultores a plantar cana para fabricar etanol.
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POR José Pires

Máfias investem firme no Brasil

Uma informação bastante preocupante, entre as tantas que deixam a gente de cabelo em pé, saiu neste domingo imprensa. As máfias estrangeiras investem alto em nosso mercado imobiliário. Aqui eles não se escondem: chegam como grande investidores e aplicam o capital criminoso nas áreas de hotelaria e construção civil.

A matéria, que saiu no jornal O Globo, ainda informa que segundo a Interpol o Brasil pode abrigar hoje até 50 criminosos estrangeiros com pedidos de prisão decretados em seus países de origem. E ainda tem também pelo menos dez organizações criminosas transnacionais agindo hoje no Brasil.

Li a matéria em meio ao impressionante número de anúncios imobiliários dos nossos jornais. A Folha de S. Paulo e o Estadão estão apinhados de anúncios de mega-lançamentos em todo o estado de São Paulo, descendo até o mar, com mansões, condomínios fechados e prédios imensos destruindo o que resta do litoral brasileiro. E pelo número de anúncios de lançamentos na capital paulista, logo mais não sobra espaço para mais nada por lá.

A matéria de O Globo não informa se a imensidão de anúncios imobiliários tem alguma relação com os maiorais do crime internacional lavando grana por aqui.
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POR José Pires

Para Bin Laden, o Brasil é guerra, sombra e água fresca

Outra informação, também da área da segurança, diz que se Bin Laden aparecesse por aqui não poderia ser preso sem autorização do Supremo Tribunal Federal (STF).

Quem prender o Bin Laden no Brasil estará cometendo abuso de autoridade, porque aqui não tem uma lei que permita prender criminosos estrangeiros com base apenas numa tal de “difusão vermelha”, um alerta dado pela Interpol e que permite trancafiar em flagrante larápios internacionais e terroristas. E é claro que a bandidagem sabe disso. Antes de nós todos, evidentemente.

E já pensaram o nosso laborioso STF tendo que autorizar a prisão do Bin Laden? Coitado, suas barbas ficarão totalmente brancas até que isso aconteça. Se é que deve acontecer, pois nada garante que o STF atenderia tal pedido.

Já imagino a cena. O pacato cidadão está fazendo seu cooper na praia de Copacabana no sábado de tarde quando percebe alguém muito esquisito bebendo tranquilamente uma água de coco. A princípio não acredita no que vê, mas é ele mesmo: é o Bin Laden.

Então o ordeiro cidadão liga na hora para a polícia.
− Alô, é o seguinte. Eu estava fazendo meu cooper aqui sossegado e dei de cara com o Bin Laden... Isso, ele mesmo. Tenho certeza. Está aqui, na barraca do Pepeu tomando uma água de coco. Você podem mandar uma viatura prender esse terrorista? O quê, não podem? Abuso de autoridade, é? Mas como é que eu faço pra ligar pro STF? Ah, só na segunda-feira... Mas acho que ele não vai esperar não, né? Pois é, até lá é muito tempo... aliás, o Bin Laden já acabou de tomar sua aguinha de coco, está pagando a conta. Hiii, está indo embora. Pois é, não deu, mas valeu assim mesmo, obrigado pela força. Mas e hoje no Maraca, você acha que o Mengo se recupera?...
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POR José Pires

sábado, 12 de abril de 2008

Se segura, companheiro

Os blogueiros chapas-brancas estão em polvorosa com a possibilidade vazada pelo Palácio do Planalto de que o governo tem a intenção de admitir publicamente que fez mesmo um dossiê sobre os gatos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sua mulher Ruth Cardoso.

É uma situação difícil para os blogueiros que atuaram até agora na defesa do governo Lula garantindo que o dossiê nunca existiu. A preocupação dos chapas-brancas é maior ainda pelo fato da notícia ter vindo pela coluna de Kennedy Alencar na Folha de S. Paulo.

Sobre as bandas do PT o colunista é bem informado, pois já foi assessor de imprensa do partido. É tão ligado nos interesses governistas que deu a notícia sobre a condenação de Diogo Mainardi, em uma ação proposta pelo ministro Franklin Martins, um dia antes da sentença ser publicada.

A nota sobre a admissão de que o governo fez o dossiê foi publicada hoje na Folha e tem todo o jeito de ser uma preparação de terreno para soltar a notícia de fato logo mais.

E os blogueiros chapas-brancas? Bem, eles ficam pendurados na brocha.
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POR José Pires

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Garoto esperto

Já era uma supeita, mas depois que o Ziraldo virou pensionista da Bolsa Ditadura, ficou comprovado: o Menino é Maluquinho mas não rasga dinheiro.
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POR José Pires

Idéia de jerico oriental

Eu não queria estar na pele do chinês que teve a idéia da China sediar os Jogos Olímpicos este ano. Por bem menos que isso, muita gente caiu na desgraça por lá. Isso quando não foi fuzilado.
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POR José Pires

Senado bate recorde... em emprego para jornalista

Muitas das melhores informações surgem quase nas entrelinhas de um texto, às vezes como um comentário rápido, até fora do contexto do que se está dizendo.

Foi desse jeito que soubemos ontem que o Senado Federal emprega 500 jornalistas. Isso mesmo: quinhentos jornalistas. Isso dá sete jornalistas para cada um dos 81 senadores. E hoje podem até ser mais, pois o número é de 2002.

A informação saiu no blog do jornalista Mário Marona, que durante atribulados três meses do ano de 2002 foi diretor de comunicação do Senado. Marona falou dos 500 jornalistas no meio de um texto em solidariedade à Helena Chagas e Tereza Cruvinel, que estão sendo acusadas por Luiz Lobo, ex- editor da TV Brasil, a TV do Lula, de censura e manipulação do noticiário da televisão criada recentemente pelo governo federal.

Marona cita esse número imenso de jornalistas (quinhentos, repito!) quase ao acaso, quando também lembra as futricas internas produzidas contra ele por essa gente − e que o fizeram pedir demissão após três meses. A campanha de desestabilização começou quando ele se negou a assinar uma planilha que pagava 100% de horas extras aos quinhentos em pleno período de recesso, quando ninguém trabalhou no Senado.

