quinta-feira, 26 de maio de 2011

Lula azarando o próximo e lucrando com o azar alheio

O ex-presidente Lula (que se conserve assim, ó céus!) tem um tipo de sorte que só a metafísica explica. Ou seja, não se explica. Todos sabem que o chefe petista dá um azar danado aos que se aproximam dele. Na área esportiva a lista é imensa e está aí o Corinthians para comprovar que é bom ficar longe dele.

Na política, Lula também coleciona desastres à sua volta e os 40 quadrilheiros do mensalão sabem bem disso, inclusive o ex-capitão de seu time, o deputado cassado por falta de decoro José Dirceu, classificado no inquérito de mensalão que está no STF como "chefe de quadrilha".

Dirceu pode estar ganhando bastante dinheiro e ainda ter poder político, mas nos finais de tarde, talvez com um copo de um bom uísque na mão para relaxar, além da noite que cai sobre todos deve descer sobre ele o desencanto de uma vida política perdida, pois é praticamente impossível que ele suba aos cumes que estavam previstos para sua carreira política. Independente do que decidir o STF, seu destino é vagar pela planície com o estigma da corrupção grudado na sua face política.

Assim como tantos outros companheiros de Lula, Dirceu poderia ser bem mais do que é hoje. E ele sabe disso. Mas, também, muito bem feito. Quem mandou grudar no Lula. O efeito do chefão entre os petistas foi geral, da extrema-esquerda aos aproveitadores que, no final, tomaram conta do partido. Pelo país afora, são incontáveis os talentos políticos e até técnicos que foram destruídos pela proximidade com ele. Pessoas que já estavam encaminhadas para serem bons administradores públicos, vereadores, deputados, acabaram virando um nada na política ou se corrompendo de forma irremediável, muitas vezes só por pequenos cargos.

Há alguns anos, muitos anos, vá lá, ainda na época da primeira tentativa de eleição de Lula para presidente, em 1989, fiquei bastante espantado com um acontecimento numa de suas caminhadas numa cidade do interior do país. Numa carreata aconteceu um engavetamento no trânsito e alguns militantes, inclusive pessoas bem próximas de Lula, ficaram presas dentro de um carro que pegou fogo. Morreram todos numa situação de terrível desespero, inclusive com uma dessas pessoas pedindo para cuidarem de seus filhos. É de fazer um toc, toc, toc na madeira. Nunca soube de nada parecido em campanha alguma.

É claro que dei o toque na madeira e também senti um alívio por estar longe de alguém assim. Não acredito nessas coisas, mas como não dá para se apoiar em negativas científicas para um troço desses é bom seguir o conselho espanhol: pero, que las hay, hay. Carl Sagan escreveu um livro muito bom sobre esse assunto, com aquela ótima visão científica que ele expunha de forma tão clara. Mas ele sempre destacava o fato que, certeza absoluta mesmo não dava para ter. Mas, voltando ao seca-pimenteira, a única vez que apoiei o Lula foi contra Collor, naquele segundo conhecido turno, e foi um erro conforme o próprio Lula afirmou recentemente.

Minha aversão não é só pelo azar que ele espalha, é claro. Ele mesmo disse que não estava preparado na época, mas é bem mais que isso. Já naquele notório último debate, quando o vi acovardado na frente de Collor percebi que tinha errado em apoiá-lo até ali. Depois, ele próprio estimulou a mentira de que perdera a eleição por causa da manipulação da divulgação desse debate. Lorota pura. Perdeu porque foi covarde. E o pior é que parece ter se acovardado só por causa de uma pulada de cerca. O medo do rolo de macarrão da Marisa em casa pôs tudo a perder naquela noite. Não votei nele nem no segundo turno, mas isso é outra história.

Mas, voltando ao azar que ele passa aos outros na política. Dêem só uma olhada em torno dele o que sobrou. Até seu partido foi descaracterizado por completo e transformado em um PMDB de esquerda. Mas ainda lá atrás dá para citar nomes dos que se azararam de forma irremediável com a proximidade do chefe. O ex-prefeito Celso Daniel é um exemplo forte, não é mesmo? Isso sem falar no prefeito de Campinas, Toninho do PT.

No aspecto apenas político, até Leonel Brizola cometeu o erro de ficar perto demais. Em 1989, ele foi vice na chapa de Lula para presidente, na dobradinha mais tola que já se fez numa eleição brasileira. Isso foi demonstrado pelas urnas. Perderam feio no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso. Depois disso, Brizola não foi mais nada até sua morte em 2004. Com o descuido político impressionante ao aceitar aquele posto de vice deixou de deixou de ser uma figura central da nossa política e perdeu autoridade até em seu partido.

Até recentemente o espalha-azar pegou vítimas graúdas na sua teia de má energia. Algumas delas caíram ainda nesses dias. O Kadhafi não era amigo, irmão e líder dele? Pois é. E ainda mais recentemente e também no plano internacional, na semana passada outro desavisado naufragou depois de se lastrear com as pesadas energias do chefe petista.

No dia 16 do mês passado o chefe do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, recebeu Lula no palácio La Moncloa, sede oficial da presidência do governo espanhol. Posaram para fotos e fizeram uma reunião sei lá para tratar que tipo de assunto. Não importa, os vinhos espanhóis são realmente muito bons, apesar de que a cara inchada do ex-presidente brasileiro na foto revela o traço dos que não sabem beber. No encontro, os dois disseram que iriam manter relações de amizade "fortes e frutíferas". Ay, ay, ay, caramba... E Zapatero sendo espanhol não conhece o ditado sobre las brujas e que já citei, o que diz que las hay, hay?

