quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Falando no honorável

O jornalista Palmério Dória lançou “Honoráveis Bandidos”. O tema central é o senador José Sarney e seu clã que dominam o pobre do Maranhão há mais de quatro décadas. O livro vai para a biblioteca da Fundação José Sarney ou qualquer outro memorial em que ele coleciona bagulhos? Duvido.

Em “Honoráveis Bandidos”, Palmério conta a história do poder regional da família Sarney e também lances reveladores sobre os métodos do atual presidente do Senado e ex-presidente da República para empalmar o poder no nível federal, desde sua altamente lucrativa vassalagem com a Ditadura Militar, passando pela tretas no Maranhão e chegando até os arranjos com o lulo-petismo para afastar os riscos de que a cadeia também passasse a fazer parte da história do clã.

É Palmério quem conta no livro: “Em 2008, o senador José Sarney voltou a ser manchete, principalmente das páginas policiais, quando revelada a organização criminosa da qual seu filho fazia parte. Para não deixar o filho ir para a cadeia, ele teve de disputar no ano seguinte a presidência do Senado. Foi preciso colocar a cara para bater. O poderoso coronel voltou para dar forças aos filhos, para salvá-los".

Daí foi o que se viu. Uma vergonhosa associação entre a esquerda estabelecida no poder e o setor mais atrasado da política brasileira para defender Sarney nos escândalos que começaram a surgir depois que ele sentou pela terceira vez na cadeira de presidente do Senado. Até a candidata de Lula à presidência, Dilma Rousseff, se encalacrou na maracutaia, com o pedido para que a Receita Federal aliviasse a situação da família Sarney.

Não deixa de ser triste o que se passou. Em razão do interesse pessoal de Lula, blogs da internet, políticos que até então se mantinham fora da esfera sarneysista, e também diversos jornalistas e acadêmicos saíram na defesa direta de Sarney ou em manobras asquerosas para embaralhar os fatos, com tentativas inclusive de desqualificar os críticos da corrupção sarneysista.

O pessoal é malandro e só vê seus interesses pessoais, eu sei. Mas o que acontece é que isso destrói conceitos sociais de ética muito preciosos e que nesses anos todos exigiram muito esforço para sua construção.

Acho até que o reguardo petista de Sarney foi bem além do que poderia ser aceito como tática política. Até revogou-se o irrevogável. E saiu da boca volúvel de Lula a notória definição de Sarney como alguém acima das “pessoas comuns”. Muita gente vê nos gestos do lulo-petismo de defesa das falcatruas do senador maranhense eleito pelo Amapá apenas como uma tática como parte do plano para criar uma forte base para a estratégia eleitoral de 2010.

Eu não vejo assim. E acho que a análise indo por este lado até qualificaria esta atitude nojenta de Lula e seus companheiros. Isso até valorizaria Lula e o bando de sem-vergonhas à sua volta. O que Lula tem mesmo é muita dívida com Sarney. Costumo dizer que mais que um arquivo vivo, Sarney é do tipo que é um arquivo muito vivo. A impressão que dá é que ele tanto sobre o petista e seus companheiros que basta pegar o telefone e ligar para o presidente da República exigindo solidariedade.

Mas voltemos a “Honoráveis Bandidos”. Palmério Dória conta a história de Sarney, mas não esperem aquela biografia linear, com a ponderação do jornalista vestindo casaca de historiador, algo muito comum em livros sobre a nossa política.

O título do livro já mostra o que tem dentro. “Honoráveis Bandidos” é uma maravilha de nome, que fecha o conceito sobre esta cambada de ladrões de forma admirável. E a foto de capa dá até vontade de perguntar para o Palmério como é que ele conseguiu convencer Sarney a posar em estúdio para colaborar na edição do livro.

Palmério tem estilo destravado. Sabe extrair sabor, expõe com ironia o cotidiano farsesco dessas pessoas que fingem ser altas figuras. Dessa forma, o que ele escreve acaba sendo bom de ler, em um ritmo que envolve o leitor e revela muito, mas muito mais mesmo do que certos livros que observam a História com formalismo.

