Os vetos de Jair Bolsonaro ao projeto de lei que estabelece uso obrigatório de máscara de proteção facial em todo o país servem como referência da sua concepção de governo, totalmente ineficaz não só para o enfrentamento do novo coronavírus como também para o país se colocar de um modo efetivo no mundo que teremos pela frente, com o risco mortal desse vírus obrigando a cuidados que se prolongarão por um período de tempo que ninguém sabe até quando vai.
O presidente vetou partes da lei da Câmara Federal, dispensando o uso obrigatório de máscaras em lojas, templos religiosos e até em fábricas. Ele vetou também uma norma exigindo que os estabelecimentos forneçam máscaras grátis aos próprios funcionários.
Bem, pela intenção de Bolsonaro os próprios funcionários teriam de arcar com os custos para se protegerem no trabalho. Na atual situação, é como se trabalhadores da construção civil fossem obrigados a comprar seus materiais de segurança nas obras.
Com esse tipo de veto, Bolsonaro encaixa mais desinformação no debate travado entre a população, criando ainda mais confusão para a compreensão que já não está fácil sobre esta pandemia. Claro que o aceno é para sua bolha bolsonarista, onde ele segue buscando aplausos fáceis de um número cada vez menor de seguidores, mas ainda assim criando dificuldades para o enfrentamento de sérias questões que afetam a vida brasileira.
Complicações também podem ser previstas no plano internacional, porque mesmo já existindo leis municipais e estaduais que obrigam o uso da máscara, internacionalmente passa-se uma mensagem de descaso do governo brasileiro com uma pandemia que já matou meio milhão de pessoas no mundo, mais de 60 mil dessas vítimas no Brasil. Cabe lembrar que a suspensão nesta semana de importação de carne pela China foi em razão de descuido de frigoríficos com a contaminação de trabalhadores.
Independente do estrago que Bolsonaro pode causar na saúde pública, nas relações de trabalho e até na relação entre o comércio e o consumidor, seus vetos demonstram que ele não consegue compreender o efeito internacional de medidas de prevenção durante esta pandemia, que pode ser positivo ou causar um desgaste de imagem que complicará bastante as relações com outros países.
Este risco nada tem a ver com o que Bolsonaro e seus seguidores pensam sobre os riscos da Covid-19. Não tenho dúvida sobre a concepção bolsonarista de política. Esse pessoal pensa e age como terraplanistas que não aceitam nenhuma alteração no discurso mesmo que o mundo siga girando no sentido contrário do que eles querem.
O problema é na ação de governo, que exigiria um pragmatismo que parece impossível para um presidente cabeça-dura. Então, caem sobre todos nós as conseqüências desse modo chucro de governar, que vai posicionando o Brasil internacionalmente como um lugar com pouca atenção e respeito aos problemas que afetam perigosamente o mundo todo, em questões que na atualidade não podem mais ser fixadas em estreitos limites ideológicos.
Bolsonaro na Presidência da República já vinha sendo um desastre no posicionamento perante problemas globais como o aquecimento global e o desmatamento, afetando com suas bobajadas até o peso das exportações agrícolas na balança comercial do país e o apoio financeiro de países ricos ao meio ambiente brasileiro.
Com o novo coronavírus, Bolsonaro segue na mesma toada, por um caminho que já causa prejuízos ao país e com a expectativa de mais dificuldades inclusive quanto ao nosso futuro, porque a relação delicada com este vírus com certeza prosseguirá mesmo depois dos brasileiros terem se livrado desse presidente sem noção.
.........................
POR José Pires
Nenhum comentário:
Postar um comentário