sábado, 17 de outubro de 2015

A volta de Ciro Gomes

No Brasil nunca se deve pensar que uma crise não pode piorar, pois sempre aparece um jeito. Neste sábado aconteceu a filiação ao PDT de Cid Gomes, ex-governador do Ceará e de breve passagem pelo ministério da Educação de Dilma Roussef, de onde teve que se demitir depois de xingar deputados durante uma solenidade da pasta. O homem é um fenômeno: ficou menos de três meses no cargo. Mas não é a entrada de Gomes no PDT que pode acirrar os ânimos na política nacional. Ocorre que o partido já filiou também seu irmão, Ciro Gomes, que já se lançou para disputar  presidência da República em 2018. Os irmãos estão firmes na defesa do mandato de Dilma Roussef e atacando do jeito grosseiro de sempre os partidários do impeachment. Nem precisava, mas a opinião dos dois é mais uma razão para acreditar que o melhor para o Brasil é mesmo o impeachment.
Com essa imprensa que temos, já dá para prever o que vem por aí. Infindáveis entrevistas com Ciro Gomes, mesmo que não haja fato para sustentar seu palavrório, que depois irá para manchetes e os debates nas redes sociais. Uma ou outra pesquisa eleitoral também se encarregará de estimular a atenção no seu nome. No final, de prático mesmo sempre sobra pouca coisa, quase nada do que ele diz ou faz. Mas suas confusões são do gosto do jornalismo que é feito hoje em dia. Então, podem esperar: a balbúrdia política já conta com o desbocado Ciro Gomes, que não tem responsabilidade alguma com a sustentação de qualquer coisa que não seja a sua ambição pessoal. Só para se ter uma idéia, o PDT é sexto partido em sua carreira, que começou como deputado estadual no antigo PDS (da mais antiga ainda, Arena), partido de sustentação da ditadura militar.
Ciro Gomes teve uma grande sorte na vida, que lhe rende dividendos até hoje. Foi ministro da Fazenda no início do Plano Real, no final de 1994. Porém, o que nunca é esclarecido é que ele esteve no cargo durante pouquíssimo tempo: apenas por quatro meses. Foi nomeado rapidamente em razão de uma indiscrição política feita pelo ministro anterior, Rubens Ricupero, em conversa de bastidores numa entrevista de televisão que acabou sendo captada por antenas parabólicas. Mas já estava tudo resolvido no plano e Ciro Gomes apenas tocou o ministério, monitorado bem de perto por Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, este já candidato a presidente da República. Mas quem é que está interessado em aprofundar os fatos neste país, não é mesmo? Políticos como Ciro Gomes se aproveitam disso e crescem, muitas vezes tirando proveito do que não fizeram ou escapando da responsabilidade do que fizeram de mal. Proporcionalmente ao pouco que fez na vida política, Ciro Gomes é um dos políticos que mais faturou em prestígio nos cargos que ocupou. E também deixa de responder pelo que pode ter feito no governo de seu estado, que ocupou como governador e também como secretário de Saúde no governo de seu irmão, até recentemente. Com a cobertura da imprensa nacional atendendo apenas aos grande centros, o que chega até nós são apenas apenas suas grosserias pessoais corriqueiras, algumas até pitorescas, com aquela sua característica local de coronel nordestino que ele corrige com ares modernos para aparecer for de sua terra.
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POR José Pires

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