Tenho uns trechos de “Honoráveis Bandidos” para mostrar pra vocês. Cliquem aqui e folheiem esta ótima obra, antes que o Sarney mande censurar.
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POR José Pires

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Os russos na torcida

Sempre que se comenta sobre alguma estratégia política, principalmente quando ela é despropositada, vem à cabeça a genial sacada do jogador Garrincha em sua interpelação a um técnico que propunha incríveis jogadas para vencer o adversário: você já combinou isso com os russos?

Neste caso, é algo especial essa estratégia do DEM de estimular a candidatura de Aécio Neves, que perde em qualquer pesquisa, e desqualificar a de José Serra, que vence em todas as situações. Nem precisa combinar com os russos, no caso, o presidente Lula.

Mas se quiser combinar, o lulo-petismo não só apóia como é capaz até de arrumar financiador para a campanha.
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POR José Pires

Governado pela piada

O governador Roberto Requião deve pensar que é um gênio do marketing. Ontem ele lançou no Paraná um programa de prevenção do câncer, algo que parece sério, mas nada que mereça uma atenção maior da mídia nacional.

Pois o fato virou notícia destacada em sites nacionais e nos jornais. O problema é que o enfoque foi dirigido à piada infeliz que ele soltou enquanto falava da ação de governo.

Vejam o que ele disse: "A ação do governo não é só em defesa do interesse público. É da saúde da mulher também. Embora câncer de mama seja uma doença masculina também, né? Deve ser consequência dessas passeatas gay".

Nem é engraçado. Mas uma fala tola tirou toda a atenção do lançamento do programa de saúde. Requião é aquele tipo de chefe que deve fazer seus subordinados pensar todos os dias em como seria bom poder pedir demissão.
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POR José Pires

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Estranhas memórias

Newton Morato mandou um comentário interessante sobre as memórias que o senador eleito pelo Amapá, José Sarney, quer perpetuar no Maranhão. Leiam abaixo.

"Quero lembrar uma coisa aqui a propósito desta nota. Estive em São Luis em 2003. Visitei o centro histórico da capital maranhense e outras atrações turísticas. Quero me deter num ponto: visitei também o museu do Sarney por insistência de um parente.

Era localizado (talvez ainda esteja lá) no centro da cidade, em um prédio antigo, por entre ruas apertadas, contudo área nobre da cidade. Estava exposto, dentre outras bugigangas, o berço em que a sua mamãezinha o embalava. Lembro-me de ter perguntado ao guia do "museu" como era custeado aluguel, despesas, etc. Respondeu-me que era de doações de amigos, do que obviamente duvidei e continuo a duvidar. Vou procurar saber se o tal "museu" continua ainda lá ou se também foi fechado com a sua Fundação, e depois informo aqui.

É bom não perder de vista a definição de museu, e daí a razão de eu colocar a palavra entre aspas.
Museu:
1. Lugar destinado ao estudo das ciências e das artes.
2. Lugar onde se reúnem curiosidades de qualquer espécie ou exemplares científicos, artísticos, etc.
Não creio que aquele amontoado de quinquilharias amolde-se a estas definições."

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Desinaugurando obras

Esta é para não dizerem que só apareço pra dar notícia ruím. O senador José Sarney decidiu fechar a Fundação José Sarney, onde está o acervo do período em que ele ocupou a Presidência da República. Será que tem botton de "Fiscal do Sarney"? Será que que tem chifres dos bois confiscados no pasto. Não sei, mas dizem que está lá até o mausoléu onde Sarney queria ser enterrado.

Bem, Sarney agora talvez tenha que ser enterrado como pessoa comum. Mas a ocasião do fechamento da Fundação que leva seu nome bem que podia ser aproveitada pelo marketing do presidente Lula. Um evento comemorando o fechamento dessa coisa pode ser um sucesso.

Lula pode fazer uma desinauguração, levando para lá sua candidata, Dilma Rousseff, e até o Ciro Gomes, o candidato-a-qualquer-coisa-que-pintar. Uma desinauguração dessas terá com certeza muita atenção da mídia. E garanto que o fechamento da Fundação José Sarney vale em popularidade pelo menos umas três usinas hidreléricas.
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POR José Pires

sábado, 24 de outubro de 2009

Porque amanhã é domingo

Curitiba é uma cidade com a sorte de ter dois fortes times, o Coritiba e o Atlético, sempre entre os primeiros do Campeonato Paranaense e às vezes também jogando bonito no Campeonato Nacional. Isto criou entre os curitibanos uma rivalidade histórica que, quando levada na esportiva, traz sempre uma boa qualidade cultural e acaba fortalecendo a imprensa local, com os jornais podendo investir mais e criando com isso maior qualidade profissional.

