sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Rolezinho no PCdoB

O pessoal que anda fazendo sociologia revolucionária com os rolezinhos tem carecido bastante de trabalho de campo, mas já que não querem dar um rolê na periferia para verificar que a moçada não está nem aí para a luta de classes podiam ao menos dar uma sapeada nos jornais. Numa reportagem publicada hoje no Estadão, por exemplo, um importante “objeto de estudo” desmente as teorias fraudulentas que estão por por aí aos montes.
Vinicius Andrade tem 17 anos e mora no Capão Redondo, na zona sul de São Paulo. Ele tem quase cem mil seguidores no Facebook e é um dos organizadores dos encontros combinados pela internet. Vinícius não está nem aí para “denúncia social”. É provável até que para obter uma declaração do rapaz, o jornalista tenha sido obrigado a explicar o significado desse termo usado o tempo todo pelos sociólogos de araque. A opinião de Vinícius é seguinte: "Nosso objetivo é curtir, tirar umas fotos e dar uns beijos. Não queremos saber de política. A gente não queria essa polêmica toda".
Ele foi ouvido pela imprensa no dia de sua filiação e de mais dois colegas líderes de rolezinhos à União da Juventude Socialista (UJS), entidade ligada ao PC do B e que comanda União Nacional dos Estudantes (UNE). Foi um dia de surpresas para Vinícius. Ele ficou espantado ao saber pelos jornalistas que a UJS é controlada por um partido político. "Eu não sabia que era um grupo político. Eles disseram que a UJS é um grupo de amigos e que ela não tem nada a ver com partido. Se tiver, eu vou me afastar", ele disse.
Em matéria de oportunismo o PCdoB nunca perde tempo. A filiação da trinca de rolezeiros foi uma jogada de marketing político da campanha de Netinho de Paula para deputado estadual. Netinho hoje é secretário da Igualdade Racial de Fernando Haddad. O cargo foi o prêmio de consolação que ganhou de Lula depois da desistência de se candidatar à prefeitura paulistana nas últimas eleições. O ex-presidente ofereceu até um programa de TV para Netinho, promessa que até agora não foi cumprida.
O PCdoB usa há bastante tempo a tática de dominar instituições representativas da juventude, como diretórios estudantis do ensino secundarista e do ensino superior. A UNE é a conquista mais importante do partido. Nestas ações são usados inclusive militantes que atuam como “estudantes profissionais”, permanecendo longos períodos matriculados nos cursos apenas para fazer política. São quadros partidários treinados para defender exclusivamente o interesse do PCdoB junto à juventude. Agora até os rolezinhos estão na mira política do partido.
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Por José Pires
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Imagem - Rolezinho socialista: O mano toma suas primeiras lições de política revolucionária na cartilha da UJS.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Escapadinha cara

O governo do PT é patético. Até uma viagem oficial desimportante acaba pegando mal para a imagem da presidente da República e, por extensão, do próprio país. O mundo está de olho num Brasil que aparece como país gastador no cenário internacional. Parece uma terra governada por uma corte. A escapadinha de Dilma Rousseff para Lisboa deu num pesado gasto extra e sem justificativa. E ainda fazem com ares secretos algo que por obrigação deveria ter todas as informações abertas ao público. Desde que Lula é presidente o PT justifica o segredo dos gastos da presidência da República com a justificativa de "questões de segurança". Mas o que é que jantar em restaurante chique e ataque noturno à geladeira de suíte de luxo tem a ver com a segurança do país?
Só a suíte presidencial no hotel Ritz custou R$ 26,2 mil a diária. E oficialmente a comitiva da corte não tinha nada para fazer em Lisboa. O destino era Cuba, para uma visita ao porto de Mariel. O Brasil já colocou R$ 1,92 bilhão nesta obra cubana e agora Dilma ofertou mais R$ 701 milhões. A dinheirama sai dos cofres do BNDES, para onde dificilmente retornará. Com o governo de Cuba não têm como um negócio não acabar em financiamento a fundo perdido. O país está quebrado e não é de hoje.
No final do ano passado a Rússia perdoou 90 por cento da dívida cubana, que era de 32 bilhões de dólares. Mesmo com o perdão, os cubanos ficam obrigados ao pagamento de 3,2 bilhões de dólares ao longo de dez anos. A dívida vinha ainda do antigo regime soviético, que desmoronou na década de 80. Cuba nunca teve a capacidade de andar com pernas próprias depois que Fidel Castro fez sua revolução na ilha. Dependeu o tempo todo da União Soviética, que além da dívida oficial colocou muito mais dinheiro na ilha. Muita verba soviética rolou em acordos secretos com fins militares, em alguns casos para ações armadas do exército cubano em outros países.
Agora o governo do PT mete o Brasil nesta encrenca da relação com uma ditadura que administra há décadas de forma absolutamente ineficaz e faz isso sem nenhuma transparência, alegando também "questões de segurança". É mais uma herança do PT e esta terá reflexos em várias várias gerações. A caixa-preta do governo cubano um dia ainda será aberta. E então nossos conterrâneos do futuro terão muita vergonha do que seu país fez nesses nossos tempos.
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Por José Pires