Mário Marona, que tentou moralizar profissionalmente o setor, teve que pedir demissão. Os quinhentos jornalistas continuam lá. Na moral, companheiro...
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POR José Pires

Papo jóia na Holanda

E tem a agenda do presidente Lula. Está viajando, como sempre, mas agora não é uma figura de linguagem: está na Holanda. Às três da tarde tem um assunto bom: o Supremo Apedeuta tem uma "discussão sobre temas de interesse global".

Boa. Ele pode contar sobre o dia em que acordou invocado e ligou para o presidente George W. Bush e também do último telefonema, quando mandou intimou o presidente dos EUA: Bush, cuida da tua crise!”.

Os holandeses vão adorar essas histórias que demonstram equilíbrio e autoridade.
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POR José Pires

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Acredite se quiser



As duas fotos são as mesmas, com a diferença do retoque na foto da esquerda feito para eliminar a frase “Fora Serra”. O serviço sujo é da revista Istoé. Em uma reportagem sobre o MST publicada na edição desta semana fizeram a manipulação da foto em um programa conhecido como Photoshop, o mesmo que retira celulites, aplaina bundas, alisa coxas, alarga e empina seios, além servir para outros retoques mágicos nas fotos de mulheres nuas.

O recurso é também bastante usado em campanhas políticas. Além de tirar manchas de corrupção, os marqueteiros eliminam também cravos, manchas da pele e até verrugas da cara do freguês. Além de passar o tradicional óleo de peroba, é claro.

O problema é que esse negócio vicia. Então alguém da redação da Istoé quis deixar o governador José Serra mais bonito na foto e retocou a imagem feita durante um protesto do MST contra a privatização da Cesp, em São paulo.

O editor-executivo da agência Istoé, César Itiberê, confirmou a adulteração. Para a Folha de S. Paulo, detentora dos direitos da foto, o jornalista disse que “houve realmente manipulação por Photoshop da imagem dos sem-terra”, mas tentou consertar a besteira afirmando que foi com “com intenção absolutamente estética".

Itiberê disse também que não veio nenhuma ordem de cima para que tirassem o “Fora Serra”.

Bem, se foi excesso de zelo de puxa-saco do governo de São Paulo, trata-se de um péssimo puxa-saco: a emenda foi mais prejudicial para o governador do que se tivessem deixado a manifestação de protesto.

Mas o governador Serra que se cuide. As “intenções estéticas” da redação da Istoé ainda podem aplicar com Photoshop uma bela cabeleira no lugar de sua careca. E vai pegar mal.
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POR José Pires

Papo furado

O presidente Lula até ameaça sair do PT se continuar a conversa de terceiro mandato. E ainda tem gente que aparenta estar levando à sério esse papo.

Ah, é? Lula passou boa parte da sua vida falando uma coisa e depois, no poder, fez outra completamente diferente.

O que Lula fala se escreve, pois afinal ele é o presidente da República. Mas não se confia não, gente.
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POR José Pires

Siameses

É mais fácil o PT sair do Lula do que o Lula sair do PT. O que não quer dizer que isso vá ocorrer. São unha e carne. E iguaizinhos a ministra Dilma Roussef e seu braço-direito. Nunca sabem o que o outro faz.
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POR José Pires

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Ziraldo e Jaguar são repudiados na internet



Ziraldo e Jaguar vão por a mão numa baita grana, mas arrumaram sarna pra se coçar. Já rola na internet um abaixo-assinado de repúdio aos dois. E cresce rápido: ontem à noite estava com cerca de 500 assinaturas e hoje já tem quase mil.

O documento tem como título “Repúdio às imorais indenizações de Ziraldo e Jaguar” e traz uma epígrafe interessantíssima, feita por um colega deles de O Pasquim, o humorista Millôr. É uma observação exatamente sobre a indústria que virou a concessão de indenizações, a chamada Bolsa Ditadura, da qual Ziraldo e Jaguar agora fazem parte. A epígrafe é a seguinte seguinte: “Então eles não estavam fazendo uma rebelião, mas um investimento."

É como fica agora a história de Ziraldo e Jaguar, que eles próprios conspurcam na reta final. Por conseqüência, fizeram uma sujeira na história de O Pasquim.

E o Sig? Não resisti em revelar a verdadeira identidade do símbolo de O Pasquim, criado pelo novo pensionista do Estado, Jaguar. Sig não é um rato. Na verdade, era o cofrinho do Jaguar.

E para ler o texto de repúdio à mamata que encheu os bolsos dos dois cartunistas, clique aqui. Aproveite e assine o abaixo-assinado. Pelo menos para os dois saberem que não estão agradando.
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POR José Pires

Boicote à chinesa


Tem uma proposta rolando na internet de boicote aos Jogos Olímpicos que serão realizados na China. O boicote é não assistir aos jogos pela televisão.

Já estou apoiando. E pra mim é fácil. Como nunca vejo olimpíada alguma, para boicotar a da China é só manter o hábito.
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POR José Pires

Audiência garantida

Mas eu desconfio que esta Olímpiada terá um sucesso danado de público. Com a crise do Tibete, é bem grande a possibilidade de que algo fantástico aconteça na frente das câmeras.

É quase como uma corrida de fórmula 1 com a garantia de desastre entre os carros. Imagine o "desportista" que vai querer perder essa.
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POR José Pires

Eles comem do melhor, você paga

Vamos à agenda do presidente Lula. Para variar, o homem está viajando, mas desta vez literalmente: foi para a Europa.

Prepare os bolsos, pois essas viagens não ficam barato. A CPI dos Cartões acaba de divulgar os gastos com alimentação, apoio de solo e taxas e serviços aeroportuários para os dois aviões que servem ao presidente Lula em viagens internacionai

As despesas com alimentação e bebidas a bordo dos dois aviões, em viagem de Lula e comitiva a Nova York, em 24 e 25 de setembro de 2007, custaram US$ 8.710, sendo US$ 5.926 no Aerolula.

E o interessante é que na corte lulista tem divisão de classes. Enquanto na cabine presidencial, onde ficam os maiorais e o Apedeuta Maior, no total sete pessoas, as despesas com alimentação foram de US$ 877,19 (US$ 125 por pessoa), na outra cabine, com 16 convidados e 14 tripulantes, os gastos somaram US$ 1.792.35 (US$ 59,74 por pessoa).
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POR José Pires

terça-feira, 8 de abril de 2008

Sobre ratinhos e ratões

Quando se fala em baixaria na TV os críticos lembram logo do Ratinho e suas barbaridades televisas. E eu sempre achei estranho que ninguém se lembre dos telejornais de várias televisõesou ou do Jornal Nacional, da Rede Globo.