Uma cidade com o privilégio de ter chargista esportivo próprio é sempre melhor, ou no mínimo mais divertida que as outras. E o Tiago Rechia, da Gazeta do Povo, é chargista dos bons. Não chego a invejá-lo, pois não suportaria a tarefa indispensável para fazer boa charge esportiva, que é acompanhar futebol, mas admiro bastante o que ele faz.

Tiago Rechia faz humor com futebol desde o jeito mais escrachado até sofisticadas metáforas visuais, ou metalinguagens bem boladas como esta abaixo, com os dois enamorados torcedores de times rivais imitando o famoso beijo entre Clark Gable e Vivien Leigh em "E o Vento Levou". É que amanhã é o dia do clássico enfrentamento na capital.

O chargista deixa claro sua intenção em seu blog, mas não publica a foto do beijo, o que fazemos aqui.

É provável que Tiago Rechia não pretenda tanto, mas sua charge fica ainda mais interessante para quem conhece as histórias em torno da filmagem da histórica obra — ainda a maior bilheteria do cinema e que foi recusada antes por outro estúdio.

Apesar do profissionalismo do beijo, Clark Gable e Vivien Leigh passaram toda a filmagem se odiando e numa rivalidade danada para um aparecer mais que o outro. E o canalha do Gable ainda atormentava a moça, comendo cebolas antes das cenas mais coladinhas. É como a situação do casal de torcedores quando a relação salta do amor para o estádio.

E o título do post peguei do Milton Ribeiro (sei sim que antes ele pegou do Vinícius), que vive noutra cidade que tem a alegria de ter dois times importantes, Porto Alegre, e que faz um dos melhores blogs da internet brasileira, onde se pratica aliás um sabatismo dos mais saudáveis.
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POR José Pires




sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Sarneyzice

Oito meses depois de ter prometido reformas administrativas para a redução dos gastos da Casa e não as ter tirado do papel, o senador José Sarney diz que reforma no Senado não se faz em 24 horas. A desfaçatez já é tanta que o senador maranhense eleito pelo Amapá está trazendo pronta a piada.
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POR José Pires

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Lula sem medo de ser chato

O presidente Lula deu uma entrevista a Kennedy Alencar, jornalista da Folha de S. Paulo. A falta de escrúpulos de sempre é a tônica. Lula não tem apego sequer à verdade histórica. Acha que ele e seus companheiros podem reescrever à vontade o que se passou nos últimos anos no Brasil e até mesmo retocar qualquer acontecimento de Cabral para cá. (Ele sempre coloca Cabral no início do período, o que não dá para entender; se é para reescrever, por que não aproveita e começa do período jurássico?)

Mas, a entrevista, falemos dela. Rola até entre cabeças ditas pensantes que Lula tem o discurso certo para cada público. Que saberia falar ao empresário, ao acadêmico, enfim, para cada setor o presidente inzoneiro teria charme e inteligência de sobra.

Não é verdade. O que Lula tem é a chave do cofre e a caneta que encaminha para cargos, abre canais de financiamento ou até mesmo libera diretamente as verbas que garante simpatias.

No mais, o cara é um chato. E não digo isso pela minha conhecida aversão ao que ele representa. Nem todo canalha é chato, assim como nem todo chato é canalha. A história mostra que Lula junta os dois elementos em sua personalidade desde seus tempos de metalúrgico.

Já na década de 70 achava uma tremenda chatice suas entrevistas posando de trabalhador consciente, ele que comprovadamente pisou pouco o chão de fábrica para trabalhar. Acontece que o chato teve uma habilidosa blindagem de seus pares, de acadêmicos e de setores da esquerda que viram nele a possibilidade de acesso ao poder que, já na época, parecia bem mais indicado aos políticos próximos do que viria a ser o PSDB.