Pois há três dias o PSOE de Zapatero sofreu uma derrota história. Essa amizade entre ele e o Lula pode até se manter, mas da próxima vez Zapatero terá de receber o ex-presidente brasileiro em casa e de pijama. Brincadeira, ele não precisa se preocupar. Lula vai se esquecer dele logo, já que ficar ao seu lado não dará mais fotos na imprensa internacional.

Lula é fogo. Se lesse meu blog, Zapatero jamais ficaria do lado dele, ainda mais depois do político espanhol ter aprontado na Espanha algo parecido com o que Lula fez com os compromissos históricos do PT. Ou será que é exatamente por isso que são tão próximos? Zapatero se ajustou ao figurino conservador, que obviamente não deu resultado positivo na economia espanhola. E como o eleitor espanhol não é bobo igual a certo povo de um grande país sul-americano...


Ganhando forças
com o azar que tirou
adversários de seu caminho

Lula espalha essa terrível energia negativa. Os fatos demonstram isso, seja no esporte ou na política. Porém, esse fenômeno estranho que emana do chefe petista traz junto uma interessante característica: ele tem sorte com o azar alheio. Sei que isso é muito esotérico, mas vamos aos fatos.

Na carreira de Lula, seu sucesso veio sempre de desgraças que aconteceram na política brasileira. E não estou falando das derrotas dele sobre adversários. São acontecimentos que nada tem a ver com suas ações, mas que acabou favorecendo, e muito, sua sede de poder.

Nem vou falar do que aconteceu na política brasileira com o advento ditadura militar em 64. Foi um período de chão arrasado na política, entre o empresariado e entre os formadores de opinião. Mortes, exílio, pressões de toda ordem, com todo tipo de ação repressora a ditadura brasileira acabou com a qualidade política. É certo que se não houvesse esse violento corte de cabeças seria impossível que uma mediocridade pessoal como Lula ascenderia tão alto. Até para fazer seu papel de songamonga havia muita gente mais habilidosa antes da ditadura chegar.

Vamos deixar de lado também o estrago interno no PT. Ou dá para acreditar que se José Dirceu não tivesse sido triturado Lula teria toda essa força?

Mas depois da ditadura e ao lado do crescimento de Lula - e não só por coincidência - muitos acontecimentos foram contribuindo para que ele acabasse tendo essa importância que assumiu na política brasileira.

Alguém acredita que Lula se elegeria depois do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, em 2002, se em vez de enfrentar José Serra disputasse a eleição com Mario Covas, que viria de dois mandatos no governo de São Paulo com altíssima popularidade? Pois Covas morreu em março de 2001.

Lula e seu PT estariam também muito complicados se Ulysses Guimarães não tivesse morrido num acidente de helicóptero em outubro de 1992. Estava com 76 anos e gozando de boa saúde. Nada indica que o histórico líder do PMDB deixaria Lula reinar da forma que fez nos dois mandatos. Ulysses dominou até um tipo como Sarney, um político matreiro que aliás foi determinante nos dois mandatos de Lula e manda até hoje em setores muito importantes do governo do PT.

O próprio Brizola, já citado, morreu em junho de 2004. Nos últimos anos de vida o líder pedetista já estava desgostoso com Lula. Não queria nada com ele. Se estivesse vivo, dificilmente o PDT seria transformado em suco na aliança inescrupulosa que fortalece Lula e o PT até hoje.

Tem muito mais figuras centrais que desapareceram, criando espaços que favoreceram o petista. Não é muita sorte com o azar alheio? Vou citar só mais duas, mas sem esquecer o ex-prefeito Celso Daniel, que caso não fosse morto também é possível que não facilitasse a atuação de quadrilhas em torno de Lula. Não esqueçamos que tudo indica que ele foi eliminado exatamente por isso.

Mas entre as figuras que não estavam exatamente no centro da nossa política, mas que são de expressiva força, inclusive de personalidade, temos a ex-primeira-dama Ruth Cardoso e Zilda Arns. Ambas poderiam ser um estorvo e tanto para o PT tomar conta da questão do conceito de assistência social, um fator que foi essencial para a vitória de Dilma. Pois Ruth Cardoso morreu antes da eleição, de problemas de coração. Zilda Arns morreu no terremoto do Haiti, a menos de um ano da eleição.

Sei que já é o bastante para embasar esta tese que, ainda que esotérica, me parece ter condições práticas para sua aceitação. Mas agora, há dois dias tivemos uma má-notícia que certamente é excelente para Lula e seu PT. O Congresso Nacional está precisando como nunca de gente honesta, mas, mais que isso, de políticos que atuem de forma objetiva para ao menos conter a bandidagem que toma conta da República. Um que tem feito esse papel de forma admirável e em poucos meses de mandato é o ex-presidente e atual senador Itamar Franco, cuja eleição por Minas Gerais tirou inclusive um petista graúdo do Senado.

Pois Itamar, que já tem 81 anos, foi internado no último sábado com leucemia. Que Deus nos ajude — vá lá, aproveitando que estamos mesmo esotéricos — para que esse não seja mais um azar que favoreça Lula e seu PT.
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POR José Pires

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