quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Bolsonaro, um presidente que sempre dá pra trás

Mesmo em um governo de tamanhos disparates pega muito mal o encaminhamento que o presidente Jair Bolsonaro vem dando ao caso de Vicente Santini, secretário-executivo da Casa Civil que usou um avião da FAB para se deslocar para a Suíça e de lá para a Índia.

Santini havia sido demitido por Bolsonaro, no modo impulsivo de sempre, depois que o presidente soube do uso indevido do avião para a viagem ao exterior — a um custo de certa de 700 mil reais, o que mostra que neste governo nem gastos de grande dimensão chegam ao conhecimento do gabinete do presidente antes da autorização.

O voador abusado da FAB era o número dois do ministro Onyx Lorenzoni. Estava como ministro interino da Casa Civil, organismo que existe exatamente para evitar coisas como o abuso escandaloso, o que demonstra a bagunça do governo Bolsonaro.

O número dois da Casa Civil foi demitido por Bolsonaro publicamente no dia 28 de janeiro e recontratado às escondidas 24 horas depois como assessor especial da Secretaria Especial de Relacionamento Externo da Casa Civil, com quase o mesmo salário, próximo de 17 mil reais. Tudo isso saiu no Diário Oficial. Com o efeito altamente negativo da decisão — que envolveu até a suspeita de que Santini teria sido readmitido a pedido do filho Carluxo —, Bolsonaro resolveu demiti-lo mais uma vez nesta quinta-feira.

Bolsonaro tem mesmo um modo inédito de governar. Como costumava dizer aquele ex-presidente corrupto, “nunca antes na história deste país”. E não deixa de ser revolucionário: com a demissão seguida da readmissão e agora novamente demitindo o voador da FAB, foi implantado no governo federal o recuo do recuo.
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POR José Pires


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Imagem- O presidente Jair Bolsonaro com o ex-secretário-executivo da Casa Civil, Vicente Santini, antes da desatinada
viagem com o avião da FAB; Foto Alan Santos, PR

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