Mas o fato é que se trata de um tremendo chato. E que continua tendo sua ignorância e chatice blindada, inclusive pela imprensa. Gostaria de ler na íntegra, sem a revisões de praxe, o que Lula falou. Quanto será que Kennedy Alencar, que inclusive já foi seu assessor, consertou da fala de Lula? Não é que seja um defeito de Alencar e isso ocorra somente com Lula. Nossa mídia edita todas as falas dos políticos, uniformizando as declarações. Tanto que todos falam da mesma forma, perdendo-se não só os erros e a ignorância, mas também as peculiariedades da fala de cada um.

Um exemplo de como o cara é chato. Em julho deste ano ele esteve no lançamento do Vale-Cultura em São Paulo. Pois ele conseguiu encher o saco até do intelectual Antonio Candido, seu histórico defensor.

Enquanto Lula, como sempre, falava besteiras, Antonio Candido manteve-se em silêncio durante todo o evento. No final, abordado pela reportagem da Folha de S. Paulo, ele disse apenas: “Já passei vergonha o bastante por hoje”. O professor, que tem 90 anos, referia-se as brincadeiras e elogios feitos a ele por Lula.

E essa chateação de Antonio Candido saiu onde? Apenas na Folha e sem destaque. O cara é blindado até na chatice? Não. É que Lula já está naquela categoria do chato que não tem mais conserto, mas que não pode ser expelido do grupo. E ainda é o chato com a caneta! É claro que não deixará de ser convidado para nenhuma festa ou mesa de bar.

Esta é uma das consequências daquela tática idiota dos tucanos de esperar que o adversário "sangre" políticamente por contra própria. Lula está até hoje torrando a nossa paciência.
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POR José Pires

Jesus Cristo no Planalto

Se Lula tem habilidade para falar para qualquer público, esconde isso muito bem nas entrevistas a imprensa. A conversa com Kennedy Alencar é a mesma de sempre, com as terríveis imagens futebolísticas, o papo raso de boteco. Boteco de baixo nível, é claro.

A entrevista da Folha não é o local para este papo mole. A situação é de um diálogo com um público mais qualificado. Mas Lula consegue elaborar alguma frase sem cair no lugar comum, na metáfora pobrinha? Sabe nada. Mas sua máquina de propaganda é tão forte que até essa habilidade inexistente é propalada como uma qualidade sua. E não tem até intelectuais, gente como Marilena Chauí, que vêem luzes quando ele fala? Teremos de esperar seus 90 anos, para ver se, a exemplo de Antonio Candido, ela acorde para perceber que o cara, na verdade, é um chato.

Mas, ainda a entrevista. O desrespeito de Lula também é do mesmo nível de conversa de bêbado. Ele traz Jesus Cristo novamente para seus negócios políticos. Coloca o filho de Deus no Palácio do Planalto, e sem o chicote descendo na cacunda da tigrada. Acho que qualquer cristão deve se incomodar com essa mistura desavergonhada.

Num dado momento lá vem ele com o velho papo. Para justificar suas concessões políticas ele diz: “Se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão”. Ou seja, Lula parte para uma estranha teologia. Põe Jesus Cristo na presidência da República e ainda interpreta como ele se posicionaria.

No mesmo campo das concessões, falando sobre a fraterna relação com o Fernando Collor, soltou uma resposta que deve ter feito gargalhar até o ex-desafeto. Lula define a relação como atitude de chefe de Estado e a compara com situação dos dirigentes europeus, mais exatamente a França e a Alemanha, criando a União Européia.
É neste momento que qualquer diretor diria Corta! e passaria para a cena de Fernando Collor caindo na gargalhada em Alagoas.

Falando nisso, a revelação mais interessante da entrevista de Lula é quando ele conta que depois que fez o pronunciamento oficial na televisão pedindo para as pessoas comprarem, ele próprio, para colaborar, comprou uma geladeira mova.