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Imagem - Em Cuba, a presidente Dilma participa do tradicional beija-mão com Fidel Castro

domingo, 26 de janeiro de 2014

Espontaneidade fajuta

É um engano achar que hoje no Brasil está brotando um sentimento espontâneo de participação política entre os jovens, que recomeçam a sair às ruas em manifestações de protesto. Esses movimentos são maquinados por grupos organizados e nem são os jovens que estão por detrás dos planos. As ações têm como origem partidos de extrema-esquerda como o PSTU e também um outro tipo muito estranho de partido, que é legalizado mas segue uma condução política que parece de partido clandestino. É um contrassenso numa democracia, mas seus militantes não se identificam quando atuam em sindicatos, nas universidades e também nas manifestações de rua. Depois de tramar as manifestações basta divulgá-las na internet. Alguns jovens fazem isso dentro do processo natural das redes sociais e com isso servem de massa de manobra, mas o movimento é estimulado de fato por militantes partidários.

Teremos manifestações até o final deste ano, em que além da eleição para os mais importantes cargos da República haverá uma Copa do Mundo que vai atrair a atenção do mundo para o Brasil. Já está montado um longo planejamento de protestos de rua e o PSTU até divulga isso em seu site. É uma forma de mostrar serviço que até vem a calhar para um partido que não tem realização alguma para mostrar. É um partido onde se juntam vagabundos sociais de todo tipo. De estudante que não gosta de estudar, passando por jornalistas que não querem se aprimorar profissionalmente e nem pegar no pesado, até professores que servem exclusivamente ao interesse do partido em vez de dar aulas de forma honesta, serviço para o qual são pagos. Em defesa de movimentos intransigentes eles se apresentam não com o nome do partido, mas como professor da USP, UNb, UEL, UEM ou de qualquer outra instituição onde se abrigam sem que lhes seja cobrada responsabilidade com o cargo.

O PSTU atua de forma perigosa e também com cinismo. Na sua linguagem anacrônica para um país com uma democracia tão tolerante que suporta até suas badernas, para o PSTU todos os outros partidos são "partidos burgueses". A retórica é de "revolucionários", mas na prática eles não se avexam de participar da "ordem burguesa" embolsando o fundo partidário repassado pelo TSE a todos os partidos. Deste "capital burguês" eles não abrem mão. E é claro que o repasse vem do bolso da população. Dessa forma, temos no Brasil esta impressionante facilidade financeira. Partidos que recebem dinheiro do Estado para organizarem suas lutas com o objetivo de destruição do Estado. Além de torrar a paciência dos brasileiros com manifestações que servem apenas ao interesse deles de botar fogo na política brasileira.
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Por José Pires


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Imagem - Retirado do site do PSTU, o logotipo das manifestações que vão surgir "espontaneamente" até a Copa do Mundo.

