quinta-feira, 9 de março de 2017

Temer na linha da cassação

Cresce bastante a possibilidade do presidente Michel Temer ser cassado, sendo que a condição para que isso aconteça é simplesmente o Brasil continuar no passo em que está, na mudança de hábitos que vem deixando para trás aquele Brasil da política tradicional em que a incompetência e o saque aos cofres públicos eram a norma. Pelo que foi divulgado até agora — sendo evidente de que ainda é pouco o material — Temer não escapa de perder o mandato. Só pelo que já se sabe com as provas tornadas públicas, se ele não for cassado o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decreta oficialmente a própria inutilidade.

É claro que forças dominantes da classe política se mexem como nunca para que as mudanças sejam mais de acordo com a famosa frase do livro de Tomasi de Lampedusa, onde se diz que “Algo deve mudar para que tudo continue como está”, mas a capacidade de manipulação dos políticos tem hoje pela frente a transformação muito clara que houve na opinião pública. Ninguém está mais aceitando de bico calado o que vem de cima.

A perspectiva para Temer é tão ruim que o PMDB já pensa em se aproveitar do fato da eleição de um novo presidente ter de ser feita no Congresso Nacional, pela via indireta. O partido de Temer pensa em reeleger o próprio Temer, o que, acredite se quiser, com um jeitinho a legislação permite. Duvido que avance esta maquinação sórdida, mas o surgimento de ideia tão absurda é por si uma comprovação de que, no geral, a classe política mantém aquele antigo desrespeito à qualquer mudança de qualidade na consciência dos brasileiros. Isso também mostra a imensa tarefa que homens e mulheres de bem ainda têm pela frente para tornar o Brasil um país decente.

Mas caso fosse "reeleito" dessa forma suja Temer tomaria posse? E tomando posse, teria respeito para criar governabilidade? Não há nenhuma uma garantia. Ao contrário disso, os passos indignados dos brasileiros nas ruas já deram o recado de que acabou a paciência com as mutretas de que a classe política gosta tanto. A luta vai ser braba. E como ainda acontece na política brasileira, quem é do bem leva desvantagem. Mas do jeito que estão as coisas, hoje em dia é provável que um embate desses tenha um resultado mais favorável ao país.
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POR José Pires

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