quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Dos diários de Edmund Wilson

"Os movimentos são dominados por slogans e jargões, os quais poupam seus seguidores do trabalho de pensar."

A frase é de Edmund Wilson (1895-1972), o grande crítico literário americano. Ele escreveu isso em seus diários dos anos 20, publicados depois de sua morte. Esses anos 20 são os do século passado, é claro, o que mostra que vem de longe a existência de rebanhos da militância.

Seus diários Wilson foram publicados no Brasil pela editora Companhia das Letras, que infelizmente seguiu a receita cretina de abolir o índice onomástico, o que cria um trabalhão danado na hora de consultar. A editora fez o mesmo com os outros livro do crítico. Mas este dos diários traz uma ótima introdução feita por Leon Edel, o editor de seus textos póstumos.

Wilson é um antecipador de muita coisa de qualidade que surgiu na literatura ocidental, desde que começou a escrever em publicações importantes dos Estados Unidos. Só para se ter uma idéia, ele mostrou a importância de Ulisses logo que James Joyce conseguiu lançar o livro, em 1922. Quando Wilson escreveu sobre Ulisses, a obra ainda era tratada como pornografia e havia sido impressa apenas na França pela lendária Sakespeare and Company, de Silvia Beach.

Outros livros dele editados no Brasil são "Os manuscritos do Mar Morto", "11 ensaios" e "O Castelo de Axel", sendo este o seu livro mais conhecido, uma edição pioneira onde revela um olhar admirável e muita audácia para defender novidades literárias que ninguém queria aceitar naquela época.

"O Castelo de Axel" é traduzido por José Paulo Paes. "11 ensaios" tem seleção e prefácio de Paulo Francis, por sinal um belo prefácio. A tradução também é de Paes. Lá e cá, na escrita foi respeitada a qualidade.
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POR José Pires

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