sábado, 25 de janeiro de 2014


quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Perigo à frente

O caos causado pelo descarrilamento ocorrido no sistema ferroviário urbano do Rio de Janeiro traz o temor do que pode acontecer na Copa do Mundo que começa em junho. Só não houve nada de pior porque o acidente não foi grave, mas ficou evidente a dificuldade de ação para ao menos amenizar as consequências desse tipo de ocorrência. A foto ao lado (publicada no site d'O Globo) simboliza bem o estado a que chegamos. Nela, passageiros sobem numa plataforma da estação usando uma tosca escada de madeira. No Brasil, o limite dos serviços já está presente no dia a dia, dentro da normalidade de qualquer sistema. No caso de alguma exigência extra, resta esperar apenas que Deus seja mesmo brasileiro.
A infraestrutura de uma cidade importante como o Rio já é insuficiente até para as necessidades cotidianas da população. Como será então quando a cidade lotar de estrangeiros? Esta preocupação bateu forte. E tem também a infraestrutura esportiva, em estádios e acomodações para atletas, tudo feito às pressas por empreiteiras que nunca mostraram preparo técnico e honestidade na construção de nossas obras públicas.
É grande o risco com estas edificações que abrigarão milhares de pessoas. No Brasil as coisas não são bem feitas nem quando não há pressa, nos alongados prazos que já viraram uma marca nacional. Nesta Copa do Mundo feita no corre-corre os torcedores vão precisar de mais sorte nas arquibancadas do que os atletas em campo.
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Por José Pires

Otimismo lucrativo

Veja neste link uma razão para o otimismo faiscante da dona do Magazine Luiza. Sem perder o trocadilho, a empresária vai fazer um belo caixa no esquema do Minha Casa Minha Vida, do governo do PT. E digo "esquema" sem nenhum sentido de acusação. A palavra serve pra isso também. Mas aí está de onde vem o otimismo dela, com aquela conversa de que é preciso avaliar o copo que está pela metade tendo em vista a parte cheia: com as vendas para o Minha Casa Minha Vida ela fica com a metade de baixo do copo. Os brasileiros em maioria ficam sempre com a parte de cima.
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Por José Pires

O herói da vez

Esta esquerda precisa afinal resolver quais são suas ideias e qual é o papel delas em seu posicionamento diante dos problemas brasileiros. Ficar desse jeito trocando de pedestal os heróis é que não dá. Já faz tempo que inventaram o "herói da vez". Se um ministro do STF vota favorável às cotas para o ensino superior passa a ser uma personalidade admirada. Mas se logo depois condena um mensaleiro, aí então só falta apedrejá-lo em praça pública. E só não fazem isso com seu corpo físico. A imagem da pessoa que vai contra seus interesses é soterrada por muitas pedras.
Agora deram para incensar a dona do Magazine Luiza e só porque ela diz coisas favoráveis ao governo do PT. É do interesse dela e isso é apenas uma questão de negócios. Sua empresa vai ganhar muito com programas do governo do PT e talvez ela conte também com algum amaciamento da relação do Estado com a postura trabalhista e econômica do setor.
O nome do partido não é Partido dos Trabalhadores? Por este significado bastaria a turma que agora carrega a empresária nos ombros ter uma conversa rápida de dez ou quinze minutos com um dos advogados trabalhistas dos milhares que gravitam em torno do PT para obter informações sobre como funciona nessas grandes redes do varejo a relação com os trabalhadores. Teriam histórias de arrepiar os cabelos e as barbas também.
Se quiserem avançar um pouco mais no conhecimento da realidade peguem um economista do partido e peçam para ele explicar o estrago que o arrocho salarial praticado por grandes redes de varejo causa na vida do trabalhador, na qualificação profissional do setor e até no bem estar do cliente. Talvez ele possa mostrar o esgotamento econômico causado nos municípios brasileiros por esta política de salários (trabalhador que ganha pouco estimula na mesma medida a economia local) e a inclemente pressão dessas redes sobre o pequeno e médio comerciante do varejo e fornecedores mais fracos.
Obviamente não estou propondo confronto com o empresariado da área e muito menos as agressões que a militância do PT comete com qualquer um que exerce o direito de crítica em qualquer situação, até mesmo na área de comentários de uma página do Facebook. Nada disso. Estou falando apenas de respeitar compromissos, deixar de falsificar informações, parar de faltar com a verdade e acabar com a falseta de apontar falsos heróis. Resumindo: é preciso ter vergonha na cara, companheiros.
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Por José Pires

