Não é só no Brasil que as sondagens eleitorais não têm dado certo. Estava sendo previsto que o Partido Democrata, de Joe Biden, seria varrido do mapa nas eleições de meio de mandato, mas os governistas têm garantido que mesmo que o Partido Republicano alcance maioria na Câmara, será por pouca margem. Existe também a possibilidade dos democratas manterem o controle do Senado. Como as pesquisas superestimaram o voto conservador, o clima pré-eleitoral extremamente festivo dos republicanos torna ainda mais frustrante uma vitória que não seja acachapante. E isso não ocorrerá. De qualquer forma, o fiasco eleitoral prejudica bastante os planos da criação de um clima de volta triunfal de Donald Trump ao governo. Aqui cabe um termo brasileiro, porque Biden sacudiu a poeira e deu mesmo a volta por cima, com uma recuperação eleitoral que não se acreditava que seria possível, em razão das graves dificuldades econômicas em seu governo, com os americanos enfrentando a maior inflação em quatro décadas. Num país com tamanho apego ao consumo, um problema desses acaba com qualquer governante. Outros presidentes até mais carismáticos se arrebentaram no meio do mandato, mas não foi assim com Biden. Mesmo com os bolsos esvaziados, os eleitores optaram por rechaçar o avanço do extremismo trumpista. Nas eleições de meio de mandato nos Estados Unidos costuma-se castigar quem está no governo. E foi acreditando nesta longa tradição política que Trump esperava criar um entusiasmo popular na sua preparação para voltar a disputar a presidência dentro de dois anos. Os republicanos pintaram um cenário apocalíptico durante a campanha, com um foco pesado de críticas na economia e na denúncia de uma ameaça radical de esquerdização do país, batendo forte neste aspecto no discurso moral. Mas ao que parece, os eleitores foram convencidos pelo discurso democrata sobre os riscos à democracia — muito real nos Estados Unidos com Trump — e do retrocesso em conquistas sociais da pauta dos trabalhadores, das mulheres e das minorias. A visão sobre a ameaça ao futuro da democracia americana compensou o desconforto com o mau andamento da economia, levando uma boa quantidade de eleitores a não abandonar o apoio ao governo Biden. Trump esperava criar um clima de inevitável retorno à Casa Branca, porém não foi isso que ocorreu. A eleição trouxe até um concorrente forte para sua candidatura dentro do próprio Partido Republicano, com a vitória espetacular de Ron DeSantis, para o governo da Flórida. Ele ficou quase 20 pontos percentuais à frente do adversário democrata, Charlie Crist. A reeleição de DeSantis faz dele um poderoso concorrente na indicação para presidente em 2024. A questão é se ele vai topar. Trump já alertou que o governador não deve fazer isso e o ameaçou com revelações sobre sua vida privada. Já estava preparada uma grande festa, com a expectativa de que Trump teria ótimas notícias nesta eleição, com um avanço eleitoral do Partido Republicano, evidentemente fruto da sua firme liderança. Mas aconteceu o contrário. O anúncio da candidatura do ex-presidente está previsto para este 15 de novembro. Mas agora, ele terá que encarar a discussão que fatalmente virá com os erros cometidos durante esta campanha. É claro que esses maus resultados vão estimular dúvidas sobre a viabilidade de seu nome. Para a imagem triunfante pretendida para embalar sua candidatura era fundamental a “onda vermelha” que não veio. . . . . . . . . . . . . . . .
quarta-feira, 9 de novembro de 2022
Donald Trump e a eleição de meio de mandato que ameaça sua candidatura
Postado por José Pires às 23:42
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