Deixemos de lado as sutis e ideológicas baixarias relacionadas à economia ou a política, um tipo de manipulação em que historicamente a televisão brasileira, especialmente a Globo, já provou ser craque. Focalizemos a cobertura jornalística que a Globo faz da vida das pessoas comuns. Se há diferença com o que o Ratinho pratica em seus programas, é uma alteração que piora a situação de televisões como a Globo. O que o Jornal Nacional faz é ainda mais prejudicial que programas como o do Ratinho, pois o peso econômico da emissora e a carga de respeitabilidade de seu jornalismo tem o poder de causar muito mais danos na consciência da pessoas.

O Ratinho faz sujeira na TV e ganha muito com isso, sem dúvida, mas suas baixarias são, de certo modo, tão claras para a população que só podem pegar o indivíduo da mais baixa cultura, o eterno desavisado que, aliás, é o foco do Ratinho. Já o Jornal Nacional pega o Brasil todo, com um poder de convencimento que não tem distinção de faixa econômica ou cultural. É um jornalismo que acaba dando validade a comportamentos absurdos e fazendo o brasileiro respeitar e acreditar em absurdos que deixam qualquer Ratinho no chinelo.

E é nos casos mais escabrosos que a televisão revela com mais nitidez seu caráter danoso a qualquer valor moral, rebaixando a honestidade, diminuindo a solidariedade e afetando de forma negativa o equilíbrio necessário para entender problemas que envolvem violência.

Foi assim no episódio da morte de João Hélio, o menino morto pendurado em um carro, e está sendo do mesmo modo agora na cobertura da morte da menina Isabella, com repórteres atropelando a pobre da mãe em luto e policiais falastrões e vizinhos mexeriqueiros pautando seus jornalistas. É de dar vergonha. É tão feio que, para ficar ainda mais autêntico, deveriam tirar trocar o William Bonner pelo Ratinho. Afinal, padrão é padrão.
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POR José Pires

Uma questão midiática

Esses jornalistas assediando agressivamente uma mãe que perdeu uma filha de maneira trágica estão querendo provar o quê?

1- Que o jornalismo é uma profissão exercida com a sutileza de um abutre

2- Que um abutre tem a sutileza de um jornalista

3- Ou que é tudo a mesma coisa?

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POR José Pires

A imagem do embaraço humano


Com esta foto, em 1994 o fotógrafo sul-africano Kevin Carter ganhou o Pulitzer, o prêmio de maior prestígio da imprensa dos Estados Unidos. Ninguém sabe o que aconteceu com a criança sudanesa agonizante de fome.

Carter disse que esperou alguns minutos que o abutre fosse embora, mas isto não aconteceu. Então tirou a foto, enxotou a ave e em seguida saiu dali.

Não estou comparando os nossos abutres locais com este fotógrafo que, na situação da foto, não tinha mesmo o que fazer. Ele não estava ali para dar ajuda aos miseráveis. E até havia, pelo risco de doenças, a advertência para que não se tocasse nos famintos.

E afinal sua foto cumpre um papel muito importante na luta contra os sistemas políticos e econômicos que criam cenas como essa. Para mim, é a imagem perfeita do embaraço humano, que cria meios para levar o fotógrafo ao local e, entre tantas maravilhas técnicas, coloca a imagem em segundos na internet, mas não permite a ajuda à criança. E é claro que gente como Carter, que vive de perto o drama, sofre bem mais do que nós na frente de um computador. O dilema entre exercer a profissão ou dar a mão à criança faminta é difícil de suportar.

Carter era também um jornalista ético, consciente. Certamente não perseguiria uma mãe em luto. Ele cobriu o horror do apartheid sul-africano e outros graves problemas humanos vividos na sofrida África. Teve uma vida profissional dura. A responsabilidade sobre esta imagem e o peso de tantas outras barbaridades vistas de frente o levou a suicidar-se meses depois de receber o prêmio.
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POR José Pires

Agora vai

A nossa Polícia Federal é realmente uma das polícias mais eficientes do mundo. O dossiê contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso nem sequer existe, mas ela vai investigar o vazamento do dossiê.

Isso é que é policiamento preventivo.
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POR José Pires

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Jota e a Bolsa Ditadura

Ziraldo e Jaguar, pensionistas da Bolsa Ditadura

E Ziraldo e Jaguar também vão receber uma bolada de grana na indústria que se tornou a concessão de indenizações e pensões pelo Governo Federal. É a chamada Bolsa Ditadura, o bem aplicado apelido que Elio Gaspari deu para a mamata inventada pela esquerda. Até agora já pagamos US$ 1,5 bilhão, o custo dessa brincadeira sem graça.

Mas as pensões para os cartunistas de O Pasquim vêm bem. Dão o toque cômico à história recente dos ditos resistentes à ditadura militar. O termo “história” fica cada vez mais fora de lugar quando se fala na esquerda brasileira. Com toda essa gente querendo mamar nas tetas do estado, a palavra “lorota” parece bem mais adequada.

Seria interessante ver, numa retrospectiva impossível, é claro, uma edição de O Pasquim sobre essa mamata das indenizações e pensões. Acho que até o Ziraldo da época tiraria um sarro dessa gente.

É interessante como a esquerda no poder contribuiu muito mais para a desmoralização da luta contra a ditadura do que muitos anos de censura, paulada e até mortes. A esquerda bem eficiente na auto-desmoralização. Em poucos anos, conseguiu mais do que a direita em décadas.

Os cartunistas vão receber os maiores valores numa leva de 18 jornalistas que foram, como direi?, agraciados por seu papel como vítimas da ditadura. Jaguar e Ziraldo receberão, cada um, indenizações de R$ 1.027.383,29 e R$ 1.000.253,24 respectivamente, além de prestação mensal permanente e contínua de R$ 4.375,88.

Há uma grave injustiça aí: como percebem, Jaguar recebeu um pouco mais, mas é pouco pelo que teve que suportar. É que Ziraldo é o famoso espalha-roda. É extremamente chato, coisa sabida de quem vive ou viveu nas rodas da zona sul do Rio de Janeiro.