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014


Cenas de uma falência

Um retrato da falência da infraestrutura no país pode ser visto no que aconteceu hoje no Rio de Janeiro depois de um descarrilamento de trem. A cidade parou. O site do Estadão republica o desabafo de um leitor no Twitter que sintetiza o drama dos cariocas: " Ninguém chega a lugar nenhum". Aliás, hoje em dia a única opção da população em relação aos graves problemas urbanos é o desabafo nas redes sociais.
Problemas como este do Rio são um estorvo no cotidiano das pessoas e na dificuldade criada para que o país produza. Mas trazem também preocupação no aspecto da segurança nas cidades. Estamos no limite da ocorrência de grandes desastres. Internautas fizeram a alusão óbvia entre o caos de hoje provocado pela falta de infraestrutura e a Copa do Mundo, que começa dentro de poucos meses. E sempre existe o perigo de atentados terroristas, um problema que felizmente até hoje não afetou o nosso país. Mas se isso vier a acontecer pode haver dúvida sobre a dificuldade de reação das nossas autoridades? Nem dá pra falar na falta de um plano B, pois não existe nem o plano A.
Esta é uma herança maldita do PT, que pode prejudicar muito o nosso futuro. E no caso do Rio esta falha administrativa não permite justificativa alguma. A capital é a cidade brasileira mais conhecida internacionalmente e o estado é um dos mais importantes. O governo estadual e a prefeitura da capital têm uma aliança estreitíssima com o governo do PT, desde a época do governo Lula. Cabral e o ex-presidente são velhos chapas, cuja intimidade permite inclusive que os dois saiam juntos pelos bairros cariocas batendo boca com garotos pobres, como se vê num conhecido vídeo da internet.
O Rio e o governo federal estão com os mesmos governos nos últimos dez anos. A administração que resultou naquele caos pode ser definida como uma parceria entre o PT no governo federal e Sérgio Cabral no Rio. E mesmo assim o estado não se preparou para nada, nem mesmo para manter o funcionamento efetivo do que já existia. Nossos governantes têm vários defeitos, sendo um deles o caráter corrupto de todo o sistema implantado. E além disso, eles são muito ruins em administração pública. Não sabem fazer. A única infraestrutura estabelecida por eles é a da corrupção e incompetência. No Brasil foi instituída a política do rouba e não faz.
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Por José Pires

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Imagem - Na foto do site d'O Globo, passageiros sobem numa plataforma depois do descarrilamento. Repare na qualidade da escada do sistema ferroviário usada nesta emergência.

A otimista oficial e o alvo

A esquerda sempre lidou com a informação conforme sua conveniência. Você sabe a causa da existência do mito sobre a sobrevivência de Hitler após a derrota do nazismo? A razão disso é que, por acordo com os ocidentais, foram os soviéticos que em 1945 entraram primeiro em Berlim. O Exército Vermelho chegou ao bunker onde Hitler passou os últimos meses da guerra, suicidou-se e teve o corpo cremado pelos seus assessores. Foi então que se deu o início do obscurecimento da verdade, apesar de não haver nenhuma razão prática para isso no caso da morte de Hitler. Até a foto de um falso cadáver do ditador nazista foi forjada pelo exército soviético. Fizeram estas manipulações simplesmente porque já era um costume interno do regime comunista. O tempo todo forjavam notícias, apagavam adversários em fotografias e filmes, censuravam livros, enciclopédias e jornais.

Faz tempo que o regime da União Soviética desmoronou numa implosão causada pela ineficiência do próprio sistema. Mas nem da própria história deste terrível descaminho político sofrido pela Rússia e por tantos outros países foi extraído pela esquerda um respeito no uso da comunicação. Até hoje prevalece ainda este costume da manipulação e do obscurecimento da verdade, uma atitude até chata. Eles fazem da internet um reposítório de falsificações e inverdades.