Nos velhos tempos, o agora companheiro de relações entre estadistas, Fernando Collor, perguntaria se ele não comprou também um novo aparelho som.
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POR José Pires

sábado, 17 de outubro de 2009

Perdidos e achados

Parece existir uma lei sobre os acontecimentos que determina que quando algo pode piorar, geralmente piora mesmo. Costuma-se creditar este tipo de norma à tal Lei de Murphy, que serve pra tudo. Mas esta não pode ser de Murphy, pois ela é muito recente. Esta é bem brasileira. Não é só desde Cabral, como costuma repetir o nosso presidente inzoneiro. Vem de muito antes e tornou-se inclusive um fator genético, o que explica o fato dos índios brasileiros pré-descobrimento não estenderem a rede embaixo de coqueiros nem de pé de jaca, precaução que transmitiram ao brasileiro de hoje.

É uma lei praticamente infalível. A ministra Dilma Rousseff, como técnica altamente gabaritada que é, sabe muito bem disso. Ela mente sobre o doutorado que nunca teve e logo depois aparecem testemunhas que a viram se apresentar como doutora e até vídeos comprovando. Não é fácil. Com esta lei nem precisa oposição. Até tucano é obrigado a trabalhar quando o destino age de forma implacável.

Agora a lei foi baixada novamente para a candidata ungida por Lula. Pois Lina Vieira, a ex-secretária da Receita Federal, encontrou sua agenda, onde está anotado o encontro em que a ministra Dilma Rousseff pediu que ela intercedesse em sua função como chefe da Receita pelo senador José Sarney. É a revista Veja desta semana que traz a novidade.

A agenda estava perdida desde a mudança de Lina de Brasília para Natal, após a demissão do cargo. Agora já se sabe o dia do encontro (9 de outubro de 2008) e até de um detalhe interessante. A anotação feita a mão por ela sobre a reunião com Dilma: “Dar retorno à ministra sobre família Sarney”.

Isso deve ajudar bastante o pessoal do Palácio do Planalto a encontrar também entre seus documentos perdidos a comprovação desta importante reunião. Ou então esconder melhor as evidências, é claro. Sou mais por esta segunda hipótese, porque se tem lei que esta turma não gosta é esta que faz aparecer até agenda perdida.

Leia a matéria na íntegra aqui
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POR José Pires

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Dia da Criança

O governo do Paraná está inovando em matéria de política para a segurança. No início do mês aconteceu uma chacina na Vila Audi/União, bairro de Curitiba, onde foram mortas 8 pessoas nas ruas. Pois neste Dia da Criança a Secretaria De Segurança Pública fez um evento chamado por eles de "Blitz da Cidadania", quando distribuíram 4 mil brinquedos às crianças.

É uma novidade e tanto no combate ao crime, mas existe um risco sério disso causar um trauma nas crianças paranaenses. Considerando o que motivou os presentes, a criançada pode começar a pensar que o melhor no Dia da Crianças é ficar sem presente.
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POR José Pires

Medida de segurança

A criminalidade no Brasil exige medidas mais rigorosas. No Rio de Janeiro, uma cabine da Polícia Militar foi assaltada ontem. Dois bandidos renderam o PM que estava de plantão e fugiram levando uma pistola Taurus, 40.

O caso comprova que já está hora de instalar nas grandes cidades uma cabine da polícia para dar segurança às cabines da polícia já instaladas.
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POR José Pires

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Todo esforço é válido

E Barack Obama ganhou o prêmio Nobel da Paz. O mundo acordou surpreso com a notícia. Até o próprio premiado deve ter imaginado que era alguma pegadinha quando soube da nova.

Então o presidente do Comitê do Prêmio Nobel, Thorbjoern Jagland, explicou o seguinte: "Se vocês olharem para a história do Nobel da Paz verão que em muitas ocasiões concedemos o prêmio para tentar estimular o que muitas personalidades estavam tentando fazer".

A nova metodologia de avaliação dos velhinhos suecos não merece um prêmio? Obama recebe o Nobel por suas intenções. Nesta linha, qualquer um que pretenda escrever uma grande obra literária merece ganhar o Nobel de literatura. 
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POR José Pires

Intriga da oposição



Quem foi que disse que o cara não lê?

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Explicando a roubalheira

Quem passa mais vezes por este blog sabe como aprecio a linguagem, de tal modo que até na estranha fala do presidente Lula busco significados, senão da existência humana, mas pelo menos dos políticos, esta classe, que como o próprio Lula já disse, não é de gente comum.