E o Jaguar ficou dois meses na prisão com o Ziraldo, entre outubro e dezembro de 1970, quando a redação de O Pasquim foi presa pelo regime militar. Por ter ficado confinado com o Ziraldo esse tempo, Jaguar merecia um adicional bem maior na indenização.
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POR José Pires

Indenização e pensão para opostos

Ziraldo já se defende das críticas. “O Brasil me deve isso”, disse aos jornais. Como diria o finado Paulo Francis, Waall... Você deve alguma coisa ao Ziraldo? Eu não.

Vamos a mais umas palavras suas em defesa de sua pensão: “Eu quero que morra quem está criticando. Porque é tudo cagão e não botou o dedo na seringa. Enquanto eu estava xingando o Figueiredo e fazendo charge contra todo mundo, eles estavam servindo à ditadura e tomando cafezinho com o Golbery (do Couto e Silva, general, chefe da Casa Civil da Presidência no governo Geisel). Então, qualquer crítica que se fizer em relação ao que está acontecendo conosco eu estou me lixando”.

Bem, temos que dizer novamente dizer waall... Eu até poderia achar que Ziraldo está falando do Carlos Heitor Cony, quando fala dos “cagões”, mas a possibilidade é mínima. Cony, longe de criticar, é até colega do cartunista na Bolsa Ditadura.

Cony é um dos que pleitearam a indenização (sim, para ganhar tem que entrar com o pedido). Durante a ditadura militar trabalhava na Manchete, revista semanal que era mais um catálogo de fotos coloridas a favor da ditadura. Ali, também escrevia textos que o dono da publicação, Adolpho Bloch, depois assinava como seus. Ganhava muito bem em uma época em que todo mundo ganhava mal. Até hoje o que se pergunta é de que o Cony foi vítima.

Cony poderia até pleitear indenização por ter que aturar o Bloch, assim como o Jaguar pela convivência forçada com o chato do Ziraldo, mas não: ganham indenização por terem sido “vítimas da ditadura”. E Cony ainda leva mais que o Jaguar e Ziraldo juntos: sua pensão é de R$ 23.187,90 por mês. Sim, é isso mesmo que você leu: mais de vinte e três mil reais todo mês.

A falta de critério aí é bem interessante. Não daria motivo para recurso jurídico? Cony e Ziraldo estavam em lados opostos, um na oposição e outro em uma editora a favor da ditadura militar. Tanto que Cony e seu patrão era criticados bastante em O Pasquim. Para a chamada “patota do Pasquim”, ele era “Carlos Heitor Conyvente” e nas páginas do semanário, Bloch era definido como “onomatopéia de bolo fecal caindo na água”. E os dois, Cony e Ziraldo, recebem indenização na posição de vítimas? Tem erro jurídico aí.
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POR José Pires

E pra quem colaborou, vai ter desconto na pensão?

E o cartunista também exagera na auto-vitimização. Teve lá seu papel, sim, na luta contra a ditadura, mas é fato que foi bastante, digamos assim, “pragmático”, no período. Também não se furtou (como diria a turma do Pasca: êpa, êpa!)de fazer serviços para instituições da própria ditadura militar.

Com a Caixa Econômica Federal, por exemplo, em pleno período duro do regime, fez um negocião vendendo seu personagem “Jeremias, o bom” para a propaganda do banco estatal.

É o caso da gente saber também se esse dinheiro − uma boa grana para duros como nós na época, que não fazíamos serviço algum para a ditadura − entra também no bolo da indenização ou se haverá desconto.
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POR José Pires

A famosa "gripe do Pasquim"

A famosa “gripe do Pasquim”, período de dois meses em que nove dos jornalistas do semanário ficaram presos não foi uma “cana dura”. Ficaram presos durante os meses de novembro e dezembro de 1970. É claro que apenas o fato de ser preso naquela época já era uma barra difícil de agüentar. Era a época do governo Médici, o período mais duro do regime, e tudo podia acontecer. Até a morte.

Foram presos Paulo Francis, Ivan Lessa, Ziraldo, Luiz Carlos Maciel, Paulo Garcez, Flavio Rangel, Sérgio Cabral, Tarso de Castro e Fortuna.

Durante o período de cana, o jornal manteve-se em circulação. Millôr Fernandes, Henfil e Martha Alencar editaram. E vários artistas e intelectuais se juntaram para ajudar na edição. Colaboraram, entre outros, Chico Buarque, Antônio Callado, Odete Lara e Glauber Rocha. A prisão ficou conhecida como "A gripe", pois era com esta ironia que justificavam no jornal a ausência da maior parte da equipe. Além de fazer seus desenhos, Henfil também fez cartuns imitando o estilo de cartunistas presos o que deixava os militares intrigados. Pô, diziam, saiu um desenho do Fortuna. Mas o Fortuna não está aqui preso?

Os tempos eram duros, mas com o pessoal de O Pasquim nada aconteceu de grave. O período de prisão é até motivo de troça nas lembranças do cartunista Jaguar. Segundo ele, a única tortura física que aplicaram no grupo foi cortar a imensa cabeleira de Luís Carlos Maciel.

O cartunista diz que “foi o melhor período” da vida dele. Bebia o dia inteiro. Subornava os guardas para lhe comprarem cachaça. Na prisão, aproveitou para ler Guerra e Paz, segundo ele “aquele calhamaço do Tolstoi que você só lê na prisão”.

Pelo que contam, havia até uma relativa tolerância com aqueles presos singulares. Paulo Francis, em um interrogatório em que lhe perguntaram se assinara uma “monção” em favor do editor Ênio Silveira, chegou a corrigir o interrogador: “Capitão, monção não se assina. Monção é um fenômeno pluviométrico. Eu assinei uma moção!”

Por ironia, a única ameaça grave que sofreram veio da esquerda. Entraram numa lista para serem trocados por alguém seqüestrado por um grupo armado, o que é também um bom exemplo da irresponsabilidade da esquerda armada naquele tempo. Com a troca, todos iriam para a Argélia. Mas ninguém quis participar dessa tolice tramada por pessoas que certamente nada sabiam sobre os interesses políticos daqueles encarcerados.