Esta prática se vê no relacionamento da esquerda com o empresariado. O raciocínio costuma ser apenas conveniente em relação a empresários: quando eles não se ajustam ao que interessa no momento são acusados falsamente até de racistas, como ocorreu em Londrina, no Paraná, e também acontece com os shoppings de todo o país que tentam evitar os rolezinhos por uma questão de segurança no ambiente público.

Nos últimos dias vêm correndo pela internet um post evidentemente criado na central de manipulação que o PT criou para a comunicação de suas propagandas e a difamação de adversários. É sobre o programa Manhattan Connection, que recebeu a dona do Magazine Luiza para um bate papo informal que costumam fazer com um convidado. A notícia é repassada para exaltar a política econômica do governo do PT e atacar especialmente Diogo Mainardi. Principalmente na coluna que mantinha na revista Veja ele deu golpes certeiros (e apoiados em fatos) que atingiram bastante a credibilidade do PT.

O post eleva a dona do Magazine Luiza à condição de uma sábia da economia. Isso só porque ela diz que a atual situação econômica é muito boa, em opinião contrária a de quase todos os especialistas econômicos, inclusive agora de economistas de esquerda. Abre-se também um espaço para a militância fazer comentários atacando Diogo Mainardi. Escrevem até que ele foi “humilhado” pela empresária, uma bobagem desmentida facilmente numa simples olhada no programa. Mas a comunicação petista sabe que a maioria dos leitores fixa-se apenas no título do post, que é um ataque ao Manhattan Connecttion.
O PT, todos sabem, significa Partido dos Trabalhadores. Deviam ter um pouco mais de cuidado com a informação ao menos nesta área. Pois vejam neste link uma matéria sobre a política interna nas lojas da empresária idolatrada pela militância petista, inclusive a oficiosa. O costume da manipulação entortou tanto o bico dessa gente que nem pesquisa na internet eles fazem mais sobre seus heróis da hora.
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Por José Pires

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Levantando altas granas

A militância petista está toda prosa com o sucesso da arrecadação de grana feita por um site aberto pelo mensaleiro condenado José Genoino. Comemoram a arrecadação de mais de 700 mil reais em menos de uma semana. Vai sobrar dinheiro até para a compra de uma capa melhor pro mensaleiro. Marketing exige um bom designer. O grande Jack Kirby é que entendia de uniforme de super-herói. O desenhista americano foi o criador do Capitão América, Thor e tantos outros. É o inventor da iconografia do super-herói de quadrinhos. Ele já morreu, mas sempre dá para fazer algo inspirado nas suas formidáveis criações. Nada contra bordados toscos feitos com carinho, desde que seja na intimidade do lar. Para sair voando em público a aparelhagem tem que ser profissional. Agora com dinheiro sobrando (por Odin!, ou melhor, por Midas!) o mensaleiro chorão pode ter coisa melhor.

Mas, voltando aos rojões da militância, para mim estão comemorando um tiro no pé. Divulgou-se que a campanha é da "Família Genoino" e a imprensa caiu nessa lorota. Então para juntar uma fortuna dessas bastou a família passar o chapéu? Hmmm, conta outra. Desde que percebeu que seria condenado pela Justiça como um dos chefes do esquema montado pelo PT que Genoino vem tentando usar a própria família como escudo moral de suas ilegalidades no cargo de presidente do partido. Usar a família é coisa banal entre corruptos. O próprio deputado Donadon, o primeiro parlamentar presidiário do país, recentemente fez isso em discurso na Câmara, onde chegou sob a guarda da polícia e depois voltou para a prisão. Está lá até agora, ainda como deputado na mesma penitenciária em que está preso o companheiro de base aliada Genoino.