Tem algo que me intriga muito e sei que também é uma preocupação de várias pessoas, que é o fato desse pessoal roubar tanto. É até desconcertante ver homens que já são muito ricos, alguns até milionários, aproveitando-se do dinheiro público, muitas vezes em situações sem nenhuma lógica. Para dar um emprego de dois mil reais para a neta, por exemplo.

Não acredito que seja uma questão apenas de hábito. Sei que atenta contra a lógica, pois em muitos casos o político arruina uma estratégia que levou a vida toda para construir por causa de uma bobagem qualquer. Roubo de tostões.

Então a gente vai atrás de explicações. O pesquisador fica de olhos nos ratos de laboratório, nós lidamos com bichos pertos dos quais não só estes, mas até ratos de esgoto são seres menos asquerosos.

Para ajudar na análise sempre temos os pensadores do lulo-petismo. Um dos melhores é o ministro da Justiça, Tarso Genro, um homem que não se preocupa com a coerência do pensamento. Ele deixa as idéias correrem. E as idéias do ministro parecem ter pernas de africano. Como correm.

Genro corre até das suas obrigações básicas. As cidades estão ocupadas por traficantes que sequestram, matam e até impõem toques de recolher após as matanças, como aconteceu nesta semana em Curitiba e acontece todos os dias em várias cidades. Nosso sistema prisional também é um horror, com cadeias piores do que pode passar pela cabeça de um escritor de histórias de terror.

E lá está o ministro Tarso Genro dissertando sobre o sistema judiciário da Itália. Quando foi ministro da Educação ele também fazia isso. Dever de casa, nem pensar. E até hoje a França, a Suécia e até os Estados Unidos não sabem o ministro da Educação que perderam. Mas podem aproveitar agora os conselhos dele na Justiça.

Mas acontece que das idéias em disparada de Tarso Genro saem às vezes sacada geniais. Foi o que deu agora, no debate em torno da trapalhada do roubo das provas do Enem. Falando sobre o assunto, Genro fez a ligação que faltava para ocorrer a sinapse que explica o fato dessa gente roubar tanto.

Vou coloca ipsis littreis a frase dele: "Eu disse ao Fernando (Haddad, ministro da Educação) que foi bom o que aconteceu, porque não apenas nós, mas toda a sociedade se tornou consciente da grande importância que tem o Enem para a educação no Brasil".

Agora entendi! Ele roubam tanto é para o povo se tornar consciente da importância dos cofres públicos para o Brasil.
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POR José Pires

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O exemplo supremo

No Brasil é sempre bom ter cuidado com as anormalidades, porque por aqui é sempre grande a possibilidade de se adotar como regra o que é fruto da casualidade ou até mesmo uma excrescência que brota de circunstâncias políticas. Vá lá que tenhamos um presidente ignorante, mas isso também não precisa ser requisito para ocupar o Palácio do Planalto.

Mas coisa ruim pega sempre mais fácil neste país. O recém-eleito ministro do Supremo José Antonio Dias Toffoli driblou habilidosamente a incapacidade para passar em concursos públicos. Pegou o cargo mais ambicionado na sua área sem ter que se esfolar no estudo.

Achei um perigo isso virar exemplo. Pois já é. E, tomado de um ponto de vista privilegiado, exemplo dos mais positivos. Ontem em um debate no Congresso Nacional sobre a treta armada para efetivar sem concurso público dirigentes de cartórios de todo o país o representante da Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg), Israel Guerra, fez do mais novo ministro do Supremo um guru do pessoal que quer conquistar cargos na vida mansa. Está certo, de auto-ajuda Toffoli entende.

"Nem sempre o concurso público mede o saber jurídico. Há dias, o Senado aprovou o ministro Toffoli, que não entrou no serviço público", ele disse. E coberto de razão, é claro. Ele poderia até ter levado mais vantagem usando o caso Toffoli na exata acepção da ascenção com o mínimo esforço.

O acontecimento foi muito mais estimulante para a cultura cartorial brasileira. Na verdade, em dois exames o ministro Toffoli provou de forma notória que nada sabe.
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POR José Pires

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Carta para a modernidade

A Constituição Brasileira completou 21 anos ontem. Já foi bastante mexida. Só não foi mais porque os políticos brasileiros são incompetentes para votar até o que eles próprios propõem.