O único interesse revolucionário do grupo era o da subversão da linguagem. Na época de O Pasquim a nossa imprensa andava de casaca, colete e gravata. Uma boa definição do que fizeram no jornal veio de Ivan Lessa, que disse que O Pasquim tirou aspas da nossa língua. O atraso era tamanho, que ele, por exemplo, foi enquadrado por ter escrito a palavra porrada, que hoje até a Xuxa fala em seu programa infantil.
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POR José Pires

A imprensa ficou caladinha

Bem, Ziraldo estava lá preso. Jaguar também. E agüentando o Ziraldo, o que é pior. Mas e o combatente pensionista da Bolsa Ditadura Carlos Heitor Cony? Na época ele escrevia textos para o venal Adolpho Bloch assinar. É evidente que nada escreveu sobre a prisão, nem com sua assinatura nem com a do Bloch. E muito menos apareceu na redação para dar uma força. Nem podia: era odiado em O Pasquim.

Na verdade, na época nada se escreveu sobre a prisão da turma. Ao contrário do que se diz hoje, a nossa grande imprensa nada tinha de combativa. No geral ficava calada, quando não estava elogiando o “milagre brasileiro” dos milicos.

Existe apenas um único texto que faz menção à prisão. É de Carlos Castello Branco, um dos mais importantes colunistas políticos brasileiros. Escrevia a respeitada Coluna do Castello. O texto sobre a prisão, saiu em 29 de novembro de 1970 no Jornal do Brasil e você pode ler clicando aqui.
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POR José Pires

domingo, 6 de abril de 2008

Ombudsman da Folha sai reclamando

Coisas estranhas andam acontecendo na Folha de S. Paulo. O ombudsman do jornal, Mário Magalhães, se despede dos leitores hoje em sua coluna. Segundo ele, “embora o estatuto autorize a renovação por mais dois períodos, não houve acordo com a direção do jornal para a continuidade”.

A Folha de S. Paulo foi o primeiro jornal brasileiro a instituir a figura do ombudsman, um profissional que, além de fazer a ponte entre o leitor e o jornal, funcionaria como uma consciência crítica da redação. Foi uma boa inovação, copiando uma tradição do jornalismo norte-americano. A coisa não pegou por aqui: a Folha é ainda o único dos grandes jornais que mantém um ombudsman.

Isso sempre foi um elemento de qualidade do jornal na relação com a opinião pública e na transparência na condução da notícias, funcionando, inclusive, como um organismo de recepção de reclamações e também para a contribuibuição de seus leitores.

Com a internet, o que se esperava é que essa transparência se intensificasse, já que as modernas tecnologias da WEB permitem uma interação online com a nossa mídia.

Mas, pelo que Mário Magalhães diz em seu texto de despedida, parece que é exatamente aí que os donos do jornal vêem o grande problema: “A Folha condicionou minha permanência ao fim da circulação na internet das críticas diárias do ombudsman. A reivindicação me foi apresentada há meses. Não concordei. Diante do impasse, deixo o posto”, ele escreve.

É um assunto que vai dar muito que falar nesta semana que entra. Para ler o texto do ombudsman na íntegra, clique aqui.
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POR José Pires

O estado a que chegamos

Que tipo de sociedade é esta em que a mãe de uma criança assassinada de modo horrível, menos de uma semana após a morte da filha está dando entrevista à imprensa com uma camiseta com a imagem da criança?
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POR José Pires

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Olha a crise aí, gente

O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) apresentou hoje um relatório sobre a atual crise internacional que contém um aviso importante: a América Latina que se cuide, porque aqui não tem nenhum país inteiramente defendido. A crise econômica é democrática. O país que não se cuidar, será levado pelo maremoto.

Uma frase sintetiza bem o alerta e soa como um puxão de orelha na suposta “blindagem” brasileira tão apregoada pelo governo. “Quando um barco está navegando depressa em meio a ventos favoráveis, é difícil dizer quanto da velocidade pode ser atribuída à habilidade do capitão".

Outro aviso é de que reservas em moeda estrangeira não garantem a defesa contra a crise se a dívida interna for muito grande, o que é o caso do Brasil.

E quanto ao crescimento do mercado interno, motivo de auto-elogios constantes das autoridades brasileiras, inclusive de Lula, o coordenador do projeto do BID, Ernesto Talvi, diz: “Isso é bom? Claro, é bom, mas enfatizo: a demanda interna só é forte no Brasil porque a situação do resto do mundo é favorável. Uma crise poderá afetar fortemente essa situação".

Bem, agora só falta alguém pegar o telefone lá no BD e ligar para o Palácio do Planalto. Mas tem que falar bem claro: “Lula, cuida da tua crise!”.
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POR José Pires

Companheiros, atenção para a lição

A agenda do presidente Lula ontem quase deu um pipoco grave. Esses comícios eleitorais que ele anda fazendo pelo Brasil afora carecem de organização. É preciso treinar melhor a militância que, por hora, ainda não sabe o momento certo de vaiar ou até partir para a ignorância, como os petistas sempre souberam fazer quando estavam na oposição, até quebrando algumas coisinhas para a notícia ter destaque na imprensa. Tudo bem, isso foi útil para conquistar o poder, mas agora é preciso organizar a bagunça.

Ontem, por exemplo, o próprio Lula teve que defender a governadora tucana Yeda Crusius das vaias da militância do PT gaúcho. Lá no Rio Grande do Sul o PT é oposição das mais ressentidas. E não é por menos, já tomaram várias coças eleitorais, sendo, inclusive, escorraçados da capital e do governo estadual.

É interessante o modo como Lula se dirigiu aos manifestantes, falando como um chefe de turma e explicando com cuidado o procedimento certo para a ocasião. Leiam na íntegra: “Eu ainda tenho que visitar muitos Estados do Brasil. E se a gente transformar o PAC em uma manifestação político-partidária, quando é um ato institucional, eu vou ter muita dificuldade de completar as viagens que eu tenho que fazer para o PAC”.

Prestem atenção, petistas. Já está bem explicadinho. Dentro da estratégia de manutenção do poder, uma das táticas é manter solenidades do PAC sem manifestações contrárias, mesmo em estados governados pela oposição. Quando é com o PAC, só aplausos, entenderam? Quanto às vaias e até alguns quebra-quebras, bem quanto à isso depois os chefes menores vão explicar como vocês devem proceder.
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POR José Pires

Diga 33

No meio de uma epidemia de dengue o Rio de Janeiro sequer sabe o número de médicos que atendem na rede pública.

