sexta-feira, 8 de julho de 2016

Propina perigosa

Os brasileiros já estão tendo uma consciência maior sobre as consequências da corrupção, cujos danos vão muito além da perda da grana surrupiada dos cofres públicos. A roubalheira pesa no bolso, torna a vida cotidiana complicada e prejudica muito o futuro de todo mundo. A destruição da Petrobras e a desestruturação do Estado brasileiro nesses 13 anos de PT no poder revelam o resultado mais grave da corrupção, que é o desmonte da administração pública. Atualmente no Brasil quase tudo funciona precariamente nos mais variados setores, com queda de qualidade atingindo também uma ampla faixa da iniciativa privada, como é possível notar já há algum tempo nos serviços prestados pelas grandes empreiteiras e que ficou ainda mais claro a partir das descobertas surgidas nas investigações da Lava-Jato.
Durante anos os empresários vêm se ocupando quase que exclusivamente em armar esquemas para facilitar o acesso em licitações e também para faturar muito mais com menos esforço. Imaginem o nível de qualidade das obras e dos serviços prestados ao poder público. É também uma dinheirama que se vai, com recursos públicos que não rendem inovações tecnológicas nem métodos profissionais de qualidade. E o que acontece com o domínio dos corruptos: quem trabalha de fato e com qualidade vai sempre ficar de fora.
Corremos até risco de vida com essa bandidagem por detrás de quase tudo que se fazia no governo petista. O nível preocupante do perigo pode ser visto na prisão que houve nesta quarta-feira do vice-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras responsável pela geração de energia nuclear. Ele estava em prisão domiciliar, mas teve que ser reconduzido para a cadeia porque continuava aprontando. A investigação descobriu uma quadrilha que atuava no setor, com a participação inclusive do atual presidente da estatal, Pedro Diniz Figueiredo, que foi afastado do cargo. Vejam só nas mãos de que tipo de gente era mantido um setor de tamanhos riscos. Também era por meio de meio de propinas que movimentava-se a geração de energia nuclear, algo que nem faz sentido de ter no Brasil e que faz tempo que vem tendo uma condução totalmente irresponsável.
O risco dessa forma de produzir energia já foi possível ser comprovado em vários acidentes, um deles muito recente e de consequências terríveis, que foi o da central nuclear de Fukushima, ocorrido em 2011 no Japão. A tragédia nuclear obrigou a evacuação de 300 mil pessoas e para alguns lugares não se pode mais voltar, como aconteceu com a localidade de Daishi, a 8 quilômetros da usina de Daiichi e que tinha 19 mil habitantes, hoje isolada no perímetro de exclusão, com raio de 20 quilômetros. A tragédia japonesa trouxe lições ao mundo, fazendo por exemplo com que a Alemanha abandonasse seu programa nuclear, mas aqui no Brasil, pelo visto, o acidente não serviu nem para estimular alguma responsabilidade administrativa: até a energia nuclear ficou nas mãos de gatunos.
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POR José Pires

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