E ainda bem que não conseguem. No Congresso Nacional tem mais de 1.300 emendas à espera de votação. Parece piada, mas o número é este mesmo: 1.300.

A pobre da Constituição Brasileira já nasceu fraudada e o autor da fraude logo a seguir ainda foi ministro da Justiça. É o atual ministro da Defesa, Nelson Jobim, que recentemente confessou em tom jocoso que enfiou um artigo nela sem que fosse votado.

Jobim contou o caso em tom de piada numa entrevista porque conhece bem o Brasil. O que em um país decente seria um escândalo e resultaria em processo e talvez até em cadeia, aqui ficou mesmo na piada, que até teve lances novos. Hoje ele cuida da compra de caças no ministério da Defesa.

Ontem o presidente do Senado, José Sarney, soltou uma nota afirmando que a Constituição é um retrocesso. Temos que parar para ouvir. Sendo o que ele é, na voz de Sarney retrocesso é um superlativo.

O senador maranhense eleito pelo Amapá falou que é preciso atualizá-la. “Acredito que temos à frente um encontro marcado para adaptá-la aos tempos modernos e torná-la uma Constituição sem os defeitos da atual”, ele disse.

Quem é que pode ser contra a modernidade, ou "mudernidade", como pronuncia o presidente do Senado? Nâo sei do que ele está falando, mas pode ser para anexar ao texto questões que surgiram recentemente como a anorexia, o Orkut e o Twitter.

Mas já que vai fazer o serviço, o presidente do nosso glorioso Senado poderia aproveitar e propor para Barack Obama uma revisada também na Constituição dos Estados Unidos. Afinal, aquilo é de 1787 e de lá pra cá pouco se mexeu nela. Teve apenas 27 emendas. Uma modernizada cairia bem numa peça tão velha.
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POR José Pires

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Brasil brasileiro

Samuel Johnson dizia que o patriotismo é o refúgio dos canalhas. A falta de dinheiro e a ganância para ter mais e mais também abre a porta para a safadeza. É isso que fez a imprensa cair neste ufanismo tolo com a notícia da escolha do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016.

Com o caixa em baixa, a imprensa brasileira tem feito o máximo para não revelar o tamanho da crise econômica. Somos um país blindado, conforme se lê por aí nas reportagens que afirmam que foi mesmo uma marolinha. Então por que não estimular a festa pelas Olímpiadas no Brasil, sil, sil?

Até a revista Veja imprimiu caderno especial. A Folha de S. Paulo também fez o seu no domingo. Não faltaram anunciantes. Das 20 páginas do caderno da Folha, 12 são de propaganda, o que não deixa de ser uma forma simbólica para ajudar a entender a razão da falta de senso crítico na grande festa que envolveu a mídia numa das maiores farsas já vistas nos últimos anos.

Até Lula está sendo alçado à condição de estadista o que, mesmo com a viseira desportiva dos cifrões, talvez não fosse necessário. O Lula em lágrimas de agora é o mesmo de sempre. Nem menor nem maior, ainda é o mesmo presidente da definição precisa do historiador Marco Antonio Villa: “Se Lula tivesse sido presidente na República Velha, o Acre seria dos bolivianos e Santa Catarina, dos argentinos".

E esta Olímpiada viria com qualquer presidente. Como a empreitada vai ser boa, com certeza, tucano, petista ou peemedebista, todos partilham do mesmo espírito esportivo. E a imprensa vai junto. Se já brotam tantos anúncios apenas no anúncio de algo para daqui quase sete anos, imagino o departamento comercial fazendo as contas de quanto ainda cairá nas registradoras. Neste caso, vamos torcer pelo Brasil, para que o tilintar das moedas não apague o som do Brasil de verdade.

Por enquanto tem jornalista que até está vendo coisas, pois querem até fazer o leitor crer que o carisma de Lula foi a força definidora da vitória, o que é desmentido no mesmo jornal pela cara de empreiteiros dos dirigentes esportivos.