O município reclama da falta de 500 profissionais, mas não sabe dizer quantos clínicos trabalham em suas unidades. Já o estado não informa a carência da rede e afirma ter 2.081 clínicos gerais e 932 pediatras.

E nem perguntem para o cidadão carioca. Muitos até duvidam que isso exista no Rio de Janeiro: esse negócio de médico parace que é coisa de paulista.
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POR José Pires

Papo louco

Discussão doida na política brasileira não é coisa nova, mas essa em torno do senador Álvaro Dias está acima inclusive da doidice usual.

É bem estranho colocar o foco sobre quem entregou ou não as informações do dossiê para a imprensa quando o que interessa de fato é quem fez o dossiê.

Mas, de qualquer modo, sempre é divertido o esforço da rede blogueira chapa-branca em sua tentativa de convencer que o jabuti subiu sozinho na árvore.
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POR José Pires

Psiu

Este caso do dossiê mostra que no Brasil todo cuidado é pouco na hora de denunciar algum crime. Não saia por aí gritando "Pega ladrão!" pois as suspeitas podem cair sobre você.
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POR José Pires

A falta que ele faz

Nesta rede de apoio faz falta o blog do Mino Carta. Nisso o provedor IG errou. Mino Carta deixou de fazer seu blog em solidariedade ao amigo Paulo Henrique Amorim, que foi chutado pelo IG, e perdemos o humor, involuntário na verdade, mas não menos engraçado por isso, do editor da Carta Capital.

Mas sempre temos a revista. Na semana do escândalo do dossiê a Carta Capital traz na capa o governador de São Paulo, uma antiga fixação de Mino Carta. Sobre o dossiê um tico de matéria, sempre jogando na defesa, é claro.

Outra matéria talvez alusiva aos problemas do governo, muito sutil, é bem verdade, é sobre a cachaça. Dizem na abertura que “a cachaça ficou bacana, caiu no gosto da classe média e foi liberada nos salões”. Tenho cá pra mim que vão receber reclamação do Palácio do Planalto.
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POR José Pires

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Vaia na China não

Confirmado: o presidente Lula não vai comparecer à abertura dos Jogos Olímpicos em Pequim.
E não é um boicote do Brasil por causa da repressão do governo chinês no Tibete.

Então só pode ser por causa das vaias nos Jogos Pan-Americanos, no Rio, que causaram em Lula um pânico danado de eventos esportivos.
Está certo: vaia em chinês deve dar uma bruta repercussão internacional.
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POR José Pires

Viúva de Chico Mendes traz um bom debate

A entrevista de Ilzamar Mendes, viúva do seringalista Chico Mendes, ao blog do jornalista Altino Machado, deixou em polvorosa os petistas aboletados no poder no Acre. Ilzamar fez severas críticas ao governo acreano, já no terceiro mandato em mãos de petistas. O poder no Acre foi conquistado por antigos companheiros do seringalista. De lá é também a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Mas, segundo a viúva estes “mataram os ideais de Chico Mendes”.

A entrevista está sendo republicada em vários sites e blogs da internet e a repercussão tornou-se nacional. Essa é uma das ótimas contribuições da internet. Sem esta tecnologia de informação, como ocorria em passado bem recente, a viúva de Chico Mendes teria que curtir sua mágoa na solidão, sem nenhuma possibilidade de expressar o desencanto e defender a memória do marido.

Tirando alguns grandes órgãos nacionais do eixo Rio - São Paulo, a mídia brasileira vive em conluio com os governos locais, os estaduais e municipais. Nessa política da informação paga, dirigida por caciques políticos e subtraída do cidadão, entram até as câmaras municipais. Jornais e emissoras de rádio e televisão funcionam a soldo de publicidade oficial ou até mesmo de dinheiro que entra por caixa dois.

Com este controle financeiro as autoridades locais determinam o que sai na mídia, fechando evidentemente qualquer espaço para a oposição ou qualquer pensamento crítico que afete seus interesses. Desse modo, as mídias locais foram sempre excelentes suportes para o estabelecimento de oligarquias e o controle da política brasileira por caciques políticos. E, claro, por conseqüência lógica, este controle da informação praticamente inviabiliza a existência de partidos autênticos ou a política feita de forma ética.

E não há cores partidárias neste empobrecimento da política brasileira. Democratas, peemedebistas, tucanos, quando pegam o poder todos sempre usaram o controle da mídia para o favorecimento próprio. A novidade agora é que o PT também começa a fazer isso pelo Brasil afora.

A entrevista da viúva de Chico Mendes veio em boa hora e levanta interessantes questões. Além da necessidade de recompor a ética em torno da memória do líder seringueiro, a entrevista de Ilzamar Mendes traz também um bom debate sobre o poder da comunicação no fortalecimento da democracia.
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POR José Pires

Mídia pelo Brasil afora é calada por verbas

E ninguém pense que o controle da mídia, por meio de pagamentos oficiais ou não, é feito apenas sobre pequenos órgãos de cidades menores ou em estações de rádio e televisão com pouca relevância. Nada disso.

A política é exercida até sobre as retransmissoras de grandes redes como a Globo. E são retransmissoras que, na verdade, são a Globo local, como todo o poder e prestígio da rede nacional. Os donos das retransmissoras usam o prestígio nacional para obterem favorecimento local.

E isso acaba ocorrendo até mesmo em capitais de estado e grandes cidades do interior. Um exemplo ocorreu em Londrina, no norte do Paraná, quando a sociedade civil mobilizou-se contra um milionário esquema de corrupção promovido pelo prefeito da cidade. Mesmo com os cidadãos organizados em um movimento político, com sindicatos e instituições como a OAB, a TV Globo local não dava nenhuma notícia sobre o fato. Manifestações era feitas todos os sábados no calçadão da área central da cidade e, mesmo assim, nada saia na televisão de Roberto Marinho.

