De
alto a baixo o Brasil é um país travado na questão administrativa. O
impávido colosso se imobiliza e não é só por falta de dinheiro. Os
números do final da metade deste terceiro mandato do PT mostram essa
dificuldade danada na realização do básico. E isso quando temos na
presidência da República alguém que entrou lá no embalo de uma
propaganda política que a vendeu ao eleitor como pessoa de alta
capacidade gerencial.
São
vários os exemplos desta incapacidade administrativa. Estão na
segurança, na habitação, na saúde, enfim em tudo quando é necessidade
direta da população. Mas fiquemos em apenas um, aquele que foi também
uma forte peça de propaganda eleitoral repetida muito antes até da
campanha eleitoral começar: a transposição do Rio São Francisco. Números
do próprio governo mostram que até final do mês passado só haviam
conseguido gastar apenas 18% do orçamento de 2012 à disposição para
aquelas obras no Nordeste. E a única coisa que fizeram foi pagar restos
dos anos anteriores.
A
questão não é apenas a disponibilidade de caixa. Nossos dirigentes
públicos não têm capacidade para transformar o orçamento em bens e
serviços. Este problema é generalizado e não atinge apenas o governo
federal. Municípios e estados sofrem desse mesmo mal. E claro que parte
essencial desse drama é também de responsabilidade da iniciativa
privada, que no geral atua mal e porcamente na área pública. E a
dificuldade também não é restrita à incompetência administrativa do PT,
que nisso já vem fazendo história não é de hoje.
Em
São Paulo, o Museu de Arte Contemporânea da USP era pra ser instalado
no prédio do antigo Detran, que fica ao lado do Parque do Ibirapuera. A
notícia é da Folha de S. Paulo de hoje. A inauguração até já foi feita
há um ano, mas até agora só o térreo está aberto ao público, com a
exposição de umas poucas esculturas.
O
museu tem uma coleção que chega perto de 10 mil obras, mas nada pode
ser exposto porque o prédio não tem sistema de segurança e vigilância
interna. Tudo está parado em razão das licitações nesta área não darem
certo. Já foram feitas quatro tentativas, a última delas está sendo
questionada na Justiça. O governo estadual não consegue resolver este
problema, mas a USP também tem feito pouca coisa para facilitar o
andamento administrativo para ocupar o prédio. A universidade nem
começou as licitações que são de sua responsabilidade, como é o caso do
restaurante e do café que devem ser instalados no museu..
Ora,
os tucanos já estão no poder em São Paulo há pelo menos vinte anos e a
USP logo mais irá fazer 80 anos. Mas os dois mastodontes empacam porque
estão metidos no atoleiro que no final é de todos nós: a ineficiência na
administração do bem comum. Como eu disse no início, isso acontece de
alto a baixo em todo o Brasil. Se podemos falar hoje em dia de uma
unidade brasileira, infelizmente vamos encontrá-la nesta incompetência
que junta todos os partidos e instituições nacionais. E todo mundo faz
de conta que não é bem assim. Mas este é o grande nó que trava o Brasil.
Enquanto esta deficiência não for encarada de frente nem adianta ter
orçamento bom. Mesmo tendo dinheiro, um país só pode ir pra frente se
tiver também uma classe dirigente capaz de gastá-lo com eficiência.
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POR José Pires
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