A imprensa desceu bem baixo para festejar. O cara venceu até Obama. Chicago se dobra ao nosso Rio de Janeiro. Como se na cidade de Chicago não houvesse até torcida contrária. O jornal Chicago Tribune fez uma pesquisa em que 87% dos entrevistados votaram contra as Olimpíadas na cidade. A cidade que foi de Al Capone, na verdade, está ressabiada com empreiteiros.

Como acontece com o Haiti, Chicago, na verdade, é aqui. Os moradores da cidade norte-americana já estão cansados de obras superfaturadas, por isso até montaram um grupo para atuar contra a ida dos Jogos para lá. Foram para as ruas e até quebraram o pau com a polícia. E isso sem o prefeito da cidade e o governador do estado terem voado até Copenhagen com jatinho particular de empresário. E ganharam, é claro, pois a nossa Chicago Maravilhosa acabou levando.

No domingo, junto com os cadernos especiais sobre esta conquista que “revela o novo papel do Brasil no mundo”, como disse a revista Época numa chamada de capa canalha-patriótica, traficantes saíram atirando pelas ruas de Curitiba, capital de estado e uma das cidades mais ricas do país.

Não foi um foguetório de comemoração. Depois de um carro de som passar pelas ruas de um bairro da capital paranaense ordenando um toque de recolher, os traficantes chegaram atirando em qualquer pessoa que encontrassem pela frente.

Mataram oito pessoas nas ruas e feriram várias outras como vingança pela morte de um comparsa assassinado por um bando rival. Era o velho Brasil que o mundo conhece muito bem.
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POR José Pires

Estrategista invencível

Dentre os motivos alegados por Ciro Gomes para transferir seu domícilio eleitoral para São Paulo o mais interessante é o de que ele partiu de uma avaliação do PSB, que entendeu que era preciso aprofundar suas relações com São Paulo, "pelo fato de ser o Estado mais importante do Brasil em alguns argumentos".

Tem também a razão primeira, a ordem do presidente Lula, mas esta subalternidade que Ciro Gomes faz questão de apresentar em suas entrevistas nem é novidade. Na base governista é uma regra exposta com a maior desfaçatez, como se houvesse uma mágica eleitoral em se colocar como capacho de Lula. É uma revolução na política ocidental: a dos líderes que propagandeiam como qualidade o fato de não terem vontade própria.

Mas a tática mais interessante é a de "aprofundar as relações com São Paulo". Esta apresenta até possibilidades bem amplas. Como Ciro Gomes ainda é novo, caso não colha resultado já nesta eleição ele pode aprofundar relações também com outros colégios eleitorais, transferindo depois seu título para Minas Gerais, Rio de Janeiro, etc., sendo este etc. na ordem decrescente em número de eleitores.

Com um pouco de organização, em quatro anos é possível a a transferência de título para pelo menos metade dos estados brasileiros. Aí não vai ter Serra nem Dilma que possa enfrentar um candidato com tal nível de profundidade com os estados brasileiros.
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POR José Pires

Curral

O político Octávio Mangabeira, que foi governador da Bahia no final da década de 40, bem que dizia: "Pense num absurdo, na Bahia tem precedente". Ele sabia do que estava falando.

O governador petista Jacques Wagner acaba de abrir um precedente político importante por lá, o "Cabra Família". Foram distribuidos 26.640 cabras, bodes, ovelhas e carneiros para famílias de pequenos criadores de municípios pobres da Bahia. E cada bicho traz na orelha brincos com a logomarca do governo petista.

E como já temos o precedente, não há dúvida de que outros governo agora tendem a copiar.
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POR José Pires

Imprensa olímpica

E o presidente Lula ainda reclama da imprensa? Deve ser ironia, é claro.
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POR José Pires

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Metendo os peitos

Amanhã o PT recebe a filiação de Ivo Rosset, dono da Valisère, sim a fábrica de lingerie. Os petistas se animaram com a entrada do empresário no partido, que terá clima de festa. Como Rosset é simpatizante antigo do PT, apoiando Lula desde 2002, uma filiação numa época dessas faz a gente pensar que vem candidatura por aí.

Um slogan bom, caso Ivo Rosset resolva mesmo se candidatar é juntar a história vibrante do PT com a famosa marca de sutiã que fabrica.

Já fiz o slogan, que podem usar de graça: O primeiro mensalão a gente nunca esquece.
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POR José Pires