sábado, 13 de junho de 2015

Rindo da desgraça alheia

Nada me espanta vindo da figura do ex-presidente Lula e dos agregados políticos que tentavam até agora fazer deste grande patife uma figura mítica, no entanto sou obrigado a aceitar que mesmo dele pode vir alguma surpresa. No congresso nacional do PT, ocorrido nesta quinta-feira, teve até aplauso de pé da militância para João Vaccari Neto, o tesoureiro petista que foi preso na operação Lava Jato e está em cana até hoje, acusado de receber propina para o próprio partido. Contudo, apesar dessa barbaridade, foi do próprio Lula que partiu o maior absurdo do evento político partidário. O chefão petista comemorou as demissões de jornalistas que ocorrem em massa, com a ruína de empresas e o fechamento de revistas e jornais.

A situação é de uma tristeza angustiante. O tempo todo aparece a informação de grupos inteiros de bons profissionais sendo demitidos e de títulos que deixam de circular, alguns de publicações que já eram de tradicional influência na vida brasileira. Imagine a tragédia que é isso para profissionais, como eu, que estão ao largo dos esquemas políticos que abrem espaços em boquinhas pagas com o dinheiro público. E é claro que a gravidade da questão vai além desta angústia pessoal, em razão dessa quebradeira ser terrivelmente prejudicial ao conjunto da cultura do país, com efeitos nocivos inclusive na política e na economia. A imprensa construiu através dos tempos um papel essencial como intermediária nas relações sociais, com um papel também proativo no estímulo e aferição de qualidades em todas as atividades. É isso que está se perdendo, sendo que, na minha visão, a deterioração desta área do pensamento brasileiro é uma das causas da tragédia nacional de um país cada vez mais abilolado, que vem se matando numa autofagia de palavras e gestos.

Mas lá vem o Lula, sempre ele, aplaudindo as demissões, com aquela visão tacanha muito dele de que o fechamento de publicações serviria somente para o enfraquecimento de seus adversários. E ele sabe o que está fazendo, pois tudo isso que eu falei acima sobre a função da imprensa, quando é bem feito impede que figuras nefastas da sua laia venham a ter o poder que ele tem. Na alegria do ex-presidente com as demissões encaixa-se de forma muito apropriada aquele seu jargão do "nunca se viu neste país" porque, de fato, não se sabe de outro sindicalista brasileiro que tenha aplaudido um dia a demissão em massas de trabalhadores. E o pior é que esse papo não é novo. Tem acontecido bastante e muitas vezes vêm de jornalistas (é claro que de esquerda) tirando sarro e aplaudindo com entusiasmo a falência de empresas de comunicação e até o fechamento de publicações, com a demissão de colegas. Vejo isso até aqui nas redes sociais, da parte inclusive de pessoas com as quais sempre tive divergências políticas, mas de quem eu não esperava tanta baixeza. Mas é assim mesmo, alguns traidores a gente só reconhece depois que eles nos entregam aos inimigos.
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POR José Pires

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