E isso não aconteceu em tempos antigos e perdidos na memória, na década de 50 ou 60. Foi agora, no ano 2000. O prefeito acusado de corrupção, Antonio Belinati, acabou sendo cassado em junho de 2000. Mas durante a luta pela ética na cidade, a Rede Globo não noticiava nada contra os interesses do prefeito. E como eram tempos anteriores à popularização da internet, essa trava na mídia atrapalhava muito. Para barrar as notícias sobre a mobilização contra a corrupção comandada por Belinati, soube-se depois, além da maciça publicidade oficial injetada na emissora, havia até pagamentos por fora. Em investigações posteriores surgiram cheques pagos á um editor local da Globo.
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POR José Pires

Entrevista repercute pela internet

Em outros tempos, não haveria espaço para Ilzamar Mendes fazer em público a discussão sobre a desorientação ética que ex-parceiros agora poderosos estão fazendo com o legado de seu marido. A partir de um blog no norte do país, a voz de Ilzamar repicou em sites e blogs pelo mundo afora e está causando preocupação na cúpula petista do estado e, tenho certeza, também na cúpula nacional. Não duvido que gabinetes bem próximos ao presidente Lula já estejam manobrando na tentativa de acabar já com este debate.

O problema para o PT nacional é que este ano comemora-se os 20 anos do assassinato do seringueiro do Acre, que hoje é um mito internacional. Ilzamar Mendes é presidente da Fundação Chico Mendes, que zela pela memória do marido assassinado, e tanto neste papel quanto no de viúva indignada disposta a resgatar o legado de Chico Mendes pode causar um bom estrago na imagem do partido e também do governo petista.

Ilzamar Mendes ainda é uma das referências políticas mais importantes quando se fala em Chico Mendes até no plano internacional e certamente é a relação mais forte com sua memória pessoal, pois, afinal, foi em seus braços que o líder seringueiro deu os últimos suspiros depois dos tiros que tiraram-lhe a vida.
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POR José Pires

Veja e Folha correm atrás da viúva

A revista Veja e a Folha de S. Paulo já correm atrás de Ilzamar. Querem uma entrevista. Isto é uma informação do jornalista Altino Machado, que deu início ao debate em seu blog com uma excelente entrevista com a viúva. E ele conta que o assédio dos dois grandes órgãos nacionais deu início a uma corrida contrária de autoridades do governo do Acre, para impedir que Ilzamar Mendes dê qualquer entrevista.

O governador petista Binho Marques até já propôs um encontro dele com a viúva. Existe um grande temor do governo do Acre sobre as conseqüências da publicação em publicações nacionais de denúncias de Ilzamar Mendes do mesmo teor que as publicadas no Blog do Altino. Algo assim deve bater forte contra a imagem petista.

Mas, para atiçar a paranóia dos petistas também existem interesses, digamos assim, mais elevados. No plano financeiro. O governo do Acre também arrecada muitos milhões em projetos estruturados em cima do nome de Chico Mendes. O mito é hoje um suporte importante para a obtenção de verbas tanto por aqui, no Brasil, quanto em governos de outros países e organizações estrangeiras.

E em conjunto com os apelos amigáveis junto à viúva, e para não perder o costume, o PT faz também seu velho jogo de desqualificação dos adversários. Segundo Altino Machado, uma fonte próxima do governador do estado já espalha boato sobre uma dívida de R$ 80 mil que a Fundação Chico Mendes teria com o governo do Acre.

Ilzamar Mendes já desmentiu a acusação. “É mentira deles, pois esse débito nunca existiu”, disse ao blog.

E vamos à fonte, do blog do norte do Brasil que está levantou um tema que ainda vai dar muita discussão no plano nacional. Para ler, clique aqui.
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POR José Pires

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Chico Mendes, 20 anos depois

Considerar onde estariam certas figuras da esquerda mortas antes do PT alcançar o poder é um exercício que muitos julgam inútil, mas é uma inevitável discussão, até mesmo para entender melhor a incoerência dos vivos. Ou melhor, muito vivos. Os que já estão mortos − e são tantos: Henfil, Betinho, Glauber Rocha, Raimundo Faoro, Florestan Fernandes e muitos mais. Onde estaria essa gente? Apesar da inutilidade prática, não deixa de ser interessante imaginar se estariam na oposição ou aliadas à voraz instrumentalização do Estado, hoje algo usado por demais pela esquerda e até defendido como se fosse parte de alguma ideologia progressista.

Chico Mendes, o conhecido líder seringueiro do Acre, é uma figura histórica que sempre vem ao centro desse debate. Pelas ligações históricas com o presidente Lula e até por causa da vida muito semelhante em alguns aspectos importantes, é ele um dos que pesam mais para a análise dos caminhos erráticos entre a origem e o destino de um líder popular. Assassinado em dezembro de 1988, esse ano completa 20 anos da sua morte.

A morte prematura acabou cristalizando sua imagem como a de um líder íntegro e coerente. Na verdade, o assassinato impediu o grande teste que viria anos depois quando finalmente a esquerda conseguiu a presidência da República − com o seu companheiro sindicalista Lula à frente. E é chato ter que dizer, mas nada garante que Chico Mendes não estaria entre os magotes desta esquerda ávida por boquinhas no governo. Primeiro, se não tivesse sido morto naquelas condições, não há nenhuma garantia de que seria uma figura relevante na política brasileira. E depois, os exemplos históricos que o cercam, gente que estava grudada no líder seringueiro na época, nada ajudam hoje a aplicar um pouco de honra no que poderia vir a ser a trajetória caso não houvesse acontecido o assassinato. Os exemplos dos aliados de então, infelizmente, pesam contra a sua memória.

É duro, mas a vida é assim. Os atos dos vivos enodoam até a história dos que morreram antes. Essa gente que pegou o poder com o PT acabou com o que poderia haver de honradez na história da esquerda e − aí sim vale a besteira que Lula repete sempre − como nunca houve neste país.
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POR José Pires

O desabafo da viúva de Chico Mendes

Mas para quem está interessado em se aprofundar nesta discussão, a viúva de Chico Mendes, Ilzamar Mendes, deu uma entrevista ao jornalista Altino Machado que, do Acre, faz o Blog do Altino.

A viúva do seringueiro assassinado critica com rigor Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e que também é do Acre, o ex-governador Jorge Viana, que foi governador do Acre duas vezes pelo PT e também critica o atual governador, Binho Marques, também do PT. Já no terceiro mandato petista, em governos que sempre se intitularam como "da floresta", o Acre, ela denuncia, hoje é governado para a pecuária.

A entrevista é um claro desabafo contra a incoerência política e este modo de fazer política que o PT colocou em prática no plano nacional e que, pelo que Ilzamar fala, é feito do mesmo modo no estado onde Chico Mendes viveu. “Essas pessoas mataram os ideais do Chico", ela diz. “Hoje, o que é importante para essas pessoas é o poder e não os ideais do Chico. Fazem qualquer coisa para se manter no poder”, é sua crítica na entrevista, muito bem conduzida pelo jornalista Arantes, cujo blog é um dos mais respeitados do norte do país.