Genoino e os que o cercam podem pensar que com a história da arrecadação estão praticando alta filosofia política. Mas estão enganados, isto é só tática eleitoral da mais baixa extração. Já faz tempo que os dirigentes do PT vêm usando instrumentos de tática eleitoral de forma abusiva e vão com isso causando uma confusão danada na imagem do partido. Muito do que eles têm feito nos últimos tempos tem mais a ver com bolação de marqueteiro e é de pouca serventia na construção partidária. Ao contrário disso, acabou inviabilizando de forma irremediável a visão do PT como algo diferente. Com isso, não podem mais sair do poder, pois acabarão como um partido a mais, com um grande risco de diminuir bastante. Vivendo de táticas menores o partido perdeu o controle da estratégia que o levou ao poder.

Mas neste caso da extraordinária arrecadação de fundos para o pagamento da multa da condenação já começam a surgir correções drásticas no discurso político de Genoino. No agradecimento assinado pela "Família Genoino" já não aparece mais a qualificação do mensaleiro como "combatente pela democracia". Mexeram bastante no texto original e isso foi feito evidentemente depois da percepção de que aquela coisa de lutar "pela democracia” numa guerrilha maoista abria espaço de crítica em respeito à inquestionável verdade histórica. Agora o mensaleiro condenado "luta por causas, sonhos e projetos coletivos". É outra coisa, apesar de ser de uma generalização que nada diz. Na definição dá para encaixar Hitler, Stálin e Churchill ao mesmo tempo. Serve até para os dois ídolos de Genoino quando ele lutava na década de 70 no Araguaia por "causas, sonhos e projetos coletivos". Era isso que também os movia. Ambos eram ditadores malucos que mataram muita gente: Enver Hoxha, da Albânia, e Mao Tsé-Tung, da China.
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Imagem - No desenho do grande Jack Kirby, a cara de pau do mensaleiro José Genoino

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Rolezinho que rende

Os rolezinhos que ocorrem em São Paulo vêm sendo seguidos de manifestações escritas por gente de esquerda e politicamente corretos que insistem numa interpretação dos fatos que soa como uma instigação à divisão social. A revolução não deu com os black bocs, quem sabe se agora vai com os rolezinhos. A interpretação desses acontecimentos como uma repressão dirigida a jovens pobres não bate nem com a ação atual da segurança dos shoppings e da polícia, que vem sendo feita como prevenção aos encontros convocados por meio da internet. São medidas práticas, que servem como proteção até para esquerdistas e politicamente corretos.

Mas tem sido assim de uns tempos para cá. Qualquer tipo de evento que junte uma porção de pessoas pretensamente expressando algum direito coletivo logo recebe a pronta adesão de gente disposta a escrever qualquer coisa para justificar até barbaridades. O que se escreve de absurdos é tão sem sentido quanto os próprios acontecimentos, que estimulam interpretações que juntam luta de classes, racismo, preconceito contra pobres e qualquer outro qualificativo que faça o ressentimento ideológico parecer ter algum conteúdo. Sobre os rolezinhos vi até gente escrevendo que a situação é de “apartheid social”. Qualquer palavra serve para pontuar opiniões que não condizem com o que todos estamos vendo.

Tem rolezinho que junta milhares de jovens em atitude de manifestação política. Estará o bom senso tão em falta na esquerda que o raciocínio não compreende mais nem a lógica mais simples da segurança das pessoas numa situação dessas? Estes ambientes de shoppings já não são absolutamente seguros nem numa situação normal. Imaginem então com milhares de jovens agitados, que evidentemente estão ali para bagunçar. Mesmo que em suas cabecinhas ocas este agito seja pacífico, creio que nem é preciso ser um especialista em segurança para saber o que pode ocorrer em caso de tumulto.

A deformação de visão pode ser sentida até na falsa oposição entre pobres e classe média. Vejo por aí escrito que “rolezinhos apavoram a classe média”. Ah, então uma família pobre que estiver num shopping tumultuado por bandos “tocando o terror” vai se sentir muito tranquila e em segurança, é isso? Onde está garantido que em caso de tragédia filho de pobre não será pisoteado?

