Já faz algum tempo que o debate político brasileiro chegou em um nível do cospe-aqui-quem-for-mais-homem, até com cuspidas literais, como já aconteceu com o ex-deputado Jean Willys e o ator José de Abreu, notórios militantes cuspidores, mas agora pode ser que as desavenças afinal cheguem literalmente à fase das porradas. Vai depender do rapper Marcelo D2 ter a coragem de tentar fazer o que propôs em uma tuitada bravateira que teve resposta à altura do deputado estadual Arthur do Val, também conhecido como Mamãe Falei.
Marcelo D2 correu para o Twitter depois do lamentável vídeo do ex-secretário da Cultura de Bolsonaro citando o nazista Joseph Goebbels e postou uma mensagem dizendo que “tinha que fazer uma suástica” na testa de quem é da “direita liberal”. O cantor ainda destacou que a suástica tem que ser feita à faca. Arthur do Val reagiu com um desafio. ““Eu sou direita liberal. Vem cá fazer na minha”, escreveu no Twitter.
Bem, desse modo abre-se uma oportunidade de Marcelo D2 provar que não é apenas um “machão do Twitter”, como também foi chamado por Arthur do Val. De fato, o cantor faz parte das hordas de bravateiros que ocupam as redes, incomodando os debates com uma valentia que sabem que não será posta à prova. São os “antifascistas” que não correm risco algum de encontrar pela frente na rua algum grupo de fascista pronto para descer o cacete em esquerdista.
É claro que este ambiente democrático faz crescer a ousadia entre os esquerdistas, a começar pelo chefão e ídolo condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, o ex-presidente Lula, que logo que saiu da cadeia disse que no Brasil deveria ser repetido o que vinha acontecendo nas ruas do Chile, tomadas pela violência e o vandalismo. Alguém devia ter-lhe dado um coquetel molotov, para que desse início ao que propôs.
É claro que não sou favorável a resolver divergências políticas por meio de violência física, mas não deixa de ser interessante a situação criada pela reação do deputado paulista à bravata do cantor. Marcelo D2 se animou com a tropa de militares americanos do filme de Quentin Tarantino, que caçam nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, fazendo uma suástica na testa de seus prisioneiros. Mas uma coisa é delirar com a violência estilizada de um explorador dos desejos maléficos da plateia, como Tarantino. Bem diferente é fazer o mesmo com uma faca na testa de alguém, na vida real.
Marcelo D2 encontrou a oportunidade de realizar o que escreveu na mensagem nas redes sociais, uma tremenda idiotice que, ressalte-se, não é a única de sua lavra. Ele é reincidente na linguagem violenta muito comum nas redes sociais. Mas é claro que o cantor pode também voltar atrás, confessando que cometeu um grave erro, talvez até passando a se comportar com mais respeito e responsabilidade na hora de escrever no Twitter ou em qualquer outro lugar.
Seria uma atitude sensata, de melhor proveito para o debate político, numa mudança de comportamento que, aliás, deveria ser seguida por muita gente que atrapalha bastante a convivência democrática, ameaçando os outros o tempo todo com aquilo que não vai fazer de jeito nenhum.
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POR José Pires
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