quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

A esquerda aplaude suas contradições

Para quem — do mesmo modo que eu — não tem interesse algum em Carnaval, pelo menos sobrou a diversão de apreciar o tolo contentamento da esquerda com o sucesso da escola Paraíso do Tuiuti, que acabou como vice-campeã do Carnaval carioca. Carência demais pode resultar em satisfação com qualquer consolo, por menor que seja, como o de dar algumas risadas com a sátira a um presidente como Michel Temer, que representa tão pouco no imaginário popular que é até espantoso que tenha sido reconhecido no desfile da escola. Tiveram que forçar a barra para isso, colocando a figura como um vampiro, já que identidade política própria ele nunca teve e nem adquiriu mesmo depois de assumir como presidente.

As manifestações da esquerda, ainda mais histéricas entre os petistas, foram de uma alegria descuidada. Faltou-lhes a percepção de que aplaudiam sua própria contradição, porque a Tuiutu desfilou na Sapucaí um desmonte do discurso que o PT vinha tentando emplacar desde o impeachment de Dilma Rousseff. Já há bastante tempo não se fazia sátira dirigida diretamente a um presidente da República em um desfile de Carnaval. E a Paraíso do Tuiuti ainda pegou pesado não só com o presidente Temer como também com a maioria da população brasileira, colocando como uma massa na mão de manipuladores as multidões que saíram às ruas em todo o país contra o governo petista.

Pois é aí que está a contradição do próprio discurso do golpe, que nem precisava, mas cai por terra pela total liberdade de expressão que a Tuiuti exibiu no Carnaval sob os aplausos gerais dos companheiros. Bem, se houve essa crítica pesada e tudo ficou por isso mesmo, é sinal de que está mantida a democracia. Imaginem se algo parecido seria possível no sistema chavista comandado atualmente pelo ditador Nicolas Maduro, com todo o apoio dessa mesma esquerda brasileira que azucrina a todos com seu vitimismo idiota. Na Venezuela isso não pode, mas aqui não tem problema algum. Porque no Brasil não teve golpe.
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POR José Pires

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