Uma das melhores peças que vi até agora na internet foi uma convocação para um rolezinho na frente da casa da Eliane Brum, uma jornalista que tem usado este assunto como uma mina de ouro para fortalecer sua imagem de musa do politicamente correto. Eu acho que uma outra situação para a Eliane Brum e seus adeptos perceberem que estão errados neste assunto é convidá-los a passear com um filho pequeno ou um parente idoso em um shopping paulistano num dia desses de rolezinho.
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Por José Pires

Em família

A notícia de que a coordenação da campanha campanha presidencial de Aécio Neves seria assumida por sua irmã, Andrea Neves, chama a atenção sobre um estilo de fazer política e de governar. Será difícil saber se Aécio pretendia de fato colocar a própria irmã num cargo desses, pois a notícia pegou mal e ele logo veio a público desmentir a nomeação, dizendo que sua irmã “só ajudará na comunicação”. O tucano ressaltou que “é a área dela e algo de que ela entende”. Só faltou a justificativa de que o elogio não é só porque ela é irmã dele.

Mas não é só esta entrada em cena de Andrea Neves que revela uma forma de ver a administração pública como uma ação de benefício entre familiares. O que dá o toque sobre o estilo do tucano mineiro é uma informação que ele mesmo trouxe durante o esclarecimento sobre a entrada da irmã na coordenação de campanha. Antes disso, ela estava na presidência do Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas), um órgão do governo mineiro. Vale lembrar que Aécio Neves foi governador de Minas Gerais por duas vezes consecutivas e fez como seu sucessor o atual governador, Antonio Anastasia.

Com a saída de Andrea Neves do cargo no governo mineiro quem é que foi para a presidência do Servas? Vamos deixar o próprio presidenciável responder, o que ele fez de forma espontânea: "Ela deixou o posto para que a mulher do vice-governador Alberto Pinto Coelho pudesse assumir e ficar um ano no cargo". Este é o estilo de que estou falando.
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Por José Pires

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Se fazendo de coitado

José Genoino segue na sua política de tentar se fazer de coitadinho depois de condenado por corrupção ativa pelo STF. Agora lançaram um site de arrecadação de dinheiro para o pagamento da multa de R$ 667,5 mil imposta a ele no julgamento do mensalão. A alegação já é conhecida. Dizem até que o ex-deputado é um homem pobre. Seu advogado garante que seu único patrimônio é a casa onde ele mora em São Paulo. Mas ele tem também um salário de mais de 20 mil reais, não é mesmo? Pouquíssimos aposentados ganham isso no Brasil de hoje.

Pode até ser que Genoino de fato não tenha acumulado fortuna enquanto foi um dos maiorais do PT. Porém, considerando o projeto no qual ele estava envolvido, isso não é nenhuma qualidade. Ao contrário, tudo indica que ele vai passar para a História com a fama de trouxa. Seus companheiros estão todos muito bem de vida, a começar por Lula, que com certeza é um milionário. Mas, de qualquer forma, na atividade em que Genoino esteve a vida toda os ganhos não são apenas em espécie. Como político poderoso que foi nos últimos vinte anos Genoino teve boas compensações e até privilégios fora do alcance da maioria dos brasileiros, mesmo de pessoas em boa situação financeira.

O sistema sustenta os seus e disso Genoino sabe muito bem. Ele sempre foi um quadro partidário praticamente profissional, mesmo antes de entrar para o PT. É uma atividade que facilita o acesso a muita coisa pela qual quem está fora da direção de um partido tem que trabalhar bastante. O primeiro político do PT que teve uma estreita relação com o marqueteiro Duda Mendonça foi Genoíno. Bem lá atrás, muito antes de Duda comandar a campanha vitoriosa de Lula para presidente, o marqueteiro fazia as campanha de Genoino para deputado. E ele, que sempre foi um dos profissionais mais caros do mercado, fazia isso totalmente de graça. É claro que para Duda isso era um investimento. A partir desta cortesia ele buscava a aproximação com o partido que depois deu a ele muito dinheiro.

Desta forma, o sistema funcionava a favor de Genoino em razão da sua influência no partido. Numa época de muita dificuldade para um candidato de esquerda bancar uma campanha, ele tinha de graça o melhor marqueteiro da praça. Imaginem o impulso que isso não foi num início de carreira como deputado. Qual é o valor de algo assim? Mesmo sem correção monetária é bem mais, mas muito mais mesmo que os R$ 667,5 mil que ele tem que pagar para a Justiça.