No depoimento, a viúva de Chico Mendes mostra desesperança com os rumos que a política tomou no país, após a esquerda alcançar o poder. Conforme ela diz, no Acre, que é governado pelo PT, ela e os antigos companheiros do sindicalista não são convidados sequer para participar de eventos que se referem à memória de seu falecido marido. “Nós não somos convidados para discutir qualquer situação”, ela conta. Até para participar do Prêmio Chico Mendes, concedido pelo governo do Acre, teve que entrar “de bicão”, como ela diz.

O texto traz uma revelação inédita. Ilzamar, que estava com Chico Mendes no momento em que ele foi assassinado, afirma que se ele estivesse vivo não estaria no PT. Dias antes do assassinato, ela conta ter sido informada que ele estava para pedir a desfiliação do PT e entraria depois no PV.

Para ler a entrevista com Ilzamar Mendes, clique aqui, e aproveite para colocar nos favoritos o blog do Altino Machado, que traz sempre um excelente material informativo sobre a região norte do Brasil. Felizmente, a internet propicia esta interação com acontecimentos do país todo, sem a intermediação da imprensa local que, com raríssimas exceções só tem boca para papar verba dos governos.
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POR José Pires

terça-feira, 1 de abril de 2008

Um dia comum

Agenda do presidente Lula para hoje, dia 1º de abril. Nenhuma comemoração, nada de festividade, nem sequer tem discurso programado. Parece que o Dia da Mentira vai passar em branco.

Mas é uma falha perdoável. Como todo dia é 1º de abril, o governo acaba esquecendo de comemorar a data oficial.
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POR José Pires

Toma que o filho é teu

A mãe do PAC está fazendo um papel feio, muito feio com o dossiê sobre os gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Está certo que o dossiê não é querido como o PAC, mas uma mãe tem que ser muito desnaturada para rejeitar desse jeito um filho.
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POR José Pires

Abalo sísmico-eleitoral

Foi só Marta Suplicy subir nas pesquisas e um viaduto caiu em São Paulo. Os analistas políticos estão quebrando a cabeça para identificar a relação entre os dois casos. Enquanto isso, o paulistano relaxa e goza.
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POR José Pires

A coisa funciona mesmo

É uma tese nossa que não há porque ter dúvidas quanto ao futuro. Vivemos em um país com um planejamento eficaz, de modo que podemos ter a certeza de que o desastre virá. Mais cedo ou mais tarde o avião cai, a saúde degringola, a dengue aumenta, o político rouba, e por aí vai.

Como o desastre é inevitável, o desrespeito garantido e a tragédia social sempre expandida com medidas eficazes tanto da parte do governo quanto do cidadão, este é um país sem surpresas para alterar o nosso cotidiano.

Agora, por exemplo, o Banco Central baixou normas sobre o valor de tarifas bancárias. Estas só poderão ter aumento 180 dias depois de definidas. Um “congelamento”, digamos assim, preventivo, para garantir os direitos do consumidor de serviços bancários.

Banco respeitando o consumidor seria algo até incômodo para o pobre do brasileiro. Não havendo o costume, a gente leva tempo para se acostumar. E neste caso singular, haja capacidade para a adaptação.

Mas não se preocupe. Os bancos já deram um jeito para livrar seus clientes de tal chateação. Para driblar a norma, algumas instituições financeiras já aumentaram os preços ou vão passar a cobrar por serviços que antes eram gratuitos.
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POR José Pires

Filme conhecido

O governo norte-americano já tinha feito o Proer deles e agora vem com um pacote econômico. Está bem parecido com um país que conhecemos, não?

Anotem, o que digo: falta pouco para Barack Obama e Hillary Clinton começarem a falar em herança maldita.
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POR José Pires

Cresce a bancada dos sem voto

Mais um sem voto assume no Senado. Na semana passada foi Virgínio Carvalho Neto (PSC-SE), agora é a vez do suplente Carlos Dunga, do PTB da Paraíba, que vai sentar na cadeira do tucano Cícero Lucena, que sai alegando problemas de saúde.

A bancada dos sem voto cresce. Com esse já somam 16, de um total de 81 senadores. Para contemplar uma base crescente como essa logo mais o governo Lula pode ter até que criar um ministério novo: o Ministério dos Sem Voto.
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POR José Pires

Quem vazou o dossiê que não existe?

E mais essa: o presidente Lula cobrou da imprensa a divulgação do nome de quem vazou para ela o dossiê montado na Casa Civil sobre despesas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A cobrança se deu durante reunião da Coordenação Política.

É por essas e outras coisas que os membros da rede de blogueiros a favor do governo deveriam receber adicional, talvez de insalubridade, pois assim fica difícil batalhar pelo governo Lula. Pois não dizem todos os do governo e inclusive blogueiros chapa-branca que o dossiê não existe? Então como identificar quem vazou?

São tantas as versões governistas desde a explosão do escândalo que nem dá para precisar o número, mas foram pelo menos meia dúzias de desculpas. Nenhuma colou.

Deve estar difícil para os chapas-brancas manterem um raciocínio em defesa do governo. Mas deixa eu ajudar: para se defender melhor neste caso, o melhor médtodo é preparar um dossiê de justificativas.
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POR José Pires

Obrigado por me traíres

Eu disse para vocês que tem muito eleitor doido por aí. Não dá, ou uma ou outra. O Datafolha ou o eleitor brasileiro, um dos dois pirou. Uma pesquisa do Datafolha revela que a avaliação que o brasileiro faz do Congresso Nacional melhorou. A reprovação ainda é alta, mas teve uma queda: o percentual de pessoas que acham o trabalho de senadores e deputados ruim ou péssimo caiu de 45%, em novembro de 2007, para 39%, no levantamento feito entre os dias 25 e 27 de março.

Os números são estranhos. O que os políticos têm feito até agora pedia é um aumento da reprovação. E como o Congresso Nacional nada fez para se redimir dos escândalos em que se mete o tempo todo, nenhuma medida tomou para se renovar, e muito menos expeliu desonestos ou preveniu a desonestidade, a queda na reprovação deve ser um recado do eleitor para que os políticos continuem com a bandalheira.
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POR José Pires