Os exemplos que provam que Genoino vem faturando muito nesses anos todos dentro deste sistema poderiam se alongar bastante, mas vou fechar com mais um ótimo benefício monetário que veio muito fácil para este mensaleiro canastrão que tenta se fazer de vítima. Na última eleição ele não teve votos suficientes para ser deputado. Ficou na suplência. Pois logo conseguiu uma nomeação de assessor do Ministério de Defesa, quando acrescentou a seus rendimentos a quantia mensal de R$ 8.988. Só isso já é um salário que poucas pessoas qualificadas ganham no Brasil. Mas ele já tinha o salário de deputado aposentado, que é de R$ 20.300.

Alguém ainda acha que é pra ter pena do Genoino? Pois pra mim o que ele merece é desprezo por esta falta de dignidade na hora de arcar com suas responsabilidades.
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Por José Pires

Aval de qualidade

Como é bom saber que um escritor que admiramos muito tem, por seu lado, um grande respeito por um outro escritor que seguimos lendo há bastante tempo, depois de descobri-lo num passado já relativamente distante numa obra muito rara perdida entre centenas de livros num sebo. É do escritor gaúcho Alvaro Moreyra que estou falando. Dele, tenho sempre ao lado o livro "As amargas, não", uma obra em tom memorialístico que é uma das mais belas da nossa língua. Já tive dois ou três exemplares deste livro, que achei em diferentes cidades. O primeiro encantamento de quem se vê diante de um grande texto foi na década de 80.

"As amargas, não" foi escrito de forma fragmentada, alguns textos de umas poucas linhas e outros um pouco maiores, mas raros são os que passam de uma página. É com estilo personalíssimo e um humor sutil que ele conta sobre o que viu em vida. Lembra um diário. Ele vai escrevendo sobre acontecimentos e pessoas sempre com uma percepção bastante singular. É um artista completo, da mais fina capacidade de expressão. Álvaro Moreyra tinha aquele talento raro de saber acrescentar poesia a tudo que escrevia.

O escritor nasceu em Porto Alegre em 1888 e morreu em 12 de setembro de 1964, no Rio de Janeiro, onde passou a maior parte da sua vida, sendo de lá as lembranças deste livro tão bonito. "As amargas, não" é um daqueles livros que servem de impulso criativo quando a gente fica engastado num daqueles marasmos que atrapalham a escrita. Para que a cabeça recomece a funcionar basta dar uma lida nas linhas de Álvaro Moreyra. Elas correm tão soltas pelas páginas que ajudam a desembaralhar até o texto de um leitor empacado diante do que tem para fazer.

Mas o que liga o Álvaro Moreyra ao que eu disse no início deste texto é outro livro que abri há pouco, onde vi uma citação de seu nome que me havia passado desapercebida. É um livro de Carlos Drummond de Andrade também muito bom. É "O observador no escritório", uma seleção de textos extraídos do diário pessoal do poeta. Infelizmente é um trabalho pouco conhecido de Drummond, porque nele o poeta faz observações muito lúcidas sobre importantes acontecimentos brasileiros e figuras da nossa história política e literária. Então, bem lá no meio deste livro leio o seguinte: "Setembro, 15 — Enterro de Alvaro Moreyra, escritor que exerceu a mais profunda influência em minha juventude literária. Da influência nasceu a estima pessoal, uma espécie de adoração que certo incidente pareceu frustrar, mas que ressurgiu em forma de carinho, pelo resto da vida."

Tão bom quanto o contentamento de saber da admiração do grande poeta pelo escritor Alvaro Moreyra foi ter este aval tão precioso de alguém que sempre dominou as ferramentas do ofício de forma esplêndida. É a satisfação de ter acertado lá atrás, há mais de vinte anos, na avaliação pessoal que me fez pegar o "As amargas, não" e nunca mais largar.
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Por José Pires


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Imagem - Na capa de "As amargas, não", Álvaro Moreyra em uma caricatura do grande Alvarus, que é um dos amigos citados no livro.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014